Depois do encontro com o Leandro eu comecei a me perder, cada vez que eu o encontrava nos corredores era uma tormenta, eu sentia meu corpo reagir a tudo o que eu sentia. A distância entre eu e o Ricardo agravava a situação, porque se ele estivesse por perto eu teria minha "tabua de salvação", infelizmente tudo me levava ao Leandro, o que eu sentia por ele era um misto de amor, desejo, paixão, necessidade...talvez esta seja a melhor definição.
Numa noite de sexta saindo do hospital o Ricardo me liga, diz que está com muita saudade e que queria me ver por Skype, chego em casa sem entusiasmo, ligo o notebook e o chamo, quando ele abre a câmera a constatação, eu já não sentia nada, nada além de amizade por ele. Naquela noita meu mundo caiu, eu não consegui dormir, só virava de um lado para o outro na cama que parecia sugar meu corpo pra um redemoinho sem fim. A lembranda de Leandro me torturava, era uma dor insuportável, eu tinha vontade de gritar, de sair correndo, de me declarar, de cair nos braços dele e me entregar como nunca fui capaz em quase sete anos de relacionamento.
Levantei como um zumbi, sim, com os olhos inchados, cabeça vaga, sem vontade de nada. Meus pai perceberam meu ar de derrota e vieram me acalentar, sempre foram grandes amigos, pessoas sensatas que sempre me apoiaram e me direcionaram, porém não conseguia me abrir, só deitei no colo de minha mãe e disse que era cansaço. Logo meu irmão desceu e veio se juntar a nós, sempre fomo muito unidos, ele sempre foi meu melhor amigo. Era cinco anos mais velho que eu, sempre me protegeu. Resolveu que iria me tirar da "fossa", como ele se referia a momentos como aquele, por ser meu melhor amigo ele sabia que aquilo só poderia ser o coração. Então me pegou no colo, como fazia quando eu era pequena e dormia no sofá assistindo pela milésima vez ao filme da pequena sereia, que era o meu favorito, me levou pro quarto e disse que eu tinha meia hora pra ficar gata. Obedeci já que o Alexandre era mestre em me alegrar. Tomei um banho demorado, escolhi um vestidinho com rasteirinha, deixei meus cabelos secando ao natural. E bati na porta do quarto dele, ele abriu e então descemos. Não fazia idéia de onde iríamos, então ele foi saindo da cidade, fiquei feliz, pois sabia que ele me levaria ao haras, o lugar que mais né fazia feliz. Chegamos lá e fomos ver o brasão, o cavalo dele, ficamos conversando até que ele me inquiriu:
-Ana, tem outro cara na parada, não tem?
Eu fiquei paralisada paralisada, mas o Ale me conhecia como ninguém! Abaixei a cabeça, e aquele era um sinal positivo. Uma lágrima desceu sem que eu pudesse controlar, ele me abraçou e disse que tudo ficaria bem. Decidimos almoçar, quando estávamos caminhando para o restaurante meu coração dispara, sinto meus pés perderem o chão, avisto o homem que está me enlouquecendo. Leandro está lindo, bermuda, tênis, camisa Polo, óculos aviador e logo vem em nossa direção, cumprimenta meu irmão, se conheciam, afinal meu irmão também é médico, depois vem, se aproxima me dá um beijo no rosto e diz com a voz firme e ao mesmo tempo suave:
-Que bom ve-la por aqui!
Nesse instante meu coração quase para. Ele nos convida para almoçar com ele, meu irmão aceita, entramos no restaurante e os dois seguem em um debate político animado, enquanto minha mente mais parece um moedor de carne. Quando percebo que o Ale está me chamando, respondo e peço desculpa pela distração. Então o Leandro me olha fixamente e me pergunta: - O que uma moça tão bonita e inteligente, promessa de uma médica brilhante, faz desacompanhada?
Aquela pergunta arrasou meu dia, felizmente meu irmão é um cara excepcionalmente brilhante e havia percebido tudo, respondeu rapidamente que eu estava dando um tempo para poder estudar e que isso era o mais importante, sorri pra ele em sinal de agradecimento e concordei. Aquilo me causou um certo alívio. E o dia transcorreu menos pesado. Na volta pra casa o Ale me perguntou e eu me entreguei, contei a ele que estava realmente apaixonada pelo Leandro. Ele disse que sempre me apoiaria e retornamos pra casa. Quando cheguei tive uma surpresa, o Ricardo havia voltado.
Continua...
