#Essa história não é minha, mas sim da minha linda escritora Beta Nate (amo mais q nutella). Queria compartilhar ela com voçês.#
Rigorosamente Proibido, Ligeiramente Permitido - Capítulo 1 - Sequestro
NIGTHMARE - A7X
Medo, pavor, o suor frio correndo a espinha enquanto tudo ao seu redor cheirava a mofo. Estava frio, mas ele não conseguia pensar nisso com a dor da perna quebrada e o sangue do melhor amigo fazendo uma poça embaixo dele. Scott estava morrendo, ele podia sentir. Via o menino pálido e piscando os olhos pesadamente, isso o fez pensar o quanto eles eram idiotas por sondarem a cena de um crime, fez uma nota mental de que se conseguisse sair vivo dessa, nunca mais chegaria perto de nenhuma cena de crime causado por um serial killer canibal.
–Scott, não durma. - Stiles sussurrou segurando o rosto do amigo nas mãos e o apoiando na sua perna.
– Eu estou partindo Stiles, tente fugir. - o garoto estava gelado.
– Não seu imbecil de queixo torto. - Stiles apertou a mão do amigo. - Se você morrer, eu vou dar um jeito de te ressuscitar só para te matar eu mesmo. - o menino tirou a camisa e amarrou mais forte na perna sangrenta do melhor amigo. - Aguente firme. - ele sibilou e se obrigou a levantar.
– Stiles, vá embora. - Scott insistiu. - Alguém tem que sair vivo dessa. - Stiles bufou e mesmo com dor puxou o amigo o segurando mesmo que quisesse gritar de dor.
– Você vem comigo, eu já analisei o mapa das tubulações de esgoto da cidade um milhão de vezes, estão bem aqui. - o garoto apontou para a cabeça. - Tem uma saída por ali e nós vamos chegar até ela e conseguir sinal para o meu celular. Aguente firme e se segure em mim. - Scott assentiu, estava fraco e de pé se sentia zonzo.
Stiles estava com tanta dor que quase desistia de tudo e se jogava nos cantos, dividindo espaço com o lixo e os ratos a espera do seu sequestrador. Tom Build era um procurado pela justiça com mais de trezentas mortes nas costas, o pior serial killer do país e tinha como principais vítimas mulheres entre dezoito e vinte e cinco anos, as sequestrava, quebrava suas pernas e depois as estuprava até se sentir satisfeito e com isso as matava com o rompimento da artéria femoral, comendo suas vítimas em um ritual de canibalismo bizarro. Bom, Stiles Stilinski e Scott McCall não eram mulheres e não tinham sido estuprados, para o alívio deles, mas o sequestrador quebrou uma das pernas de Stiles, ele tinha certeza e rompeu a artéria do seu melhor amigo por eles tentarem impedir mais um sequestro, o que não deu muito certo.
Scott sentiu a luz do sol atingir sua visão com força demais e o calor em sua pele era reconfortante em meio ao frio e a febre que o assolavam. Estava morrendo e mesmo assim Stiles não desistia dele. Stiles nunca desistiria do melhor amigo, primeiro porque não fazia isso com as pessoas, segundo porque ele quem tinha convencido Scott a ajudá-lo com aquele caso. A culpa o corroía mais e mais ao ver o amigo morrendo em seus braços e quando finalmente conseguiu entrar na cidade e encontrar uma das viaturas policiais, relaxou ao ver Parrish.
–Stiles? - o policial correu para acudir o garoto que caiu no asfalto junto com o melhor amigo pálido e desacordado.
– Ele tá nos túneis, você precisam pegá-los. Scott, salve Scott, ele vai morrer. - o garoto estava em meio a um ataque de pânico, sem ar, tudo girando, os pulmões queimando e o desespero apertando todos os seus sentidos, os nublando e então o apagando.
Ouviu o barulho da sirene da polícia, sentiu seu corpo ser movido, o asfalto quente queimando a pele, o peso de Scott sendo retirado de cima de si, a perna doer com o movimento brusco, algo quente tocar seu rosto e seus olhos abrirem lentamente, a boca aberta em busca de ar e o medo de estar novamente nas mãos daquele psicopata. Ao focar sua vista em quem o tocava, viu Parrish ajoelhado no chão com sua cabeça apoiada nas coxas.
