Já estava tudo certo, deixei claro para ele e eu iria embora mesmo.
Levantei no dia seguinte e desci vagarosamente por causa da bota, fui até a cozinha, Barbara estava lá...
Sentei e comecei a falar com ela...
Ela: Porque você vai embora?
Eu: Porque? Seria mais fácil você perguntar porque eu ficaria!
Ela: Doug eu estou falando sério, não vejo motivo, você sempre soube como sua mãe é, o Edu e a Lívia ontem não foi a primeira vez que te trataram mal, eu inclusive nem ligo para eles... Te dei o conselho de tratá-los igual, mas agora você está querendo ir embora de repente. Porquê? Só veria motivos se algo acontecesse com o senhor Rick.
Fiz uma cara de sem jeito...
Ela: Foi algo com ele? O que é?
Eu: Não posso falar, não tenho coragem.
Ela: Fala sério, já te dei motivos para não confiar em mim?
Eu: Claro que não, pelo contrário, você é uma amiga maravilhosa. Mas tenho muita vergonha! Você sabe que sou gay?
Ela: Não, apenas desconfiava, seus gostos musicais e não gostar de esportes como futebol...
Eu: Bem, eu... Eu... Não sei como aconteceu, se pudesse não teria acontecido, não sei como foi!
Suspirei... - Eu estou gostando dele!
Ela: Gostando como? Apaixonado?
Eu: Sim, completamente!
Ela: Eu honestamente não sei como você pôde se apaixonar pelo Edu, ele é um babaquinha...
Eu: Edu? Crédo, Deus me livre! Estou falando do Rick!
Ela arregalou os olhos...
Eu: Tá vendo como estou em uma verdadeira encrenca? Eu tenho que sumir daqui! Barbara eu juro que não sei como isso aconteceu. Ele é meu padrasto e bem mais velho...
Ela: Sério que você não sabe como isso aconteceu? Querido ele é perfeito, lindo, muito bom, nobre, poderoso quem não se apaixonaria? Sendo gay ou mulher se apaixona fácil!
Eu: Mas não era para isso acontecer comigo, não era!
Ela: Deixa de ser bobo! Vou sentir sua falta.
Eu: Eu também.
Nós nos abraçamos.
O dia se passou e nada dele chegar falando das passagens e coisa e tal, estava nervoso, sabia que ele estava trabalhando mas queria saber...
Barbara: Liga para ele!
Eu fiz, mas nada dele atender...
Eu: Vou lá!
Ela: Que exagero, quando ele chegar você pergunta!
Eu: Não. Eu vou.
Me arrumei, chamei um táxi e falei o endereço, a casa era cheia de cartões da empresa dele.
Fomos...
Chegando lá, paguei e desci, nossa era enorme, ele era dono daquilo tudo, como minha mãe conheceu esse homem e o conquistou? Melhor nem saber!
Entrei e dei de cara com a recepcionista...
Ela me mediu do pé a cabeça, eu com minha aparência jovem e roupas casuais, não deveria ser comum alí.
Eu: Bom dia?
Ela: Bom dia, o que deseja?
Eu: Desejo falar com o Ricardo.
Ela me olhou com uma cara meia incrédula... - É no último andar, não sei se ele irá poder te atender mas lá sua secretária irá atendê-lo.
Eu: Obrigado.
Fui mancando até o elevador, já estava de saco cheio daquela bota e fazia só um dia que eu usava aquilo!
Chegando no andar, entrei, dei de cara com a secretária, ela também me olhou dos pés a cabeça...
Eu: Bom dia, gostaria de falar com o Rick!
Ela me olhou com desdém... - Senhor Ricardo?
Eu: Isso! Posso falar com ele?
Ela: Você marcou hora?
Eu: Não, mas me anuncie, ele me conhece!
Ela: Olha, ele está em reunião!
Eu: É sério, preciso vê-lo, fale que o Doug está aqui.
Ela: Eu sinto mas não posso.
Me subiu um ódio, fui até a porta, ela tentou me impedir, mas abri sem bater.
Ele estava conversando muito intimamente com uma mulher muito bonita, ela era morena, cabelo preto e longo, olhos castanhos, corpo violão.
Secretária: Senhor esse garoto queria vê-lo, disse que o conhecia, não deixei ele entrar, sabia que era mentira mas ele invadiu.
Ele: Doug? Não é Mentira, ele é meu enteado.
Ela: Desculpe senhor, eu não sabia!
Eu: Eu sinto muito, não queria atrapalhar, vou indo!
Ele: Não Doug, espera!
Eu: Não. Eu já vou!
Ele: Alice, pode ir, depois terminamos de conversar!
Então o nome da mulher que estava com ele era Alice!
Ela: Mas Rick...
Ele: Vai Alice depois terminamos a conversa, já disse!
Ela saiu junto a secretária, eu virei e ele segurou no meu braço. - Onde você vai? Já disse que vou falar com você!
Ele foi até a mesa e eu fui junto, fiquei em frente, a sala dele era grande e luxuosa.
