Eu estava sem saber o que fazer, só pensava mesmo que tinha errado em ir procurá-la, tinha me arrependido amargamente. Minha tia havia me falado tanto que era para ficar, começar uma faculdade, continuar minha vida e seguir em frente, esquecer do meu passado...
Me deu vontade de sair, espairecer, desci e vi minha mãe sentada no sofá com os filhos dele, Lívia estava com a cabeça no colo dela, eles riam, Rick estava com eles, pareciam uma família feliz...
Saí meio frustrado, ninguém me viu. O que eu não entendia era porque ela nunca havia me tratado daquela forma, me fazendo carinho ou conversando comigo como um filho de verdade...
Andei um pouco por alí, pensei, depois, quando ví que estava muito tarde resolvi voltar, entrei...
Rick: Onde você estava?
Eu: Saí.
Rick: Próxima vez avisa antes ok? Meus filhos sempre avisam quando vão sair!
Eu: Mas não sou seu filho. E não vem me convencer de que ficou preocupado. Comigo não cola!
Rick: Mas eu fiquei, qual o problema? Será tão difícil assim se preocupar com você?
Eu respirei me acalmando... - Minha mãe está dormindo tranquila e calma, não?
Ele baixou a cabeça...
Eu: Para você deve ser normal se preocupar com seus filhos, meus tios se preocupavam demais com os seus, até mesmo comigo. Mas minha mãe não, é diferente!
Rick: Diferente porque? Me fala Douglas!
Eu: Não Rick, não vou falar. Você está com ela, vocês vivem bem, eu não vou estragar tudo. Na verdade estou arrependido de ter vindo. Muito arrependido.
Rick: Como pode falar uma coisa dessas? Ela é sua mãe, você passou anos sem vê-la.
Eu: Vou dormir.
Subi para o meu quarto, quase não conseguia dormir pensando em tudo.
No dia seguinte acordei, fiz minha higiene matinal, desci, chegando lá embaixo, vou direto a mesa, estava faminto, a sala tinha uma porta de vidro que dava direto ao jardim com a piscina, quando sento a mesa dou de cara com a familia feliz brincando na piscina, perdi a fome na hora, mas para disfarçar comi uma torrada com café.
Rick: Doug quando terminar de comer venha!
Eu: Não obrigada, estou indisposto.
Fui a cozinha, Barbara estava lá, sentei no balcão e fiquei conversando com ela...
Ela: Você está bem?
Eu: Não muito. Barbara vou te perguntar uma coisa e quero que me responda com toda sinceridade.
Ela: O que?
Eu: Como é a relação da minha mãe com o Rick?
Ela: Olha, eu vejo verdade da parte dele.
Eu: E dela?
Ela: Olha Doug, eu prefiro não me meter.
Eu: Se você está com medo de eu achar ruim ou coisa do tipo, pode ficar tranquila, ok? Olha, vou te contar algo, tenho que desabafar com alguém, gostei de você, quero que me ajude, que se torne minha amiga.
Contei toda a minha história a ela, tudo que minha mãe me fez.
Ela: Meu Deus, Doug, o que você veio fazer aqui, você estava tão bem lá com os seus tios, queria distância dela se fosse eu.
Eu: Na verdade estou extremamente arrependido. Tinha esperança de reatar algum laço com ela, mas...
Ela: Olha, acho que já deu para você perceber, mas vou dizer assim mesmo, sua mãe não mudou nada, ela continua sendo a mesma. Senhor Ricardo foi a isca dela, estão casados a 10 anos e sempre percebi que ela está com ele por dinheiro, mas finge muito bem. Vamos combinar que não é nenhum sacrifício pois ele é um Deus grego, nossa que homem lindo, mas ela não ama ele, na verdade é uma filha da mãe de sorte e encontrou o homem perfeito para aplicar o golpe, rico e bonito.
Eu: Sinto muita vergonha.
Ela: Você não tem que sentir vergonha de nada. Você não tem culpa de ter uma bruxa dessas como mãe.
Ele apareceu de repente, eu e ela paramos de falar imediatamente...
Ele: Doug vamos, vi você vindo para cá e vim te chamar.
Eu: Tá, mas não vou entrar na piscina.
Ele estava apenas com um calção de banho como no outro dia...
