Só nós conhecemos (3° temporada) - Parte III

Um conto erótico de Cesar Neto
Categoria: Homossexual
Contém 7186 palavras
Data: 03/03/2015 16:43:04

Terceira parte galera *-*III- Conselho de irmãos

- Cara, eu não acredito que ele fez isso comigo!! – Eu disse para Felipe e Bia.

Os dois estavam em casa observando a cena. Eu com espuma de barbear na cara, transitando do meu quarto até o banheiro sem parar de falar.

- É – Felipe disse indiferente – Também fiquei meio sem entender.

- É inacreditável – eu disse entrando no quarto com metade da cara raspada e a outra cheia de espuma, por algum motivo aquilo fez os dois rirem – Enquanto eu sofria por aqui ele já estava se agarrando com ... com ele.

Eu ainda estava bobo por causa daquilo que eu tinha visto. Otávio e Rodrigo. Os dois tão... tão ... eu me esforçava mas não conseguia entender essa história direito.

- E VOCÊS DOIS... – eu falei me lembrando do que Bia e Felipe tinham feito e fiquei com mais raiva – COMO VOCÊS FAZEM UMA COISA DESSAS COMIGO??

Bia olhou para Felipe e perceberam a mancada que tinham feito.

- Desculpa Cesar – Bia começou – não era a nossa intenção.

- Foi mal cara – Felipe disse – mas aquele Otávio é tão gente boa e bacana... foi sem querer de verdade.

Aqueles dois tinham me ferrado bonito. Quando Otávio e Rodrigo chegaram perto da gente, de mãos dadas, já tínhamos ganhado o prêmio de melhor torta de climão do ano.

Eu conhecia Otávio, mas Rodrigo não sabia. Eu namorei Rodrigo e Otávio pelo jeito não fazia ideia. Aquilo fez com que os dois me sugassem com o olhar esperando eu tomar alguma atitude. Como sempre, eu fiz a coisa mais inteligente que me veio a cabeça.

- Rodrigo eu não acredito! – eu falei – Você engordou pra caralho vey.

Ele não tinha engordado, apenas tinha ficado mais fortinho (mais gostoso) e eu como um bom recalcado tive que comentar. Rodrigo como todos os que estavam em volta riu, nervoso, mas riu.

- E aí Cesar, não esperava te encontrar por aqui – Otávio largou a mão do MEU (ex)namorado e me cumprimentou.

- Muito menos eu por aqui – saiu mais grosseiro do que eu queria – Você veio com meu tio?

Meu pai tinha me contado da venda da fazenda do meu tio. Mas eu não sabia que Otávio viria com ele e muito menos que ele iria estar dando uns pega no Rodrigo. Era tanta informação que enquanto ele respondia minha pergunta eu fiquei viajando total na maionese.

- Ah entendi – eu disse quando ele parou de falar – que massa em cara.

Estava completamente alheio do que todos estavam conversando na roda. Peguei Rodrigo me encarando e aí tivemos uma conversa através de olhares. Isso é meio difícil de se explicar mas resumindo foi mais ou menos assim:

“Mas que porra está acontecendo aqui?”

“Sinto muito, depois a gente conversa”

- Cara não acredito que você curte animes – Otávio disse apontando para a camisa de desenhos do Felipe.

Pronto. Agora Otávio estava roubando o meu amigo, será que ele iria querer beija-lo também? A cada minuto que se passava eu ia ficando cada vez mais puto com tudo aquilo.

- Curto sim e... ( o resto da conversa foi tão coisa de “virgem” que eu vou poupar vocês caros leitores, pois se não os seus respectivos cabaços irão voltar a se formar).

Bia e Rodrigo foram tomar uma água ou sei lá o que, me deixando com as duas garotas em uma conversa tão animadora que só faltou um bingo ali para me sentir no asilo. Graças ao bom pai o sinal tocou e eu aproveitei para ir no banheiro e nem se esbarrar no Rodrigo novamente.

Infelizmente eu encontrei todos eles juntos me esperando. Todos alegres e contentes como se tudo aquilo fosse normal. O que me deixou puto era que o peso daquilo ali estava inteiro nas minhas costas e eu não podia fazer nada. Para fechar com chave de ouro aquele encontro fantástico, Bia e Felipe tiveram a brilhante ideia de falar:

- Vamos para um bar hoje , tomar uma e contar as novidades das férias – Bia começou e Felipe terminou - ... estão afim de ir com a gente?

E era por isso que eu estava com o ponteiro da raiva diretamente apontado para aqueles dois lazarentos.

- Vocês são os melhores amigos que eu poderia pedir – falei agora já com a cara limpa e sem aquela barba ridícula.

- Já pedimos desculpas – Bia falou – O que mais você quer?

- “O que mais você quer?” – falei imitando a voz da Bia – Podemos começar pelo fato de vocês não chamarem meu ex-namorado com o atual para se juntarem com a gente na mesa do bar para contar as “novidades”. Seria bem bacana eu chegar lá e me perguntarem “o que você andou fazendo nas férias Cesar?” e eu responder “Ah tipo eu estava pensando em como reconquistar meu ex-namorado pois eu ainda amo ele e também fiz tricô com a minha vó.”

- Férias bacana a sua – Felipe disse rindo.

- Quer saber? – eu disse para eles – esqueçam isso, eu não irei mais para o bar.

- Para de ser infantil Cesar! – Bia reclamou.

- Não estou sendo infantil. Acabei de achar planos melhores.

E era verdade. Olhei para as atualizações do Facebook e vi um convite para uma festa de aniversário de “sabe se lá quem”. Parece que ia bombar pois o negócio ia ter direito a DJ, Open e muita gente. Igor e Denis tinham confirmado presença e eu acabava se segui-los.

