- É um meninomenino? Tu és gay?
- Não... quer dizer... não sei.
- Quem é o menino?
- Tu não fazes a mínima ideia?
- Não! Realmente não faço a mínima ideia!
- És tu, Antoine!
Oi? Eu fui em marte e voltei.
- Co-co-como assim e-e-e-eu, Carlinhos?
- Antoine, eu te amo! Não me pergunta como isso aconteceu. Assim que eu te vi na semana do calouro eu senti algo diferente por ti. Tu vieste falar comigo e com a Jujuba, teu jeito de nos tratar, teu jeito de falar, tu sempre estás preocupado conosco. Eu não sei! Eu não sei! Eu pensei em te falar há bastante tempo, eu falei com a Jujuba para ela me ajudar, mas ela me disse que tu estavas com o Thi. Ela conversou muito comigo e me convenceu a não falar nada.
- Era por isso que ela sempre ia te encontrar?
- Era! Ela tentou de tudo para me convencer a não falar, eu queria a qualquer custo te falar tudo o que eu sentia. Aí, tu e o Thiago terminaram e eu vi surgir uma esperança, mas tu nunca me olhavas, tu nunca me davas uma oportunidade sequer para falar o que eu sentia. Eu tentei várias vezes, mas tu nunca nem percebeste. Aí, do nada tu começas a andar com esse Bruno pra cima e pra baixo...
- Carlinhos, eu nunca te olhei com outros olhos. Tu sempre foste meu amigo, só isso! Eu nunca nem suspeitei que tu poderias ser gay.
- Antoine, me dá uma chance? Eu sei que eu posso te fazer feliz, eu nunca faria contigo o que o Thiago fez.
- Carlinhos, desculpa, mas eu não posso fazer isso.
- Por que? Tu estás ficando com o Bruno? – Ele me olhou com o rosto molhado pelas lágrimas
- Não, chora! – Eu disse pegando a mão dele - Não é por eu estar ou não ficando com alguém, eu só não posso ficar contigo pelo fato de eu não nutrir nenhum outro sentimento além da amizade. Eu te machucaria, entende? Desculpa!
Vocês já falaram não para uma pessoa? Se sim, vocês sabem como isso é horrível, não é? Agora imaginem dizer um não para um amigo?
- Antoine, eu faço qualquer coisa, eu posso fazer tu gostares de mim.
- Carlinhos, eu não posso! Eu ia te fazer sofrer, pois eu não iria corresponder a esse sentimento. – Eu disse segurando mais forte a mão dele.
- Eu... eu... eu... cheguei atrasado demais, né?
- Eu não sei o que mais te dizer...
- Não precisa dizer nada, eu já entendi. Eu posso te pedir um abraço?
- Claro que pode! – Eu disse abraçando o meu amigo. – Eu não quero te ver triste.
- Acho que isso é impossível, agora.
- Ei, não fala assim! Tu ainda vais encontrar um cara legal!
- Eu já encontrei esse cara, Antoine! Ele que não me encontrou! – Ele disse se levantando.
- Onde tu vais?
- Eu vou pra casa!
- Tu vais ficar bem?
- Vou sim! Obrigado, tá?
- Não tem nada para agradecer, cara! Fica bem, tá? – Eu disse dando outro abraço nele.
- Tchau!
- Tchau!
Eu voltei para o bar. Nossa que noite turbulenta. Quando eu cheguei na mesa, o Bruno já tinha se enturmado com os meninos, ele conversava alegremente com o Dudu e com a Aline. A Jujuba estava sentada um pouco distante deles, ao que tudo indicava era ela que não aceitava muito bem a presença do Bruno. Eu me joguei em uma cadeira ao lado dela, minha cabeça estava fervendo.
- Muito boa amiga tu és! – Eu falei no ouvido dela.
- O que?
- Esse tempo todo me escondendo que o Carlinhos era afim de mim?
- Ele te falou? – Ela me olhou horrorizada.
- Falou!
- Quando?
- Agora?
- Cadê ele?
- Foi pra casa!
- E o que tu falaste pra ele?
- Eu disse que não!
- E ele?
- Ele ficou triste, né Jujuba?
- Ai, eu preciso ir lá com ele.
- Amanhã tu falas com ele, deixa ele sozinho agora.
- Tadinho dele! Eu sabia que tu ias falar não pra ele.
- Tu poderias ter me falado, Jujuba, eu pelo menos estaria preparado para quando ele viesse falar comigo.
- Amigo, isso era algo que somente ele poderia te falar, eu não poderia jamais falar pra ti.
- E quer dizer que ele sempre soube de mim e do Thiago?
- Eu tive que contar para ele!
- Isso explica o fato de ninguém ter achado muito estranho quando descobriram naquela noite.
- Acho que todo mundo já desconfiava. Vocês davam muito na cara.
- Tu não desconfiavas.
Nós paramos de conversar, pois o Dudu chamou a gente para sentar lá com eles. Nós nos levantamos e sentamos. Eu fiquei ao lado do Dudu e a Jujuba ficou do lado do Bruno.
- Vocês estão ficando? – O Dudu me perguntou no meu ouvido
O Bruno me olhou e sorriu.
- Não, não!
- Ainda, não? Mas é possível que isso aconteça?
- Não sei!
- Eu gostei dele!
- Que bom! Mas a Jujuba não gosta, não!
- Não fica grilado com isso.
- Ela quer fazer eu voltar com o Thiago.
- Tu não serias nem louco de voltar com ele, eu te dava uma boa surra.
- Agora eu tô lascado!
- Agora tu tens a mim pra cuidar de ti! – Ele disse dando um soco no meu braço.
