BRIGITE – SEXTA PARTE
Passei dois dias maravilhosos com Ana, a garçonete. Ela trabalhava em turnos alternados, então pudemos ficar quase o tempo todo fazendo amor. De vez em quando, éramos interrompidos pelo choro da sua bebê. Mas, bastava dar-lhe o peito que a pequena calava e depois dormia tranquila. Aprendi a dar banho e trocar a fralda. No início, me enrolava todo mas, depois da terceira ou quarta vez, eu já estava craque. Como prêmio, recebia os melhores carinhos de Ana. Não bebi nem uma gota de álcool nesses dois dias. Ela não deixou. Aí, percebi que só me dava vontade de encher a cara quando pensava em Brigite, minha amada. Sempre me vinha aquela sensação de estar traindo ela, mas era preciso esquecê-la. Brigite estava morta, eu jamais teria novamente seus carinhos. Jamais olharia de novo para sua linda vulva, que parecia uma pata de camelo, tal a sua saliência. O rasgo apertado, sem deixar ver os lábios vaginais, me causavam tesão só em imaginá-los.
Olhando novamente para as fotos, Ana reconheceu o namorado de Brigite como o policial que às vezes ia buscá-la na agência, defronte ao bar onde ela trabalhava como garçonete há vários meses. Concordou que ele tinha um jeitão homossexual, e até voz de adolescente. Mas afirmou que ele não parava de olhar para os seus seios quando atendia o casal à mesa. Certa vez, havia atrevidamente metido a mão entre suas coxas, quando estava ainda sozinho, esperando a modelo. Nesse dia estava fardado, e tinha divisas de sargento. Aí eu me lembrei do policial bigodudo que emparelhou comigo, quando eu saí do local onde haviam encontrado o corpo carbonizado de Brigite, e fui parar no bar onde conheci a morena atriz-pornô. Ele esteve lá, também, naquele inferninho, e pagou um sanduíche para a prostituta Simone. Agora eu entendia o porquê de ele estar me seguindo. Com certeza, pensou que eu era um caso de Brigite. Mas, e se fosse ele o assassino? Eu tinha que investigar isso...
No fim do segundo dia que eu estava com Ana, ela me disse que precisava ir trabalhar. Ligou para uma amiga que cuidava da sua filha, enquanto ela dava turno no bar-lanchonete, mas ela estava muito doente, não podia servir de babá naquela noite. Sobrou pra mim. A pedido, findei concordando em ficar com a criança enquanto Ana trabalhava. Pediu por tudo que era sagrado que eu não bebesse e, assim, negligenciasse a criança. Colocou duas mamadeiras cheias de leite do peito, na geladeira, para que eu alimentasse a filha. Deixou-me o número do seu celular e o telefone da lanchonete, caso eu precisasse falar com ela. Saiu para trabalhar depois de me beijar agradecida. Eu fiquei assistindo televisão, aproveitando que a bebê estava dormindo. Aí, bateram à porta...
Fiquei indeciso se abria ou não. Mas bateram tão insistentemente que resolvi abrir. Era um negrão embriagado que, ao me ver, ficou muito zangado. Perguntou por Ana e eu disse que tinha ido trabalhar. Aí ele perguntou pela filha dele. Saquei logo que era o pai fujão. Quis o endereço do trabalho da garçonete, mas eu me neguei a dar. Não estava autorizado a isso. Ele insistiu e eu voltei a negar. Tivemos uma discussão calorosa. Não voltei atrás. Para o meu espanto, ele desabou num choro convulsivo. Entre soluços, disse estar arrependido de ter largado as duas e queria voltar. Fugira antes por estar desempregado e sem condições de sustentar a mulher e a filha. Mas pensou melhor e viu que estava agindo errado. Procurou e encontrou emprego. Quando assinaram sua carteira, viu que tinha condições de voltar.
Fiquei emocionado com a sinceridade que ele demonstrava e liguei para Ana. Contei o que estava acontecendo. Ela pediu-me para dizer a ele que esperasse, pois ela estava se demitindo da lanchonete e voltando para casa. Dei o recado. Ele abraçou-se a mim e me beijou nas faces, com aquele fedor de cachaça. Aí pensei na repulsa que deviam ter de mim quando eu ficava de porre, fedendo a bebida. Esperei Ana chegar e saí sem me despedir dos dois, deixando-os aos beijos, radiantes de felicidade. Jurei que não iria mais beber. Mas quebrei minha promessa logo assim que achei o primeiro bar aberto. A noite ainda era uma criança...