Seus olhos castanhos negros me deixavam meio incomodado, tinha medo dele perceber alguma coisa, se ele percebesse que sentia alguma coisa não sei o que aconteceria comigo.
Fomos, eu sabia que ia dá zebra e foi o que aconteceu.
Cheguei lá com ele, os filhos dele estavam na piscina e pararam quando apareci logo depois dele, ficaram me encarando...
Sentei na espreguiçadeira, minha mãe apareceu logo depois, tinha entrado não sei para quê, mas havia voltado.
Ela: Ah Doug, acordou, que bom que se juntou a gente.
Nossa, que sorriso forçado, eu percebia a falsidade dela, desde que cheguei, era óbvio que não me queria alí, e quando digo isso é que não me queria naquela cidade, naquela casa, e não só naquele momento na piscina com eles...
Rick sentou na espreguiçadeira ao lado da minha, minha mãe entrou na piscina e ficou brincando com eles... Jogavam água, para todo lado, ele me olhava e ria de tudo, eu ria forçado, acompanhava ele para não ser mal educado...
Ela o chamou e ele foi, ai me interessei mais em ver toda aquela brincadeira, era lindo ver ele jogando água para todos os lados, aquela pele dourada, aqueles músculos que mais parece que foram desenhados a mão, ele passava a mão no cabelo castanho molhado que teimava em cair sobre seus olhos também castanhos porém mais negros, seu sorriso era lindo... Eu não parava de olhar, quando ele sorria olhando para mim eu retribuía com um sorriso também.
Mãe: Gente, vamos parar para fazer um lanche?
Edu: Claro!
Lívia: Estou faminta!
Eles saíram da piscina molhados, começaram a se enxugar com toalhas...
Rick, minha mãe e Lívia entraram, Edu veio até mim...
Fiquei esperando as ofensas que vieram... - O que você está fazendo aqui? Não se toca? Não vê que ninguém te quer aqui? Se não vai embora pelo menos se toca e não se intrometa em nossos momentos, que saco!
Eu: Não queria estar aqui, seu pai me obrigou, não me importo com seus momentos, não quero e não me interessa, não morro de amores por minha mãe!
Ele: Então porque ainda está aqui? Porque não vai embora?
Antes de eu responder Rick apareceu na porta de vidro e nos chamou... Ele foi, eu continuei lá sozinho...
Com uns 5 min que eu não fui, Rick apareceu para me chamar.
Ele: Você não vai vir?
Eu: Olha Rick eu não quero atrapalhar, é melhor ficar no meu canto.
Ele: Que é isso Doug? Você vai vir sim, faz parte da família, é filho da Diana, para com isso!
Eu: Ai Rick, como você é ingênuo...
Ele: Porquê?
Eu: Não sou eu que vou falar!
Ele: Não. Agora você vai falar sim, estou cansado dessas suas indiretas e não me fala nada!
Eu: É melhor eu sair!
Passei por ele, ele me puxou pelo braço, o chão estava escorregadio e eu escorreguei, ele me segurou pela cintura.
Eu: O que foi? Vai me forçar a falar agora?
Subi meu rosto.
Ele: Desculpa, você quase caiu, mas estou cansado dessas indiretas, se é para fazer que fale logo.
Ele ainda me segurava, seu rosto com raiva era lindo, fiquei sem jeito... Me soltei dele rápido, pois tinha medo dele perceber meus olhares e minha excitação com seu corpo ainda molhado, colado no meu...
Me soltei de vez, escorreguei novamente e dessa vez caí mesmo.
Ele: Doug você está bem?
Nossa, meu pé estava latejando, era só o que me faltava!
Eu: Não, estou bem.
Levantei, ele tentou me ajudar, mas eu morri de dor e ele me apoiou no seu braço.
Ele: Você não está bem, deixa de orgulho!
Eu: Meu pé tá me matando!
Ele: Vamos entrar.
Ele me ajudou a entrar em casa...
Edu: O que foi que aconteceu agora?
Rick: O Doug escorregou e caiu.
Ele olhou para mim com cara de quem não acredita.
Rick: Vou me trocar e vamos no hospital.
Edu: Não precisa, isso não é nada.
Rick: Como não é nada? Você tá louco? Espera um pouco Doug.
Ele subiu...
Edu: Você é um ator mesmo, se machucou, nossa! - Falou em tom sínico.