Quinta era feriado do aniversário da cidade. Sexta iria ser “ponto facultativo” ou foda-se como é chamado. A questão é que quarta-feira seria o início de um fim de semana cheios de festas, baladas e para a alegria da galera o carnaval também estava chegando. Essa era a chance que eu precisava para esquecer Rodrigo, Otávio e o diabo a quatro que atormentava a minha vida.

- Então está bem – Bia falou – remarcamos o bar para a quinta, pode ser?

Ela não me deixaria em paz.

- Se eu tiver pique, está marcado.

- Cesinha... – Felipe já me olhava com aquela cara de cachorro sem dono – Sobre essa festa de amanhã... eu posso ir contigo?

- Porque você não vai com o seu mais novo amiguinho? Vocês podem ir vestidos de Pikachu, é bem a cara de quem assiste anime mesmo.

- Demoro – ele disse – eu arranjo uma fantasia para você também.

Mostrei o dedo do meio para ele enquanto eu trocava de roupa na frente dos dois mesmo. Vesti uma bermuda, tirei o trapo da camisa de escola e coloquei uma regata. O calor estava de rachar o cu de todo mundo e por isso tínhamos combinado de ir tomar um sorvete agora a tarde.

Mas antes...

- Temos que passar em umas lojas – eu disse já colocando uma quantia do meu dinheirinho tão suado adquirido nas férias na carteira – e passar no barbeiro, cortar essa juba aqui.

- Mas o porque fazer isso justo hoje? – Felipe perguntou desanimado.

- Quem seria o idiota de querer me beijar feio e desarrumado desse jeito?

“Ele tinha sido idiota e me beijou feio daquele jeito”, de cara fechada Felipe retribuiu o dedo no meio e Bia ria sem entender nada.

Dei uma piscadinha amigável para ele e saímos de casa.

...

Já tive problemas logo pela manhã.

Só tivemos a primeira aula. Por causa de ser véspera de feriado os professores deixaram o restante do dia para a gente “conhecer a estrutura dos grupos extra-curriculares oferecidos gratuitamente pela escola” traduzindo, coçar o cu porque ninguém queria trabalhar.

Fiquei no corredor olhando as opções do ano. Para esporte tínhamos a opção de jogar vôlei, futsal, handball e basquete. A novidade estava no quesito de artes, coisa que sempre foi meio que desvalorizado na escola, nesse ano surgia grupos de teatro, dança, música e desenho. Grupos de estudos também ocupavam seu espaço e um deles me fez sorrir. “Grupo de jovens cientistas e químicos, liderado pela adorada Diretora Valéria”. Não perdi a oportunidade e me inscrevi.

Enquanto eu assinava meu nome, escuto atrás de mim uma voz grossa e ameaçadora.

- Não vi seu nome para o teste do time de vôlei.

Olhei para trás e vejo o professor Guilherme, alto e confiante atrás de mim.

- Gostei da preocupação – disse ironicamente – mas eu prefiro jogar peteca no time do capeta do que me envolver com qualquer coisa que você esteja “ensinando”.

- Eu estava errado sobre você – ele falou – pensei que você era forte e não desistiria por qualquer motivo, assistindo você jogar eu via paixão pelo que você fazia mas... pelo jeito você desistiu na primeira bronca que levou. É covarde, é inútil, e não vai fazer falta no meu time porque não temos espaço para quem desiste fácil.

- Belas palavras capitão, você já pensou em virar um poeta? Concordo com tudo o que você disse mas só discordo da parte que você fala que eu sou um desistente.

Ele ficou sem entender até que eu mostrei uma folha de sulfite para ele com umas letras maneiras escrito: “TIME DE VÔLEI - CRIANÇAS DO CESAR... NÃO NECESSITA DE TESTE, SÓ PRECISA DAR O NOME”. E em baixo estava escrito “RUMO AO PRIMEIRO CAMPIONATO NACIONAL DA CIDADE”.

- Quem disse que eu desisti? – continuei falando – Só estou arranjado outros meios de continuar jogando vôlei que não envolva você.

- Eu tenho os jogadores, eu tenho o material e eu tenho a quadra – ele respondeu – como você vai montar um time sem nada?

- Aí é que está a questão – eu disse mostrando mas um pacote de folhas de inscrição iguais a primeira – o time não envolve só a escola e sim a cidade inteira. Teremos apoio da prefeitura para tudo e no final, depois de eu eliminar seu time do campeonato, você será apenas mais um professor chato e sem noção.

Seus olhos brilhavam de raiva parecendo duas bombas loucas para estourar. Terminei de colar o meu cartaz no painel quando ele explodiu de raiva em cima de mim. Arrancou o cartaz acabado de ser colado e o fatiou em diversos pedaços. Sua mão se levantou mas o seu lado racional a impediu de acertar a minha cara, ao invés disse ele acertou a pilha de papéis que eu estava segurando e uma chuva de folhas se formou no corredor. Alguns alunos perceberam a confusão e vieram assistir de perto a ira do Professor.

- ÓTIMO PARA VOCÊ – ele gritou – MAS EU NÃO QUERO ESSA PALHAÇADA NA MINHA ESCOLA, A PARTIR DE HOJE NÃO PENSE NEM EM CRUZAR O MEU CAMINHO.

Ele virou as costas e partiu e é logico que eu não perdi a oportunidade:

- Te vejo no campeonato municipal professor Gui-Gui !