Tomei duas doses duplas de Campari e saí do bar. Era um ambiente gay. Não me senti bem com os olhares a mim direcionados. Um deles chegou a me piscar o olho, e isso apressou a minha saída. Peguei um táxi querendo sair logo Dalí. Era um bairro que eu não conhecia, então preferi ir mais para perto de casa. Foi quando passei em frente à delegacia onde deveria ter ido dar meu depoimento à sargento Simone que tive a idéia. Procuraria pelo sargento, namorado dela, mostrando a foto do casal. Desci no primeiro bar que encontrei próximo ao prédio da delegacia. Estava lotado de policiais. Não havia uma única mesa desocupada. Em algumas, havia policiais à paisana tomando umas geladas. Em outras, representantes da lei fardados, tomando refrigerantes ou água mineral. Num canto, havia uma policial fardada tomando um suco e lendo um livro. Tinha três cadeiras sobrando em sua mesa. Perguntei se podia ocupar uma delas. Sem tirar os olhos do livro, disse que eu podia levar a cadeira. Pedi para dividir a mesa consigo. Ela me respondeu que, se quisesse companhia, estaria sentada junto com os outros...
Pedi desculpas por perturbar a sua leitura e fiz menção de sair de perto. Aí ela fechou o livro que lia e olhou finalmente para mim. Percebendo que eu não era policial, pediu desculpas pela grosseria e convidou-me a sentar. Titubeei um pouco, mas aceitei o convite. Curiosa, perguntou-me o que eu estava fazendo num bar frequentado exclusivamente por policiais. Respondi que procurava um amigo que há muito não via, e mostrei a foto que tirei do envelope, apontando o namorado de Brigite. Ela esteve alguns segundos olhando a foto, depois deu de ombros. Disse não reconhecer o cara. Talvez fosse de outra delegacia. Mas pareceu reconhecer Brigite. Disse que já a vira em algum lugar. Eu falei que ela era modelo. Aí ela olhou mais detidamente para o meu rosto. Reconheceu-me como Felipe Marques, jornalista. Disse que sempre acompanhava minhas reportagens na TV. Pediu meu autógrafo no livro que estava lendo. Fez questão de dizer que eu era mais bonito pessoalmente...
Agradeci o elogio e peguei o livro que ela me dava para que eu autografasse. Olhei a capa e percebi ser de autoria de Angelo Tomasini, meu amigo poeta e escritor. Disse isso, então ela quis fazer um acordo comigo. Acharia o policial da foto e eu pediria ao Angelo para autografar seu livro, quando o encontrasse. Selamos nosso trato com um efusivo aperto de mãos. Eu lhe dei meu cartão de visitas e ela anotou para mim o seu telefone em uma folha de guardanapo, para eu avisar quando encontrasse com o poeta, de modo a ela me trazer o livro para ser autografado. Guardei o papel no bolso e ela levantou-se para ir embora. Acabara seu intervalo e iria fazer sua última ronda noturna. Eu disse que iria ficar mais um pouco e ela prometeu tomar uma cerveja comigo, caso eu estivesse ainda no bar quando ela largasse. Pediu-me a foto com o casal e eu dei, apesar de relutante. Não queria correr o risco de perder a única foto que eu tinha de minha amada. Mas resolvi confiar na policial. Tarsila foi o nome que me deu escrito no pedaço de papel. Foi embora, prometendo voltar...
