APODYOPSIS. A Mari sofria disso. Do grego: o ato de despir mentalmente alguém. As vezes era um tormento parar e sentar numa Praça de Alimentação de um Shopping, por exemplo. Ela conseguia imaginar cada pessoa que passava sem roupa. Aquilo a angustiava e a excitava ao mesmo tempo.
Fazia isso com caras que a interessavam fisicamente, claro. Por vezes, esquecia que já havia acabado de comer e que era de bom tom se levantar para dar o lugar a outra pessoa. Observar aqueles homens distraídos e despi-los mentalmente era tão interessante!
– Será que sou uma pervertida incorrigível? – perguntou certa vez ao amigo e confidente de todas as horas chamado carinhosamente de Paulinho.
-Com certeza é. Sem conserto, sem jeito… Uma perdida! – respondeu rindo da sua cara, roubando as últimas batatas fritas do seu prato.
– Para de comer minhas batatas, seu puto! Aquele cara ali…tem maior cara de que tem pegada, né?
– Sério que você quer saber minha opinião sobre a pseudo pegada de um transeunte, Mari?
– Pensei alto… mas que tem, tem!
– Duvido você ir lá e convidar ele para uma foda no estacionamento.
Mari olhou para cara de Paulinho. Mas não olhou de forma assustada. Olhou de forma maliciosa e isso o assustou. Ela de fato achou aquilo uma ótima ideia.
– Meu Deus, eu estava brincando! – falou Paulinho no auge do seu desespero.
– Não seria má ideia… só tenho medo dele ser um maníaco sem escrúpulos.
– Mari… presta atenção aqui em mim, gata. Eu transo com você no estacionamento. Você já me conhece, a gente transa direto. Não surta! Volta para a realidade e vamos tomar um sorvete para acalmar esses ânimos!
Ela obedeceu o amigo, mas fez questão de passar pelo moreno interessante sentado sozinho comendo sushi e bebendo uma cerveja. O sushi parou no meio do caminho e a boca ficou entreaberta quando os olhos se fitaram descaradamente. “Que olhar é esse minha gente?”, pensava o moreno sem conseguir continuar seu almoço oriental. Mari ainda fez questão de sorrir, e olhara para trás sorrindo outra vez para ter certeza que não havia passado despercebida por ele.
– Você não só é uma pervertida incorrigível como não vale um tostão, sabia? – comentou com a sinceridade de um confidente o Paulinho.
– Sabia. Já aconteceu isso com você?
– Isso o que?
– Essa troca de olhar como a minha com o moreno do sushi.
– Já sim.
– E ai?
– E ai nada. Cada um para seu lado e ponto. Uma punheta no fim do dia talvez. Que pergunta sem lógica. Sorvete de que?
– Vou lá dar meu número para ele. Açaí!
– Volta aqui sua doida, não vai se atirar no cara! Filho da puta sortudo!
Mari realmente voltou para dar seu número ao moreno, mas quando chegou novamente ao lugar onde ele estava sentado, um grupo de amigas falantes e super maquiadas já o haviam ocupado.
– Eu sabia que você ia voltar… – falou uma voz baixinha em seu ouvido, por trás.
“Era ele! E era muito mais interessante assim, em pé, de perto”, pensou Mari sem saber se sorria, se sentava, se chamava ele para dividir seu sorvete de Açaí, ou se usava o desafio do Paulinho da rapidinha no estacionamento.
– Você não vai falar nada? Seu nome? Que diabos eu estou querendo contigo? Nada? – quis saber com um leve tom de tensão.
– Você toparia uma loucura de meio de tarde?
– Depende…
– É o seguinte… vou falar logo para não perder a coragem:
Nessa hora viu o Paulinho parado atrás do moreno, com seu sorvete de Açaí na mão e aquela cara dele de “NÃO FAZ ISSO, MARI!”. Percebendo sua mudez e seu olhar por cima de teus ombros, o moreno olhou para trás e perguntou:
– Seu amigo?
– É… o Paulinho.
– Ainda terei minha proposta de loucura, ou desistiu?
– Você é um maníaco que abusa de mulheres? – perguntou numa seriedade comovente.
– Não… Não sou. Sou o Roberto, tenho 33 anos, trabalho num escritório aqui perto, tenho endereço fixo, moro com minha mãe e minha avó. Sim, fui criado por vó. Mas dizem que sou bom de cama. A proposta tem a ver com isso?
– Você é tão perspicaz, Roberto! A propósito, sou a Mari, tenho 25 e também trabalho aqui perto, numa loja. Endereço fixo, moro com o Paulinho e mais uma amiga. A gente não faz managés. As vezes fazemos. Bem, isso é irrelevante.
Ele estava sorrindo curioso e o Paulinho xingando a Mari mentalmente enquanto tomava o sorvete dela.
– Olha, Mari…eu vou ao cinema agora. Como sei que você terá que dar uma atenção ao Paulinho, sugiro que a gente se encontre depois da sessão para continuar esse papo. Que acha?
– Ótimo! Perfeito.
– Até daqui a pouco. E tenta não matar ninguém com esse seu olhar extremamente sexual por ai, tá? As pessoas aqui estão comendo, e podem se engasgar…
O Roberto não devia ser um maníaco, para alívio da Mari que foi caminhando tonta de tesão até o Paulinho, já sem sorvete.
– E ai? Vão transar?
– Vamos. Acho que vamos.
