MEU CORPO É MUITO PESADO!!! 01-08

Um conto erótico de Alan Bortolozzo
Categoria: Homossexual
Contém 1790 palavras
Data: 06/03/2015 11:39:37
Assuntos: Homossexual, Gay

Capítulo 08

O teste da Árvore.

Atravessamos o condomínio todo até chegarmos à famosa “Árvore”. Famosa por ser a maior e mais bela árvore do condomínio. Embaixo dela, havia um cercado cheio de areia grossa para as crianças menores brincarem, bancos de madeira para as pessoas descansar e gaiolas onde havia vários canários que atraía atenção de todos os moradores. Era, de longe, a maior árvore do condomínio todo. Tinha facilmente 06 andares de altura. Poucos, muito poucos, arriscavam a chegar ao topo dela.

Esperei até que todas as pessoas chegassem para começar o ritual.

- Você é um cara do sítio, não é? – perguntei.

- Sô sim! – disse ele com certa raiva na voz.

- Então, chegar ao topo dela e amarrar sua camiseta no galho mais alto, não seria dificuldade? – perguntei deixando o boquiaberto.

- Cêquéqui eu suba até lá em cima? – perguntou ele engolindo seco.

- Não! Quero que você “suba lá embaixo”–Ironizou o Diego.

- Até o último galho – disse abrindo um sorriso de triunfo – Qual e burrão, não é tão difícil assim?

- É perigoso! – disse o Burro olhando para os pés.

- ELE DESISTIU! – disse fazendo todos o vaiarem.

- Não é isso, sô! O pobrema é qui tem uma caxa de marimbondo tatu nela – disse ele ficando ofegante.

- POBREMA? – gritou o Diego fazendo todos rirem.

- Os marimbondos tem mais medo de você do que você deles Burro. Agora, vou contar até três para você começar a subir – disse fazendo-o ficar desesperado –Moço, é perigoso! – disse ele desesperadoNão Alan, faço qualquer coisa – disse.

- Três – disse virando as costas para ele e chamando a turma para me acompanhar.

- Eu subo, eu subo, eu subo – disse ele arrancando a camiseta e começando a subir a árvore.

- Vai ser divertido – disse arrancando risadas de admiração.

Ele foi subindo de galho em galho, com uma facilidade incrível.

- Até parece que a árvore foi feita para ele – disse o Danilo sem piscar.

- Cala a boca!

- Ele vai conseguir! – disse o Diego movendo os lábios a cada galho que ele subia.

- Tá torcendo a favor do caipira? – perguntei inconformado.

- Até então, os únicos que tinham chegado ao topo, eram você e o Murilo – completou o Guilherme.

- Por que vocês não somem daqui e deixa-me ver até onde aquele Burro sobe? – perguntei irritado.

Minha cabeça começava a ferver de raiva. Raiva misturada com uma dose de vergonha e inveja. Porque, teria que assumir que ele era tão bom quanto eu e o Murilo éramos. Porque seu nome seria escrito no hall dos corajosos.

- Esse caipira Alan, mora em sítio. Lógico que ele saberia subir em árvores – disse o Diego – Não adianta você ficar todo nervoso por algo que você deveria saber. Dessa vez o Burro foi você Alan! – continuou ele, virando as costas e indo para o fundo da turma.

- Por que você não vai à merda heim Diego? – disse partindo pra cima dele.

- Vai me bater por estar com raiva dele? – perguntou ele arqueando as sobrancelhas.

- Gozado, até agora você estava zoando o cara e, segundos depois, após ele conseguir a façanha, você virou “amiguinho” daquele burro lá? – disse enojado.

Virei às costas para o Diego e voltei para aquele guri que estava a três galhos do topo.

- O que esse Burro aí não sabe pessoal, é que não é fácil ser o líder da turma. Que não é fácil vestir essa “camiseta” – disse me agachando e pegando uma pedra do tamanho de um limão – às vezes, dói ser o “melhor”.

“E não é que o danado do caipira conseguiu?” – pensei ao vê-lo amarrando a sua camiseta ao lado da minha e do Murilo.

Em seguida, ele pegou um galho e foi riscando seu nome.

- Fim Alan. Ele conseguiu! – disse o Danilo.

O Burro gargalhava tão alto que me fazia o sangue ferver de raiva. Era uma raiva que arranhada minhas entranhas fazendo-me enjoar.

- E por causa “disso”, vocês o idolatrarão? – perguntei perplexo com a capacidade de puxa-saquismo da turma.

Sem pensar duas vezes, peguei a pedra que estava em minha mão e joguei com todas as forças, acertando a caixa de marimbondo.

- Alan? – perguntou atônito o Guilherme – Por que você fez isso?

- Por causa daquela expressão “Sem dor, sem vitória” – disse com lágrimas nos olhos.

Lágrimas de fúria por saber que alguém tão pobre em princípios, cultura, força, inteligência?!

“Como alguém que nem sabe atender ao telefone poderia se comparar a mim?” – gritei comigo mesmo.