–Scott... - Stiles olhou para os lados, pensou em se mover mais foi segurado.
– Foi na viatura, a ambulância vai demorar dois minutos, ele não tem esse tempo. - o garoto relaxou, mesmo que o risco de perder seu amigo ainda fosse grande.
– Você precisa pegá-lo. - Stiles tinha a voz fraca, não importava mais nada, só ver o filho da puta que machucou Scott na cadeia.
– Mandei duas viaturas para lá, seu pai está vindo. - Parrish sorria mesmo que não fosse algo feliz de se dizer, o próprio policial estava aliviado pelo filho do xerife estar vivo, mas não fazia ideia da gravidade dos ferimentos do menino.
Stiles respirou fundo e ouviu a ambulância se aproximar, deixou o corpo relaxar ao sentir os paramédicos o colocarem na maca e aos trancos entrarem no veículo, uma espetada aqui, outra ali, estava no soro, tinha seus batimentos monitorado e alguém avaliando superficialmente seus ferimentos. Sentiu um toque suave nas mãos, olhou na direção de quem o apoiava tão carinhosamente e reconheceu o pai, sentiu as lágrimas fechando a passagem de ar e apertou os olhos, deixando o fluxo quente e salgado molhar seu rosto.
–Pai. - a voz saiu frágil, o coração acelerado demais.
– Fique quieto Stiles, estou aqui com você. - John apertou a mão na do filho.
– Desculpa. - Stiles sibilou antes de desmaiar.
Scott estava em um estado bastante crítico e Melissa quase desmaiou quando viu o filho entrar com os sinais vitais tão fracos na clínica. John que chegou meia hora depois com Stiles e encontrou a mulher em prantos na sala de espera. Ele a abraçou silencioso, tinha acabado de ver seu filho ter uma parada cardíaca dentro da ambulância e quase morrer, se não fosse três tentativas com o desfibrilador.
–Eles vão sair dessa. - John sibilou vendo a mulher puxar o ar entre um soluço e outro.
– Por que John? Por que eles são tão teimosos? - ela abraçou o policial e voltou a chorar.
John passou horas no hospital até receber um chamado urgente de Parrish, tinham encontrado mais um corpo ou o que sobrara dele. A vítima era Callie Sanders, colega de classe de seu filho o que explicava parte do envolvimento dos dois adolescentes naquele caso. Diferente das outras vezes a garota foi encontrada viva com mais alguns restos humanos em volta. Seus sinais vitais eram bem fracos e ela não resistiu até chegar no hospital. Tinham mais de trinta policiais dentro dos túneis e ninguém conseguia achar o maldito Tom Build.
Dois dias de buscas e nada, ninguém encontrava o maldito Tom. Stiles estava acordado a três horas e nada do seu pai ou de notícias de Scott, ele estava a ponto de surtar ou se arrastar pelo hospital atrás de notícias, mas não conseguia. A perna estava completamente engessada e para o alto, o corpo cheio de monitoradores e as veias esturricando de agulhas, ele estava no soro, no antibiótico, mais de um pelo que ele contou e aquilo incomodava, fora aquela coisa no seu dedo o fazendo suar.
–Você acordou. - Melissa entrou no quarto com um sorriso triste e a aparência extremamente cansada.
– Scott. - o garoto só conseguia pensar no amigo. - Como está o Scott? - seu coração pulou dentro do peito e ele sentiu a garganta fechar mesmo sem ter nenhuma resposta.
– Ele está muito mal ainda, perdeu muito sangue, foi operado seis vezes, mas está estável agora. Os médicos estão confiantes de que ele vai sair dessa. - Stiles não conseguiu segurar as lágrimas.
– É tudo culpa minha. - ele sibilou rouco e sentiu a mulher o abraçar.
– Tudo bem querido, vai ficar tudo bem. - Melissa tentou consolá-lo, mesmo que a própria enfermeira estivesse insegura com a situação.
– Pegaram o desgraçado? - Stiles perguntou secando os olhos com as costas das mãos e sentindo um pouco de dor na perna.
– Há algumas horas, por isso, John não está aqui. - ela alisou o rosto pálido e abatido de Stiles com carinho.