Quando retornou, sem a farda, eu nem a reconheci. Estava com os negros cabelos soltos e parecia ter passado em casa antes de vir até mim. Cheirava deliciosamente a sabonete feminino, denotando ter tomado um demorado banho. Vestia uma blusa de malha cinza médio e uma calça em jeans que ressaltava bem suas formas. Era alta e de pernas longas e bem feitas, mas olhei imediatamente para sua saliência entre as pernas. Não tinha capô de fusca. Suspirei decepcionado. Depois é que olhei para o seu rosto. Muito bonito, apesar do excesso de maquiagem. Sempre gostei de mulheres mais ao natural, sem sombras nos olhos e sem batom. Fez-me lembrar novamente Brigite, que se vestia com simplicidade e não se pintava, a menos que estivesse desfilando. Tarsila ignorou os assovios dados pelos clientes que estavam no bar e sentou-se junto de mim sorridente. Agradeceu meus elogios à sua beleza e pediu uma cerveja. Depois, tirou a foto de dentro da bolsa que tinha ao colo...
Assim que o dono do bar, que portava uma arma na cintura, encheu seu copo devagar, evitando fazer espuma, tomou um longo gole e estalou os lábios em sinal de aprovação pela bebida geladíssima. Então, foi direto ao assunto. Apontou o namorado de Brigite e disse que o cara não havia sido reconhecido pelos policiais a quem mostrou a foto. Olhou direto nos meus olhos e pediu-me para contar aquela história direito. Indagou por que eu mentira, dizendo que ele era da polícia. Perguntou-me, desconfiada, qual o verdadeiro motivo de eu estar procurando por ele. Confessei ter mentido, mas inventei que estava ajudando a policial Simone numa investigação. Ela conhecia a sargento. Mas parecia não saber do seu assassinato. Perguntei pela policial e ela gritou para todos do bar, querendo saber quem a tinha visto naquele dia. Alguém respondeu que fazia uns três dias que ela não aparecia na delegacia. Fiquei tenso, sem saber se poderia me abrir com Tarsila. Mas era tarde demais para isso. Ela já cismara que eu escondia algo. Era melhor ser sincero com ela. Mostrei-lhe as fotos que eu tinha no envelope e ela gelou. Pegou-me pela mão, gritou para o dono do bar que depois acertava nossas contas e me tirou dali.
Entramos em seu carro, um Fiat Uno preto, que estava estacionado na frente do bar. Acendeu a luzinha interna e olhou mais uma vez para as fotos da sargento Simone com um tiro na testa. Perguntou como eu as tinha conseguido. Contei toda a história desde o começo. Ela esteve pensativa por alguns momentos e depois me olhou bem dentro dos olhos. Deve ter percebido que eu dizia a verdade, pois me disse que eu estava numa grande encrenca. Assim que o pessoal soubesse que uma policial fora morta, minha vida iria se tornar um inferno. Todos iriam querer me pressionar a eu cuspir tudo que eu sabia, ávidos por vingar a colega de trabalho. Fez uma ligação do seu celular e saiu do carro, me pedindo para eu esperar. Conversou por um longo tempo com alguém, mas não ouvi o que dizia, pois ela estava um pouco distante e falava baixinho. Depois entrou novamente no carro e fez manobras para sair do estacionamento. Dez minutos após, paramos numa praça bem iluminada e sentamos num dos bancos. Pouco depois, estacionaram um carro bem atrás do dela. Dele, desceu um senhor nada amistoso. Ela o apresentou como o delegado Vargas, seu chefe. Ele resmungou-me alguma coisa e pediu-me as fotos. Deu uma olhada demorada nelas, repassando-as várias vezes, e pediu que eu repetisse a história contada para a policial Tarsila. Fiz isso.
Vargas pediu-me para que eu não publicasse nada, por enquanto. Eu não mencionei ter deixado de ir trabalhar já havia alguns dias, e que decerto estaria demitido. Concordei em guardar segredo sobre o assassinato da sargento. Ele afastou-se com a policial Tarsila e estiveram conversando por um instante. Deu-lhe algumas instruções e foi embora, sem nem mesmo se despedir de mim. Tarsila desculpou-se por ele e perguntou onde eu morava. Queria dar uma olhada em meu apartamento. Fomos juntos para lá. Ela ficou fuçando minhas coisas enquanto eu me servia de uma dose tripla de Campari. Recusou-se a beber. Disse que estava novamente de serviço, e não bebia enquanto trabalhava. Dei de ombros e tomei a dose de um só gole. Peguei meu laptop e abri meu correio eletrônico, só para passar o tempo. Ela abriu meu aparelho telefônico e esteve olhando dentro dele. Depois, ligou para a delegacia e pediu alguém para instalar uma escuta telefônica. Com menos de quinze minutos, alguém bateu na minha porta e ela mesma foi abrir. Entrou um cara, que esteve mexendo no meu telefone e depois foi embora. Ela agradeceu com um beijo no rosto, antes de ele sair, e o cara seguiu sorridente. Só então ela sentou no sofá, ao meu lado, e pediu para que eu lhe servisse uma dose.
