S01C06
O Primeiro Segredo
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Pois bem Eros, deixe-me contar até o final... e vou confiar em sua palavra, de que não fará nenhuma loucura.
Ele nada falou, apenas consentiu com a cabeça, impaciente.
Voltando... como o mago Merlyn era conselheiro do rei, tentou avisá-lo que a rainha estaria tentando acabar com a harmonia existente no reino, e que por interesses egoístas, ela estaria tramando contra eles...
Mas o rei Ricardo era um homem muito bom, e pela primeira vez não deu ouvidos ao mago. E foi por isso que o pior aconteceu... como a igreja já estava forte o suficiente entre os ricos, era hora de se expandir, e não existe povo mais fácil de manipular do que os pobres.
Eram pessoas humildes, que viviam às margens da sociedade, sem expectativas e sem esperanças... elas precisavam de algo para acreditar que aquele inverno acabaria logo... precisavam de algo para consolá-las... e foi através desta fragilidade que a igreja usou os seus poderes mais oportunistas... a promessa de um mundo melhor... um mundo além deste mundo... onde era confortável e cheio de riquezas, onde todos viveriam em paz e felizes... onde eles nunca teriam de trabalhar como escravos... onde eles seriam ricos e prósperos... nada faltaria e tudo seria lindo... não haveria distinção... seriam todos iguais... e o golpe final, a vida eterna... não haveria mais mortes... seria um lugar onde todo aquele que merecesse entrar, seria imortal...
Infelizmente os pobres coitados, sem esperança e imaginando que estavam no fim da vida... foram se entregando aos “ensinamentos” da igreja, o que a tornou em pouco tempo – antes que o rei se desse conta – na maior força política do reino... era como um praga que contaminava cada vez mais e mais pessoas...
E o resultado disso foi o golpe e a traição ao rei Ricardo. Como a igreja passou a ter mais poderes no reino, decidiram que cada pessoa que praticasse quaisquer atos que não fossem os descritos no “livro sagrado”, deveria ser queimada em uma fogueira na praça real, com acusação de praticar bruxaria.
Foram os tempos mais difíceis do que o próprio frio congelante de um inverno que já durava dois anos....
A fogueira se acendeu em uma noite pálida, sem chuva ou neve... mas com ventos cruelmente cortantes... Uma jovem moça foi acusada de invocar magia negra, quando estava apenas cantando uma antiga canção para a sua irmã mais nova, tentado fazê-la dormir para enganar a fome... seus pais haviam morrido há pouco tempo... eles ficaram doentes por causa do frio e por isso, elas ficaram órfãs.
Um integrante do clero, a julgou como bruxa e ordenou que ela fosse queimada naquele dia... sua irmãzinha foi vendida aos mercadores de escravos e a jovem acusada condenada à fogueira. Dava para ouvir os seus gritos de piedade e desespero... enquanto ela era queimada viva, fizeram com que a sua irmã pequena assistisse a tudo, antes de ser levada para nunca mais voltar.
Era desesperador o sofrimento... Algumas pessoas se comoveram... muitas mães choravam... mas o medo de serem julgadas e o desespero pela salvação fez daquilo um costume. A partir daquele momento, a grande fogueira não se apagou mais... ela durou até o fim do inverno....
Mas antes que o frio se fosse, o rei Ricardo ordenou que Merlyn ficasse escondido até que aquilo tudo acabasse e as coisas voltassem ao normal... em seu lugar, foi formado o Conselho de Mestres da Sabedoria para suprir as necessidades da igreja... que sempre foi muito interessada em ciência...
Quando descobrimos através dos astros que o inverno estava chegando ao fim, a rainha mandou dar o golpe final... encontrar e matar Merlyn... ele seria acusado de trazer o inverno ao reino usando magia negra para puni-los... essa seria a melhor estratégia para a igreja e para a rainha, pois assim que o mago morresse, o inverno acabaria e sua morte seria um exemplo... um milagre aconteceria... o frio iria embora e a prosperidade era a esperança de um mundo melhor...
Quando o rei soube desta tentativa de traição, ordenou que a rainha acabasse com toda aquela loucura. Caso contrário, ele a prenderia para sempre na torre mais alta do castelo e de lá, ela nunca mais sairia...