Na verdade a metade do que eu tinha dito era mentira. Eu apenas fui até a secretaria da educação e inscrevi um time para o campeonato municipal. Não tinha apoio, não tinha onde treinar, não tinha jogadores. A única coisa que eu possuía era a vontade de esfregar na cara daquele professor que eu podia me virar sem me vender para o timinho dele e isso já era o necessário.

Não comentei com ninguém sobre isso. Já tinha me convencido que nenhum dos jogadores entrariam para o meu time. A rixa era minha e do treinador e eles não poderiam se sacrificar tanto assim. Eu iria fazer tudo sozinho e isso me dava uma empolgação e tanto.

- Você quer ajuda? – Alguém me perguntou.

Vi na minha frente um garoto. Eu reconhecia de algum lugar aquele cabelo castanho muito bem penteado e com pequenos cachos, olhos negros iguais aos meus, uma boquinha rosa maravilhosa e um óculos que escondia sua expressão.

- Quem é você ? – eu perguntei meio bobo tentando lembrar do garoto.

Ele pegou uma coisa em seu bolso e me mostrou uma camisinha. Me lembrei na hora do garoto que eu tinha zuado no primeiro dia de aula e agora ele estava me oferecendo ajuda.

- É claro que ele quer ajuda né Zé... – escutei uma voz fina e dócil atrás de mim e quando eu olhei para a figura nas minhas costas, tomei um baita susto.

Os mesmos olhos negros, a mesma boquinha rosa, a pele clara feito leite, os mesmos traços, tudo era idêntico ao garoto que eu acabava de ver, tirando o fato de que agora eu estava diante a uma menina.

- Ei – o garoto estralou os dedos para mim e sorriu – está bem?

A menina ficou ao lado dele e eu pode perceber os gêmeos na minha frente. O garoto era cinco centímetros mais alto que ela e aparentava ser mais bravo. Ela tinha um jeito de louca mas era bonita feito o irmão, seus cabelos da mesma tonalidades começavam lisos e terminavam em seus ombros formando cachos maravilhosos.

- E aí galera – eu disse recuperando a fala – vocês são do primeiro ano né?

- Sim – a garota respondeu – Eu me chamo Ana e esse aqui é meu irmão José, ou só Zé mesmo.

- Legal, eu sou o Ce... – fui cortado pelo garoto.

- Cesar né? Você é bem conhecido nessa escola.

- Isso aí, vocês são gêmeos? – eu perguntei só para confirmar.

Tentei lembrar da aula de biologia, onde o professor falava que tinha “gêmeos idênticos” e “não idênticos”. Um do sexo masculino e um do feminino eram considerados “não idênticos” mas ou eu dormi em mais uma aula ou a ciência sambou na minha cara mesmo. Os dois eram muito parecidos. E lindos também.

- Sim – o garoto respondeu – só não nos chame de Ana Raio e Zé Trovão.

- Eu gostei desse apelido – a menina respondeu, sua voz exalava uma ingenuidade que era até engraçada – seria legal soltar uns raios e trovões por ai.

Rimos e eles me ajudaram a recolher a papelada do chão.

- Mas e aí – eu disse – Estão gostando da escola?

- Sim – os dois responderam juntos , o que me assustava um pouco.

Os dois viraram um para o outro e começaram a conversar entre eles. Me ignoraram totalmente e eu apenas escutava palavras do tipo “Fala você”, “Eu tenho vergonha”, “Eu vou soltar um raio no meio da sua cara”. Quando a discussão terminou eles voltaram a atenção em mim e a Ana disse:

- Cesar, a gente queria te convidar para a nossa festa de aniversário de quinze anos.

- Sim vai ser um festão – acrescentou seu irmão.

- Opa mas é claro – eu respondi – Quando?

- Hoje mesmo, começas as sete e não tem horas para acabar – Zé me respondeu me olhando com aquele sorriso bonito.

- Espera aí, então a festança de hoje vai ser de vocês? – eu perguntei.

- É isso aí. – ela respondeu.

- E eu fui convidado pessoalmente?

- Vai ganhar até um cartão VIP – ele disse voltando a sorrir.

- Sérião ? – eu perguntei ainda abobado

- Só com uma condição – Zé disse – Você vai ter que nos aceitar no seu novo time de vôlei.

Ele me devolveu a última folha. Li novamente a parte que diz “NÃO NECESSITA DE TESTE, SÓ PRECISA DAR O NOME” e percebi que ele estava brincando.

- Sejam muito bem-vindos então – eu disse.

- Ótimo, te vemos na festa Imperador Cesar – Ana se curvou e os dois foram embora sorrindo.

Percebi que estava esquecendo de uma coisa e gritei o nome deles.

- GALERA – eu atrai a atenção de todo mundo – HOJE É O ANIVERSÁRIO DOS DOIS IRMÃOS MAIS GATOS , QUERO DESEJAR UM ÓTIMO ANIVERSÁRIO PARA VOCÊS.

E para já deixa-los acostumados com a minha filha-da-putagem eu puxei um “Parabéns para você, nessa data querida...” seguido por quase o andar inteiro da escola.

Ana ria e batia palmas junto. Zé me olhava vermelho de tanta vergonha.

E seus olhos pareciam querer mais alguma coisaEu não acredito que você vai fazer isso Cesinha – Felipe disse enquanto entrávamos na festa.

- Meu time, minhas regras. Você não vai entrar. – falei dando um ponto final no assunto.

- Mas eu sou seu melhor amigo – ele voltou a dizer.

- Por isso que, quando acabarmos com vocês no campeonato, eu deixo você entrar no time como reserva.

Ele tentou continuar reclamando mas o som da festa o fez parar. Entramos no salão todo iluminado com luzes piscando e me deixando tonto. Uma música eletrônica tocava e a galera já estava dançando. Tínhamos chegado umas nove da noite por conta da demora do Felipe.

