Resolvi escrever este conto após ler o grande sucesso, Bareback de Chris Owen (A estória de um romance entre dois cowboys).
O livro mexeu muito comigo e me fez odiar alguns personagens. No final da leitura eu queria sacudir o autor e perguntar: Como você pode?
Eu odiei Bareback e amei intensamente, ao mesmo tempo.
Por isso ele está em um lugar top da minha lista de leituras.
Não contente com todos os rumos e soluções do livro de Owen, eu resolvi escrever um romance onde fosse abordado os mesmos tipos de questões pelo qual passaram os personagens de bareback. Só que com alguns novos ingredientes e um resultado final bastante diferente.
Espero que vocês gostem.
Ps: Este conto cotém cenas de sexo homo, sexo menage, BDSM e palavras que podem deixar você de escandalizado a com muito tasão.
Capítulo 01
Eram quase 17h de um domingo no começo de julho.
Eu andava apressado em direção ao carro em frente ao prédio da faculdade de engenharia.
O frio castigava.
Não havia uma única alma circulando por todo o campus.
Todos deviam estar em casa sob as cobertas, tomando chocolate quente, ou fazendo o que quer que seja que pessoas sensatas faziam em uma tarde fria de domingo.
Estiquei a mão em direção a picape Hilux cabine dupla negra.
Apertei o botão de destravamento e em seguida o botão de partida.
Me aproximei, dei a volta pela frente, abri a porta do motorista e entrei correndo para escapar do vento gelado.
O ar já estava ligado, mas tirando a ausência do vento, o interior do carro não estava muito melhor do que o lado de fora.
Respirei com um sorriso de alívio quando finalmente senti o ar quente circulando.
Sinalizei seta para ninguém e dei partida em direção ao portão principal.
Não era nada comum chover forte nesta época do ano, mas o céu estava fechado e coberto de nuvens cinzas.
Me inclinei para ligar o CD player quando um raio cruzou o céu.
Levantei a cabeça, olhando para a frente.
Droga! O raio quase caiu no campo de pesquisa eólica.
Foi então que quase pulei de susto com o forte estrondo de um trovão.
Não ia demorar para cair uma tromba d'água.
Eu era Estudante bolsista do centro de pesquisa de engenharia na área de energias renováveis.
Coordenava uma equipe de estudantes em uma pesquisa que visava criar um gerador de energia eólica de baixo custo.
Já ia pisar no acelerador em direção ao campo de pesquisa, quando ouvi uma voz chamando pelo rádio comunicador do CPEER(Centro de Pesquisas de Engenharia de Energias Renováveis)
-Alguém na escuta? Preciso de ajuda aqui na entrada.
Aquela voz só podia ser de uma pessoa.
Peguei o mini rádio comunicador no console do carrro e respondi.
-Lobo Guará nas escuta. Algum problema? Câmbio.
-Tomás? Aqui é Leopardo Sem Toca.
Leopardo era o codinome de Leonardo Bernardes. Ele estava no 1° ano de engenharia e era o membro mais novo da equipe do CPEER. Devia ter 18 anos. Impressionou Dr. Pércis, nosso chefe, com um projeto de pesquisa sobre geradores com o qual ganhou um prêmio entre alunos do ensino médio de todo o país.
Leonardo foi o único da turma de estagiarios que aceitou trabalhar durante as férias. Por falta de um segundo voluntário ele iria fazer todos os dias de julho jornada dupla.
Segundo eu soube pelo professor Pércis, ele era órfão e precisava da bolsa e do dinheiro extra do estágio nas férias para se sustentar na faculdade.
Apesar de se destacar, acadêmicamente, Leonardo era animado e popular entre a maioria dos estudantes da engenharia.
Tinha fama de alegre, conversador e fazia sucesso entre as meninas. Era também briguento e as vezes um problema para o CPEER por não ser muito pontual.
Ao chegar ao topo da colina, avistei Benedito na base da próxima ladeira ao lado do portão de entrada do CPEER.
Benedito era um fusca preto 1969.
Seguramente o carro mais velho e popular de toda a universidade.