Em poucos segundos o tronco onde a caixa de marimbondo estava, ficou negro.

- SOCORRO? – gritou o Burro ao alto da árvore – MÃE? MÃE? MANHÊ? – continuava a gritar desesperadamente.

- VOCÊ VAI MATÁ-LO. FAÇA ALGUMA COISA – gritou o Diego.

- AÍ, AÍ, AÍ, AÍ, MÃE? POR FAVÔ, MÃE? – gritava o guri enquanto era metralhado pelos marimbondos.

Mas eu estava intacto com aquela cena. Abobado por estar nervoso e ao mesmo tempo não digeria que eu fosse capaz de fazer aquela atrocidade. Eu tinha botado a vida daquele garoto em jogo.

- ALAN? – gritou o Guilherme dando um tapa na minha nuca, me fazendo sair do tranze.

- AI MÃE? SOCORRO MANHÊÊÊÊ – gritava desesperadamente.

Um pouco da galera saiu correndo, fugindo daquela cena, para ficar anônimos daquele delito. Saí correndo até a base da árvore e catei a mangueira que ligava o sistema de irrigação.

- ALAN, MI SALVA ALAN? CADÊ MINHA MÃE? TÁ PICANDO TUDU EU ALAN! – berrava o garoto em meio ao choro.

Olhei pra cima e via que a roupa daquele guri estava infestada de insetos negros.

“Meu Deus! Matei o garoto.”

Liguei a mangueira e mirei no garoto, mas era em vão. O jato não alcançava o terceiro andar e Burro estava no último galho. Aos poucos os adultos que apareciam por ali ficavam abismados com aquela situação. Um dos pais que passavam de carro, viu o movimento e parou o carro no centro da rua.

- ME AJUDA ALAN? MI AJUDA MOÇO! AI, AI, AI!

O rapaz, imediatamente, começou a subir na árvore. Olhei para trás, procurando meus amigos, mas só conseguia ver os pais das crianças por perto. Fora nessa hora que eu me senti idiota, estúpido, um babaca e, ainda por cima, sozinho.

- MÃE, MÃE, MÃE? – esgoelava o garoto.

O rapaz que estava tentando ajudar o burro, mal conseguia subir mais que uns galhos, pois os marimbondos estavam irritados com aquela situação. Um grito agudo de uma garotinha, presa as vestes da mãe me fizera tirar os olhos daquele rapaz e voltar ao Burro. Ele estava pendurado, apenas com uma mão nos galhos e com a outra, ele espantava os insetos. Minha respiração era ofegante e meu corpo era fraco. Aquela armadura de Rei caíra e só sobrara o frágil Alan Bortolozzo. O choro veio com força. Tanta força que precisei agachar no chão para abafar meus gritos.

- MÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃE – gritou forte o menino enquanto caía de cima da árvore.

Levantei-me num pulo e fiquei olhando o garoto batendo de galho em galho até cair na areia fofa. Uma das mães que estava no local, agarrou a mangueira que eu tinha usado para tentar tirar os marimbondos e ligou sobre o garoto. Ele estava abraçado aos joelhos, quase em estado fetal. Soluçava de tanto chorar e os insetos, aos poucos, iam saindo dele. Outra mulher que estava no local fez o Burro se virar de barriga para cima. Os braços estendidos de qualquer maneira significava que ele estava fraco, machucado ou até inconsciente.

- Alan? - chamou uma voz abafada atrás de mim. Era como se meus ouvidos tivessem entupido de água – Alan? – chamou novamente.

Olhei para trás e reconheci meu irmão. Não sabia se eu ficava feliz em vê-lo ou se começasse a temê-lo.

- O que houve aqui Alan? – perguntou ele encostando mais perto.

- Aquele moleque lá – disse apontando ao Burro deitado – ele quis subir na árvore e lá tinha uns marimbondos e o picou.

Só pela maneira que meu irmão me encarara dava para perceber que ele sacara tudo. Ele foi até o local onde o garoto estava e fui até a praça para beber água. Abri bem a torneira e a minha cabeça debaixo daquela água gelada, fazendo-a correr por todo meu rosto, passando pelo pescoço e escorrendo por todo meu corpo. Os gritos daquele garoto ecoavam na minha cabeça enquanto eu lutava para esquecer. Abri a torneira mais forte, para que o barulho da água fosse maior que os gritos que eu ouvia em minha cabeça. Fiquei por minutos me banhando naquela água fria e depois deitei no banho de cimento que ainda estava quente pela longa tarda ensolarada. Fechei os olhos e tentava acalmar a minha respiração.

“Eu não sou esse monstro!” – disse a mim mesmo.

- ALAN? – gritou a pessoa mais insuportável da Terra, o Arthur – SEU IMBECIL! – disse ele aos berros - Seu idiota, seu canalha. Vem aqui – disse ele mais calmo.

Apenas caminhei em passos lentos até meu irmão.

