BRIGITE - QUINTA PARTE
Minha faxineira sabia bem como curar uma bebedeira. Após me acordar do meu repentino desmaio me jogando água gelada no rosto, preparou-me um chá com uma mistura de várias ervas, compradas no mercadinho da esquina. Tomei a infusão e logo a zonzeira desapareceu da minha cabeça. Contei-lhe tudo o que vinha me acontecendo nesses últimos dias, e quem teve que tomar um calmante foi ela. Depois, já mais calma, perguntou-me o que eu pretendia fazer. Ainda abalado, não tinha nem idéia. Mas estava certo de que a primeira coisa a fazer era visitar o local onde eu mesmo deveria ter deixado a valise com os 40 mil reais, pedido pelo maníaco assassino. Eu envolvera a pobre policial Simone e agora ela estava morta. Voltei à estaca inicial. Ainda não sabia a identidade do seu assassino, que era o mesmo que havia assassinado brutalmente minha amada Brigite, carbonizando seu belo corpo de manequim. Minha faxineira achava que eu deveria procurar a polícia.
Cheguei finalmente ao local onde deveria ter deixado o dinheiro. O fusquinha lilás da minha amada já havia sido recolhido, e não havia mais as marcas no solo, feitas pela polícia técnica. Não havia também nenhum vestígio de pegadas. Achei estranho. Deveria ter pegadas ali, se a sargento ou o assassino tivesse estado naquele local. Eu havia ido de táxi, e o motorista aguardava todo desconfiado eu procurar vestígios no chão. Tirei as fotos do envelope amarelo que trazia comigo e olhei mais friamente para elas. Foi quando percebi que as fotografias da policial não haviam sido tiradas ali. Era como se ela tivesse sido fotografada deitada numa cama, pois havia umas flores estampadas sob seus cabelos. Parecia uma colcha rosa claro. Decerto o assassino a havia surpreendido naquele matagal e a levara a algum lugar, matando-a em seguida, pois eu recebera as fotos com apenas algumas horas após sua saída do meu apartamento. A imagem deve ter sido reproduzida de um aparelho celular, já que perdeu resolução na ampliação e impressão em papel, usando uma impressora jato de tinta barata. Voltei ao táxi. Não tinha mais nada a fazer ali.
Resolvi voltar à casa de festas onde eu conhecera Brigite. Acreditava que poderia chegar até a agência para a qual ela trabalhava. O administrador do local foi bastante atencioso comigo, ao saber que eu era jornalista, e foi procurar os papéis onde tinha o nome da agência e o endereço. Agradeci e segui no mesmo táxi até lá. Era intervalo para almoço, e só encontrei duas modelos na sala que servia de escritório, num prédio comercial. Era uma agência pequena e achei que todos se conheciam. Mas as duas modelos não souberam, ou não quiseram, me dar informações sobre minha amada. Quando já estava de saída, entrou uma bicha loira muito elegante. Reconheceu-me logo como Felipe Marques, jornalista, e lembrou-se de eu ter saído com Brigite dias antes do seu desaparecimento. Não sabia da morte da minha amada.
Chorou convulsivamente, quando eu lhe dei a má notícia. Perguntei se ele desconfiava de alguém que pudesse fazer mal a ela e a bicha, irada, acusou seu namorado bigodudo de voz fina. Disse que ele tinha muito ciúme dela, e que impedia a coitada até de conversar com as outras modelos. Se fosse homem, então... Mas não sabia muito do casal, apesar de que, por ser gay, tornara-se facilmente amiga dela, já que não era ameaça para o seu namorado chatérrimo. Continuou falando com seus trejeitos e linguagem peculiar, mas não disse nada que me interessasse. Então, perguntei quais as características do bofe. A bichinha viajou na descrição: cabelos pretos e espetados, parecendo uma peruca barata. Um bigodão desproporcional ao seu rosto. Estava sempre metido num terno barato, mas de corte perfeito. Os sapatos eram caros, mas pareciam maiores que seus pés. Evitava falar, talvez envergonhado da sua voz de garoto, apesar de aparentar mais de trinta anos. Perguntei se Brigite demonstrava carinho por ele, e a bicha me respondeu que ela o tratava com indiferença. Mas ele não desgrudava dela, sempre que vinha acompanhar seus ensaios ou esperar que ela largasse do trabalho.
