S01C04
Atrás da Porta -
Em certos momentos nós pensamos qual o sentido de estarmos vivos, ou por que ainda estamos vivos.
Ninguém pensa na morte com felicidade. Ninguém espera que ela bata à sua porta. Todos lutam para viver... isso é da natureza humana. Mesmo quando é impossível, mesmo quando não há sentido, nós lutamos. Se existe um lugar melhor do que aqui, então por que continuamos querendo ficar aqui?
Acho que morri naquele incêndio... ou a melhor parte de mim se apagou junto com as chamas. O que eu fiz para merecer esse castigo?
Eu perdi toda a minha família e agora não sei onde estou, ou como cheguei aqui e principalmente, quem me trouxe até aqui.
Mas se vida me permitiu uma chance, com certeza deve haver um significado... e eu estou prestes a descobrir... custe o que custar!
A inocência e qualquer tipo de sentimento que antes habitavam este corpo, agora estão mortos... uma nova pessoa nasceu dentro de mim... a minha alma não existe mais... estou preso neste mundo... mas alguma força dentro de mim me impulsiona e eu sei que um dia vou ficar cara a cara com a morte e poder me vingar por ela ter levado todos os que eu mais amava... e deste dia em diante eu a desafiarei todos os dias...
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O som dos pássaros anunciava que o dia estava amanhecendo.
Abri meus olhos devagar para tentar observar o lugar onde eu estava. Com muita dificuldade comecei a enxergar um quarto pequeno, mas dignamente limpo e organizado. O lugar transmitia calma. Apesar de tudo o que havia acontecido na noite anterior, eu me sentia bem ali. Eu estava deitado em uma cama pequena demais para o meu tamanho, mas era confortável. Havia uma pequena janela, que estava fechada. Por isso apenas alguns raios do sol passavam pelas frestas, formando vários feixes de luz com vários formatos pelo chão e parede.
Minha paz durou muito pouco, pois logo vieram as lembranças na minha cabeça, me fazendo sentir muita dor... não só na cabeça, como também no corpo todo... eu me sentia muito fraco... minha pele ainda ardia... tinha a sensação de que ainda queimava por dentro e por fora... Mas por algum motivo, não sentia tanta dor como ontem... alguma coisa estava me curando aos poucos... eu podia sentir isso.
Tentei levantar para descobrir onde eu estava, quem havia me levado para este lugar e o que tinha acontecido à minha família. Quando coloquei o primeiro pé no chão e tentei me apoiar para levantar, me lembrei do homem dos olhos de fogo.
Pensei que seria melhor aproveitar que ele não havia me matado e fugir dali antes que ele voltasse.... fui devagar até a porta, evitando fazer qualquer barulho e não chamar a atenção. Fiquei em silêncio total, não dava para ouvir sequer o som da minha respiração... nenhum barulho vinha do outro lado.
“Não há ninguém aqui. Essa é a minha chance de fugir!”
Voltei até a janela e quando me preparei para abri-la, ouço passos fortes entrando na casa e pessoas conversando exaltadas.
- O que você fez com aquele desgraçado? Aonde ele está?
- Por favor se acalme! Eu já lhe disse que tudo está resolvido... não há com o que se preocupar.
“Eu conheço essas vozes” – pensei. Eu não podia fazer nenhum barulho, e antes de abrir a janela pensei que, como ela é feita de madeira e parecia estar muito velha, com certeza emitiria um som que talvez pudesse ser ouvido de dentro da casa... então preferi voltar para a porta e tentar ouvir o que estava acontecendo. Quando passei próximo à cama, avistei um punhado de pedaços de madeira que certamente seriam usados na lareira, já que os tempos frios estavam chegando. No intuito de me defender caso alguém resolvesse entrar no quarto, peguei um dos pedaços, segurei firme e voltei para porta. Os sons estavam mais altos agora como se alguém estivesse quase gritando.
- Eu já ouvi isso centenas de vezes! E em todas elas VOCÊ estava enganado!
- Por favor, Majestade. Se acalme.
- Me acalmar? Como você ousa me pedir para manter a calma quando uma das minhas vilas está praticamente em cinzas?
- Me desculpe, não foi a minha intenção...
