O tempo parou e só senti dor, uma dor muito forte. Aos poucos recuperei o sentido e abri os olhos. Felipe ainda estava com a arma apontada para mim. Meu braço doia muito. Não tinha certeza sobre o tamanho do estrago que a bala tinha feito, mas saia muito sangue, pois os lençois estavam manchados. Felipe saiu do quarto batendo a porta, me largando lá.
Logo ele retornou com uma caixa de onde retirou alguns objetos de primeiros socorros. Tirou minha camisa e começou a limpar o ferimento, que estava pouco abaixo do meu ombro esquerdo. Eu ainda estava atordoado, tentando entender a porra que tinha acabado de rolar a alguns minutos atrás. Ele limpava meu ferimento calado, falou apenas uma vez, mas não entendi suas palavras. Assim que terminou o curativo guardou tudo e se levantou da cama em direção a porta.
- Vamos descer para jantar - falou ele em um tom seco.
Para ele parecia uma coisa normal o que tinha acabado de acontecer. Demorei alguns minutos, fui na janela e olhei para a rua.Tudo estava normal, provavelmente ninguem ouvira o tiro. Cria coragem e desci.
Chegando na parte de baixo, Felipe tinha acabado de por a mesa. Sentou e retirou o pedaço de lasanha colocando na mesa, indicando onde deveria sentar. Serviu-se começou a comer. Continuei de pé.
- Não vai comer?
- Está na hora- falei olhando diretamente pra ele.
- Falar o que Danilo? - pela primeira vez ouvi ele falar meu nome.
- Me falar quem você realmente é.
-Eu te disse que o tempo ira dizer.
- Não me engane Felipe, por favor me fale.
-Danilo senta e me escuta
-Sentar pra quer? Pra você me enganar, pra você me usar, como se fosse um brinquedo - falei alterando a voz.
- Danilo você precisa entender que eu não posso. Entende isso, não posso por alguem em perigo.
- O que não pode é construirmos uma relação em cima de fantasias. Que tipo de amor iremos construir se um não pode confiar no outro.
-Mas eu confio em você.
-Mas e eu Felipe, se ponha no meu lugar, como posso confiar em você se eu não te conheço - lágrimas já caiam dos meus olhos.
- Danilo não quero te magoar, quero você pra mim.
- Infelizmente não dá, não para mim - retirei o cordão do meu pescoço jogando em cima da mesa- Não dá mais.
Olhei para ele. Vi lágrimas correndo em seu rosto. Virei e sai correndo daquela casa. Entrei em casa e fui me escondendo, para ninguem me ver. Tinha que esconder o curativo. Subi rapidamente para meu quarto. Tranquei a porta e me joguei na cama. Chorei, chorei muito, usei todas as minhas forças, apenas para chora. Meu mundo desabara. Eu amava ele, eu sabia disso, mas não dava mais, não podia continuar com aquilo, não podia alimentar a fogueira com mais lenha e tapar sua luminosidade com uma peneira. Naquela noite não consegui dormir, a toda hora levantava e ia na janela observar a sua casa, sua janela esperando que ele aparecesse. De manhã acordei sem nenhuma disposição. Tomei banho e olhei meus olhos inchados, resultados de uma noite sem dormir.
Desci e tomei café. Não falei com ninguem, por mais que eles falassem comigo, porém não entendia. Só pensava em Felipe. Subi para meu quarto e me deitei novamente para chorar um pouco mais, aquilo não estava acontecendo. Não tinha mais noção das coisas ao meu redor. Vi que minha mãe entrou no quarto, me balançava, Renata tambem, mas não tinha reação. Meu pensamento era nele, somente nele. Precisava de meu Felipe aqui, junto comigo, mas não podia aceitar suas mentiras. Eu ia suportar, aquilo ia passar. Só queria morrer naquele momento, de tanta tristesa. Fechei os olhos e tudo sumiu. Acabou, estava acabado.
Acordei assustado em uma sala, o que parecia uma sala de hospital. Uma rapida observação e obtive resposta rapidamente. Logo vi meus pais entrando na sala.
-Que bom que você está bem, quase me matou de susto- falou minha mãe beijando meu rosto
- Tudo bem mãe, agora estou bem.
- Poderia me dizer que curativo era aquele em seu braço, o médico analisou e disse parecer com um ferimento ocasionado por uma arma de fogo.
- Depois eu te explico
- Danilo por favor, sou sua mãe, pode me contar.
-Depois mãe, não se preocupe não foi nada de importante.
- Deixa ele Denise, deixa ele descansar-falou meu pai- Se recupere rapaz, o médico falou que provavelmente amanhã receberá alta.
Sairam da sala, e voltei a lembra do meu amor. Mas prometi a mim mesmo que não ia mais sofrer.
Na manhã seguinte recebi alta e fomos direto pra casa. Quando cheguei Renata me deu um longo abraço. Todos me ajudaram a subir para quarto e la deitei na cama. Passei o resto do dia lá, minha mãe a toda hora levava alguma coisa para comer.
Procurei me cel, encontrando depois de alguns minutos. Não tinha ligação, mensagem, sequer algum email ou bilhete dele. Havia sumido. Melhor assim.
De noite minha mãe trouxe um banquete (para dizer a verdade, foi so um jantar refoçado). Estava morrendo de fome. Já parecia bem melhor. Tomei banho e deitei para dormir.
Durante a noite sonhei com Felipe de pé, próximo a minha cama. Deu um beijo na minha cabeça e deitou abraçando-me.
Pela manhã acordei com uma voz doce e um carinho na minha cabeça.
-Acorde, precisa levantar.
-To indo mãe - falei tentando acordar de verdade.
Houve um sorriso e um beijo no meu rosto. Quando abri os olhos tomei um susto. Felipe estava deitado junto comigo, confirmando que aquilo não era um sonho, era realidade. Levantei da cama me afastando dele. Percebeu que o que eu tinha feito era um sinal negativo a sua presença. Fui ate a porta, mas estava trancada. Ele tinha pensado em tudo. Virei e vi ele segurando a chave.
- Me devolva, por favor ou então eu grito.
- Vamos conversar por favor. - falou ele bem baixo.
-Agora você quer conversar? Pois eu não quero, quero esquecer você.
-Sei que não quer isso, por isso te peço, primeiramente desculpas por o que eu fiz você passar. Sente aqui por favor.
Sentei e ele segurou meu rosto.
- Desculpa por tudo, mas fiz tudo isso pra te proteger. Eu te amo muito, ja te disse isso. Você tinha razão, não podemos construir nosso amor em cima de fantasia. Mas se você não me quiser tudo bem. Pelo menos vai saber quem eu sou.
- Fale, quem é você? - falei quase chorando.
Ele soltou meu rosto e respirou fundo.
-Sou um criminoso, antes um ladrão de valores, jóias, dinheiro, agora sou um assassino, um justiceiro, um matador de aluguel, assim as pessoas me chamam - ele me olhava profundamente nos olhos- sou um assassino, um assassino Danilo.
Meus olhos arregalaram. Senti um frio correr por todo o meu corpo.
- Eu mato por diversão, por satistação...
ContinuaObrigado a todas as pessoas que leram e comentaram. Pois foi vcs que me ajudaram a escrever todo dia um capitulo. E então continuo?? Hahaha. Vamos lá, comentem e divulguem, assim terei mais forças pra continuar a escrever. OBG!!!
Abraço a todos