O restante da semana transcorreu sem maiores atribulações e Rômulo pôde finalmente ter um pouco de paz enquanto solidificava os seus sentimentos e a cumplicidade que sempre existiria entre ele e Arthur Filho.
Catarina e a mãe estavam feito loucas pois o numero de convidados iria ultrapassar e muito o previsto e ela pela primeira vez implorou ajuda dos irmãos e do agora cunhado, Arthur. Poucos eram os amigos que já sabiam do relacionamento entre os dois jovens e algumas pessoas convidadas não seriam vistas na festa.
No sábado por volta das 09:00 h de uma bela e quente manhã de sol, os convidados começaram a chegar e a tão badalada festa final de féria teve início.
Paulinha Mota chegou por volta do meio dia e já foi cumprimentar direto o grande amigo...
_ Quase tenho um infarto quando soube da novidade... Bem que desconfiei de vocês dois na minha festa. Agora só resta desejar a vocês meninos o melhor desta vida.
Muitos outros amigos felicitaram o mais novo casal da turma e tudo transcorreu as mil maravilhas.
A banda contratada para animar a festa soube dar conta do recado direitinho, o buffet serviu o melhor cardápio da temporada. Era visível a alegria e o prazer em estar vivo de todos os presentes...
Os pais de Paulinha Mota, Agenor e Glaucia foram dos primeiros a felicitar os amigos Horácio e Lídia por todo o desenrolar dos últimos acontecimentos...
_ Você sabe que poderá sempre contar comigo, Lídia. Falou a mãe de Paulinha.
_ Sabe Glaucia todos nós passamos por momentos ruins nesses últimos dias e hoje posso te dizer com bastante convicção que valeu a pena tudo o que foi vivido por nós pra poder chegar aqui neste momento e ver que minha família é linda,somos fortes e que graças a Deus temos verdadeiros amigos...
Em todas as rodinhas formadas o papo era sempre descontraído.
Rômulo e Arthur aproveitaram a festa ao máximo e depois que tudo terminou e eles subiram para o quarto, Arthur disse:
_ Posso te dar uma abraço, amor? E assim que Rômulo se aproximou de Arthur Filho este começou a chorar...
_ Ei campeão, o que tá pegando?
_ A Luciana não veio... Meus pais com certeza não deixaram ela vir. Eu acho que a partir de agora, estou por minha conta.
_ Quem disse isso? Que loucura é essa?
_ Desculpa amor, mas é assim que estou me sentindo... Tive uma família e...
_ Não meu coração... Nunca mais diga isso. Nós temos um ao outro. Olha a sua volta... Será que você se sente fora do meu mundo? Me deixa te mostrar todos os dias quem eu sou e o quanto te amo... Os meus te aceitaram assim como me aceitaram...
_ Ontem meu pai me mandou um e-mail dizendo que eu tenho que desocupar o apartamento em Belo Horizonte, que devo devolver o cartão de crédito e que minha conta bancária não mais receberá nenhum depósito dele ou de minha mãe. Eu tenho algum dinheiro guardado que deve dar pelo menos para mais esse semestre, só que ainda falta três pra concluir meu curso... Acho que terei que abandonar a faculdade...
Rômulo separou corpo do amado do seu e olhando cheio de ternura e uma certa compaixão dele, disse:
_ Nada disso vai acontecer meu amor. Como você sabe eu terei uma semana a mais de férias e só volto pra Brasília na próxima terça-feira. Vou com você amanhã pra Belo Horizonte e vamos achar um lugar bem legal pra você morar e garanto a você que nada vai lhe faltar enquanto não houver a conclusão de seu curso. Nem pense em se afastar de mim rapazinho... Agora devo dizer que achei lindo esse seu medo pois terei oportunidade de começar a cuidar de você desde agora... Eu te amo, Arthur Freire.
...
No dia seguinte os dois viajaram com destino a Capital Mineira levando na bagagem amor, cumplicidade e a certeza de que a história dos dois estava apenas começando. No quarto dia em que procuravam por um lugar, acharam um pequeno apartamento com preço razoável e Arthur pôde finalmente se mudar levando apenas duas malas de roupas e cinco caixas grandes de livros. Aos poucos foram mobiliando mo apartamento e no último ano de faculdade, ele teve que se desfazer de muita coisa pois novos horizontes teria que trilhar ao lado do amado Rômulo,
Os Freire permaneceram pouco tempo na cidade. Era pessoas amarguradas e poucas eram as amigas que Luciana ousava levar em casa. Ela manteve inclusive contato direto com o irmão assim que começou a cursar a mesma Universidade que ele, já que foi morar no apartamento que a família ainda mantinha em Belo Horizonte. Nunca se sentiu mal com relação ao relacionamento entre os dois irmão. Depois que formou e começou a trabalhar numa das maiores construtoras do País, pôde finalmente dizer ao pai e a mãe que eles não mais poderiam afastá-la de quem ela amava.