- Intenção? Por sua culpa mais da metade dos trabalhadores do campo estão mortos. Mulheres, jovens e crianças estão mortas... tudo por causa daquela aberração... Eu deveria tê-lo matado com as minhas próprias mãos se não fosse por você ter escondido ele de mim durante todo esse tempo.
- E isso diminuiria a sua culpa? Vossa Majestade sabe muito bem com é matar alguém da família, não é?
- Ora seu insolente... se você tocar nesse assunto novamente eu mando cortar a sua língua.
- Me desculpe Majestade.
- Pare de me pedir desculpas! E pare de me chamar de Vossa Majestade... você sabe muito bem que entre nós não existem cerimônias.
- Tudo bem Henrique. Me descul... quero dizer, não falarei mais nesse assunto.
“Henrique? Mas o que diabos o Rei de Shropshire está fazendo aqui? Ou melhor, onde eu estou e o que estou fazendo aqui?!” – Minha cabeça estava ainda mais confusa e a dor só aumentava. Eu queria fugir dali, mas algo me dizia que eu deveria ficar.
- Eu deveria ter punido você e aquela bruxa maldita por terem me traído.
- Não foi a nossa intenção. Não preciso dizer novamente que foi um pedido da rainha Helena antes de morr..
- Cale-se! Não pronuncie mais o nome daquela traidora. Nunca mais, ouviu bem?
- Sim... eu só queria dizer que...
- Que você não teve coragem de matá-lo quando pode e agora está arrependido?
- Eu jamais teria coragem de matá-lo!
- Você viu o que ele fez seu imbecil? Por sua culpa o meu reino agora vai ficar praticamente sem comida e bebida... como os camponeses vão voltar a plantar naquela terra depois que o fogo se alastrou?
- E.. eu..
- Não terminei ainda! – Como as pessoas irão comer? Como nós iremos comer? Você por acaso vai fazer algum dos seus truques de magia negra para as plantas crescerem sozinhas?
- A minha magia não é negra...
- E o que me importa isso agora, seu estúpido!
- Você só se importa com o que você e toda a sua nobreza terão para comer e beber. Só está preocupado que agora não haverá mais fartura nas suas mesas, não é mesmo?
“Neste momento ouvi um estalo muito alto vindo de onde eles discutiam. Foi o som de um tapa.. e possivelmente no rosto.”
- Ora seu infeliz... eu deveria queimar você e os outros iguais a você em uma grande fogueira, por bruxaria e por praticarem magia negra. Mas já houve muita desgraça por agora, e graças aquele demônio. Mas você tem razão... eu não ligo para aqueles animais que morreram. Eles só prestavam para nos servir mesmo.
“ Mas como ele ousa falar assim da minha família e dos meus amigos?” – A minha vontade era de entrar lá e fazer ele engolir aquelas palavras, mas eu não seria louco a tal ponto... Não antes de ouvir toda aquela conversa... foi pensando em meus pais, em Maya e Dionísio, que as lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto.
- Se o seu pai estivesse aqui ele não aprovaria nada essa sua atitude. Ele estaria preocupado com as pessoas que morreram, com as casa destruídas...
- Meu pai está morto! Eu sou o rei de Shropshire. E sempre serei.
- Você realmente conseguiu o que queria. E me sinto culpado por isso. Jamais vou me perdoar!
- Você já recebeu a sua recompensa... eu deveria ter matado você também quando descobri a sua traição... você deveria ser grato a mim. E no final das contas, a morte do meu pai foi uma fatalidade, um acidente.
- Não, não foi! E não preciso repetir o que houve naquele dia pois meu coração ainda sofre por isso...
- É por isso que você NUNCA foi nada nessa sua vida medíocre. Você é um fraco! Agora não quero mais estender essa conversa... você e toda a sua gente me dão nojo. Mas eu precisava vir aqui me certificar se você acertou dessa vez.
- Sim, infelizmente tenho que admitir isso novamente... Você venceu mais uma vez.
- Ótimo, que assim seja. O que você fez com ele?
- Quando o encontrei vagando pela vila, lancei um feitiço que fez com a mente dele ficasse apagada e ele entrasse em uma espécie de sono acordado... eu o hipnotizei.
- E o que tem demais nisso? Ele ainda está vagando por aí? Se isso tiver acontecido eu juro que acabado com a vida de vocês dois.