Ele: Doug eu quero falar que a Alice é só uma amiga, ela é uma ex minha, trabalhava aqui e faz alguns meses que foi embora, agora voltou, vive dando encima de mim, mas eu não ligo, não dou bola!
Fui até um sofá enorme que tinha do outro lado da sala, sentei... - Você não tem que me explicar nada, não se preocupe, não vou falar para a minha mãe!
Se eu estava com ciúmes? Morrendo, me roendo, mas quem sou eu, não sou nada dele e se muito ele me considera é como seu enteado! Estava me sentindo péssimo.
Ele: Doug, e então, porque você veio aqui?
Eu: Queria saber da minha passagem!
Ele: Ah, isso? Desculpe, esqueci completamente, Alice voltou, tinha coisas importantes para resolver...
Eu: Claro, como eu sou indelicado, você deve ter muitas coisas para fazer... - Levantei. - Desculpa, eu mesmo resolvo isso, você deve ter outras coisas importantes de verdade para fazer. Eu vou indo!
Ele: Doug para com isso. Você é importante para mim. Só esqueci!
Eu: Não precisa se explicar... - Eu estava morrendo de vergonha, ele era o dono daquilo tudo, deveria ter coias muito mais importantes para fazer e eu o enchendo com os meus problemas. Era rico, importante, lindo e eu interessado nele como se algum dia tivesse alguma chance. Nunca pensei que teria, mas ainda assim estava com vergonha, tentei ao máximo esconder meu ciúme e minha angústia, queria sair logo dalí mas ele não deixava! - Vou embora.
Levantei, ele segurou meu braço. - O que está acontecendo com você? Para com isso.
Eu: Me deixa ir Rick!
Ele: Porquê?
Eu: Tô morrendo de vergonha, me deixa ir!
Ele: Vergonha? Vergonha de quê?
Eu: Você nem lembrou de mim, claro, tem coisas importantes para fazer, é um homem importante, cheio de trabalhos importantes...
Ele: Doug você vai mesmo embora? Senta aqui!
Sentei novamente...
Ele: Eu não vou deixar você ir tão fácil, nem levei a sério o que você disse ontem.
Fiquei nervoso. - Você nem sabe porque resolvi ir, que droga!
Ele: Então me conta porra.
Pelo visto ele também ficou nervoso.
Continuou: Você percebe que me esconde tudo? Sempre me escondendo as coisas!
Eu: Tenho minha vida pessoal, nem te conheço direito, como vou me abrir?
Ele: Mas já sabe muita coisa de mim, hoje aqui me pegou com Alice!
Eu: Já disse que não vou contar para minha mãe, se é isso que te incomoda!
Ele: Não tem o que contar, não tenho nada com ela!
Eu: Já disse que não me deve satisfação! Já vou.
Minhas bochechas estavam queimando...
Ia saindo mas ele me segurou de novo, puxei meu braço, mas me desequilibrei por causa da bota que já estava me enchendo, caí no colo dele...
Ele me segurou na cintura, me olhou...
Eu não podia continuar alí, tinha medo dele perceber algo.
Me mexi para levantar mas ele não largava minha cintura...
Ele: Doug desculpa, pela segunda vez você ia caindo por minha culpa!
Virei meu rosto e olhei nos seus olhos, seus olhos negros que me intimidavam, depois vi sua boca desenhada contornada pela barba cerrada e castanha, da cor do seu cabelo, nos beijamos, quando vi já estava acontecendo, me arrepiei inteiro, foi calmo, senti cada toque da sua língua, foi suave...
Ele me afastou, levantei, aconteceu o que eu temia, foi tão de repente que eu nem vi, o beijei, mostrei o que sentia, veio tudo a tona!
Eu: Desculpa!
Coloquei a mão na boca olhando-o...
Ele: O que aconteceu aqui?
Eu: Desculpa...
Saí depressa, não conseguia muito por causa da bota mas era o máximo que conseguia, meu pé tava doendo mas não tava nem aí... Peguei o elevador, tinham 3 pessoas lá, percebiam meu nervosismo mas também não tava nem aí...
Não consegui segurar as lágrimas, quando tinha 8 anos e minha mãe me entregou aos meus tios passei um dia inteiro chorando, fiz uma promessa a mim mesmo de não chorar mais por nada que não valesse tão a pena, principalmente por minha mãe, desde esse dia não choro tão fácil, já terminei namoros, discuti com amigos, isso não me abatia, apenas brigar com os meus tios me abatia bastante. Minha mãe poderia falar qualquer coisa a mim, não chorei e não choraria por ela. Mas ele, por ele eu chorei, ele realmente me era importante e até eu mesmo me punia por isso.
Eu quis ir embora antes que aquilo acontecesse, eu quis fugir desse amor, quis não arrumar mais problema para mim, mas fazer o quê? O destino quis assim.
Já tinha tantos problemas e agora mais aquele para minha vida!
Ia saindo da empresa, estava na entrada e caí, alguém me ajudou... Era um homem, ele era mais ou menos da altura do Rick, moreno, olhos verdes, até que era bonito...
Eu: Obrigado.
Ele: Você está bem?
Eu: Sim.
Saí sem falar mais nada. Chamei um táxi saí dalí.
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