O cowboy dos sonhos - 11

Um conto erótico de Beto Torres
Categoria: Homossexual
Contém 1990 palavras
Data: 26/04/2015 19:20:01

E depois de praticamente uma vida, eu retorno.

Primeiramente, quero pedir perdão a vocês pela ausência. Sei que isso não se faz, mas tudo aconteceu tão rápido que, quando dei por mim, estava em uma vida totalmente nova que eu queria mais era aproveitar o máximo possível daquela experiência. No final, explico o que aconteceu exatamente e espero sinceramente que vocês me entendam e me perdoem por ter parecido que eu tinha a intenção de deixá-los na mão. Em meu último relato, eu tinha falado que essa seria a última parte, mas não consegui ser sucinto e objetivo como previa e dividi em duas partes para que não ficasse longo e cansativo. Antes que vocês achem que eu vou demorar novamente para postar o restante, lhes falo que a última parte já está escrita e que amanhã posto. Foi apenas por questões estéticas mesmo.

Bem, as coisas que já não iam bem se tornaram ainda piores quando eu me dei conta do que estava acontecendo. Eu estava mandando embora da minha vida o cara que eu amava e, bastou ele chegar na porta, pra uma bala o atingir nas costas. Era como se o destino quisesse que eu gritasse que eu não queria ficar sem ele. Mas não precisava ser daquela forma.

Minha primeira reação foi correr pra cima dele, sem nem pensar que eu podia levar um tiro também, mas logo ouvi um carro cantando pneus e supus que quer que tenha atirado no Barão, tinha agora fugido. O Barão. O meu Barão. Tínhamos a vida inteira pela frente e agora a morte queria nos separar. Chamei a ambulância e em poucos minutos estávamos no hospital, sendo que ele foi transferido para um hospital da capital, pois a estrutura era bem mais adequada àquele tipo de situação. Eu tentava ficar calmo, mas não conseguia. Chorei desde que comecei a raciocinar sobre o que poderia ter acontecido. Quem tentaria matar um cara tão bacana quanto ele? A troco de quê?

Já passavam das sete da noite quando o Dan chegou junto com o Dr. Fred, patrão do Barão, e com o meu irmão Ney. A Ana Rita chegou logo em seguida e eu fiquei me perguntando por que ela havia demorado tanto a aparecer diante de tanto amor que ela enchia a boca pra falar que sentia por ele. Eu só fazia chorar, imaginando que poderia ficar para sempre sem o Barão. O Dan estava me dando uma força, tentando me acalmar e o Dr. Fred estava vendo o que poderia fazer para agilizar alguns procedimentos burocráticos, pois era um homem conhecido e respeitado e esse tipo de coisa sempre acaba falando mais alto no nosso país.

– Quem é parente do Oliver? – pergunta o médico ao se aproximar de nós.

– Eu – salta a vaca da Ana Rita – Como é que ele está?

– O processo cirúrgico terminou e a bala já foi extraída. Agora não há mais o que fazer senão esperar a evolução do quadro dele. O Oliver perdeu muito sangue e como o ferimento atingiu uma importante vértebra, ainda há a possibilidade de ele ficar paraplégico.

Aquilo caiu como (mais) uma bomba. Pude ver a cara de desespero da Ana Rita e eu só conseguia pensar no quanto a vida estava sendo injusta comigo e principalmente com o Barão. Um cara no auge perder o movimento das pernas assim de uma forma tão banal. Mas se for o caso, eu fico do lado dele. Dane-se o que aconteceu. Não estou nem aí se ele estava indo embora com a Ana Rita, como ela fez questão de gritar na minha cara. Foda-se se ele me enganou e escondeu de mim a vinda dela. Diante dessa situação, não tenho como guardar rancor. Tudo fica tão pequeno quando alguém que você ama precisa de você mais do que nunca.

O Dr. Fred me convenceu a tomar um ar, comer alguma coisa sair daquela sala de espera por alguns instantes que fossem, pois, tendo em vista que eu presenciei o crime, logo a polícia viria atrás de mim perguntar o que vi, mesmo sem eu ter visto nada. Não preciso nem dizer que não consegui comer nada. Estava catatônico e ali, no jardim do hospital, sentado em um banco, segurando o chapéu do Barão, senti muito medo de nunca mais ver meu cowboy rindo e dizendo que me ama.