- Só falta tu ficares afim de mim agora.
- Tá me estranhando, pow!
- Tô brincando!
- Eu acho bom, eu gosto de xana, meu! – Ele falou colocando a língua pra fora e rindo. – Mas pode contar comigo! Somos parça, não somos?
- Claro que somos!
- Sabe o que acho legal em ti?
- O que?
- Tu não pareces ser gay. Tu gostas de caras e continua sendo um cara, entende?
- Entendo sim! – Eu falei rindo – Mas eu não sou 100% gay, meu, eu também gosto de mulher.
- Sério?
- Sério!
- Aeee!! Pow, tu nem ficaste muito tempo solteiro, se eu soubesse que tu gostavas de mulher também a gente tinha saído junto pra cassar.
- Tu não vales nada! E eu estou SIM solteiro!
- Olha pra isso, me diz se eu não valho nada...
- Ok, ok, ok! Tu vales! Talvez cinquenta centavos! Talvez! – Eu disse caindo na gargalhada.
Nós ficamos até tarde no bar, quando nós saímos já era umas 4h da manhã. Cada um foi para a sua casa, a Jujuba não aceitou a carona do Bruno. Eu nem me preocupei, se ela estava pensando que eu ia cair no joguinho dela, ela estava muito enganada.
- Desculpa, mas eu posso te perguntar algo? – Bruno me perguntou quando já estávamos no carro, ele estava meio alto pelo álcool ingerido.
- Claro que pode, Bruno!
- O que a Jujuba queria contigo naquela hora?
- Ela me perguntou se a gente estava ficando.
- Sério? – Ele me olhou sorrindo.
- Unrum! – Falei retribuindo o sorriso.
Ele falou algo tão baixinho que eu não consegui entender, mas também não perguntei nada, eu somente sorri para ele. Logo nós chegamos em casa e eu desci do carro e o Bruno ficou lá dentro.
- Ué, tu vais ficar ai no carro?
- Já vou pra casa!
- Nem pensar! Eu não vou te deixar ir pra casa alcoolizado e dirigindo sozinho.
- Eu dou conta!
- Nem pensar! Pode descer!
- Tem certeza?
- Claro que tenho! Desce! – Disse em tom autoritário.
- Deixa eu colocar o carro lá na garagem, então?
- Tá, deixa eu pegar a chave lá em casa.
Eu entrei em casa, peguei a chave e fui abrir o portão para o Bruno. Ele estacionou o carro e nós entramos em casa.
- Vem! – Eu disse puxando a mão dele e indo em direção ao quarto.
- Acho melhor eu dormir aqui na sala.
- Já vai começar com isso?
- Com isso o que?
- Bruno, tu vais dormir lá no quarto comigo. Essa não vai ser a primeira vez. Vem logo!
Ele deixou ser levado. Chegando no quarto eu mandei ele deitar na cama enquanto eu ia tomar um banho. Eu tomei um banho bem rápido, até por que a água às 5h da manhã é pra matar um de tão gelada. Eu saí do banheiro só com um short, a noite estava quente.
- Ual! Que gatinho! – O Bruno disse me olhando de cima a baixo.
- Para Bruno! – Eu disse com vergonha.
- Posso tomar banho também!
- Claro! – Eu disse indo pegar uma toalha para ele. – Toma, eu acho que essa roupa cabe em ti.
- Posso ficar só de short também? Hoje tá muito quente.
- Pode sim!
Ele foi para o banho e demorou um pouquinho. Quando ele saiu do banheiro, só de vê-lo meu pau deu sinal de vida. Que tentação, senhor! Eu estava há meses só no autocontrole.
- Fiu, fiu!
- Gostou? – Ele disse dando uma voltinha
- Gostei! – Disse corando, quem mandou eu abrir minha boca para tirar brincadeira com ele? - Vem pra cá!
Ele pulou na cama e deitou ao meu lado.
- Esquecemos de apagar as luzes - Eu disse.
- Onde apaga?
- Ali, do lado da porta.
Ele se levantou e foi apagar. Ele deitou ao meu lado novamente, mas dessa vez ele ficou de lado me olhando. Eu fiquei na mesma posição que ele.
- Sabe, eu gosto quando eu estou contigo. – Ele disse.
- Eu também gosto de estar contigo, e muito!
- Quando eu estou contigo eu esqueço metade dos meus problemas.
- Eu também!
Ele encostou o braço dele no meu e eu me arrepiei todo. Essa não era a primeira vez que isso acontecia.
- O que eu vou falar agora, pode parecer meio que leviano de minha parte, mas é a mais pura verdade.
- O que é que tu vais falar? – Eu perguntei rindo.
- É que eu achei bom tu teres terminado com o Thiago, pois só assim nós pudemos nos conhecer melhor.
- Certo! Isso foi leviano!
- Eu disse que seria! – Ele sorriu.
Nós ainda conversamos sobre várias coisas, a conversa com o Bruno nunca tinha fim. Falamos dos livros e CDs preferidos. Falamos dos nossos relacionamentos fracassados. De como nossas famílias descobriram nossa sexualidade, enfim. Depois de muito falarmos eu peguei no sono, e devo ter deixado o pobrezinho falando sozinho.
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Gente, eu estou praticamente dormindo enquanto eu publico esse capítulo, portanto, se tiver alguma coisinha errada desconsiderem.
UM abraço e dois Beijos eM cada um d’ôcês.
PS. Mais um capítulo sem meus comentários, eu sei, mas amanhã vou publicar mais cedo, as 14h, e comento, ok?
Até amanhã, mes amours!