- Então é isso, hoje estamos aqui para esquecer o passado e viver o futuro – Felipe começou a falar – A partir de agora somos solteiros e ninguém mais poderá nos segurar. Nem Bia, nem Rodrigo, nem nada. Somos só eu e você curtindo como verdadeiros amigos essa festa e vamos conquistar a cidade inteira com o nosso... – Ele olhou do meu lado e soltou um gemido de surpresa.

Minha língua já estava dentro da boca de uma loira avulsa da escola. Foi relativamente muito fácil ficar com ela pois o efeito da bebida já tinha a atingido. Beijamos por uns dois minutos e quando ela me soltou, pude ver a cara de paisagem que Felipe estava.

- O que você ia dizendo mesmo? – eu perguntei.

- Porque você ficou com ela? – ele me olhava como se eu tivesse feito algo anormal.

- Estava com saudades de uma boca de menina – falei mentindo, na verdade a escola já vinha levantado algumas fofocas sobre minha sexualidade e agora que eu era solteiro, resolvi acabar com isso.

- Mas isso é meio... estranho – Felipe disse.

- Cara, eu já dei um beijo na sua boca – falei rindo – nem de perto vai existir coisa mais estranha que isso.

Ele me deu razão e prosseguimos. A festa estava bacana, mas muito lotada. Quando faltavam dez minutos para a meia-noite todos cantaram parabéns para os gêmeos. A escola já tinha feito muita amizade com eles, não por causa da festa, mas sim porque eles eram gente boa mesmo e fáceis de fazer amizade.

Felipe saiu do meu pé e foi ficar com uma menina de outra escola. Não encontrei o Igor nem o Dênis e por conta disso estava completamente só. Fui até o bar e sentei na cadeira perto do balcão, pedi uma cerveja mesmo e fiquei bebendo lá de boas.

- Quer mais uma? – O barman me perguntou quando eu tinha acabado de tomar a primeira latinha.

- Opa, mas é claro – eu respondi.

- Se você quiser mais qualquer coisa é só pedir em amigão – ele disse me dando um sorriso safado.

“Aquilo era uma cantada?”, me perguntei enquanto olhava com mais atenção para o barman. Ele era muito bonitinho e tinha um corpinho gostoso. Os pequenos fios loiros saiam de sua cabeça, seu rosto era redondinho e fofo com uma barba dourada e fina. Aparentava ter uns dezoito/dezenove anos e era do meu tamanho. Ele usava uma camiseta de manga cumprida branca, uma gravatinha borboleta e um suspensório. Ele começou a me encarar e eu pude ver melhor seus olhos azuis bem fortes. “Deve ser lente” mas não me importei pois era muita perfeição.

- Manda mais uma cerveja para o cavalheiro aqui Gico, por minha conta.

Olhei para trás e vi Zé se sentando ao meu lado.

- Com todo prazer – o gostoso de olho azul, Gico, me trouxe outra cerveja e deu uma piscadinha para mim.

- E aí, está curtindo a festa? – Zé perguntou.

- Sim está muito bacana mesmo. – respondi.

- Bacana? Isso me parece que você não está curtindo.

- Claro que estou é que... – quase me abri para Zé mas me lembrei que eu mal o conhecia – é que eu não consigo esquecer uma pessoa aí. Ela pelo jeito já me esqueceu mas eu não a tiro da cabeça.

Ele me olhou e abriu um sorriso.

- Quer um conselho? – ele disse sem esperar eu responder – Esquece todo o passado e aproveita a festa. Você só vai esquecer de um problema se arranjar outro, vai por mim.

Ele se levantou, deu um tapinha em minhas costas e quando ia embora ele disse:

- Gico !! Arranja uma bebida mais forte para o rapaz aqui e sai desse bar um pouco para aproveitar a festa. Você não veio lá do Rio de Janeiro para ficar trabalhando na festa dos seus primos, vá se divertir. – ele tirou novamente a camisinha que eu tinha dado e me entregou – Acho que quem vai precisar disso hoje vai ser você.

O moleque tinha me dado um ótimo conselho e também uma ótima oportunidade. Olhei para o tal de Gico e vi que ele trazia duas bebidas para a gente tomar. Seu sorriso se abriu quando ele se aproximou de mim.

- E aí, está a fim de tomar uma comigo? – Ele disse tomando a cadeira do seu primo.

- Mas é claro.

Virei de uma só vez, seja lá o que ele tinha me trazido para tomar. Senti um fogo se acendendo dentro de mim e pelo jeito o único modo de apagar seria com aquele barman.

Conversamos por uns dois minutos até que a gente se levantou e fomos para um lugar mais reservado.

...

Não tinha jeito. Beijar um homem era muito mais gostoso do que beijar uma mulher.

Entramos em um pequeno depósito de bebidas que o Gico tinha a chave. Ele trancou a porta e eu já pulei em seu pescoço para mais um beijo. Sua barba roçava na minha cara e dava um sensação diferente de todos os garotos que eu já tinha ficado.

Ele beijava como um animal no cio. Sua boca tinha um hálito muito gostoso de menta que me excitava demais. Minha mão ia deslizando de suas costas até chegar em suas nádegas, não tão grandes mas bem durinhas. Fiquei um bom tempo ali aproveitando e agarrando aquela bunda por cima de sua calça social. Ele ia me beijando e apertando os meus mamilos. Não demorou muito tempo para eu ver a minha camisa no chão e começar a sentir as chupadas que ele dava em meu mamilo. Gemi baixo temendo que alguém pudesse nos escutar e acabar com a brincadeira.