– Voltando para casa de meu ônibus então. Beijo. Se cuide! Ele parece ser bacana, né? – quis saber com certa preocupação.
– Parece sim. Mas eu já o vi conversando com o Thales do quiosque de café. Vou lá dar uma sondada.
E foi. Thales realmente o conhecia. Eram vizinhos. O Roberto era um solteirão daqueles bem típicos, que são interessantes, formados, independentes financeiramente mas que não conseguem por alguma razão sair da barra da saia da mãe. Pronto. Munida de desejo e tranquilidade, era só aguardar o Roberto sair da sessão. Garanto que ele não prestou nenhuma atenção no filme, lembrando das pernas e da cintura marcada da Mari naquela farda nada sensual, mas que nela ficava uma coisa louca. Aposto também que você que está lendo, está pensando: “Meu Deus! Que menina louca! Dar assim para um desconhecido…se atirar para ele do nada!” É. Existem pessoas e pessoas. Pessoas como você, que só leem essa loucura, e pessoas como a Mari, e como o Roberto, que se permitem de vez em quando.
Pois bem.
A Mari o aguardou na frente do cinema e quando ele saiu lá de dentro, ela o agarrou e o beijou como se fossem velhos conhecidos. Ele se deixou levar pois desde a hora que ela passou por ele o deixando boquiaberto com aquele olhar, ele já havia sentido o que ela queria: Sexo. Poderiam até ser amigos, namorados, se casarem e terem 2 filhos depois, mas ali, naquela tarde, ela o queria. Queria seu corpo. Sua pseudo pegada. Sua boca na dela, nos peitos, na virilha, na nuca, nas costas, dizendo “Rebola, vadia!” enquanto a pegava de quatro no banco do fundo. Era isso que ela queria.
E ele? O que queria? Poderia muito bem ter recuado, não ter se importado. Mas ele também a queria. Sentando devagar em seu pau enquanto dizia que era uma loucura tudo aquilo, mas que ela o havia despido mentalmente enquanto passou por sua mesa. E quando o viu de pé também.
– Isso é sério? – quis saber enquanto caminhavam para o estacionamento.
– Muito. Faço isso compulsivamente.
– E abordar os caras para transar no estacionamento também?
– Não. Primeira vez. E acho que única. Loucuras são para serem feitas assim, de forma única.
– Hum…bom!
– Gosta de exclusividade, Beto? – falou passando em sua frente com aquele andar suingado dela.
– Gosto da forma que sua bunda rebola quando você anda.
Ela virou e o beijou de novo. Daqueles beijos que exalam sexo. Alguns carros buzinaram, pessoas os olharam, e eles voltaram a caminhar sem ligar, sem pertencer a nada naquele momento. Eram os dois, ali, doidos para se comerem e ponto.
– No meu carro ou no seu? – Quis saber ele.
– O seu tá nesse piso?
– Não. Tá no de baixo.
– Então no meu. Não vou aguentar descer mais um andar com você me olhando desse jeito.
Caminhavam feito doidos pelo estacionamento. Mari meio que tinha esquecido em que local estacionara, mas logo se lembrou e o puxava pelo braço feito criança. Fez ele entrar no lado do motorista e entrou no carona. Ele fez menção de puxar algum assunto. Ela o calou com sua boca. Sedenta por ele. Ganhou sua língua, também sedenta e molhada.
– Garota… como faz isso, hein? – perguntou colando a boca em seu ouvido e puxando seu cabelo com força.
Maria ia tirando a roupa enquanto isso. A sua e a dele. Ficou completamente nua. Deixou ele de calça, com o zíper aberto. Aquele atrito seria bom. Ela pensava em tudo. “Uma pervertida incorrigível!”. O Paulinho tinha razão. E o Roberto, tesão. Muito. Seu cacete latejava e pulsava tão forte que ele tinha a sensação que poderia gozar com o mínimo contato dela. Fez um esforço tremendo para que isso não acontecesse quando sentiu sua boca quente e úmida engolir seu pau de uma só vez. Ela olhava para ele enquanto ficava de quatro no banco do carona para chupá-lo melhor. Com certeza ela tinha experiência em transar em carros, ele imaginava.
– Como você chupa gostoso, Mari! Mas não continua não, se não a brincadeira acaba. Passa para o fundo vai! Camisinha?
– Porta-luvas. Mas não podemos mesmo demorar. Vai que um segurança acha estranho a gente não ter saído com o carro ainda e…
Ela não teve tempo de concluir a frase. Beto se encaixou nela sem dificuldade, já que ela estava encharcada. Como estava muito excitada, ela sabia que conseguiria gozar também, só precisava de uma mãozinha que nem precisou pedir…O Beto sabia trabalhar com elas. E metia. E tocava. Um monte de palavrões e xingamentos. Suor escorrendo. Um tapa forte na bunda e um “Vou gozar”, porra!” abafado, dito por Mari fizeram ele acelerar o ritmo e gozar horrores logo depois dela.
Se vestiram apressados. Trocaram números e promessas de que se encontrariam logo.
– Preciso te chupar, gostosa! – falou beijando-lhe a testa e saindo do carro.
– Quero que me chupe. – quase sussurrou abrindo o vidro e acenando enquanto ligava o carro.
– E por favor… pare de despir os caras mentalmente por ai… – pediu sabendo que aquilo não seria possível.
Mari Apodyopsis incorrigível. Poderia ser chamada assim sem nenhum problema.