Sai do aeroporto internacional do Recife, logo avistei um taxi, perguntei ao motorista se estava disponível, ele me autorizou a entrar, mandei ele seguir para Boa Viagem (o passeio ate a casa da minha mãe não durou mais de 10 minutos), passei o endereço e ele seguiu, aos pouco fui apreciando mais uma vez a cidade do Recife, olhando o mundo la fora eu pude me distrair um pouco com minha nova casa, não tinha como não gostar daquele lugar, minhas raízes estavam atreladas aqui já que minha mãe nasceu e foi criada no interior desse estado, ela conheceu meu pai ainda quando estava na faculdade, ela estudava medicina e ele direito na UFRJ, ela estava morando na casa de familiares la no Rio quando ela terminou a faculdade logo descobriu que estava grávida de mim, meu pai queria casar mas ela não quis, minha mãe sempre foi louca e sempre disse que ficava melhor sozinha, não quer casar nunca, ela sempre me disse que seus planos era terminar a faculdade e voltar logo para Pernambuco e como meu pai não queria sair do Rio então ela o deixou e voltou para casa, ela nunca quis me deixar para trás, mas meu pai entrou com uma ação para obter minha guarda, e quando eu fiz quatro anos ele ganhou a causa e eu fui morar com ele no Rio, enfim eu posso ter crescido la, mas eu nasci e vivi meus quatro primeiros anos de vida aqui no Recife, então essa é minha primeira casa, e não tem como eu não gostar daqui e sei que aqui serei muito feliz, ao lado da louca da minha mãe, mesmo estando longe do meu querido papai, mas aqui sei que serei feliz.
Em segundos já estávamos entrando na rua onde fica o prédio onde minha mãe mora, o bom é que é bem pertinho do mar sempre gostei do apartamento dela por causa disso, é bem pertinho do mar, com uma boa paisagem para o oceano.
Eu: moço é aquele prédio ali! (ele parou em frente ao prédio)
Desci do carro, ele me entregou seu cartão e eu paguei a conta deixei o troco para ele, quando cheguei na portaria como sempre, me deparei com o Sr. Flavio (porteiro) lendo algum livro.
Eu: bom dia Sr. Flavio!
F: oxente!, menino Diego, vamos entre! Como vc esta rapaz? Cresceu desde a ultima vez que esteve aqui!
Eu: (dando uma pequena risada), cresci um pouquinho sim Sr. Flavio, me diga minha, mãe esta em casa?
F: a doutora Liliana não esta não, ela esta no hospital ainda, acho que ela pegou um plantão longo, pq ela saiu ontem de manha e ainda não voltou.
Eu: esta bem Sr. Flavio, vou subir já que eu tenho minha copia da chave! Muito obrigado mesmo!
F: por nada menino Diego, ate mais tarde!
Eu: até!LILIANA:
Estava morta de cansada, já havia realizado duas cirurgias naquele expediente e já estava me preparando para passar a faca no próximo paciente (falando assim eu ate pareço uma psicopata kkkkkkkkkk), era para ser uma cirurgia rápida, mas acabou se tornando mais complicada do que eu esperava, o paciente quase morreu duas vezes e apresentou reação alérgica a algum dos remédios que havia tomado, provavelmente alguma substância que nem mesmo ele havia conhecimento, mas tudo correu bem e a cirurgia acabou tranquilamente, mas durou o triplo do tempo que duraria se não tivéssemos tantos problemas, quando olhei no Relógio quase tive um ataque, já havia se passado em muito da hora do meu expediente acabar e de eu ter que ir buscar meu bebê no aeroporto, não pensei em mais nada, corri arrumei minhas coisas, fiz tudo o que tinha que fazer, deixei tudo em ordem e corri para o aeroporto, cheguei lá andei por todo canto e não o encontrei, “sou a pior mãe do mundo meu deus”, pensei então que ele já pudesse ter ido para casa, então voltei para o meu carro e rumei para meu apartamento, chegando lá o Flavio abriu o portão para mim e eu entrei “Valeu coroa eu gritei para o velho Flavio”, “por nada sua maluca de uma figa” ouvi ele gritar lá atrás, sempre fui muito amiga daquele velho maluco, brigávamos mais do que conversávamos, fazer o que né? Um sempre provocava o outro rsrsrsrsrsrsrsrsrsr.