Gico me chupava com maestria. Sua boca foi sugando os meus mamilos e pressionando o meu pescoço. Eu sabia que ele iria deixar as marcas mas não me importei, era muito gostoso.

Desabotoei a sua camisa e ele mostrou o belo corpo que tinha. Esculpido como o de um garoto que faz academia a anos. O seu tanquinho era humilde, mas veja bem, era um tanquinho! E sem falar nas tetinhas gostosas que ele possuía.

Sua mão deu a primeira apalpada na parte de frente da minha calça e ele pode sentir a dureza que se encontrava lá embaixo. Peguei ele por aqueles poucos cabelos loiros e o conduzi até ele ficar de joelhos com a cara bem em frente da barraca já armada. Gico deu umas mordidas por cima da calça que me fez tremer de tanto tesão. Bem devagar para me provocar ele foi abrindo o zíper da calça, depois o botão, depois ele foi abaixando... não aguentei e arriei as calças e a cueca de uma só vez deixando o meu pau respirar.

Percebendo o quanto eu estava louco por aquilo tudo, ele enfiou de uma só vez os meu 18 cm de rola na boca. Sua garganta já era bem treinada pois ele enfiou tudo sem dificuldades. Minha perna tremia e eu só ia conduzindo a sua boca com movimentos rápidos e fortes.

Vi que aquele safado já tinha se preparado e colocado um colchão no depósito. Era lá que eu foderia aquela bundinha gostosa e durinha dele. Sua língua começou a chupar o meu saco e sua mão punhetava a minha pica de leve. Aquilo estava bom demais e realmente me fez esquecer de tudo.

Senti suas mãos na minha bunda e aquilo me assustou um pouco. Rodrigo nunca tinha feito nada lá atrás, não porque eu o impedia, na verdade nunca conversávamos sério sobre o que podia e o que não podia e ele sempre teve uma bunda formidável. Por isso a relação passivo/ativo era definida pela lei da natureza. Um dedo começou a ser forçado por dentro do meu anus e eu relaxei e aproveitei. Sua boca voltou a sugar a minha rola e a sua garganta provava ser mais profunda que poço de petróleo. Seu dedo me causou uma sensação diferente do que eu já estava acostumado e aos pouco senti meu corpo inteiro vibrar de tesão.

Sua boca se encheu de gala quentinha e fresca enquanto eu gemia forte. Fazia um bom tempo que eu estava na seca e por isso ele se aproveitou de uma ótima leitada. Gico não se fez de rogado e engoliu tudinho, tirou o dedo do meu cu e o utilizou para limpar o restinho que tinha vazado pelo canto de sua boca.

Para sua surpresa a minha vara ainda estava em pé e preparada para a próxima rodada.

- Pelo jeito o nosso amigo aqui não está satisfeito. – foi a primeira coisa que ele disse depois de entrarmos no depósito.

Não disse nada para ele. Só o ergui e preenchia a sua boca com a minha língua. Fui caminhando atracado com ele até o colchão de casal que estava no chão. Deitei ele lá com muito carinho e cuidado pois eu o faria sofrer muito ainda naquela noite.

Terminei de me despir e fiz o mesmo com ele. Deitado com a cabeça repousada no travesseiro, Gico foi aproveitando as chupadas que eu dava em seu pescoço, mamilos, axilas, tanquinho... chupei todas as partes daquele rapaz cheiroso e gostoso. Desci para o seu pênis duro e grande e fiz ele sofrer do mesmo modo que ele fazia comigo, dei apenas uns beijinhos na glande bem devagar enquanto ele se contorcia de tesão.

- Espera um pouco – ele disse esticando o seu braço até uma das prateleiras e arrancado de uma caixa de papelão uma garrafa de vodka. Com uma certa dificuldade ele abriu a garrafa e virou um gole consideravelmente grande e depois deixou cair e escorrer mais uma bela quantia sobre seu corpo .

Entendi o recado e tomei a garrafa de sua mão. Suguei todo o líquido que ele havia derramado e virei mais em sua boca. Aquilo estava uma loucura, a Vodka molhava o colchão mas ele não se importava, muito menos eu. Depois disso eu voltei a chupar a sua rola e dessa vez foi com vontade. Tentei fazer um oral as alturas do que ele tinha feito e pelo jeito estava progredindo. Parava de chupa-lo, tomava a vodka, derrubava um pouco na sua boca, beijava-o, e depois voltava para a sua rola. Isso se repetiu até que ele não aguentou e derramou sua porra na minha boca.

Para não decepciona-lo eu engoli grande parte do líquido quente e viscoso, o que eu não consegui tomar, devolvi para ele em um beijo bem gostoso e suculento.

- Cara que delícia seu putão – ele disse.

Como resposta eu virei a sua bunda e deixei ele de quatro em minha frente. Fucei no bolso da minha calça e achei a camisinha do Zé, também me levantei e dei mais uma procurada no depósito até que eu achei um vinho na prateleira de cima.

- Tá afim de um vinho? – perguntei mostrando a garrafa para ele que fez que “sim” com a cabeça.

Não perdi tempo e abri a garrafa de vinho com um abridor e me posicionei atrás dele. Derramei no meio daquela bundinha durinha e comecei a sugar o seu cu que agora tinha o gosto doce daquele vinho.

Parecíamos dois alcóolatras loucos por sexo. Mas o prazer era tanto que eu nem me importava. Bebi metade da garrafa derramando-a em sua bunda e depois sugando todas as gotas que ali ficavam. Isso era literalmente “tomar no cu”.

Não aguentando mais de tesão, coloquei a camisinha e entrei inteiro dentro dele. Sua bunda era muito mais gostosa por dentro, quentinha, apertadinha e macia. Meu pau fez a festa entrando e saindo e cada vez mais ele ia empinando a bunda.