A policial Tarsila ficou o tempo todo absorta, e eu não me atrevi a interromper seu silêncio. Finalmente, indagou onde podia se deitar, pois passaria a noite a esperar um novo telefonema do assassino. Perguntou-me se eu me importaria de ela passar uns dias no meu apartamento, à espera de novo contato, e eu lhe ofereci a minha cama. Eu dormiria no sofá. Ela agradeceu-me pela generosidade e entrou no meu quarto. De lá, disse que iria deixar a porta aberta e que eu a chamasse, caso recebesse algum telefonema. Mas não atendesse sem que ela estivesse ao meu lado. Concordei. Então ela tirou a roupa, sem se importar que eu estivesse olhando. Seu corpo esguio era lindo. Deu-me um tesão imediato. Deixou as roupas largadas no chão e caminhou até a suíte, desaparecendo do meu campo visual. Voltei minha atenção para o laptop e resolvi escrever algo erótico para enviar para o meu amigo Angelo. Quem sabe ele me indicaria um dos seus amigos escritores, mostrando meus escritos a eles, como combinamos dias antes?
“O corpo esguio tinha cheiro de pólvora. Meu sexo estava a ponto de bala. Sua cartucheira estava úmida e escorregadia, permitindo meu cano entrar e sair com grande rapidez e eficiência. Ela gemia, como se tivesse sido alvejada por um petardo. O líquido branco derramava-se, como se tivesse sido atingida mortalmente na vagina. Calibrei minha arma e pressionei o cano com mais força, intimando-a ao primeiro orgasmo. Ela teve uma crise espasmódica e pensei que fosse morrer. Mesmo assim, disparei várias vezes bem dentro da gruta escura e quente. Acompanhei uníssono seus estertores. Ela abraçou-me com as pernas, como se quisesse sugar o último suspiro de mim. Atirei novamente, até gastar toda a minha munição. Então, quem morreu fui eu...”
Quando me preparava para enviar esse e os outros textos que selecionara para meu amigo Angelo, uma mão tocou o meu ombro. Senti a maciez do toque e o cheiro de sabonete, mas desta vez era o que eu usava. Abraçou-se ao meu pescoço, por trás de mim, e esticou-se para ler o texto que eu acabara de escrever. Dizendo-se excitada, beijou-me a orelha e tremulou sua língua dentro, me causando um imediato arrepio. Confessou-me ser tarada por sexo e leitora assídua de contos eróticos na Net, que lia para se masturbar. Adorou saber que eu também os escrevia. Aí lembrei que o título do livro que ela estava lendo, do meu amigo Angelo, era bem erótico. Então ela rodeou o sofá e sentou-se em minhas pernas, afastando o laptop. Ofereceu-me o seio direito e eu disse que preferia o esquerdo. Nele, ainda restava o cheiro do seu próprio sabonete, mais feminino. Ela riu gostosamente e fez a minha vontade. Percebi as cicatrizes nas mamas, indicando que ela fizera redução delas. Imaginei-a de seios fartos e achei que ficaram melhores após a cirurgia. Suguei os mamilos rosados e durinhos, arrancando gemidos extasiados. Ela apalpava-me como se me revistasse. Achou, finalmente, meu cano grosso. Apontou-o para a sua vulva e levantou os braços, se fazendo de rendida. Mesmo assim, travamos uma intensa luta à mão armada. Ela, engatilhando seu botão derradeiro, salivando-o com o próprio dedo. Eu atacava de arma branca, fincando-lhe minha espada na vagina. Ela quis ser morta à traição, virando-se de costas. Atirei todo o meu grosso calibre. Ela tombou de cima de mim e se esparramou no chão. Cobri seu corpo com o meu...
FIM DA SEXTA PARTE