Entrei rapidamente no elevador e quando cheguei no 5° andar corri em direção ao meu apartamento, quando abri a porta:
D: esqueceram de mim 2!
Eu: meu bebezinho!!!!!! (Corri e o agarrei ali na sala de casa)
D: vc se esqueceu de mim de novo?
Eu: calma ai filho, eu estava no meio de uma cirurgia complicada que durou mais do que eu esperava, dessa vez não foi minha culpa, desculpa amor!
D: esta bem mãe, eu te desculpo (lhe apertando para um abraço forte), eu já estava com saudades da senhora!
Eu: senhora esta no céu meu querido, me chame de senhorita!
D: esta bem, senhorita kkkkkkkkkkkkkk.
Eu: oxe, já vai começar com os deboche né, me provoca, vai provocando.
D: aiai mãe, eu já estava morrendo de saudade da senhorita kkkkkkkkk.
Eu: assim é bem melhor! Aaaaa e quando o seu pai me disse que você viria morar aqui e tratei logo de te matricular na escola e já comprei teus materiais! É tudo muito lindo, olha!
D: o queeeeee! Caderno do patati patata! Mochila do Bem 10! Pelo amor de deus! Mãe, eu não vou usar essas coisas nuncaaaaaa!
Eu: kkkkkkkkkkkkkk te peguei, hahahahaha, essas coisas são do teu primo o Guilherme, aquele pestinha de 7 anos que esta morando comigo, lembra que minha Irmã e o marido dela morreram ano passado no acidente de carro?
D: eu lembro. Foi triste.
Eu: então ela queria que eu ficasse com o Guilherme, e eu fiquei!
D: ai que bom, e cadê o Guilherme, quero ver como esta meu primo?
Eu: ele esta na casa da vizinha, ela cuida dele quando eu trabalho, eles são muito legais, vou ate lá para busca-lo, espera um pouco.
D: esta bemDIEGO:
Não demorou muito e logo minha mãe já estava de volta, atrás dela pude perceber dois olhinhos extremamente azuis me olhando curiosamente, logo ela o puxou para frente para nos apresentar um ao outro, bom o Guilherme é um garoto muito lindinho, devo confessar que ele possui os típicos traços das pessoas da minha família, o formato dos nossos rostos são parecidos, assim como a forma do olhar, os homens da família da minha mãe sempre tiveram um olhar bem expressivo e com nos dois não era diferente, mas ele também puxou muitos traços da família do seu pai, olhos extremamente azuis, cabelo loiro e escorrido, seu cabelo estava quase chegando no ombro, pele bem branca, possuía lábios carnudos e vermelhos, era bem magro mas já apresentava alguns músculos aparentes de mais para uma criança da idade dele, enfim com certeza esse menino vai abalar muitos corações (tanto das garotas quanto dos garotos), quando estiver crescido e pronto para relacionamentos.
Eu: e ai cara (estendendo minha mão), tudo bom? Eu me chamo Diego!
G: oi (tímido e estendendo a mão de vagar) eu sou o guigui! (sorrindo)
Eu: oi guigui, vamos morar juntos agora, podemos ser irmãos?
G: você vai ser meu irmão?
Eu: vou sim, o melhor irmão do mundo!
Nesse momento ele chegou mais perto de mim e me abraçou, “sempre quis ter um irmão mais velho”, o abraço daquele garoto foi caloroso e bem gostoso, pude perceber que seriamos ótimos amigos a partir daquele momento. Olhei para minha mãe que estava com uma expressão de felicidade pela cena que estava presenciando.
L: Guilherme querido vá para o seu quarto que eu preciso conversar com seu irmão!
O garoto deu um abraço na minha mãe e saiu em direção ao seu quarto.
Eu: já sei até sobre o que você quer falar. (sentando no sofá)
L: eu só quero entender o por que de o Iago ter feito isso com você? Vocês estavam tão felizes juntos!
Eu: eu também não sei mãe, quando eu cheguei no apartamento dele eu encontrei os dois juntos, eu quase morro nesse dia, mãe, eu ainda amo ele. (falando como em um sussurro)
L: e você veio para cá para fugir desse sentimento?
Eu: sim.
L: ótimo, fugiu para o lugar certo! E como esta o gostoso do seu pai?
Eu: gostoso? Ele esta bem!
