Oi galerinha, tudo bem? Sei que já é tarde, mas com esse feriado de páscoa eu só consegui parar e terminar o conto agora. Peço desculpas pela demora, mas ai vai o segundo episódio de Careful.
Mas antes, gostaria de agradecer muito aos leitores M/A, Geomateus, Danny Fioranzza e BDSP pelos comentários que me motivam a continuar a escrever e aos demais leitores que votaram e leram o primeiro episódio do conto.
Desde já, peço desculpas pelos eventuais erros que possam vir a aparecer e, por favor, comentem! A opinião de vocês sobre o conto é muito importante.
Meio atrasado, mas fazer o que? Feliz páscoa galerinha, tudo de bom para vocês!
Até semana que vem!
Bom, vamos ao conto!
________________________________________________________
Careful. S01E02
________________________________________________________
Enfim era um novo dia. A única coisa que eu ainda não havia reparado logo após acordar é que estava tudo um pouco claro demais. Eu tenho o costume de acordar relativamente cedo, umas 5:30, 6h no máximo. Isso fazia o meu dia render mais e também permitia que eu me arrumasse e tomasse café da manhã com papai. Mas hoje parecia que as coisas seriam diferentes.
Quando me dei conta, reparei que já passavam das 6h, para ser mais exato, eram 6:20. Isso significava que eu teria apenas 10 minutos para me arrumar e tomar café da manhã para conseguir chegar a escola a tempo. Era óbvio que eu não conseguiria fazer isso, mas eu tinha que tentar. Não queria, por nada nesse mundo, chegar atrasado na escola. Seria uma situação estranha e minha entrada atrasada me tornaria o foco de todos os meus futuros colegas de classe, o que poderia não ser uma coisa muito agradável.
Após esses 10 minutos de correria, eu finalmente estava descendo as escadas para tomar o meu café.
- Bom dia, papai! – eu falei, assim que me sentei a mesa.
- Bom dia, meu bê! Dormiu bem? – papai me perguntou e conversamos brevemente enquanto eu tentava comer, o mais rápido possível, o máximo daquelas delícias que a Simone havia preparado para o café, em uma tentativa de chegar cedo à escola. Ele me olhava com uma cara engraçada, como se algo estivesse errado.
- O que foi papai? – eu perguntei, quando aquele pensamento começou a me encucar.
- Nada meu filho, mas você vai assim mesmo para a escola? – papai me perguntou e soltou um risinho.
Foi quando eu me dei conta, eu ainda estava de pijama! Eu tinha certeza que eu tinha levantado àquela hora para me arrumar, tinha certeza absoluta disso! Mas, ao que parece, toda a minha arrumação havia sido um sonho. Sei que isso é esquisito, mas eu era um poço de preguiça, principalmente se eu dormisse pouco como eu dormi na noite passada. Então eu me encontrava mega atrasado agora. Tive que largar aquele banquete para poder ir me arrumar e finalmente ir para a escola.
Para a minha sorte, a minha nova escola era perto de casa, então dava para eu ir a pé, e eram apenas uns 15 minutos que separavam os dois locais. Assim, andando um pouco rápido pelas ruas, eu consegui chegar com um pouco de antecedência.
Eu nunca havia estado ali antes e eu realmente fiquei surpreso! Não parecia com nada daquilo que eu havia encontrado nas minhas pesquisas na internet. Parecia uma escola perfeita! A entrada era um caminho de cimento que possuía diversas árvores espalhadas em dois canteiros, um de cada lado, ao longo da via. Elas juntas formavam um “teto” para o caminho, o que só tornava ele ainda mais incrível! O resto da escola então, sem comentários. Eu não conseguiria descrever tudo que havia ali nem se eu passasse a minha vida inteira morando ali, mas o que eu posso dizer é que haviam 3 edifícios: o principal, o estádio e a piscina. Parecia, nada mais, nada menos, que um sonho!
Acho que eu fiquei muito tempo parado na porta da escola observando aquela imensidão tão bela, pois fui tirado dos meus devaneios pelo som do sinal tocando. “Merda, mau cheguei aqui e já vou me atrasar... (--“) Mas essa escola é tão linda!! (*-----*)”, pensei enquanto me dirigia a sala de aula.
Chegando lá, percebi que era uma sala bem grande, mas que ainda não estava muito cheia, os alunos pareciam um pouco atrasados. Me sentei em um lugar não tão no fundo e nem tão na frente, sempre optei por sentar próximo ao quadro, já que eu sou míope, mas não tão próximo a ponto de sentar na primeira cadeira, e eu também gostava de me sentar próximo a janela, me sentia mais livre assim. Sem contar que, naquela escola na qual a paisagem era maravilhosa, sentar próximo a uma das janelas era mais do que perfeito.
Assim que me sentei, na terceira cadeira da fileira mais próxima a janela, muitos alunos começaram a entrar juntos. Vi ali vários grupos de alunos, eles não pareciam muito diferentes entre si. Devia ser o uniforme que me dava essa ideia.
Logo as aulas começaram e todos se sentaram. Ninguém me observou, pareceu notar a minha presença ou falou comigo. Todos pareciam entretidos demais com seus amigos para prestar atenção em mais alguma coisa ao redor.
Durante as aulas eu descobri que a minha escola possuía um sistema muito interessante de tutoria. Nós não possuíamos recuperação ou qualquer tipo de tempo durante as aulas com um professor para podermos recuperar a nota do trimestre anterior. Nessa escola nós tínhamos tutores, que eram os alunos bolsistas que auxiliavam a turma no processo de aprendizagem, tirando as dúvidas e ajudando nos estudos para que nós pudéssemos ir melhor nas provas. Dessa forma, essas monitorias eram combinadas com os tutores em um horário fora de classe. Esse sistema parecia interessante, uma vez que só iria a tal monitoria aquele aluno que precisasse aprender, e isso facilita muito o aprendizado.