Perguntei se havia o endereço de Brigite em algum documento da agência e me levou até sua sala. Mexeu entre os papéis dela e encontrou uma pasta contendo várias fotocópias de documentos. Procuramos e encontramos um envelope contendo propaganda de cosméticos com o seu endereço. E, para a nossa surpresa, também encontramos uma fotografia de Brigite abraçada ao namorado. Ambos estavam sorridentes e ela abraçava-se a ele carinhosamente. Confesso que fiquei enciumado. Pedi à bicha para ficar com a foto. Ela deu de ombros. Mas disse que queria algo em troca, pegando no meu volume entre as pernas e semicerrando os olhos, num trejeito de tesão. Esclareci-lhe que o meu negócio era mulher e despedi-me dele, deixando-o frustrado.
Entrei no táxi, que esperava por mim na frente do prédio onde ficava a agência. O motorista já estava impaciente, achando que eu tinha me evadido sem pagar a corrida. Resolvi dispensá-lo. Saldei minha dívida com ele e caminhei até o primeiro bar que encontrei, bem do outro lado da rua. Era um bar muito aconchegante, apesar de ser pequeno. As mesas eram limpas e bem arrumadas, e a decoração era bem anos sessenta. Entrei e me sentei em uma das mesas. Olhei em volta e vi o nome do bar, escrito na vidraça que dava para a rua: Recanto dos Poetas. Sorri, olhando para as poucas pessoas que estavam no recinto. Todos tinham papéis ou um laptop sobre a mesa. Eu devia ter trazido o meu. A garçonete se aproximou e fiz o meu pedido. Queria algum tira-gosto que acompanhasse bem uma dose dupla de Campari. Ela me trouxe uma tábua de frios muito variada e provei de cada petisco, alternando com um bebericado da bebida. Aprovei e agradeci. A garçonete afastou-se de mim, sorridente.
Estive por um momento perdido nos meus pensamentos, aí senti uma mão no meu ombro. Era um velho amigo, o poeta Angelo Tomasini. Pedi que sentasse e passamos a conversar animadamente. Mas as minhas faltas regulares no jornal já estavam na boca do mundo. Perguntou-me o que estava havendo. Resolvi me abrir com ele. Foi mais um que me aconselhou procurar a polícia. Depois falamos sobre trabalho, e ele me disse estar empenhado em escrever seu primeiro livro de poesias. Com isso, estava negligenciando alguns clientes escritores, para os quais costumava escrever trechos eróticos para apimentar os seus livros. Sabia que eu gostava muito de eróticos e perguntou se eu não queria terceirizar alguns trabalhos. Disse que iria pensar e lhe mandaria algumas amostras do que eu já havia escrito. Despedimo-nos com a promessa de eu lhe enviar uns três contos eróticos por correio eletrônico. Ele foi embora, me deixando com as fotos na mão e o copo de Campari na outra.
Sorvi a bebida de um grande gole e pedi outra dose dupla. A garçonete veio me atender, mas tomou um susto quando viu as fotos que eu tinha em mãos. Disse conhecer o casal da foto. Costumavam beber naquele bar, depois que a modelo largava do emprego. Pedi que ela sentasse e me falasse mais sobre ambos. Ela disse que não o poderia fazê-lo em horário de expediente. Porém, se eu pudesse esperá-la e pagar-lhe um drinque depois, ela me contaria tudo o que sabia sobre eles. Aceitei o acordo. Só não sabia que ela demoraria tanto a encerrar seu expediente...