Coloquei ele num frango assado e voltei a meter rápido. Agora ele já gemia alto demais e gritava feito um puto mesmo. Comi aquela bunda com gosto de verdade. Peguei novamente a garrafa de vinho e virei o restante dela em sua boca e seu peito. Enquanto eu arregaçava a sua bunda aproveitava para beijar a sua boca e chupar seu mamilo.

Quando o vinho se esgotou me concentrei mais nas metidas e comi ele novamente de quatro. Sua bundinha dura parecia que queria mastigar o meu pênis enquanto eu socava cada vez mais fundo. Aproveitei para dar uns tapinhas de leve em sua bunda a deixando vermelha e mais quente ainda. Seu cu se fechou muito e eu escutei ele dar o gemido mais alto até aquela hora. Não resisti e enchia camisinha com a minha porra.

Cai em cima dele com o meu pau ainda penetrado em seu anus. Respiramos profundamente e eu vi o estrago que a gente tinha feito naquele colchão. Estava todo molhado, de suor, de porra e principalmente de bebida. Mas eu não ligava. Aquela definitivamente tinha sido a melhor transa que eu já tinha tido na vida. Melhor até do que as que eu tive com o Rodrigo...

Rodrigo me veio a mente e a realidade caiu na minha cabeça me fazendo acordar de novo. Eu estava ali trepando com outro cara e pela primeira vez não era o Rodrigo. Me senti culpado, com medo, inseguro. Olhei para o meu braço e vi a pulseira vermelha que o Rodrigo tinha me dado, aquilo significava o nosso namoro nosso amor... mas agora não era hora de se lembrar de tudo isso. Aquela foda tinha sido a melhor de todas e haveriam muitas outras me esperando ainda. Arranquei aquela pulseira do braço e me concentrei no gostoso embaixo de mim.

- Cara você é incrível – Escutei o Gico suspirando de olhos fechados enquanto eu ainda estava de pau mole dentro dele.

- Então se prepare cara, pois ainda vamos trepar com todos os tipos de bebidas que tem nesse depósito.

Ele sorriu e empinou aquela sua bundinha. Meu pau levantou novamente e eu pensei em qual bebida iriamos utilizar agora.

- Topa mais uma cerveja? – ele me perguntou.

Peguei um fardo de latinha e estávamos prontos para a próxima.

...

Minha cabeça latejava de dor.

Abri os olhos devagar mas tudo ardia. Senti em meu peito os pequenos fios bagunçados de cabelo loiro roçando meu peito. Gico me fazia de um belo travesseiro e parecia estar tendo sonhos incríveis.

Não estávamos no depósito. Isso era a única coisa que eu sabia da minha localização. Olhei para os lados e vi melhor o quarto aonde estávamos dormindo. Era pequeno, parecido com quartos de hóspedes, com uma simples cama de solteiro encostada na parede, um pequeno guarda-roupa e um criado mudo. Eu e Gico dormíamos na cama de solteiro ocupando toda a área dela e mesmo com ele dormindo praticamente em cima de mim, o espaço era pequeno.

Com muito cuidado eu me levantei e sai da cama. Eu estava completamente nu e perdido. Aos tropeços eu achei as minhas roupas jogadas num cantinho e eu tratei de começar a me vestir.

- Aonde o senhor pensa que vai? – escutei a voz vindo da cama.

Gico disse com aquele sorriso e com uma cara muito fofa de sono.

- Estou meio mal da cabeça, estava indo para casa – respondi.

- Deita aí que eu te ajudo a melhorar. - ele disse com um cara safada.

- Você sabe que eu iria adorar mas eu estou com muita dor de cabeça mesmo.

- Para com isso e deita aí – ele falou autoritário e se levantando.

Me joguei na caminha de solteiro e fiquei lá. Gico saiu do quarto e voltou com alguns remédios e um suco estranho.

- Isso aqui é para curar ressacas, eu faço uns bico como barman e por isso eu manjo em curar a ressaca alheia.

Segui as recomendações dadas por ele, tomei os remédios, tomei o suquinho e o sono voltou a me atingir... Fechei os olhos e a última coisa que eu me lembro foi de sentir o Gico deitando na cama, eu passando as mãos pelo ombro dele e a sua bunda encostando na minha pélvis. Dormir de conchinha curaria qualquer doença minha no momento.

Dormi o sono mais gostoso da minha vida. Sem sonhos, sem pesadelos e sem as estranhezas cotidianas. Apenas apaguei e descansei o cérebro. O tempo nem pareceu passar quando eu escuto alguém me cutucando.

- Bebê, vamos acordar?

- Bebê?? – eu disse com uma voz sonolenta – não tinha coisa melhor para me chamar não?

Gico riu e me ajudou a acordar. Ele me explicou tudo o que tinha acontecido e que eu estava muito mal para me levar para casa. Dormimos casa da sua tia. A mãe do Zé e da Ana.

- Eles me viram aqui? – eu perguntei.

- Sim. Foi ideia do Zé te trazer para cá.

- E ele sabe que nós dois... – eu disse apontando para a cama e ele entendeu.

- Nem imagina , meu primo é meio lerdo para essas coisas. Eu disse que a gente pegou umas meninas e tal.

- Então você... – eu falei ainda com muito sono para entender a situação.

- Eu sou reservado – ele completou a minha frase – ninguém sabe que eu curto ficar com garotos.

- Então isso... – eu tentei de novo.

- Isso fica entre a gente – ele disse achando graça da minha cara.

