Meu coração estava acelerado, não podia acreditar. Depois de tanto tempo eu não sabia se ouvir aquela voz me fazia bem ou se me fazia mergulhar num mar de tristeza.
-Oi..mãe! Eu estava emocionado.
-Meu filho! Ela começou a chorar e eu também. Ficamos assim por alguns minutos, um ouvindo o choro do outro.
-Me perdoa filho! Por tudo o que te aconteceu, por eu ter demorado tanto tempo pra te procurar, por ter sido um estúpida e ter deixado seu pai fazer o que fez com você, por não te apoiado e por não ter sido uma mãe presente em quem você pudesse confiar e se abrir. Ela chorava muito.
-Mãe..eu não sei o que te dizer! Eu to muito magoado, triste, humilhado enfim..eu to com saudade mãe! Comecei a chorar compulsivamente.
-Como você ta? Você ta bem? Ta estudando? Trabalhando?
E agora? Eu não podia e nem tinha coragem de dizer toda a verdade. Como eu poderia dizer a minha mãe que tinha virado amante de um policial e que era sustentado por ele? Embora eu gostasse do Machado eu sabia que o que eu fazia era errado e tinha vergonha disso.
-Eu to trabalhando numa boate nos finais de semana e continuo fazendo minha faculdade. O pai da Leda conseguiu uma bolsa pra mim. Não podia dizer a verdade, não agora.
-Volta pra casa filho! Seu pai ta arrependido, ele também sente sua falta. Ele e o Carlos. Nessa hora meu coração gelou, ela nem suspeitava do que tinha acontecido entre mim e o Carlos.
-Então por quê ele não me ligou? Por quê ele não me procurou? Ele me humilhou, me jogou na rua..eu ainda to muito magoado, ainda to me acostumando com a minha nova vida, foram mudanças..
-Tudo bem..eu não vou te atormentar mais, já está tarde. Posso te ligar amanhã?
-Pode sim mãe! Eu vou adorar.
-Até amanhã filho! E desligamos. Aquela conversa me abalou muito, tanto tempo sem falar com meus pais me matava e falar assim com minha mãe me emocionou muito. Não consegui mais dormir levantei e fui pra sala, cheguei na sala e me assustei, Machado estava sentado no sofá vendo TV.
-Ue..por quê você não foi pro quarto? Sentei-me ao seu lado.
-Não quis te incomodar e também não estava com sono. Por quê você ta acordado uma hora dessas? Amanhã você tem aula. Machado se importava com os meus estudos, ele era muito exigente e sempre me incentivava a estudar e tirar boas notas.
-Minha mãe acabou de me ligar!
-Sua mãe? Ele me olhou, ele sabia de toda a história - e o que ela queria?
-Está com saudades, me pediu perdão e quer que eu volte pra casa. Sua feição mudou, ele tinha uma cara de raiva.
-Mais você não aceitou né? Ele estava curioso.
-Não! Ele pareceu aliviado - mas eu fiquei tentado, eu morro de saudade dos meus pais, da minha casa, dos meus amigos enfim..de tudo. Mais eu ainda to muito magoado e pra isso acontecer eu teria que ter uma conversa definitiva com o meu pai.
-Você não vai voltar! Ele se levantou e me olhou com uma cara de possessão - você não pode e eu não vou deixar.
-Eu não disse que ia voltar, eu falei que sinto falta do meu lar e dos meus pais, mais se eu quiser voltar nem você nem ninguém pode me impedir, eu volto e pronto. Fiquei irado. Como ela achava que poderia me impedir de rever meus pais.
-Eu não vou deixar, quem manda aqui sou eu, eu sustento essa casa, eu sou o macho aqui! Ele gritou.
-Então esse é o problema! Você que sustenta você que manda né! Eu quero saber qual foi o dia em que eu te pedi alguma coisa? Quando foi que eu te pedi dinheiro? Foi você que quis que eu saísse do trabalho, se o problema é esse querido a gente acaba com essa palhaçada agora, você mete o pé daqui e eu volto a trabalhar e me sustentar. Se você esqueceu a Casa é minha, quem manda sou eu e se você não está satisfeito a porta da Rua e serventia da casa. Eu estava muito transtornado, como ele pôde falar comigo daquele jeito? Eu não era um objeto seu, ele não era meu dono.