Depois da sexta dose dupla, esperando a garçonete largar, eu já estava pra lá de bêbado. O bar enchera de repente, e ela ficou cada vez mais atarefada. Limpava minha mesa e falava carinhosamente comigo, impedindo que eu desmoronasse ali mesmo. Mas não adiantou. Devo ter arriado, pois não me lembro como saí dali. Acordei deitado nu, num sofá que não era o meu. Levantei-me num salto, olhando em volta. Não conhecia aquele lugar. Parecia uma quitinete. Pobre, porém bem arrumada. Escutei um choro de criança e uma figura feminina, totalmente nua, saiu do quarto e veio até a sala onde eu estava. Pegou um bebê, que estava em um berço num canto do cubículo, e se aproximou de mim acalentando-o. Havia me visto sentado no sofá e veio saber se eu estava bem. Perguntei como chegara até ali e ela disse que foi com a ajuda de um taxista amigo dela. Eu não soubera dizer onde morava, de tão embriagado, e ela resolveu me trazer para sua casa. Agradeci a gentileza e quis ir embora, mas ela disse que era muito tarde. Que eu deixasse para ir de manhã. Aquietei-me.
Sentou-se junto a mim, nua do jeito que estava, e se pôs a dar de mamar ao bebê. Era uma menina saudável. Ri da sua gulodice, sugando o peito. Mas fiquei hipnotizado pelos seios dela. Eram muito bonitos. Não havia reparado isso, lá no bar. Ela percebeu que eu estava olhando-a e perguntou sapeca se eu queria mamar no outro peito. Disse-lhe que não, pedindo desculpas por minha indiscrição, mas ela insistiu. Explicou que a pequena não gostava muito de mamar, e se satisfazia com um único peito. Aí ela ficava com o outro cheio e tinha que desmamá-lo. Preferia que eu fizesse isso. Não tive outro jeito. Coloquei a boca no seu mamilo rosado e suguei prazerosamente seu leite. Nem lembrava mais o gosto. Gostei tanto que, mesmo depois de sentir o líquido faltar, continuei mamando. Ela começou a gemer baixinho. Percebi que passou a segurar a criança com uma só mão e levou a outra ao seu sexo. Começou a se masturbar suavemente, de olhos fechados. Então eu passei a lamber seus mamilos. Ela gemeu mais alto. Brinquei com ele em minha boca, tremulando a língua no bico. Ela aumentou a velocidade dos movimentos da mão na vulva. Retirei sua mão dali e coloquei a minha. Ela abriu mais as pernas. Coloquei meu dedo e friccionei devagar. Ela voltou sua cabeça para o meu lado e pediu que eu a beijasse. Parei de mamar-lhe o seio e procurei sua boca. Ela beijou-me gulosamente, de vez em quando mordiscando meus lábios. Era o sinal para eu enfiar mais o dedo e apressar os movimentos. Coloquei dois dedos dentro da sua greta e pressionei. Ela empinou o ventre, soltando um urro. A criança chorou e ela acalentou-a com movimentos dos braços, sem parar de me beijar. Não parei de masturbar sua vulva. O bebê calou-se. Ela voltou a me beijar, cada vez mais sôfrega. Estava encharcada entre as pernas. Começou a tremer convulsivamente. Pressenti seu orgasmo e passei a friccionar suavemente seu clitóris. Ela gemia demoradamente, e bem alto. De repente, levantou-se e devolveu a menina ao berço. Voltou imediatamente e se pôs de quatro, no sofá. Salivei a mão e umedeci seu ânus. Apontei minha glande e enfiei devagar. Estava muito apertado. Ela pegou meu pênis e apontou melhor. Depois relaxou o botão, fazendo-me invadir seu canal...