– Até quando você pretende ficar assim? – pergunta o Dan, me trazendo um copo de água e insistindo para que eu tomasse.

– Você quer o quê? Um prazo, uma estimativa?

– Queria apenas que você reagisse e não que deixasse tudo isso consumir você como está acontecendo.

– O que você quer que eu faça? Que eu ignore o cara que eu amo e que eu vi ser baleado na minha frente? – falei, até um pouco agressivo demais – Você me desculpa, mas eu não consigo ser tão robótico assim.

– Não foi isso que eu quis dizer. Só quero que você seja positivo e que não sofra por antecipação.

– Antecipação? Você acha mesmo que diante de tudo o que eu passei até aqui, eu estou me antecipando em sofrer como estou sofrendo? Esse tiro que sabe Deus lá de onde saiu foi apenas a fim de tudo o que eu vim passando nos últimos dias. Mas antes teve a mentira, teve a Ana Rita, teve a viagem que ele ia fazer com ela...

– Como você pode ter tanta certeza disso? – pergunta ele, de uma forma que me irritou ainda mais.

– Pelo amor de Deus, Dan! De burro aqui já basta eu.

– Olha só, Beto, eu sei que você está nervoso com tudo isso e, se você acha que pode descontar a sua raiva em mim, manda ver que eu aguento. Mas antes de você jogar na minha cara todas as verdades que você acha que eu mereço ouvir, você não acha melhor ouvir de mim tudo o que o Oliver está há dias tentando dizer e o máximo que você conseguiu fazer foi sentar o telefone na cara dele e bater com a porta na cara dele na última tentativa dele de te explicar que a Ana Rita não significa pra ele aquilo que você acredita que ela significa.

– Do que é que você está falando? – perguntei, sem realmente entender o que ele estava querendo dizer.

– Estou falando de quem tentou matar o Barão. Desde que você conheceu a Ana Rita e resolveu nem sequer ouvir o lado do Oliver, ele tentou de todas as formas que você imaginar falar contigo, na esperança de tentar te explicar que ela o encontrou por meio de uma investigação particular e não por ele próprio ter falado onde estava. Ele nunca planejou viajar com ela. Ela que queria que ele voltasse pra ela, mas ele não quis. A história deles ficou no passado. Você foi injusto com ele e mesmo assim ele correu atrás de você porque é de você que ele gosta.

– Quem atirou nele, Dan? – perguntei, surpreso com as verdades que me estavam sendo ditas e, como era de se esperar, me sentindo culpado por tê-lo evitado todos esses dias.

– O Fontes, o pai da Ana Rita. Antes de ir à sua casa, o Oliver me falou que a Ana Rita ficou transtornada com uma discussão que eles tiveram no dia anterior quando ele jogou na cara dela que não a queria mais, pois o momento deles já tinha passado. Então ela, que já tinha planejado viajar pra fora do país com ele acreditando que, a partir do momento que o encontrasse, eles reacenderiam a paixão que sentiam, ligou para seu pai e lhe disse onde ele estava, com o único objetivo de obrigá-lo a fugir com ela nem que fosse pela sua própria segurança. Só que o Barão tentou te procurar pra te dizer que estava indo embora por um tempo, mas não com ela. E, justamente por se importar com o que você poderia pensar, foi que o Fontes o encontrou a tempo.

Vadia! Filha da puta! Aquela piranha que agora está lá dentro posando de esposa preocupada foi a responsável pelas coisas terem chegado àquele extremo. Como eu pude ser tão orgulhoso e intolerante? De nada adianta ficar se culpando por coisas que já aconteceram e que não tem como mudar, mas o cara me ama de verdade a ponto de mandar embora um antigo amor do passado com o qual tem uma história meio mal resolvida e o máximo que eu consigo fazer é fugir dele! Idiota!

