Dirigi o tempo todo pensando no que eu estava fazendo,dez minutos se passaram e eu encostava meu carro em frente ao portão de minha ex,eu já tinha me arrependido de estar ali mas já que tinha ido não iria desistir.
Meu momento de fúria a essa altura tbm já tivera ido embora assim como todo o discurso em minha mente ensaiado de dizer umas boas se eu a encontrasse ,eu não devia estar ali,não agora,não estava preparada pra encontra-la e tinha medo de fraquejar.
Desci do carro com as pernas tremendo,na minha cabeça idiota eu estava ali pra pegar minhas coisas e encerrar de vez minha história com Sofia,mas eu sabia que aquela era só uma desculpa pra vê-la,toquei a campainha e esperei cerca de uns dez minutos que pra mim foram intermináveis.
-- Beatriz! Que bom ver você! - Dona Isa como sempre sorrindo simpática veio em minha direção abrindo o portão que nos separava pra depois me dar um abraço carinhoso.
-- Dona Isa,muito bom ver a senhora também! - Disse sincera assim que nos separamos do abraço.
-- Veio ver a Sofia? Ai querida ela saiu agorinha se você correr ainda a encontra ela esta..
Um misto de decepção e alivio tomaram conta de mim,a cortei sem pensar.
-- Na verdade eu só vim pegar minhas coisas que ficaram no quarto dela.
-- Ahh .. - seu ar era de decepção.
Dona Isa me lançou um olhar triste e me deu passagem para entrar na casa,durante o percurso ficamos em silencio e assim foi até pararmos ao pé da escada que dava acesso aos quartos.
-- Bom,daqui pra frente você sabe onde fica o quarto de minha filha.
Ela parou em minha frente e segurando minhas mãos disse com pesar
-- É uma pena que tudo isso esteja acontecendo com vocês,nunca vi minha filha tão feliz como nesse tempo que estiveram juntas,espero que tenha pensado bem no que esta fazendo Bia,Sofia gosta muito de você,de verdade. -Ela não me deixou dizer nada,apenas me deu um beijo no rosto e me deixou ali sozinha e muito pensativa.
Completamente confusa subi as escadas,quando abri a porta do quarto de Sofia o cheiro dela me invadiu junto com lembranças de nossos momentos juntas ali,não nego que o que a mãe dela me falou me deixou balançada,ouvir da boca de alguém tão próximo a ela que eu a fiz bem me deixou feliz e ao mesmo tempo triste por pensar que acabou,que tudo não passou de um sonho bom que infelizmente chegou ao fim.
Comecei a pegar as minhas coisas com pressa,precisava sair dali o mais rápido possível,o cheiro de Sofia se espalhava pelo quarto aumentando ainda mais minha angustia e a falta que estava sentindo dela.
Assim que terminei de pegar minhas coisas deixei o quarto,andei pela casa afim de me despedir de dona Isa mas não a encontrei então resolvi embora encerrando assim minha visita.
Ja em casa não escapei da bronca de minha mãe por ter saído sem esperar ela voltar do mercado,pelo menos uma coisa boa,minha mãe tinha feito uma daquelas suas famosas comprinhas,eu realmente estava precisando.
Passei o dia entre meu quarto e a sala,a falta de Sofia estava me sufocando,sentia falta de seus beijos,do toque dela que o mais simples que fosse me fazia arrepiar toda,sentia falta de ouvir a voz dela e por diversas vezes cheguei a pegar o celular mas no ultimo momento desisti de ligar pra ela,eu estava acuada,inquieta,por mais que eu tentasse nada me fazia parar de pensar nela e assim se foi mais um dia.
Nem preciso dizer o quanto minha sexta-feira foi desastrosa,passei o dia todo largada no sofá,a noite abusei da garrafa de vodca que tinha na cozinha,não me lembro bem de tudo o que aprontei sozinha,sei que chorei e acabei ligando pra Nanda que me contou sobre meu amor ir embora,não sei quando dormi,mas amanheci no sofá com a maior sensação de perda.
No sábado Clau chegou cedo como meu pai prometera havia mandado que ela viesse até meu apartamento,após o banho sai de meu quarto e o cheirinho de café dela me transportou a um tempo atras quando eu ainda morava com meus pais e nem sonhava estar passando por tudo o que estou agora.
A presença da Clau em meu apartamento me trouxe um pouco de alivio,contei a ela tudo o que houve nos últimos dias e tive como consolo seu carinho mas nem isso amenizava a dor,assim que ela se foi me vi completamente sozinha,trancada mais uma vez em meu mundinho que agora não era mais o mesmo sem Sofia.
Era estranho me lembrar do quanto me sentia bem sozinha,parecia até que tinha sido em outra vida,e se eu pensar bem foi mesmo,nunca tinha me sentido tão viva como me senti ao lado de Sofia,já passava das sete da noite quando peguei meu celular e decidi dar um basta na minha solidão,eu tinha que fazer algo ou a perderia,não poderia deixa-la partir.