Horácio e Lidia conseguiram formar os três filhos e os viu crescer cada vez mais em suas carreiras. Os primeiros netos a chegar foram Felipe e Débora, filhos de Saulo que seguiu uma brilhante carreira militar e sua esposa Ana Flávia que foi sua amiga de turma na Escola Militar.
Catarina finalmente assumiu junto com Paulinha Mota o seu romance e mais uma vez Antenor e Glaucia assim como Horácio e Lídia se viram na obrigação de apoiarem suas filhas pois o amor que sempre dedicaram a elas seria muito maior que qualquer preconceito que tivessem que enfrentar. Quando Catarina engravidou de gêmeos de um doador anônimo as duas ficaram numa felicidade só. Mais uma vez Horácio e Lídia transbordaram de felicidade ao conhecerem os netos Thomas e Luiza.
Rômulo e Arthur passaram a trabalhar junto na empresa da família Lemos e no quinto ano de relacionamento resolveram fixar residência em Madri, cidade escolhida por eles para dirigir as filiais da Europa. Os dois cresceram muito na profissão e na cumplicidade. Eram um casal como outro qualquer. Houve momentos difíceis como sempre há em todo relacionamento, mas os dois sabiam como contornar a situação porque sempre se amaram e sabiam quando e quem tinha que ceder. O desejo de serem pais ficou mais forte desde a última viagem que fizeram com todo a família para o Canadá tendo por companhia os sobrinhos.
_ Você tem certeza de que a gente dá conta do recado? Perguntou Arthur.
_ Tenho certeza que sim. Olha pra você, amor. Quem não gostaria de ter um pai assim igualzinho a você? Eu gostaria...
_ Nesse caso vamos tentar...
A espera foi longa e por várias vezes pensaram em desistir. Os dois estavam no meio de uma reunião com os fornecedores da Noruega quando o celular de Rômulo recebeu a seguinte mensagem que ele leu discretamente...
Ele apenas riu e foi visível a não concentração na reunião que foi conduzida apenas por Arthur Filho. Assim que os nórdicos saíram da sala de reuniões da empresa Arthur olhou pra ele e perguntou:
_ Posso saber o que aconteceu para que você não mais participasse da reunião?
Ele apenas levantou da cadeira, pegou a mão do homem que mais amava na vida, olhou em seus olhos e disse:
_ Você tá preparado?
_ Preparado pra quê, amor?
Rômulo apenas lhe passou o aparelho celular e Arthur leu a mensagem...
" Demorou mais que o esperado... O Juiz deu parecer favorável... Espero que já tenham escolhido os nomes...Parabéns papais... Os vejo logo mais no final da tarde em frente ao Orfanato ".
Arthur abriu um lindo sorriso e disse...
_ Rafael, Lisa e Horácio Neto, que tal? Perguntou Arthur.
_ Gostei dos nomes amor. Na verdade você poderia chamá-los como quisesse porque os amarei do mesmo jeito que amo o pai deles.
Os dois saíram do escritório e seguiram pelas ruas da vida agora mais completos que antes.
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Meu querido Povo do Lado Esquerdo, chegamos ao final dessa história.
Vocês de imediato entenderam que o Amor é a essência de tudo. Ele é o mais mutável de nossos sentimentos e ao longo de nossa vida recebe outras denominações conforme sua direção... Amor de mãe e pai, amor de irmãos, amor de namorados e namoradas, amor de amigo, amor amante, amor platônico se o alvo não é revelado, amor bandido, Amor Divinal o único incondicional e várias outras formas.
Preconceitos existentes estão dando lugar a conceitos mais elaborados. Nós temos necessidades de evoluir cada vez mais justamente por não conseguir viver sob preceitos antigos que sempre nos condenou e condena até hoje...
Muito obrigado pela jornada que mais uma vez foi esplêndida. Amo cada um de vocês. Nando Mota.