Segurei suas ancas e fiquei parado. Ela começou a movimentar-se suavemente para frente e para trás, se enfiando no meu cacete duríssimo. Retirava todo o meu pau de dentro e logo depois se estrepava até o talo. Fazia isso devagar, sem pressa, para não gozar logo. Nem eu. Acompanhei seu jogo. Ajeitei-me melhor no sofá e ajudei-a nos movimentos, pressionando sua bunda quando pressentia meu gozo. Ela dava uma paradinha. Ou então, quando já ia gozar, retirava meu pênis totalmente de dentro. Arfava por um momento e voltava a se enfiar no meu falo. Abri os olhos, que até então estavam fechados, deixando-me concentrado nos movimentos. Foi quando vi uma inscrição nas suas costas, bem abaixo do pescoço. Estava escrito em maiúsculas: Ana e João. Era uma tatuagem antiga, talvez feita quando ela era bem mais nova. Decerto, não casara com seu amor de juventude, ficando marcada com seu nome pro resto da vida, se não queimasse aquela tatuagem. Essa visão me favoreceu pois, enquanto eu divagava a respeito da sua marca nas costas, ela aumentou o ritmo dos movimentos. Urrava alucinada, tendo um orgasmo. Caí em mim, tentando acompanhá-la com estocadas mais firmes. Jogou as duas mãos para trás e agarrou-se às minhas nádegas, enfiando-se mais ainda em mim. Jorrei finalmente no seu âmago e ela chorou de prazer.
Estivemos, por um tempo, abraçados, sem dizer uma só palavra. Depois ela me agradeceu pelo prazer proporcionado. Disse que há muito não tinha uma relação sexual. O pai da sua filha abandonou-a quando soube que ela estava grávida e desde então não tivera mais ninguém. Mentia. Tivera, sim, alguns parceiros, mas que ficavam enciumados com o nome do seu amor tatuado nas costas. Alguns até brochavam ao ler a inscrição. Sempre terminava o ato sexual em brigas. Aí, desistiu de procurar mais alguém. Como gostava mais de fazer sexo anal, até porque ficara traumatizada com a gravidez e abandono, e não queria mais um filho, ficava difícil de esconder a tatuagem. E não tinha dinheiro para apagá-la. Namorara João desde crianças, aí resolveram se tatuar juntos. Ela fizera nas costas e ele, mostrando-se valente, fez no pênis. Sorri, imaginando a reação de sua nova namorada chupando seu cacete e lendo o nome da ex dele. Ela pareceu adivinhar meus pensamentos pois agachou-se e beijou meu pênis. Conversou com ele baixinho, como se estivesse conversando comigo. Disse que ele era prazeroso e que iria querer provar seu sabor. Lambeu a glande, sem se preocupar por onde ela tinha estado. Fechei os olhos e abri mais as pernas. Ela apalpava meus testículos enquanto me mamava o cacete. Dizia para ele que agora era ela que queria leitinho. Masturbou-o com os lábios, às vezes enfiando-o até a goela. Prendia-o com ela, evitando engasgar, e fazia movimentos com a cabeça. Eu sentia como se estivesse metendo na sua garganta. Aí ejaculei novamente, e ela engoliu toda minha porra, lambendo depois os lábios. Aí eu arriei, exausto. Ela aninhou-se ao meu peito e dormimos abraçadinhos ali mesmo, no sofá.
No outro dia, acordei com o cheirinho de café no ar. Ela preparara um desjejum e trouxera até mim. Disse que eu teria que esperar minhas roupas secarem, pois as tinha lavado. Eu mijara nas calças, lá no bar, e elas só fediam a mijo. Fiz que não entendi o seu estratagema para me reter mais tempo na sua casa e agradeci o café, oferecido de bom grado. Estranhamente, eu acordara bem feliz. Pela primeira vez, em dias, não me deparei com um cadáver à minha volta. Depois de comer comigo algo, pegou a criança que acordara chorando. Vestia uma blusa curta, pouco transparente, mas que ressaltava os biquinhos dos seus seios. Levantou um lado e botou um dos peitos para fora, por baixo da vestimenta. Perguntei se não seria melhor ela dar de mamar despida, como fizera na madrugada. Ela me respondeu que havia encontrado um jeito de não repararem mais em sua tatuagem. Passaria a fazer amor, sempre vestida com uma blusinha daquelas. E eu seria o primeiro, já, já a inaugurar essa sua nova técnica. Sorri maravilhado...
FIM DA QUINTA PARTE