Com 18 anos o meu pai, que é militar, estava se mudando pra Santa Catarina e não só ele como toda a minha família: com a minha mãe e mais duas irmãs – meu irmão mais velho já não morava conosco.
Eu cursava o primeiro ano de engenharia mecânica e não cogitava transferir para Balneário Camboriú e sim pra UFRJ, que sempre foi meu sonho e só não fui por questão da minha família mesmo, muito apegados. Porém, a ideia de ir pro RJ me soava melhor.
Após conversar com meus pais eles concordaram com a minha mudança, o facilitou a minha transferência visto que deu tempo de prestar o vestibular e ser aprovado. Meu pai teve três meses para deixar tudo em ordem com a mudança e acabou que eu fui até a nova casa antes da minha transferência.
Depois do resultado, fui à faculdade realizar a habilitação e procurar alguma república para me alojar – meus pais queriam alugar um apê mas a ideia de dividir lugar pra morar me soou melhor, acostumado com casa cheia. Após a matrícula dei uma volta pelo campus e achei um mural com bastante informações sobre moradia compartilhada, onde tinha um rapaz também que se mostrava interessado. Ele me vendo ali, puxou assunto:
- Também não é daqui?
- Não, São Paulo.
- Sou de Minas. Cara, um mais caro que o outro... Tô ferrado.
- Também tô voando, tenho três semanas para conseguir algo.
- Eles aproveitam o início das aulas para aumentar os preços.
- Pois é.
Eu não tava muito interessado na conversa, não sei se ele percebeu mas aparentava em continuar a falar, mas um outro rapaz o chamou e foi ao seu encontro. Continuei ali no mural até encontrar um pequeno bilhete que falava de um apartamento com seis rapazes e não falava sobre preço. Arranquei o bilhete e fui pro hotel, liguei pro número para contato e só dava ocupado mas logo ele me retornou, o rapaz se chamava Bruno. Ele notou que eu realmente havia me interessado pelo lugar e disse que iria mandar fotos pelo WhatsApp, concordei e assim o fez. O lugar muito me chamou a atenção e o valor não era problema, o único empecilho seria minha mãe, mas após mostrar as fotos pra ela foi de boa. Como eu teria de fazer minha mudança e arrumar tudo, resolvi logo fechar negócio antes de voltar pra BC e me despedir da minha família.
Marquei com o Bruno na manhã do dia seguinte, num lugar de fácil acesso já que eu pouco conhecia a cidade. Ele era um moreno um moreno bem charmoso, “bombado” e careca. Ao encontrá-lo, ele disse que caminharíamos pouco até chegar ao prédio. Lá era bem mais organizado do que havia imaginado, espaçoso e vazio... Ele havia dito que dois dos meninos estavam trabalhando e os outros três haviam ido visitar a família.
- O Flávio e Higor estão trabalhando aqui pela cidade, Marcos, Arthur e Paulo estão viajando. Mas não se preocupa que eles são de boa e eu estou responsável pelo outro integrante da casa, o apê tá locado no meu nome.
- Tudo bem, gostei bastante daqui.
- Espero que goste dos moradores também.
- Eu também. – falei baixo.
- O que você disse? – perguntou sorrindo.
- Nada.
Ouvi barulho de chave na porta e logo um cara entra no apê, era um baixinho magro, cabelo baixo num tom castanho claro e de óculos escuros. Ainda tava babando por ele quando o Bruno interrompeu.
- Arthur... Henrique, esse é o Arthur. Nosso futuro médico.
Nossa, não tinha como ficar mais encantado. Ele veio até mim e o cumprimentei com um aperto de mão e pra finalizar, ele me puxou pra um abraço. Um perfume gostoso ele tinha. Ele carregou a mochila dele e foi para o que me aparentou ser o quarto dele.
- A propósito, Henrique. É com ele que você dividirá o quarto.
Isso só ficava cada vez melhor.
- Sem problemas. – respondi.
- Ainda bem, tomara que não se importe com o despertador dele ao som de Beyoncé.
Retificando, tava perfeito. Lindo e gay, não via a hora de me mudarOi, gente. Conheci o site durante o carnaval e dei uma lida em alguns contos, isso me chamou a atenção e após pensar resolvi postar um pouco do que vivi no Rio. Espero que gostem e me ajudem a construir esse relato da melhor forma. Aguardo comentários, sugestões, críticas. Agradeço desde já. Abraços.