Leonardo dizia que batizou com este nome em homenagem ao falecido avô de um amigo, o ex proprietário, porque sempre que o carro "afogava" ele dizia: "Será o Benedito?".
O carro tinha luzes de neon, capota conversível, franjinha no parabrisa dianteiro e buzina que tocava o refrão da música "Fuscão Preto". Isso causava um tremendo frisom quando ele passava pelo campus.
Benedito estava com o capô, porta traseira e do motorista abertas e o pisca alerta ligado.
Parei a Hilux logo atrás de Benedito.
Uma cabeleira escura se ergueu por detrás do porta malas.
Leonardo me viu e acenou entusiásticamente, vindo em direção a caminhonete.
Baixei o vidro e antes que eu pudesse perguntar qualquer coisa ele Já dizia.
-Cara nunca fiquei tão feliz em ver alguém na minha vida! Já tô aqui há uns 40 minutos e você é a primeira alma viva que me aparece. -Disse abrindo o maior sorriso.
Acho que foi a primeira vez que eu vi o sorriso dele.
Com certeza foi a primeira vez que ele sorriu para mim. Olhando os lábios fartos, e as covinhas, tive certeza disso. Eu jamais me esqueceria de um sorriso que me fazia sentir com borboletas voando pelo estomago.
Essa constatação me irritou um pouco.
Eu sou um cara discreto. Não gosto de dar pinta no trabalho. E a última coisa que pretendo é complicação saindo justo para a pessoa mais indiscreta do campus.
Além do mais não fazia idéia das preferências dele. E eu também nunca tive essa coisa de gaydar.
-Qual o problema Leonardo?
-O problema é que o Benê tá de greve. Resolveu não rodar mais. Só porque eu disse que essa semana não vai rolar lava a jato.
Acho que ele empacou para aproveitar a chuva.
-Leonardo, com essa mente tão fantasiosa, tem certeza que você não veio parar na faculdade de engenharia por engano,? Fala sério cara! Você deve ter errado o caminho quando estava indo pro departamento de comunicação e artes. Não foi?
Benê é só um carro. Sabia? - Eu disse enquanto abria a porta e saia do carro.
Ele me olhou com um ar chocado e respondeu num sussurro.
- Cara fala baixo porque se ele te ouvir aí é que eu tô encrencado, mesmo.
Sacudi a cabeça dando um meio sorriso. Desistindo de argumentar, mudei de assunto.
-O que aconteceu? Não tá querendo dar partida?
- Não. Desta vez acho que foi a rebibóca da parafuzeta mesmo.
Franzi o cenho sem entender.
Ele olhou pra minha cara de incompreensão a começou a rir.
-Deixa pra lá, Tomás.
Eu fui para a frente do motor, me baixei falando:
-Dá a partida para eu ver se descubro o que tá acontecendo.
Leonardo sentou no banco do motorista, tentou dar partida, uma, duas, três vezes e nada. Nenhum som.
Tentamos por mais dez minutos, mas a chuva estava para cair.
Leonardo saiu do carro nervoso, vindo na minha direção e com olhos suplicantes disse:
- Cara, será que tu não pode rebocar o meu carro até o prédio do alojamento?
-Você mora no Singapura? - O alojamento universitário era conhecido por Singapura devido a semelhança com as favelas verticais criadas por Paulo Maluf na cidade de São Paulo.
Ele franziu os lábios com expressão contrariada.
-Moro sim. Nem todo mundo nasce com papai rico que dá de presente de formatura super picape não. Sabia? Disse na defensiva, como se eu estivesse desfazendo dele por viver no alojamento. Mas eu não estava. Era só um comentário. Não dava a ele o direito de fazer pré julgamentos a meu respeito.
-É! Meu pai tem grana sim, só que ao contrário do que você pensa eu não sou filhinho de papai não. Ralei muito na empresa da família Todas as férias, desde os dez anos . Esta picape foi mais do que merecida. - Respondi fechando a cara.
- Ei foi mau. Não tá mais aqui quem falou.- Disse ele levantando os braços com as palmas das mãos abertas.
Dei de ombros com a cara ainda fechada.
-E aí! Vai querer ajuda ou não? Tem pelo menos uma corda? - Falei ainda irritado.
