- Cara, cê não pode ir assim não. Os caras vão cair em cima. – disse o Bruno ao me ver com uma calça mais colada ao corpo e uma camiseta simples.
- Ah, Bruno. Deixa.
- Não. Cê quer que tenha um monte de macho atrás de ti e tu tire no palitinho pra ver com quem fica à noite?
- Sinceramente? Sim.
Ele riu da minha graça e saiu do quarto. Ele havia me dito que iríamos primeiro jantar em um restaurante, dizia que eu merecia comer algo que não fosse feito por mim, depois de todos esses dias ter cozinhado para eles.
Esse programa poderia até soar romântico mas o Bruno realmente se mostrava um grande amigo e nada mais. Com o tempo fui percebendo que ele necessitava de alguém que o desse atenção. Ele era do interior de Goiás e havia ido pro Rio estudar Direito com a ajuda financeira dos tios e avós, os pais não apoiavam o desejo dele de advogar. Nesse tempo em que dividimos a república ele já quase que se auto sustentava, estagiava em uma grande firma e estava no penúltimo semestre.
Eu já havia trocado de roupa: agora estava com uma calça não tão apertada, mas ainda sim justa e uma camisa social azul escura. O meu cabelo era um pouco cheio, usava pomada para moldar ele. Era a primeira vez que eu me via tão vaidoso no Rio, quando ia às praças e facul nem me preocupava com o que vestir. Bruno foi entrando no quarto e agora aprovava o visual.
- Agora sim.
Quando saímos não havia ninguém no apê, bom que evitava questionamentos. Fomos andando até o tal restaurante, era um com especialidade em carnes. Acabamos por pedir o mesmo prato e ele no fim queria pagar tudo sozinho e não deixei.
- Então, pra onde vamos? – perguntei assim que saímos do restaurante.
Ele falou o nome da boate que agora não recordo, até porque ela nem existe mais kkkkkk.
A entrada da boate estava uma confusão, começavam a formar filas e o Bruno logo me puxou pelo braço para pegarmos um lugar.
- Não me faz correr, acabei de comer.
- Deixa de reclamar.
Nos primeiros cinco minutos naquela fila eu já tava entediado e quando fui pegar meu celular no bolso percebi que ele não estava lá.
- Caralho, Bruno. Esqueci meu celular em casa. – e passando as mãos pelo bolso percebi que ainda tinha outra coisa que havia esquecido – Minha chave eu também deixei lá.
Ele só fazia rir de mim e de certa forma aquilo me estressava e ele falava que não precisava me preocupar já que voltaríamos juntos pra casa.
Demorou uns 40 minutos para que entrássemos na festa, que estava muito boa por sinal. Assim como no restaurante, na festa o Bruno também queria pagar a bebida sozinho e conseguiu.
- A próxima vez fica por minha conta! – gritei um pouco antes dele sair rindo pra ir buscar as bebidas.
Pelo pouco tempo que estava ali, dava pra perceber o quão cheio de gente bonita estava o Rio. Eu não sou tão na minha mas o fato de eu ser novo me inibiu um pouco, precisava de uns drinks pra me soltar. Quando peguei a bebida da mão do Bruno nem perguntei o que era, apenas virei. Era doce demais, me deixou ligado.
A gente mais conversava do que dançava, ele havia me dito que frequentava há um tempo já aquele lugar mas que não conhecia ninguém que estava lá naquele dia. Percebia que ele meio que caçava alguém pra prolongar à noite, enquanto conversávamos ele observava o redor.
- Bruno, vai curtir. Dá uma volta, uma caçada. Na hora de irmos embora, cê volta.
- Deixa disso. Não vou te abandonar aqui.
- Eu sei me virar.