-É melhor a gente parar por aqui! Ele se virou pra ir embora - amanhã eu volto. E saiu. Sentei no sofá e comecei a chorar, como eu podia me submeter a esse papel? Suportar todas essas coisas e ainda me envolver com uma pessoa casada, eu não precisava passar por aquilo. Quando olhei no relógio já eram seis da manhã, fui tomar um banho e me arrumar pra ir a aula. Depois da aula Rodrigo veio pra minha casa para estudarmos juntos. Rodrigo era um grande amigo meu, ele namorava Júlia e nós nos dávamos muito bem.
-Tem certeza que eu não vou incomodar Diego? Ele insistia nisso, achava que estaria incomodando.
-Já disse que não garoto! Relaxa. Chegamos em casa sentamos no chão e começamos a estudar, mais brincávamos pois estudar nada. De repente a porta se abre. Era o Machado. Ele nos encarou e foi para o quarto.
-Acho melhor eu ir. Rodrigo se levantou.
-Não precisa, vamos continuar conversando. Não via problema em levar um amigo pra minha casa.
-Acho melhor eu ir! Já ta na minha hora.
-Bom já que você insiste..até amanhã. Nos despedimos e ele foi embora, arrumei a sala, lavei os pratos que tínhamos sujado e voltei a sala. De repente Machado me puxa pelo braço e me prensa na parede.
-Quem era ele? Quem era. Ele gritava e me apertava o rosto, aquilo doía e me assustava.
-Você ta louvo! Me solta, você ta me machucando. Eu tentava me soltar mais era inútil, ele era muito mais forte do que eu.
-Qual é o nome do seu amante? Ta me traindo com ele? Ele me soltou.
-Você é louco! Ele é meu amigo e é namorado da Júlia, como você pode pensar isso de mim..
-Você não me engana. Primeiro vem com aquela história de voltar pra casa, agora me aparece aqui com esse garoto. Me fala, você tem ou não alguma coisa com ele? Seus olhos estavam vermelhos.
-Não! Eu gritei - seu problema é que você traí tanto sua esposa, que tem medo de que o mesmo aconteça com você. Você tinha era que ser traído pra poder sossegar seu facho. Ele arregalou os olhos me encarou por um tempo. De repente ele me deu um tapa na cara, um tapa tão forte que me fez cair em cima de uma mesinha de vidro que se quebrou toda.
-Caraca! Você ta bem? Machado me levantou, meu braço estava cheio de sangue.
-Me solta! Eu me afastei dele - olha o que você me fez, sai daqui!
-Diego, deixa eu te levar num médi..
-Sai daqui! Eu gritei o interrompendo. Ele me olhou mais uma vez e saiu. Eu sentei no chão e chorei, chorei muito, de dor e tristeza. Me levantei e fui para um hospital, levei 15 pontos no meu braço direito. Voltei pra casa andando, chorando, no caminho eu me decidi: ia voltar pra casa. Cheguei no meu apartamento e Machado estava lá, sentado no sofá com a cabeça baixa.
-Você ta bem? Ele estava sem jeito.
-Agora sim! Levei 15 pontos.
-Diego..por favor..desculpa, eu não sei onde eu tava com a cabeça. Ele se aproximou pra me abraçar e eu me afastei.
-Acho melhor você ir pra casa, eu quero ficar sozinho. Eu me virei de costas.
-Não! Eu vou ficar aqui com você. Ele me abraçou, mas eu não retribui ao abraço.
-Eu vou voltar pra casa!
-O quê? Ele se afastou.
-É isso que você ouviu. As férias estão chegando e eu vou pro Rio.
-Você vai voltar né? Ele parecia triste.
-Não sei! Eu estava sendo frio com ele.
-Eu te amo. Ele segurou minha mão - você me ama?
-Eu me amo - respondi- e é por me amar que eu não vou ficar me submetendo a tais situações..
Continua..
Por favor, perdoem minha demora pra postar um novo capítulo. É que eu estava passando por uns problemas familiares, mas agora to de volta.