Ola pessoal, tudo bem?
Tenho saudades de cada um de vocês!
Tem dois meses que o William viajou, que eu estou com o Igor e a Laura esperando pela volta dele.
Dois meses que eu durmo com dois travesseiros do meu lado e com uma camiseta dele, assim a solidão não parece tão forte e vazia.
São dois meses que assisto aos filmes só, ou junto com as crianças (Frozen ou Tartarugas Ninjas), já sei todas as falas e gestos.
Ele me liga dia sim, dia não e também conversamos pela web e face time, mas nada disso supera o contato corporal, a mão o toque, o cheiro e as mordidas, as brincadeiras e todo o nosso jeito louco de ser.
Lógico que as coisas continuam caminhando, o Marley, o Igor e a Laurinha bagunçado pela casa toda.
Minha mãe fazendo as coisas como sempre, só que é como se faltasse uma parte em tudo sabe?
No café da manhã, no banho, nos passeios com o Marley, nas bagunças do carpete, minhas noites, na gritaria dentro de casa das risadas que ele arranca do Igor e da Laurinha, consequentemente também ouvia se os latidos de alegria do Marley.
Minha mãe mimando ele no café, almoço e no jantar.
Sim, minha mãe extrapola um pouco as vezes, que acaba deixando ele mau acostumado rs.
Eu aguardo seu retorno ansiosamente e quando chegar eu vou explodir de alegria, quero sexo rs.
O Rick e o Jorge reformaram a casa toda e está linda.
O Igor ficou tão vislumbrado com a casa dos tios que quis dormir lá.
Era mais ou menos três da madrugada e o Ricardo e Jorge com o Igor nos braços.
Ele queria voltar pra casa e fez os tios o trazerem, mas dormiu no caminho.
Aquela madrugada nós três passamos em claro colocando muita conversa em dia, o Ricardo está conversando sobre a Helena vir morar com ele.
Todos aqui sabem que a mãe é garota de programa e trabalha a noite né?
Não vai entrar com processo e nada disso, também não estão brigando pela guarda da menina.
Isso é em comum acordo, a mãe não é ausente e nem tampouco ruim para menina, mas ela mesma acha que aquele não é ambiente pra filha, muito entra e sai de gente.
Eu vou adorar ter aquele toquinho de gente aqui, parece uma mini indinha, com os cabelos lisos e negros e aquele tom de pele lindo.
E o magrelo ama crianças, acho que se eu fosse mulher, eu já tinha parido uns quatro filhos pela vontade dele rs.
A mais ou menos três semanas eu conheci um garoto de vinte anos, uma coisa boba rs.
Eu estava na recepção esperando para ser atendido por meu dentista e esse garoto chegou, andando com muita dificuldade, a princípio eu achei que tinha machucado as pernas ou algum tipo de lesão aparente.
Garotos nessa idade jogam bola e vivem na academia, lesão por queda ou esforço muito pesado sempre acontece.
Ele sentou se na poltrona em frente a mim, pegou uma revista e folheou algumas paginas e no levantar de uma das suas sobrancelhas disse a si mesmo:
Ah Gabriel, porque a subjetividade desse pais está uma "merda", quando será que o brasileiro vai entender que o dinheiro é uma forma fácil de prender o eleitor?
Fiquei pasmo com as palavras e a forma como aquele menino falava de política, eu mesmo só acompanho cotação de dollar e tal, mas não sei falar de governo, gestão governamental e outras coisas do tipo.
Ele me olhou e sorriu.
Seu sorriso me lembrou o William.
Um sorriso verdadeiro, com os dois caninos tortos, seu queixo com alguns fios de barbas bem falhadas e um bigodinho bem escuro.
Um alargador na orelha direita, mas tão singelo que parecia mesmo um brinquinho na cor escura.
Usava um óculos com a armação na cor escura e dalí o ar de nerd se destacava em seu rosto, e esse garoto me diz:
Olá, tudo bem?
Me chamo Gabriel.
Respondi;
Tudo sim e você?
Muito prazer eu me chamo Fabiano.
O prazer é meu Fabiano.
E você o que acha da nossa política?
Gente!
Eu juro que me senti um velho, burro e sem conhecimento algum e gaguejei para responder.
Olha Gabriel, eu não sou muito ligado a isso, eu não tenho a hábito de acompanhar a política nacional.