Depois de muito insistir ele acabou indo atrás de alguma menina e eu aproveitei e fui ao banheiro. Por mais que eu tentasse não conseguia me enturmar com alguém dali então aproveitei pra ir num ambiente da festa que servia lanches, tava tudo uma delícia. Tava tão gostoso que acabei gastando demais, pelo menos em relação ao que eu tinha na carteira. Voltei para procurar o Bruno e nada, pior que eu não fazia ideia de quanto tempo havia se passado desde que havíamos nos separado, mas já havia um tempinho. Procurei o máximo que pude, como não achei fui pra frente da boate esperar pela saída dele mas ao contrário do que pensei lá fora estava demais cheio. Eu tentava não tirar os olhos da saída, mesmo estando do outro lado da rua. Eu tava com pouco dinheiro e sem as chaves, sem contar que não sabia andar direito por ali e em meio aos meus pensamentos sou interrompido por um rapaz que ao meu lado parecia falar comigo.
- Oi. Tudo bem?
- Tudo.
- Desculpa incomodar. Estás sozinho?
- Sim e não.
Ele vestia uma jaqueta que parecia ser de couro e tinha algo pendurado no pescoço, com a escuridão não dava pra ver direito.
- Então, eu trabalho com fotografia e queria saber se você se importa de fazer parte dele. Tipo, seria apenas umas fotos espontâneas.
- Mas eu sabendo que você vai me fotografar já não será mais espontânea.
Eu estava sentado na calçada, ele em pé um pouco à minha frente.
- Rsrsrs eu sei. Mas é que esse trabalho tem um certo conceito que não me permite tirar fotos sem o seu consentimento.
- Hmmm. Não sei no que uma foto minha pode te ajudar mas tudo bem.
- Certo. – disse empolgado e pegando sua câmera pendurada no pescoço – continua fazendo o que fazia antes de eu chegar. Aja naturalmente.
Realmente eu continuei à procurar o Bruno, fixava os olhos naquela saída. Não demorou muito o rapaz que fotografava sentou ao meu lado.
- Me chamo Kaio.
- Henrique.
- Agora você pode me dizer o que estava fazendo.
- Eu tô esperando um amigo meu pra podermos ir pra casa.
- Amigo... e moram juntos?
- Sim, numa república.
- Ah tá. Tá afim de comer algo enquanto espera ele?
- Pior que não, se em uma coisa que eu fiz hoje foi comer. Inclusive, se não fosse pela gula eu teria condições de ir pra casa sozinho. Se bem que estou sem minhas chaves.
- E por que você não liga para o seu amigo?
- Esqueci meu celular. Hoje definitivamente não é o meu dia.
- Puxa – disse ele dando um sorriso meio sarcástico.
- Não leve pro lado pessoal.
- Relaxa.
- Se eu soubesse teria pedido cachê pelas fotos.
- Hahahaahhaa também não é assim.
- Ué, fotógrafo tem que estar preparado pra tudo. Você já tirou mais fotos hoje?
- Sim, olha.
Ele passou a me mostrar umas fotos num pequeno visor que tinha na máquina e acabou por me distrair. Quando olhei de novo pra saída da boate, não restava quase ninguém.
- Merda, ele já foi. – disse pra mim mesmo.
- O que?
- O meu amigo, já deve ter ido embora.
- Parece que você vai ter que aceitar meu convite pra comer algoPlutão, que bom que lhe agrada, agradeço por acompanhar. Eu tentarei dar essas paradas estratégicas e aumentar o tamanho. Kalvin4, não perca a fé em mim. Irei tentar escrever um pouco mais rsrsrs.
SafadinhoGostosoo, calma. Eu ainda contarei mais sobre eles. Mas sim, o Bruno se tornou um grande amigo e junto com o Arthur rendeu, como disse o Plutão, vários baphos na minha fase acadêmica. De resto, acompanhe. Não vou estragar as surpresas. Irish, o jogo irá virar sim. Resta saber como e com quem. Digos2, rsrsrs obrigado. Calma, que todos podem ainda surpreender. Tozzi, estou me esforçando pra escrever mais, leva tempo. Demorei a postar esse porque estava um pouco atarefado. Mas ainda hoje posto mais um.
Agradeço também aos que só leem. Gostaria que vocês votassem e comentassem, procuro me adaptar aos gostos de vocês. Como em relação ao tamanho das postagens. Sempre serão bem vindas as críticas.
Abraços a todos.