Parei,respirei fundo e então liguei:
-- Bia?
-- Oi - Eu estava tímida.
--Preciso falar com você.-- disse e soltei o ar que estava preso em meus pulmões.
-- Fala.
-- Eu queria pessoalmente,podemos nos encontrar?
-- Hoje a tarde na minha casa pode ser? Não estou muito afim de sair.
-- Por mim tudo bem..
-- Beatriz eu quero te fazer uma pergunta e quero que me responda com sinceridade. - Aguardei sua pergunta em silencio e ela veio me desestabilizando por completa.
-- Você ainda ama Sofia?
Ficamos durante um tempo em silencio,no momento em que eu pensava no que dizer.
-- Jona eu .. é eu ..queriaBia,apenas me responda ok?
Soltei o ar mais uma vez e suspirei vencida,mentir não era uma opção,até porque a essa altura a unica coisa que queria era impedir Sofia de viajar e pra isso precisava de ajuda.
-- Amo.
-- Presumo que você já saiba da volta dela pra Porto Alegre né? A questão é,você vai deixa-la ir?
-- Sei sim mas não sei o que fazer Jona,não quero que ela vá mas não sei o que fazer ela deve estar magoada eu agi como uma doida e... - Eu estava nervosa e como sempre acontece desembestei a falar.
-- Ta se acalme Bia,eu estou com ela agora,vou inventar alguma desculpa qualquer e te pegar ai,me espere na entrada do seu prédio.
Assim que desligamos comecei a imaginar mil formas de impedir Sofia de viajar,ensaiei vários eu te amo pra convence-la de que era verdade,mas eu sabia que na hora não sairia nada do que eu tinha planejado dizer,desisti da ideia de querer ensaiar uma conversa e comecei a me arrumar.Meia hora depois desci e dei de cara com Jona,fomos até a casa dele de táxi e sem trocar conversas,depois de entrarmos e eu e Jona nos sentamos em seu sofá e começamos a nossa conversa.
-- Então mona,o que vai ser? Sofia mais tarde vai estar aqui pra uma despedida apenas dos amigos mais próximos,ainda não chamei ninguém pra vir e como você bem pode ver eu estou sozinho em casa,acho que tive a melhor ideia!
Ele falou tudo de uma vez e sorrindo,sinceramente? não botava um ''f' que essa tal ideia dele funcionasse.
-- Não me olhe assim não ta! nem te disse o que planejo ainda e você já me olha como se estivesse vendo o maior idiota na sua frente. -- Sorri e quando ia responder,Jona erguei o dedo me apontando em riste de forma totalmente afetada.
-- Não ouse responder ou não te ajudo sua ingrata!
-- Tah! então me fala logo desse seu plano mirabolante!
-- Vai Barbie,ironize..
Depois que ele me contou o tal plano eu estava mais do que confiante,não é que o filho da mãe tinha tido mesmo a senhora das ideias? passamos pelo menos umas duas horas arrumando tudo pra que o plano funcionasse perfeitamente e quando notamos já estava quase na hora de Sofia chegar,Jona se emperiquitou todo e eu me preocupei.
-- Mas e você? onde vai dormir?
Jona soltou uma leve risadinha e piscou antes de me responder.
-- Minha filha eu me viro,você se preocupe apenas em tirar essa ideia absurda da cabeça de minha melhor amiga me abandonar !
-- Ahh então tudo isso aqui é pra convence-la a não te deixar? e eu onde entro nisso?
-- Você entra na parte da culpa querida,já que foi por sua causa que ela resolveu ir embora! Bom agora a senhora se vire e boa sorte,vou indo! - Jona se despediu de mim com dois beijinhos no rosto e um abraço carinhoso.
Esperei por um tempo que não sei ao certo pra que meu amor chegasse e nada dela aparecer,eu já era ansiedade pura e de tão nervosa andava de um lado pro outro parecendo um bicho acuado,ela tinha dito ao amigo que não demoraria e no entanto estava demorando demais,decidi parar quieta quando me deu cede eu fui até a cozinha beber um copo d'água,estava distraída quando ouço passos pela casa,simplesmente congelei era ela,chamava por Jona bem baixinho,aos poucos o som de sua voz se tornava mais alto assim como seus passos mais próximos,não ousei me virar e permaneci assim até ouvir sua voz as minhas costas,mas como o planejado entre eu e Jona,fiz cara de espanto e me fiz de surpresa com sua presença.
-- Beatriz.. O que você ta ..
Não deixei que ela terminasse de falar e fui até ela,a falta que sentia de seu corpo era tanta que nem mesmo esperei,avancei sobre seu corpo num abraço caloroso e cheio de saudade.