Cap.12
Os dias que se seguiram foram extremamente sofridos. Eu sentia uma dor, meu coração sangrava. Ter lembrado de tudo não ajudava em nada. Eu me lembrei de tudo o que passei com meu amigo,e isso só fazia eu me sentir pior. Na praia, eu pensava. Era ruim vê-lo com outra pessoa. Vê-lo beijar alguém. Doía dentro de mim. Eu já não tinha dúvidas. Dentro de mim, eu sabia. Eu sou completamente apaixonado por ele.
- Como eu deixei isso acontecer ?- olhava pro céu e tentava procurar respostas. Eu não devia ter me apaixonado. Não por uma pessoa que eu sabia que era hétero, que nunca iria retribuir meu sentimento. Foi por isso que eu mexi tanto com aquele beijo, que até hoje eu não sei por que ele me deu. Foi por isso que eu sinto ciúmes dele. Agora já era tarde, não tinha como voltar atrás. Meu coração traíra havia me feito amar alguém que nunca iria retribuir meu sentimento.
TEMPO DEPOIS
- Oi- lá estava ele, apenas de cueca, todo estirado na cama. As vezes eu pensava que ele fazia aquilo pra me provocar.
- Oi
- Aonde você tava ?
- Andando.
- Comprei um hambúrguer pra você- ele pegou o saco que estava sobre a sua mesa e me deu
- Obrigado
- Tem refri na geladeira- eu não me entendia. Eu não era de ficar assim por ninguém, mas eu me sentia muito mal- você está bem ?- vi ele sair da cama dele e vir pra minha.
- Não.
- Quer conversar ?- olhei em seus olhos e vi um brilho diferente, um brilho preocupado.
- Não- tentei sair dali, falar com ele não me faria bem.
- Fala. Você sabe que eu me preocupo com você- ia sair do quarto, mas quando toquei a maçaneta, uma vontade enorme de tocar o corpo dele, sentir a pele tomou conta de mim. Respirei fundo e me segurei pra não abraça-lo
- Eu, eu me apaixonei por alguém. Mas, esse alguém não me retribui. Ele nunca irá me retribuir- sai pra evitar chorar. Só quem já passou por isso sabe o quanto dói. O quanto dói não ser correspondido.
TEMPO DEPOIS
Ele não falou um ai. Não se manifestou. Tudo me levava a crer que aquele beijo havia sido apenas uma besteira de bêbado. Ele pensou que eu fosse outra pessoa, e me beijou. Não sabe o quanto me feriu com aquele gesto. Os dias continuaram passando. Eu já não conseguia me concentrar, e via ele aparentemente feliz em seu namoro.
- Porquê está com essa carinha ?- Carla era uma boa amiga. Ela já sabia da minha orientação.
- Um cara ai.
- O que fizeram com você amigo ?
- Me deixaram amar sem ser retribuído.
Já pensava em mudar de república. Ver Carlos diariamente não me ajudava em nada. Eu já não sabia mais o que fazer. Estava perdido. Não comia direito, e algumas notas haviam caído. Eu parecia depender dele pra viver.
- Posso sentar aqui ?- estava tentando resolver um exercício na faculdade quando fui abordado por um homem.
- Pode. Vai estudar com a gente ?
- Vou- assim que ele levantou o rosto, pude notar a beleza dele. Ele era um homem alto, um pouco magro, de cabelos pretos e olhos castanhos, mas com um sorriso lindo. Sim, ele era até bonitinho. Mas naquele momento eu não tive nenhum pensamento erótico com o novato.
- Me chamo Júnior- tentei ser amistoso com o homem. Ele parecia extremamente perdido.
- Prazer. Sou Leandro
- O Prazer é meu- o sorriso dele era contagiante. Era olhar e ter vontade de sorrir e esbanjar felicidade.
TEMPO DEPOIS
- Ai Deus, eu vou precisar muito da sua ajuda- Leandro estava preocupado, porquê havia perdido uma boa parte da matéria.
- Eu te ajudarei, sem problemas. Pode ir a minha casa ? A gente estuda lá
- Tudo bem- ele sorriu.
- Tchau Leandro.
- Tchau Júnior.
Fui pra casa pensando no novo amigo que eu tinha feito. Por alguns segundos eu não pensei em Carlos. E eu acabei gostando disso.
NO DIA SEGUINTE
- Você tem que lembrar disso- falei, mostrando a Leandro o livro.
- Pode deixar- ele anotava cada coisa que eu dizia em seu caderno- e quanto a esse assunto ?- envolvia os músculos.
- Bem, isso aqui você vai ter que estudar profundamente e aprender, os professores vão cobrar na prova.
- Pois é- ele suspirou- nossa, já estou com dor na coluna.
- Eu também- me levantei e fui até a geladeira. Peguei dois copos e coloquei Coca neles- porquê você não veio antes pra faculdade ?
- Não tive tempo. Bem, minha vida deu um salto quando... Meus pais faleceram e me deixaram sozinho no mundo- meus olhos arregalaram só de ouvir essa história.
- Meu Deus... Meus pêsames- eu nunca que iria viver sem os meus pais.
- Eu... Ainda é muito recente sabe.
- Como foi ?
- Eles... Estavam dirigindo, numa estrada nos EUA. Chovia... Ele perdeu o controle, capotou...
- Sinto muito- os olhos dele ficaram marejados.
- Mas tudo bem... A gente vai tentando levar a vida- fiquei abismado com a história dele
- Aonde você mora mesmo ?
- No Realengo.
- Aonde fica isso ?- sim, eu não conhecia o Rio bem ainda.
- Nem queira saber.
- É longe ?
- Muito. Mas foi onde minha família morava, então fiquei lá.
- Entendo. Mas eu acho que deve ser ruim ficar sozinho.
- É... Extremamente sofrido- neste momento a porta da casa abriu. Logo, o loiro apareceu.
- Oi Júnior
- Oi Carlos- ele olhou pro Leandro, em seguida pra mim e fez uma cara esquisita. Parecia ter comido e não gostado.
Continua
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