L: gostoso sim, se eu não quisesse voltar para cá com certeza teria casado com ele, ele é muito bom de cama meu Deus...
Eu: toma vergonha nessa cara! A senhora me fala isso assim na maior cara de pau?
L: que é que tem pirralho! Foi numa dessas que você foi feito e muito bem feito por sinal, porque transamos muito nesse dia! Bateu ate um calor aqui so de lembrar (se abanando)
Eu: Meu Deus, eu vou fingir que não ouvi isso!
L: eu estou a fim de almoçar fora, se arruma que vamos para o Shopping Recife.
Eu: por mim tudo bem!
Me levantei e fui no meu quarto pegar toalha e meu quite de banho e fui direto para o banheiro. Minha mãe é louca so pode ser, como ela fala na maior cara de pau para mim assim sobre ela e meu pai, percebi que ela ainda gosta dele, tenho que fazer esses dois ficarem juntos, tenho que tentar.
O almoço foi tranquilo, nada de mais aconteceu, eu passei o tempo todo brincando com o Guilherme, tudo para nos conhecermos melhor e ficarmos mais próximos, ainda quase fui estuprado pelo olhar de uma garota que não parava de olhar para mim, mas não passou disso pois obvio que não me despertou interesse, se fosse o olhar do amigo dele que estivesse direcionado a mim, ai sim poderia ocorrer algo kkkkkkkkk, logo já estávamos voltando para casa depois de nossa tarde descontraída, em Boa Viagem minha mãe resolveu passar na praia para que eu pudesse ver o mar, ela sabe o quanto eu amo ficar sentado na areia olhando as ondas, mas infelizmente não paramos já que minha mãe estava muito cansada e teria que trabalhar no outro dia então a mesma teria que dormir logo cedo para acordar cedo.
Chegando em casa o Guilherme pediu pra que eu lesse para ele um pouco do seu livro favorito “diários de um banana”, até que eu gostei, minha mãe disse que ele não descanso até ela levar ele na livraria cultura para comprar os livros da série, li um pouco com ele e logo deixei ele brincando em seu quarto, a noite já caia, já eram quase 18:00, também passamos muito tempo no shopping, liguei a TV e comecei a assistir, quando dei por mim já passavam das 22:00 fui no quarto da minha mãe e ela já estava dormindo, fui no quarto do Guilherme e o mesmo também estava dormindo, então fui para o meu quarto, sentei na minha cama e continuei a leitura de meu atual livro (sempre gostei de ler um pouquinho antes de dormir), no capitulo que eu comecei a ler logo me deparei com a imagem do Iago em minha mente e de como nos conhecemos, com um sorriso que ele me deu:
ALLAN, Percy. Shakespeare para apaixonados; tradução de Michelle Strozda; Rio de Janeiro – RJ: Sextante, 2014. P. 53.
“Na arte da sedução, não são apenas as palavras que contam. A linguagem corporal também desempenha um poderoso papel para chamar a atenção da pessoa desejada. Há um gesto natural e infalível que pode nos aproximar do outro como nenhuma outra coisa: o sorriso.
Quantas relações começaram com um sorriso e quantas se mantêm pelo senso de humor dos casais? “É que ele(a) me faz rir” foi uma das respostas dadas pelos casais consultados em um amplo estudo no Reino Unido sobre o sorriso duradouro e as relações amorosas no século XXI.
Umas das primeiras expressões do amor do ser humano é o sorriso social, que começa a ser esboçado aos dois meses e estreita ainda mais o vínculo do bebê com os pais. O sorriso é a cola natural de qualquer relação, principalmente das amorosas.”
Após essa leitura eu senti meus olhos cheios de lagrimas, Por que eu estava pensando no sorriso dele? Por que ele estava na minha cabeça? Senti as lagrimas descerem pelo meu rosto, fechei o livro me abraçando com o mesmo e me ditei encolhido em minha cama, sentindo meu peito doer com as batidas do meu coração machucado, pensar nele era um sentimento doloroso de mais para mim, mas como não pensar nele, meu primeiro amor, sei que ainda o amo e saber que não posso mais tocar sua pele, sentir seu rosto colado ao meu, que não posso perdoa-lo é muito doloroso para meu coração.
Eu: ai Iago, por que você fez isso com o meu coração? (fiz essa pergunta em meio a soluços do meu silencioso choro)
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