Eu: Me diz para quê eu mentiria?
Edu: Para ganhar meu pai, ele sentir peninha.
Olhei para minha mãe mas ela nada falou, continuava comendo e não me defendeu. Claro, eu deveria esperar...
Ele desceu: Vamos Doug.
Me ajudou a andar, enquanto íamos doeu mais, chegando lá ele me ajudou a descer do carro, meu pé estava inchado, doendo demais... Quase não consegui andar.
Fui atendido, não chegou a quebrar mas deslocou algo e tinha que usar bota por uma semana ou mais. Ok, minha vida estava um inferno mesmo, o que vier é lucro.
Saí com ele, fui até o carro com ele me ajudando...
Chegamos em casa.
Mãe: E ai? O que houve?
Nem respondi, passei direto, mas o Rick ficou falando com ela segui andando devagar e Barbara me ajudou a seguir até o quarto.
Deitei na cama e Barbara ficou falando um tempo comigo no quarto...
Ela: O que aconteceu?
Eu: Escorreguei, onde estão o Edu e a Lívia?
Ela: Saíram.
Eu: Graças a Deus. Eles não vão com a minha cara.
Ela: Eu sei. É bem óbvio, sabia que agiriam assim, sempre foram mesquinhos, sempre me trataram mal.
Eu: Que ridículo.
Ela: Eles me humilham, mas nem ligo, o dono disso tudo aqui é seu Rick e me trata bem, gosta de mim, e é o que importa.
Eu: E minha mãe?
Ela: Preciso mesmo falar?
Eu: Não, eu sei.
Falando nela, a diaba aparece na hora... - Barbara o que você está fazendo? Perdendo tempo, tem que trabalhar, ponha-se no seu lugar!
Eu: Para de falar assim.
Barbara saiu...
Eu: Porque você age assim?
Ela: Você está bem? Fiquei preocupada.
Eu: Vamos parar de falsidade? Fale a verdade, deixe de cinismo.
Ela: Ok. Nunca gostei de você nem vou gostar, não nasci para ser mãe. Me livrei de você e você de repente volta estragando tudo, fingir com os filhos dele é mais fácil, eles só aparecem alguns dias, depois voltam para a mãe. O que te fez voltar?
Eu: Sabe que me pergunto a mesma coisa até hoje? Acho que tinha alguma esperança em você, mas deveria imaginar, você não tem salvação.
Ela: Realmente, como você é persistente, se dei você aos seus tios era para ficar lá, pensa, se você tivesse ficado comigo não teria vida, não cuidaria de você, mas fiz o bem, dei você a uma família que cuide de você, minha irmã sempre foi mais família, imaginei que seria feliz.
Eu: Muito obrigado, de verdade, você me salvou, me livrou de você, fui muito feliz lá.
Ela: Ver se toma logo uma decisão de voltar, será bom para você e para mim, volta com seus tios, retoma sua vida e me deixa com a minha.
Saiu.
Estava decidido em voltar, iria retomar minha vida, rever meus verdadeiros pais que são meus tios e entrar em uma faculdade, ainda não sabia qual o curso mas iria pensar...
Rick entra... - Você está melhor?
Eu: Meu pé ainda dói um pouco. É, você pode comprar uma passagem para mim? Vou embora, voltar para casa.
Ele: Mas porquê? O que houve?
Eu: Resolvi isso, errei em ter vindo sabe?
Ele: Mas porquê?
Eu: Porque sim. Vou ligar para os meus tios e avisar.
Ele: Passa mais um tempo com a gente Douglas, mata mais saudade da sua mãe.
Eu: Não Rick. Eu quero ir.
Ele: Ao menos espera melhorar ok? Andar direito, depois você vai.
Eu: Tá bem, mas depois que eu estiver bem eu vou.
Ele se aproximou da cama e deitou do meu lado, deu um beijo na minha testa. - Gosto de você como um filho, você é uma pessoa boa Doug, vai ser difícil me despedir de você.
Olhava o rosto perfeito dele e me punia, enquanto ele me olhava como filho eu o via como homem, estava morrendo por dentro.
Eu: Não Rick, mudei de ideia, arruma uma passagem para amanhã se possível, quero ir embora.
Já chega, quero sumir daqui, aquilo era um inferno!
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