Fiquei transtornado quando soube da contribuição da Ana Rita no tiro que o Barão levou e, se o Dan não tivesse me segurado, eu teria voltado lá e enchido ela de porrada. Ainda bem que ele me conteve, pois eu perderia toda a minha razão.

– Pilantra! Dan, a Ana Rita provocou isso tudo! – falei, ainda desesperado – Aquela vagabunda egoísta não está nem aí para o Barão. Ela só pensa nela.

– Você precisa manter a calma! – pede o Dan, não mais conseguindo me segurar.

Segui para onde ela estava e ao vê-la chorando sentada em uma poltrona, não aguentei:

– Remorso é uma coisa que pode acabar com um ser humano, não é, Ana Rita?

Ela não disfarçou, como achei que ela faria. Muito pelo contrário.

– Eu não queria que nada disso tivesse acontecido...

– Queria sim! – falei, segurando-lhe pelo braço – Queria. Você falou para o seu pai onde o Oliver estava. Você é tão culpada por aquele tiro quanto ele.

– O que você queria que eu fizesse? Que eu assistisse passiva enquanto o Oliver me trocava por você?

– Olha a exposição, Beto – pede o Dan, pois aquela conversa poderia chamar a atenção das pessoas que estavam por perto, o que não era a intenção, pois eu não queria que minha história com o Barão viesse à público dentro de um hospital daquela forma tão indesejada. Entendi a sugestão do meu amigo e passei a falar mais baixo.

– Isso não se chama passividade. Se chama maturidade. Ninguém nunca te falou que quando não nos querem mais por perto, o melhor que temos a fazer é tirar o nosso time de campo? Você é sórdida, manipuladora, cruel.

– E você? O que você é? – pergunta ela, tentando se soltar – Acha mesmo que você vai ser feliz pra sempre com o Oliver?

– Vou ser feliz até onde der. Quando não der mais, é cada um pra um lado, pois não quero me tornar uma pessoa como você que não sabe perder, que vive mendigando amor, que é capaz de planejar uma coisa horrível dessas só pra ter por perto um cara que não quer mais nada com você. Eu vou ser feliz até o dia que eu perceber que nossa história acabou, se um dia ela tiver que acabar. E você não vai ser feliz nunca. Nunca! Você vai carregar pra sempre com você essa culpa, essa responsabilidade.

Chorando muito, ela se senta novamente na poltrona após eu finalmente soltá-la e põe as mãos no rosto. Ela realmente estava arrependida, mas não me comove. Arrependimento não tira culpa de ninguém. Perdão sim. E eu não vou perdoá-la nunca.

– Olha aqui, Ana Rita, se acontecer alguma coisa com o Oliver, quem vai meter uma bala no meio da tua cara sou eu! – falei com uma coragem que só quem ama tem ao defender seu amor.

Olhei em volta estranhando o fato de o Dan não estar mais por perto me segurando como estava a pouco e me dei conta de que ele estava mais adiante conversando com o médico. Antes que eu conseguisse me aproximar, ele veio em nossa direção com a notícia:

– Beto, você precisa ser forte agora. O médico me falou agora que o Barão está fora de perigo, graças a Deus, mas ele está paraplégico e dificilmente vai recuperar os movimentos da cintura pra baixo.

Chocada com a notícia, a Ana Rita se levanta, pega sua bolsa e sai. Eu não consegui falar mais nada, pois simplesmente não sabia o que falar.

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Comentários

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Pelo amor de Deus não some nunca mais ta entendido se não eu vou te achar e mandar uma bala em você. :)

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Que bom que vc voltou, espero que esteja tudo bem com vc e que vc possa dar continuidade ao conto

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cara, quase dei um berro aqui quando vi que voce atualizou! vc nao sabe a quanto tempo eu espero por essa atualizaçao! a primeira vez que eu li nao tinha conta, depois que fiz comentei, entao nao tenho como estimar o tempo exato a qual espero sua volta! mas digo, eu cheguei a chorar de desespero para saber o final disso tudo! eu entrei em desespero! to que nao me aguento de tanta alegria!

Ana rita é uma vagaba! É tudo culpa da Rita! coitado do barão! to com dó dele! agora foda-se a viagem né? ou o pai da ana rita volta?

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