Me senti um nada, queria entrar num buraco e sumir de tão constrangido que fiquei.
Mas Fabiano se você não acompanhar a política, se não der ênfase num assunto tão delicado quanto esse, os que estão a nossa frente sempre farão o que bem quiserem, já que nós não damos a mínima para um problema tão delicado como a situação do nosso país, não acha?
Eu muito sem jeito respondi:
Sim, eu concordo com tudo que você disse, mas não é muito novo para se preocupar com um assunto em que seus pais deveriam estar debatendo e não você!
Ele retrucou:
Muito pelo contrário Fabiano, estou numa idade ótima para começar a brigar, lutar e reivindicar por algo em que acredito.
Eu fiquei sem resposta e dei graças a Deus que a recepcionista me chamou.
Tchau Gabriel, foi um prazer.
Tchau Fabiano o prazer foi todo meu.
Entrei na sala e fui atendido por meu dentista.
Doutor Roberto, me fale uma coisa?
Sim Fabiano, vamos lá!
O garoto que esta na recepção, nossa que garoto inteligente.
Ele é sim Binho, mas é chato, vazio e não tem amigos, ele tem um problema e reclama de tudo, não se aceita.
Nossa Doutor!
É meu filho, eu tenho muita pena daquele guri, mas ele mesmo que afasta as pessoas.
Mas Roberto, qual é o problema dele?
Olha Binho, ele tem uma doença rara degenerativa, enfraquece os ossos do corpo dele, e aos poucos ele não irá mais conseguir caminhar ou levantar peso.
É algo que me parece que ainda não existe tratamento ou cura ainda, eu não sei muito a respeito.
Ele é meio obcecado por esse problema e vive culpando a todos por isso.
Ele usa desse deficiência para se isolar do resto do mundo, das pessoas e da sociedade, é um menino de mau com o mundo e muito agressivo.
O Doutor me falou aquelas coisas enquanto fazia a limpeza em meus dentes.
Eu ouvia tudo o que ele falava e tentava imaginar aquele garoto sendo agressivo, foi tão gentil comigo que eu não me importaria em ficar falando um tempo com ele (lógico que o assunto não seria politica rs).
Fui pra casa pensando naquele garoto, e nas prováveis dificuldades que ele poderia passar.
Não sabia da doença dele, se tem ou não tratamento e se ele tem algum tipo de auxílio ou sei lá.
Passei a noite pensando nele e numa conversa com o William eu toquei no nome do Gabriel.
Quem é Gabriel??
Fabiano?
"Ciumes", é isso mesmo magrelo?
Eu achei tão engraçado a maneira como ele se armou quando eu falei o nome do garoto rs.
Fabiano, Fabiano eu te pego de jeito rapaiz.
Mesmo morrendo de ri com a carinha dele eu me reservei em te contar sobre o garoto.
Expliquei tudo a ele, da maneiro do garoto e das coisas que nosso dentista havia me dito.
Fabiano, não vá me dizer que você está?
Não é isso que eu acho que é né?
Você não vai bater na casa do menino pra tentar ajudar ele?
É isso mesmo?
O William conhece cada gesto, cada som, cada bufar meu.
Em oito anos de relacionamento eu posso dizer que ele me conhece melhor que até eu mesmo.
Quando eu coloquei a mão no queixo, ele fez que não com a cabeça.
Eu: oque foi William?
Eu já sei que é isso mesmo Baixinho.
Fabiano não vá invadir o espaço do garoto, uma coisa são os nossos amigos e outra muito diferente é você tentar ajudar uma pessoa que não te conhece e não possuem intimidade alguma com você.
As vezes ele pode não gostar e aí sim se mostrar arredio e extremamente violento com você.
Tome cuidado meu amor.
Naquela noite nós ficamos conversando, trocamos várias idéias e no final fizemos sexo online, coisa tonta, mas quem não tem cão, caça com gato rs.
Percebi a preocupação dele para comigo, mas eu não vou invadir o espaço e a privacidade de ninguém não.
Se acaso o garoto me desse essa brecha, eu gostaria sim de conhecer um pouco mais da sua vida.
E outra eu nunca vi o menino e nem tenho ideia de onde ele reside, se é aqui mesmo na cidade ou se é em outro lugar.
E outra eu tenho o Raul, o Iago e o Ricardo para me ajudarem rs.