- Você faz a cagada que faz e fica ai fugindo? – disse ele segurando minha orelha e a puxando para cima.

- Aiiiiiiiiiiii – gritei enquanto a cartilagem estralava – vai arrancar minha orelha – disse entredentes, soltando meu corpo no chão.

- Levanta daí agora seu imbecil! – disse ele puxando meu cabelo, fazendo me levantar – Sabe aquele guri que está no carro?

- O que tem ele? – disse desesperadamente.

“A galera não pode me ver nessa situação” – pensei comigo mesmo, tentando tirar os braços pesados do meu irmão de cima de mim.

- Arthur, não precisa arrancar minha cabeça fora – disse tentando sair, mas ele era bem mais forte.

- Mesmo arrancando sua cabeça fora, seu idiota, você não aprenderia nada!

- O que você quer dizer? – perguntei enquanto chegávamos perto do carro onde o guri estava.

- VOCÊ VAI AO HOSPITAL COM ELE! – gritou meu irmão, fazendo todos abrirem espaço para que eu pudesse entrar.

- Você só pode estar brincando? – disse enquanto ele me enfiava a força dento do carro.

As pessoas apenas me olhavam, apontava e fazia aquilo que eu achava pior, cochichar. Seria o motivo da piada da galera por anos. Sem falar que perderia meu posto de “Rei” que tanto suei a conquistar. Aquilo me amargava. Me fazia sentir nojo por estar entrando no carro com aquele mesmo garoto.

“Serei “destronado” por esse caipira que nem deveria estar aqui!” – pensei ao ver o corpo do menino encostado na porta oposta a minha.

- Você não vai comigo Arthur? – perguntei quando meu irmão batera a porta do carro na minha cara.

- Esse foi um problema que você criou. Então Alan, resolva-o – disse ele virando as costas para mim.

Funguei alto e fiquei aliviado que o garoto nem lembrava que eu existia. Ele choramingava encostado na janela do carro. Quem nos levava era o pai do Guilherme que não fazia questão alguma de conversar conosco.

“Será que o que eu fiz fora tão grave assim?” – fechei os olhos e fui até o hospital fingindo que estava dormindo.

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 0 estrelas.
Incentive Alan Bortolozzo a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários

Foto de perfil genérica

Comecei a ler seus conto e me surpreendi, pode ter certeza que vc fez com que o leitor sentisse todo tipo de emoção que vc queria passar. O conto é real? (diga que não porque eu tô indignado com o que alan fez).... Mais uma coisa. Vê o que aconteceu com o 09 pq eu não consigo abrir a continuação

0 0
Foto de perfil genérica

ah ta, é, eu interpretei mal! é que normalmente quando alguem fala isso, ta bravo comigo, vc nao vai querer saber a quantidade de gente que nao gosta das minhas criticas, construtivas( as vezes nao sao tao construtivas assim) e da minha opiniao.

0 0
Foto de perfil genérica

Dark

Vc me interpretou mal! Quando eu digo que "valeu pela insatisfação" é que não existe nada mais gratificante que ver os leitores sentindo exatamente aquilo que eu espero que sintam. É maravilhoso saber que causo ódipo, raiva, tristeza, admiração. Peciso das criticas até as piores.

Nesse capitulo, quanto mais odio, melhor pra mim;

0 0
Foto de perfil genérica

vc nao entende, desculpa só criticar, mas é que eu já to apaixonado( figurativamente, pois nunca amei e amarei alguem entao paixao na minha vida nao existe) pelo "burro"( ¬_¬ cruel o apelido) e tipo, ver ele sentindo dor fez uma lasca de gelo do meu coraçao se partir, entao eu fiquei meio triste, e falei o que eu senti. mas nao veja isso como uma critica, veja apenas como amor a um personagem, mas eu nao odeio o Alan, eu só quero tortura-lo por machucar alguem inocente e puro, e que com certeza é melhor que ele, pois nao seria tao cruel assim!

0 0
Foto de perfil genérica

Dark

Valeuuuuuuuuuuuuuuuuuu toda a insatisfação! ´

Sempre obrigado por tudo

0 0
Foto de perfil genérica

Meu pai dos céus!!! Mas que falta de juízo esse Alan! E ele faz tudo com uma leve inocencia. Mas eu sei que no fundo, o Alan tem um grande coração. Depois daquela amizade tao linda com o Murilo, não tem como ele se tranformar num "monstro". Isso é inaceitàvel. Eu se que daqui há pouco vão estar esses dois, Alan e o caipira correndo, brincando e esquecido dessa passagem infeliz.

0 0
Foto de perfil genérica

que horror! que monstro! estou enojado! caraca! nao esperava por uma açao tao covarde e mesquinha de voce! isso é cruel! desumano! to perplexo.

0 0
Foto de perfil genérica

Voce e um monstro uma pessoa horrivel ma deveria ser colocada numa jaula que ridiculo mesquinho vil baixo asqueroso tudo por uma merda de um titulo idiota???

0 0