Ela o desobedeceu e pediu para um membro do alto clero afirmar que o rei estava possuído por um demônio... com isso, ele não poderia ser morto por praticar bruxaria, pois não seria visto com bons olhos em outros reinos, se soubessem que o rei de Shropshire era um praticante de magia negra... foi pensando nisso que a rainha mandou que o exorcizassem.
Assim seria mais fácil fazer com que todos acreditassem que o fim estava próximo a todos aqueles que se aproximassem dos feiticeiros.
As pessoas estavam cada vez mais assustadas e com medo... e essa era a melhor forma de dominá-las... deixando-as obedientes...
Foi assim que acabei me tornando confidente do rei... só eu sei o que ele passou nas mãos dos exorcistas... as atrocidades que fizeram com ele... arrancaram qualquer gota de vida que ele tinha... o transformaram em um pobre homem doente... após as sessões de exorcismo – algumas delas duravam dias e noites de sofrimento sem trégua, comida ou água – um dos membros do Conselho era chamado para cuidar da higiene do rei... dar banho, vestir suas roupas e dar restos de comida e água... ele estava tão fraco que mal conseguia se manter de pé...
E foi em uma dessas idas ao castelo que o rei Ricardo e eu nos conhecemos... me lembro como se fosse hoje, quando eu o vi deitado no chão... ele parecia um pobre moribundo... me aproximei e quando tentei ajudá-lo a levantar, ele me olhou profundamente nos olhos – eu não via mais vida naquele homem, agarrou em meus braços e sussurrou ao meu ouvido... “Me tire daqui... eles vão me matar”...
Era impossível não se comover com o seu desespero... mas eu não podia fazer nada, pois éramos vigiados o tempo todo... e eu não seria louco de me voltar contra a rainha... Porém, eu era mais inteligente... ganharia a confiança do rei e o ajudaria a recuperar a sua sanidade... somente ele saberia o que fazer...
Após ter ouvido o rei me pedir para salvá-lo, tentei levantá-lo e quando estava a caminho de sua cama, falei ao seu ouvido... “Eu posso ajudá-lo, mas preciso vir aqui todos os dias para cuidar de Vossa Majestade”...
Pude ver esperança em seu rosto, mas ele precisava confiar em mim... então me perguntou... “E por que eu deveria querer que você volte? Eles jamais permitiriam isso”...
Respondi ainda tentando não chamar a atenção dos padres que nos acompanhavam... “Vossa Majestade ainda é o rei... então sabe como obrigá-los. Afinal, como um velho igual a mim poderia representar algum perigo?”...
Enquanto eu lavava os ferimentos do rei, ele me olhou nos olhos novamente e sorriu... realmente ele via esperanças em mim... foi aí que perguntou novamente... “Vejo que o senhor é muito esperto. O que mais teria de útil para me tirar daqui?”
Sorri novamente e respondi... “Eu interpreto os sonhos... e através deles vamos conseguir libertá-lo. Sei que Vossa Majestade não entende agora, mas saberá que a nossa alma trabalha de formas inimagináveis quando estamos dormindo. E as respostas para tudo acontecem através dos sonhos.. Vossa Majestade está muito cansado para obter respostas quando está acordado... mas através dos sonhos poderá encontrar uma saída... poderá encontrar Merlyn e ele o ajudará.”
Depois de dizer isso, os olhos do rei se encheram de lágrimas e começaram a cair em abundância... ele me abraçou e me pediu para procurar pelo seu filho, o príncipe Henrique... ele me disse que se eu conseguisse falar com o príncipe, seria fácil convencer à mãe em me deixar visitá-lo todos os dias... mas não seria fácil persuadi-lo.
Após sair dos aposentos reais, fui em direção à saída do castelo, mas quando consegui despistar os guardas, afinal sou apenas um velho e não represento perigo algum a ninguém, entrei em um corredor e fiquei escondido por um tempo... nessa hora os guardas possivelmente pensaram que eu havia voltado para o Conselho, que ficava a poucos passos de onde estávamos... então não deram muita importância ao meu sumiço e voltaram para a guarda...