Ele apanhou uma corda azul de nylon bem enrrolada de dentro do porta malas. Devia ter uns cinco metros. Imaginei que se ele não era praticante de bondage, este problema do Benedito já devia ser recorrente.
Amarramos um carro ao outro e levamos o Benedito até o local do estacionamento em baixo da janela do quarto de Leonardo e soltamos a corda.
Os relampagos e raios estavam mais frequentes. Então uma chuva forte caiu sem dar tempo de fazer outra coisa a não ser entrarmos no meu carro que já estava com as portas abertas.
Leonardo escorregou e caiu de costas no chão ao tentar subir no banco de passageiro. Saí, dando a volta e o ajudei a se reerguer e entrar no carro. Tornei ao lado do motorista, entrei e fechei a porta.
Estavamos ofegantes.
Nossos olhares se cruzaram e começamos a rir da situação.
-Cara você é sempre atrapalhado assim?
-Hah! Minha mãe disse que eu escorreguei da mão da parteira quando do nasci e fui parar no chão. Acho que é meu carma viver caindo.
-E você acredita nisso? Em carma?
- Bom, meu lado lógico me diz que não, mas meu lado romântico diz que sim.
Falou piscando olhos cor de avelã com cilios longos e espessos. Por um instante, fiquei hipnotizado.
-Então você é um romântico? - Merda! Tive que segurar a mão para não dar um tapa na boca.
O que eu estava fazendo flertando com Leonardo? Ele era um estudante do grupo que eu coordenava.
Desviei o olhar para a chuva que caía forte do lado de fora do carro.
Tornei a olhar para Leonardo que mordia o lábio inferior e me olhava como se estivesse indeciso quanto a dizer algo.
Pra quebrar aquele clima resolvi mudar a direção do assunto.
-Então! Eu pensei que você era órfão.
Mas você tá dizendo que vive, ou viveu com sua mãe.E isso?
A expressão de Leonardo se fechou por alguns segundos e novamente relaxou.
"Merda de novo!" Pensei.
-Desculpa! Acho que isso não é da minha conta.
Ambos encostamos no banco olhando a chuva que ficava cada vez mais forte.
Por ser inverno, a noite já havia caido E a iluminação fraca do estacionamento não permitia uma boa visão.
Depois de alguns minutos olhei para Leonardo. Ele tremia, apesar do ar aquecido estar ligado.
-Você está tremendo.
-É! Eu bati com as costas na poça de água quando caí e acabei me encharcando todo.
Ele tremia e apesar da pouca iluminação podia jurar que ao redor dos seus lábios estava ficando um leve tom azulado.
-Tira essa blusa de lã e a camisa. Ordenei.
-Vou lhe dar o meu casaco. Você fecha e logo bai ficar aquecido.
Eu tirei meu casaco, que era bem grosso e fiquei com a camiseta de malha preta por baixo.
Olhei para Leonardo que não se movia e estava tremendo mais ainda.
-Merda! Você não está nada bem!
-Deixa eu te ajudar.
Leonardo foi levantando os braços enquanto eu puxava suas duas blusas juntas pela bainha.
Lembrei da bolsa para a aula de natação que estava no banco de trás.
Estendi a mão, abri o ziper, remexi retirando de dentro uma toalha preta.
Envolvi os ombros de Leonardo e comecei a esfregar tentando aquecê-lo em vão.
Eu apertei ele em um abraço enquanto esfragava suas costas.
Ele se afastou de mim o suficiente para me olhar nos olhos e disse ainda tremendo:
-Não está funcionando muito. Mas eu eu sei de um jeito que vai me deixar mais aquecido.
Eu realmente estava preocupado. Então na maior inocência perguntei:
-Sério? Como?
Sem desviar o olhar ele segurou com as mãos cada lado do meu rosto e antes que eu pudesse fazer qualquer coisa para evitar, colocou os lábios sobre os meus iniciando um beijo.
*****Continua*****
Favor não copiar para pubicar em outros lugares como se fosse seu. Se quiser idéias para escrever o seu próprio romance eu me disponho a te ajudar.