– Eu queria vê-lo. - Stiles lamentou, queria estar perto do pai, queria estar perto de Scott, queria ver o amigo sorrir e dizer coisas estúpidas.
– Vai ficar tudo bem. - a mulher repetia aninhando o menino nos braços, até que Stiles dormiu.
Derek entrou no hospital em disparada, três dias para chegar em Beacon Hills e encontrar Cora acordada. Pediu informação e foi encaminhado para o quarto. Estava cansado mas não conteve o sorriso enorme ao ver a menina sentada na cama comendo uma gelatina e menos ainda o abraço que deu na caçula bem apertado a fazendo reclamar.
–Pare com isso Derek! - ela se afastou rindo e voltou a comer.
– Eu tive tanto medo de nunca mais ver esse seu sorriso. - Derek tocou o nariz da mais nova enquanto ela terminava de comer.
– Me disseram que o Peter ainda está em coma. - ela sussurrou triste.
– Sim. Laura pediu para te entregar isso, ela está em um caso na promotoria muito importante então, não pode vir. - Cora pegou a caixinha e abriu, era um cordão com uma triskle de ouro como pingente.
– Obrigado Derek, sei que vocês dois escolheram juntos. - ela sorriu e abraçou o irmão. - Senti falta de você, eu... não consegui mais ouvir ninguém nos últimos meses, fiquei tão sozinha que algo me fez lutar para acordar, queria saber de vocês. Todos os outros se foram não é? - Derek apenas assentiu triste. - Tudo bem, nós vamos cuidar um do outro. - Cora sorriu e recebeu um beijo na testa do mais velho.
O médico veio examinar Cora Hale enquanto Derek ia tomar um café, estava cansado e ver a irmã tão bem relaxou seu corpo mais do que ele precisava, ainda tinha uma longa lista de coisas para resolver antes de poder deitar em uma cama e dormir. Esbarrou com um homem no corredor e quase caiu por estar tão distraído.
–Oh! Desculpe rapaz é que estou procurando meu filho. - o homem correu apressado e por um momento Derek pensou que o conhecia.
O xerife entrou feito uma bala no quarto e abraçou Stiles que começou a chorar compulsivamente. John não conseguia ficar bravo com o garoto pelo que ele e Scott tinham feito, o sofrimento daquela menina foi reduzido pela metade por causa dos garotos. Eles apenas tentaram salvar uma amiga.
–Scott está mal, eu sou um idiota e Callin está morta. - o garoto repetia agarrado ao casaco do pai.
– Está tudo bem Stiles, tudo bem. - o xerife tentou acalmá-lo. Eles foram interrompidos por Melissa correndo para dentro do quarto.
– Scott acordou! - ela estava sorrindo, tão feliz que Stiles ignorou a dor na perna quando a mulher se agarrou a ele pelo lado errado da cama.
Enquanto Stiles esperava para ver o amigo que estava sendo movido para o quarto dele, John foi buscar um café, tinha sido uma longa noite e ele não queria contar ao filho que Tom tinha capturado três mulheres e as matado antes de ser preso e agora estava na delegacia esperando uma transferência para a capital. Sentou em uma das cadeiras desconfortáveis da sala de espera e bufou, sua cabeça doía e ele mal conseguia processar qualquer informação e quando terminou seu café em um único gole sentindo o amargo e quente líquido lhe aquecer encarou o homem ao seu redor com os olhos semicerrados e a aparência cansada, não era estranho aquela aparência.
–Hale? Derek Hale? - John chamou o rapaz ao seu lado que o olhou confuso.
– John? Oh! John! Você se tornou xerife! - Derek se levantou assim como Stilinski e eles se abraçaram. - Meu Deus! Fazem o quê? Seis anos? - Derek forçou a memória e conseguiu lembrar de John com o uniforme de policial ali naquele hospital esperando que Derek entendesse que seus pais tinham sidos carbonizados vivos.
– Em circunstâncias nada boas, mas sim, fazem seis anos. - John relembrou, ainda sentia dó do adolescente que se culpava pelo incêndio criminoso.
– Espera um minuto, Stiles está aqui? Internado? Deus! Você esbarrou em mim mais cedo e eu nem me toquei! - Derek ficou preocupado, lembrava quantas vezes o filho do xerife vinha ao hospital por aprontar das suas. - Ele quebrou alguma parte do corpo? Porque ele era impossível quando criança. - Derek se permitiu sorrir com a lembrança do garoto vestido de Batman tentando voar, pelo menos até aprender a ler e descobrir que o Batman não voa sem seu cinto de utilidades.