Então, quando vi que o caminho estava livre, comecei a minha busca pelo príncipe... entrei por vários corredores, mas era difícil achá-lo... passei por incontáveis portas, mas não poderia abri-las, pois não correria o risco de encontrar outra pessoa que não fosse o príncipe... Como o rei falou, ele era um bom filho, e me receberia sem precisar que eu fosse anunciado... acreditei que o príncipe estivesse preocupado com o pai e tentando convencer a rainha a acabar com aquilo. Talvez ele estivesse pensando em um bom plano para salavá-lo.
Foi aí que ao chegar em um longo corredor com muitas estátuas de mármores de grandes guerreiros lendários e armaduras de cobre – provavelmente dos guardas reais mortos em batalhas, avistei uma porta enorme de madeira, bem no final do caminho, coberta de detalhes em ouro.
“Só pode ser ali o quarto do príncipe Henrique!” – pensei comigo...
A cada passo que eu dava, ouvia sons estranhos vindo do quarto... e para não fazer barulho e despertar a atenção de dentro, fui caminhando lentamente e silenciosamente até chegar à porta... os sons ficaram mais altos... eram parecidos com gemidos... alguém poderia estar doente... ou precisando de ajuda...
Mais do que depressa pensei que alguém pudesse estar fazendo algum mal ao príncipe e na tentativa de defendê-lo, apanhei a espada de uma das armaduras e abri instantaneamente porta....
Quando levantei a espada para atacar quem quer que estivesse fazendo mal ao príncipe, parei meu braço no ar e meus olhos se arregalaram... o mesmo fez o príncipe quando me viu ali, em pé... com uma espada na mão e estático... sem reação.
É difícil ter de falar sobre o que vi, porque não poderia imaginar aquilo...
Quando entrei no quarto, vi o príncipe Henrique deitado em sua cama como se fosse um animal com 4 patas... suas nádegas brilhavam com a luz das velas que iluminavam todo o quarto... ele estava segurando seu pênis com uma das mãos fazendo movimentos nele... o outro braço apoiava seu corpo na cama, sua cabeça estava para baixo e seus olhos fechados... sua boca estava ligeiramente aberta e ele gemia como um gato no cio... por cima dele havia um homem, era um escravo... e ele estava segurando os cabelos do príncipe enquanto penetrava o seu membro dentro das suas nádegas... seus movimentos eram rápidos e fortes... dava para ouvir os estalos de seus corpos se encontrando... seu saco pendurado batia no saco do príncipe... eles estavam se entregando aos prazeres da carne... muito suor escorria de seus corpos... o quarto tinha um cheiro forte... era cheiro de prazer... ver o pênis negro e cheio de veias entrando e saindo do ânus do príncipe Henrique me fez perder a reação e ficar sem fala, sem reação e sem sentido...
Esse era o maior pecado que um homem poderia cometer no reino, segundo a igreja... e quando o príncipe Henrique me viu ali dentro do seu quarto observando tudo aquilo, certamente ele ficou com medo... com muito medo!
Este foi o primeiro segredo que eu guardei até este momento... o segredo que me fez conseguir persuadi-lo a convencer a rainha me deixar visitar o rei Ricardo todos os dias e ajudá-lo a ler os seus sonhos e tirá-lo daquele pesadelo.... O segredo que me manteve vivo até hoje.
Mas isso não foi o suficiente para salvar o rei. Coisas ruins estavam para acontecer!!
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Olá Pessoal!
Mais um capítulo polêmico disponível!!
Grande abraço a todos e ótima leitura!!
Danny Fioranzza – Não precisa de desculpar pelo seu comentário!! Eu agradeço por suas palavras. Não se preocupe quanto às citações referentes à igreja... Sei que temas como este são bem delicados! E a ideia do conto é trazer fragmentos históricos e fictícios... Além do mais, a narrativa pertence à personagem para dar um novo rumo aos próximos capítulos!!! Neste caso, as citações são baseadas na visão do Berth...
Espero que você continue acompanhando e comentando... Abraços!!!
Geomateus - Continue acompanhando e que bom que está gostando. Obrigado!!
Dansk GhostWriter