Gico me explicou que fazia faculdade no Rio de Janeiro. Estava de férias ainda e voltava nessa semana. Aproveitamos para tomar um banho juntos e rir das loucuras que fizemos ontem.

- Você é um cara legal Cesar – ele disse – O tipo perfeito para ser meu namorado.

- Pois saiba que a última coisa que eu quero no momento é arranjar preocupação para cabeça.

Rimos e desligamos o chuveiro. Gico era um cara muito bacana mesmo, era o tipo de pessoa igual a mim, sem preocupação nenhuma com a vida.

Peguei as minhas coisas e me aprontei para ir embora. Gico e eu demos mais uns amaços mas foi coisa rápida e logo eu estava de saída:

- A gente se fala ? – ele perguntou.

- Talvez sim – eu respondi e ele me acompanhou até o portão.

Estava já dobrando a esquina quando escuto uma voz dócil e fina atrás de mim:

- Imperador, imperador espera aí !!!

Me deparo com a menina Ana correndo até mim vestida com uma toca da galinha pintadinha e um pijama amarelo no meio da rua.

- Oi Ana – parei e fui de encontro com ela.

- Isso aqui deve ser seu né? – Ela esticou os braços e me mostrou a pulseirinha vermelha que simbolizava o meu “namoro” com o Rodrigo.

- Pode jogar fora não significa nada... – eu falei sorrindo.

- Tem certeza? – ela fez a típica cara de retardada engraçada dela.

- Sim, isso aí é passado. Já esqueci.

Ela ficou me analisando dos pés a cabeça procurando alguma coisa para falar.

- Sabe, as vezes a melhor forma de esquecer o passado é enfrentando ele e não fugir como se nada tivesse acontecido.

- Isso é um tipo de conselho? – eu perguntei me lembrando o que o irmão dela tinha me dito – o Zé disse que a melhor maneira de se esquecer um problema era arranjando outro.

- Meu irmão é um idiota – ela disse colocando a pulseirinha no meu pulso – você tem que enfrentar o passado e aprender com ele. Esquecer só vai te trazer aos mesmos erros.

Fiquei ali no meio da rua filosofando nas palavras dela. Os dois irmãos tão parecidos com conselhos tão diferentes... O do Zé me trouxe uma noite inesquecível mas a minha vida não se resolveria em uma noite, por isso...

- Os treinos começam quando? – ela perguntou – estou muito ansiosa.

- Vamos ter uma reunião na segunda-feira para decidir algumas coisas e agendar as primeiras aulas...

- Tá bom – ela disse – segunda a gente se fala?

- Pode ser – eu respondi.

Com um beijinho no meu rosto a garota dos cabelos castanhos virou e seguiu caminho de volta para casa. Olhei em meu pulso e gritei para ela:

- ANA ? – ela virou e sorriu – OBRIGADO POR TUDO!

Ela fez uma outra reverência boba e seguiu em frente... Peguei meu celular e vi que já eram cinco da tarde. A galera estaria no bar as seis horas me esperando. Pensei em ir para casa tomar um banho mas eu ainda estava com o cheiro gostoso do Angico no meu corpo e aquele cheiro doce e maravilhoso não iria voltar tão cedo para mim. Por essa razão peguei um busão direto para a casa do Rodrigo.

Agora eu iria enfrentar de frente os meus problemasPreciso falar com você? – eu disse para o Rodrigo quando ele atendeu o interfone.

- Entra aí – ele respondeu e a portão da sua casa se abriu.

Sua casa estava com um caminhão de mudança estacionado na frente.

- E aí Cesar tudo bem? Como foi suas férias?

Avistei Rodrigo saindo pela porta e ficando do lado do seu pai.

- Foram incríveis senhor Edu.

- Ótimo, faz tempo que eu não te vejo por aqui – ele disse – entra lá que eu já estou de saída.

O pai do Rodrigo entrou junto com um homem no caminhão de mudança e deu partida.

- Tem certeza que vai ficar tudo bem por aí Rodrigo?

Rodrigo estava do meu lado esperando seu pai sair pelas ruas quando um rapaz saiu pela porta também. Alto e magrelo, um garotão com cara de Nerd foi até Rodrigo e disse algo em seu ouvido. Depois ele se virou para mim e sem dizer nada, esbarrou com os ombros me fazendo cambalear para trás.

- Se cuida Rodrigo, manda um abraço para o Otávio e qualquer coisa é só me ligar.

Rodrigo fez um jóia com a mão, o garoto entrou no carro e foi embora pelo mesmo trajeto do caminhão de mudanças.

- Esse é seu irmão? – eu perguntei já com uma raivinha do meu ex-cunhado, nunca tinha visto ele na vida e agora ele me tratava de um jeito bem amigável.

- Sim – ele falou – entra aí. Minha família inteira vai para São Paulo conhecer o AP do meu irmão Túlio e só voltam no fim do feriado. Eu estou terminando de me arrumar para ir no bar, entra aí que a gente vai junto.

- Não - eu respondi – Vamos falar rapidinho aqui mesmo porque eu não vou no bar.

- Porque? – ele disse com cara de sínico.

- Meu Deus, você ainda tem coragem de perguntar o porque? – eu falei meio revoltado com a cara de pau dele.

- Olha – ele disse – não foi você que falou que ainda seríamos amigos? Não tem o porque ficar bolado.

- Esse é o problema – eu falei - eu quero ser seu amigo mas essa história de “vamos esquecer tudo e seguir em frente” não vai rolar, terminar com você daquela maneira educada e belezinha foi um erro e por isso você vai me ouvir gritar e se quiser falar alguma coisa também, agora é hora.

- Tudo bem – ele disse se segurando para não rir. Eu não via a graça.