– Ele foi sequestrado por um serial killer junto com o Scott, você lembra dele? - Derek assentiu. - O garoto está mal, mas Stiles só quebrou a perna. - John sentia tanto pelo filho de Melissa.
– Não acredito! Mas Scott vai ficar bem, certo? - Derek apertou os lábios, algo dentro dele se preocupou tanto com o amigo do garoto que ele viu crescer uma boa parte da sua vida em Beacon Hills.
– Sim, tudo indica que sim. Estou mais preocupado com Stiles, ele já tem todo aquele peso da morte da mãe, mais esse trauma e a culpa de ter levado o melhor amigo para uma emboscada, sinto que meu filho está desprotegido física e psicologicamente. - John tinha um ar pesado em sua fala, estava exausto e preocupado.
– Escute xerife eu trabalhei com muitos adolescentes que precisavam de proteção, sei como funciona isso. Os criminosos ficam na cadeia um tempo e depois os pais ficam morrendo de medo que eles voltem e terminem o serviço com seus filhos. - John sabia que era assim, ainda mais com um sistema falho de segurança nas transferências.
– Você trabalhou com segurança privada? - John ficou curioso, Derek voltou a sentar e o xerife o acompanhou.
– Sim, desde que eu saí do exército. - o moreno falava com uma seriedade fora do comum, o exército não foi a melhor fase da sua vida.
– Você serviu! Como eu perdi as coisas sobre você e Laura desde que partiram. - John tinha um pesar na voz. - Você está aqui por causa de Peter? - John não conseguia lembrar o nome da outra criança Hale que sobreviveu.
– Cora. Ela acordou. - um sorriso dançou nos lábios de Derek, mesmo que a situação de seu tio ainda fosse triste para ele.
– Que maravilha! - John ficou realmente feliz com a notícia. - Vocês vão ficar na cidade? - o xerife estava gostando de conversar com o rapaz, era uma forma de se distrair.
– Por enquanto, durante a recuperação. É um tempo indeterminado, mas não quero fazer uma grande mudança na vida de Cora nesse momento. - Derek suspirou.
– Você está certo, eu preciso voltar para ver Stiles, talvez você devesse visitá-lo uma hora dessas, ele vai gostar de rever a babá dele. - John riu e Derek fez o mesmo. - Hale! - John o chamou enquanto se ajeitava para voltar para o quarto.
– Sim xerife? - Derek brincou com a patente do mais velho.
– Vamos conversar sobre segurança privada uma outra hora, ok? - Hale assentiu e o xerife voltou para o corredor dos quartos.
Stiles estava observando Scott dormir profundamente, os sedativos eram fortes e mantinham o garoto inconsciente para auxiliar na recuperação e diminuir a dor. A culpa corroía o garoto por dentro e ele relembrava todas as coisas horríveis que presenciou naquelas 48 horas mais difíceis da sua vida, desligar o aparelho da sua mãe quando a mesma estava na beira da morte aos oito anos não foi tão difícil ou assustador como ver um maníaco retalhar uma colega de turma, quebrar sua perna com as mãos e romper artéria femoral do seu melhor amigo com uma faca de caça.
–Hey bro! - Scott falou com a voz fraca.
– Santo Deus! Você tá falando! - Stiles se animou mesmo que ainda não pudesse se mexer.
– Eu disse que ficaria tudo bem. - Scott comentou e Stiles apertou a mão do amigo.
– Que mentira Scott! Você me mandou deixar você para morrer! - Stiles exasperou e Scott riu.
– Eu estou pior então, deixe-me com a glória. - eles riram.
Quando John entrou no quarto com Melissa, os dois amigos dormiam de mãos dadas, um pouco tortos e tranquilos. Aquilo os aqueceu, seus corações de pais corujas, a paz reinando. Ficaram sentados no pequeno sofá do quarto e acabaram dormindo, um com a cabeça apoiada no ombro do outro. Por aquele dia todos estavam seguros e com a certeza que tudo ficaria bem, só não sabiam por quanto tempo.
To be continued...