- Não. Como eu ia dizendo, eu lancei um feitiço do esquecimento. Ele perdeu a consciência de quem era e o que estava acontecendo. Depois disso, eu o induzi a caminhar até a Floresta Negra.
- Como você sabe que ele foi mesmo para lá?
- Por que eu o segui até vê-lo entrar na Floresta. Fiquei algum tempo vigiando e ele não saiu. Tenho certeza de que “O Outro” o encontrou.
- Melhor assim, espero que “O Outro” tenha feito ele sofrer muito antes de sugar a sua vida. Como eu gostaria de estar lá para ver isso! Agora devo voltar antes que Cecília desconfie que eu estive aqui. Preciso ser o rei que esses animais desejam. Vou pedir ajuda ao pascácio do Rei Affonso, ele não negará de me enviar alguns camponeses do Reino do Norte. Outra coisa, nós nunca tivemos essa conversa, entendeu?
- Sim Henrique, nunca tivemos essa conversa.
- É Majestade a partir de agora. Só me chame pelo meu nome quando eu permitir.
- Sim Majestade.
- Antes de eu ir, quero que fique bem claro... se eu ouvir ou saber que aquele desgraçado não está morto, você vai se arrepender profundamente de ter me traído novamente. E dessa vez eu não serei mais misericordioso como tenho sido com você. Estamos entendidos?
- Sim Majestade. Te garanto que você não foi traído. Eu mesmo o vi entrando na Floresta Negra. Ele já deve estar morto agora.
- Espero que sim, porque não quero ter de voltar mais nesse chiqueiro.
- Que assim seja, Vossa Majestade.
- Adeus Berth.
**********
“O que?” Eu sabia que conhecia aquela voz de algum lugar, mas como minha cabeça está doendo muito e depois de tudo o que passei, não consegui adivinhar que era o Berth... Mas por quê? O que o Berth fez? De quem eles estavam falando? O que eu estava fazendo ali? Quem era o “anjo negro” que me levou nos braços ontem à noite? E como eu vim parar aqui? Por que o Rei Henrique queria alguém morto? Por que tanto ódio por alguém?”
Quanto mais eu me questionava, mais me sentia fraco... minha cabeça agora parecia uma bomba prestes a explodir... eram tantas perguntas e nenhuma resposta...
Foi nessa onda de dúvidas que acabei me perdendo em pensamentos, e não percebi quando Berth abriu a porta, me surpreendendo.
- Eros, o que você faz de pé?
Tomei coragem e revidei, determinado como nunca havia sido antes.
- Não é você quem faz as perguntas aqui, Berth. Sou eu! Agora me responda, quem é você?
Berth me olhou assustado. Talvez nunca esperasse esse tipo reação vinda de mim. Então ele sentou na cama e ficou encarando para o nada, voltou seus olhos para os meus e eu pude perceber que não havia expressão em seu olhar...
- Sente-se Eros, eu vou revelar todos os segredos que mudarão a sua vida. Chegou a hora, e você já está pronto para saber.
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Olá Pessoal!
Quero compartilhar com vocês que o nosso conto está sendo muito acessado aqui na CDC... Valeu pelo carinho...
Eu realmente gostaria de poder postar todos os dias. Mas prometo que não vou abandonar o conto. Não sabia que o conto teria tantas leituras (sinal de que estão gostando). Por isso vou tentar postar mais capítulos semanalmente.
Não fiquem bravos comigo, por favor!! rsrs...
Beauteful – Desculpa não ter postado antes. Espero que goste deste capítulo. Continue acompanhando!!! Beijos...
Danny Fioranzza – Muito obrigado pelo comentário. Que bom que esteja gostando!!! Muitos segredos serão revelado. Continue acompanhando!! Beijos...
ฯSuzyฯ – Fico feliz que esteja gostando... Logo você vai saber quem é o tal “cara”... Continue acompanhando!!! Beijos...
Geomateus – Obrigado por acompanhar!!! Ainda temos muito o que falar nessa 1ª Série, de Imortal. Espero que continue gostando!
° bell ° - Logo logo você saberá quem é o “cara”... Vou te adiantar que ele vai aparecer mais vezes em breve... E que bom que esteja gostando... Continue acompanhando!!! Beijos...
A todos os demais leitores – Muito obrigado por acompanharem o conto!!
Grande abraço e ótima leitura!!
Dansk GhostWriter