- PARA COMEÇO DE CONVERSA VOCÊ FOI UM ESCROTO!!! ESTÁ ME OUVINDO??? UM ESCROTO. A GENTE SE AMAVA E VOCÊ NÃO TEVE UM PINGO DE CONSIDERAÇÃO EM ME DAR UM TEMPO, EU NÃO ESTAVA PEDINDO NADA DE MAIS, ERA SÓ A PORCARIA DE UM TEMPO!!! E O QUE VOCÊ FAZ?? A COISA MAIS IDIOTA EM UM RELACIONAMENTO QUE É PRESSIONAR OS OUTROS. ISSO É ESCROTO, VOCÊ É ESCROTO ESTÁ ME OUVINDO.

- Sim – ele disse rindo.

- NÃO É PARA RIR, SEU BABACA! EU TE ODEIO E JÁ ARRANJEI MUITA COISA MELHOR PARA MIM, MUITO MELHOR QUE QUALQUER OTÁVIO, MELHOR QUE... MELHOR QUE TUDO!!! ENTÃO SE LIGA POIS QUEM SAIU PERDENDO FOI VOCÊ... SAIR COM O OTÁVIO??? TINHA TANTA GENTE NO MUNDO E VOCÊ FOI QUERER JUSTO ELE??? JUSTO ELE??? ENQUANTO EU CHOREI AS FÉRIAS INTEIRA VOCÊ ESTAVA LÁ SE DIVERTINDO COM ELE. VOCÊ É ESCROTO, O CÚMULO DA ESCROTIDÃO EM PESSOA... SEU ... SEU... ESCROTO!!

- Terminou agora?? – ele perguntou.

- NÃO!!!

- Você cortou o cabelo? – ele perguntou sorrindo, me deixando mais puto ainda.

-SIM!!!

- Eu gostava dele comprido... – Rodrigo disse.

- EU TAMBÉM, MAS ELE JÁ ESTAVA ME ICOMODANDO E COM ESSE CALOR É DIFÍCIL AGUENTAR E...

Eu nem reparei que ainda estava gritando feito um babaca e sem motivo algum. Respirei e voltei ao assunto:

- SÓ ME DIZ O PORQUE DELE? E PORQUE JUSTO AGORA?

O sorriso do Rodrigo vacilou e ele começou a se explicar:

- Sinto muito cara, não era a minha intenção te fazer ciúmes ou qualquer coisa do tipo, foi só que... eu fiquei muito bolado também quando a gente se separou, eu chorei por quase uma semana inteira e você ainda me excluiu de todas as redes sociais... eu pensei que já podia seguir em frente... então Otávio apareceu, na mesma situação que eu estava e...

- Vocês dois se apaixonaram – eu conclui – Otávio sabe que nós dois namoramos?

- Não – Rodrigo respondeu – eu nem sabia que você o conhecia então eu nem contei sobre você ser gay também. Achei que seria muito escroto da minha parte.

- Você já é um escroto, só para lembrar – falei seco.

Rodrigo me olhou e voltou a sorrir com aqueles belos dentes, sua bochecha corada e aquela carinha de dó que só ele tinha...

- Olha só – eu disse me entregando ao charme dele – eu vim aqui disposto a descontar toda a minha raiva e terminar de vez o nosso caso mas você não está ajudando.

- Para Cesar – ele disse – Podemos muito bem continuar sendo amigos.

- Acontece que não existe nenhum botãozinho que vai fazer o meu sentimento por você acabar ou desligar e isso está me matando por dentro.

- Várias coisas estão te matando por dentro – Rodrigo me analisou e disse – Quer um conselho?? Talvez seja a hora de você enfrentar os seus problemas como você fez hoje comigo: enfrentando cara a cara.

Entendi as palavras dele mas não queria voltar a tocar naquele assunto:

- Pela milésima vez: EU NÃO VOU ME ASSUMIR – disse bem devagar para ele entender.

- Saiba que quem está perdendo é você, fique aí com o meu conselho, se assumir foi a melhor coisa que eu fiz na vida até agora, pense um pouco no assunto – ele falou – agora deixa eu me aprontar porque Bia, Felipe e Otávio estão nos esperando no barzinho.

- Eu já disse que eu não vou...

Rodrigo se aproximou e beliscou o meu mamilo. Pulei para trás porque o lazarento tinha apertado forte (mas mesmo assim foi gostoso).

- Pronto – ele disse – aí está o botão, agora o seu sentimento por mim foi desligado.

“Se fosse fácil assim”, pensei antes de responder:

- Pelo contrário, se você apertasse mais um pouco, outra parte de mim aqui embaixo iria “ligar” – falei com um sorrisinho bem safado.

- Vai se foder Cesar – Rodrigo disse aquela sua típica frase me empurrando para longe dele e sorrindo. – Agora para de ser idiota e vamos para aquele bar.

Rodrigo terminou de trancar a sua casa e saímos em direção ao bar. Como dois amigos, dois companheiros,Sabe cara – eu disse enquanto andávamos na calçada – anota o que eu estou te falando. Um dia você vai voltar a ser meu, eu não irei te perder assim.

Rodrigo balançou a cabeça dando um sinal negativo e respondeu:

- Você está errado Cesar, eu posso sentir o cheiro forte de perfume em você, posso ver esses chupões no seu pescoço. Tenho certeza que já ficou com outro cara também, pelo visto quem te perdeu fui eu.

E então fomos até o bar discutindo quem tinha perdido quem.

Mas por dentro eu sabia que apesar de perde-lo como namorado, eu tinha ganhado um conselho de um grande amigo, um grande companheiro...

Um grande irmão

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