Não que eu achasse que eu iria precisar de ajuda em todas as matérias, mas com certeza eu necessitaria de ajuda em biologia. Desde sempre, enquanto todos pareciam absorver a matéria como se ela fosse água, eu sempre me afogava. Na minha última escola eu tinha um professor particular, ele era muito simpático, era um pouco mais velho que eu só e ele me ajudava bastante. Bem, isso aconteceu até o dia que ele confundiu as coisas e tentou me agarrar a força, mas por sorte o meu pai chegou em casa e ele me soltou e foi embora. Felizmente, nunca mais nos vimos.
As aulas foram ótimas, para a minha sorte, os professores eram ótimos e, na minha opinião, o melhor deles era o professor de design, o Marcus. Tudo bem, eu entendo o questionamento de vocês sobre "Design?". Acho que a única explicação da escola para nos presentear com uma aula dessas (que por sinal estava parecendo que seria a minha preferida) seria a de que os alunos deveriam experimentar de tudo um pouco. Mas, bem, o Marcus parecia ser o homem ideal. Ele é alto, não que isso seja difícil quando comparado a mim. Ele tem 1,75m, magro mas com o corpo em forma, cabelos e olhos castanhos escuros, cabelo liso e era moreno. Na minha ideia de "homem perfeito" ele se encaixaria perfeitamente. E, para melhorar, ele era super-mega-ultra-hiper-simpático, inteligente e criativo.
A aula dele foi a que, infelizmente, passou mais rápido. Essa era a última aula antes do intervalo. Eu já estava morto de fome de novo, acho que meu metabolismo é muito acelerado, não sei. Mas antes de descer para o lanche, eu precisava ir ao banheiro. E essa foi uma das piores decisões da minha vida. Eu podia ir no banheiro outra hora, não podia? Mas eu tive que escolher aquela hora.
Eu estava me dirigindo ao banheiro, quando eu vi que havia um grupo de alunos, de algum ano superior ao meu, parados no caminho. Eu tentei passar por eles sem ser notado, mas eu acho que não deu muito certo. Enquanto eu caminhava, eu estava tão focado em parecer invisível ao grupo que não percebi quando um deles que saía do banheiro e ia em direção ao grupo colocou o pé na minha frente e eu cai.
Mas não foi uma queda qualquer, foi uma queda que possivelmente entrou para a história. Eu cai literalmente de cara no chão. A única coisa que eu me lembro antes de tudo ficar escuro é que todos os alunos que estavam no corredor riram de mim, sem nenhuma exceção.
.
Algum tempo depois, eu finalmente acordei. Estava um pouco tonto ainda mas reparei que estava deitado em uma cama, no que parecia ser a enfermaria da escola, e que era um ambiente claro, com alguns armários com medicamentos e outros produtos e que havia uma porta e uma janela. Pela janela eu conseguia avistar o meu pai conversando com uma senhora, provavelmente a enfermeira. As imagens das pessoas rindo de mim não saiam da minha cabeça, era muito triste passar por isso de novo e me peguei chorando um pouco, abraçando as minhas pernas.
Logo a enfermeira entrou no quarto e veio falar comigo.
- Não fique assim... - pediu ela se referindo ao meu choro - Você deu bastante sorte, mocinho! Se aquele bolsista não tivesse te trazido para cá logo, a tempo de eu dar uma olhada no seu nariz, você provavelmente teria sangrado muito mais. - ela me contou. O tom condescendente dela era notório ao falar "bolsista". Eu não entendi ao certo o motivo, mas foi inevitável não perceber.
- E-eu... Eu vou tentar. - falei enquanto soluçava um pouco.
- Assim eu espero. - falou meu pai, que entrou logo após a mulher. - Aquele bolsista não vai mais te fazer mau, ta bom meu bebê? O que ele fez com o meu bê? - perguntou o meu pai para a enfermeira.
Eu fiquei um pouco chocado e triste, nunca havia visto meu pai tomar um posicionamento como aquele, se posicionando de forma superior a alguém. Mas acredito que ele só estivesse muito preocupado. Nunca havia passado por situação semelhante, pelo menos não com o meu pai ali tão perto. Para ele estar ali, ele provavelmente não possuía nenhum compromisso pela manhã, pois senão teria enviado algum assistente, como aconteceu em outras vezes, ou, talvez, a própria Simone. Fiquei feliz em saber que ele estava ali por mim. Naquele momento, a única coisa que eu queria era o abraço e o carinho do meu papai.
- Eu não sei. - disse a enfermeira. - Meu doce, você está se sentindo bem o suficiente para nos contar o que houve? - perguntou a enfermeira, sempre muito doce, se dirigindo a mim.
- Eu não sei ao certo. - falei depois de um breve momento, já estava me sentindo melhor. - eu estava indo para o banheiro e tinha um grupo de garotos mais velhos no caminho e eu estava tentando não chamar atenção deles pra mim e um menino que ta-tava saindo do banheiro, indo em direção ao grupo, colocou o pé no chão e eu cai... e-e todos ficaram rindo de mim - consegui terminar por fim, voltando a chorar.
- Não chora meu filhão, vai ficar tudo bem, papai ta aqui! - falava o meu pai tentando me animar e me abraçando, mas claramente isso não estava funcionando.
- Então o bolsista não tem nada a ver com isso? Ele só te trouxe aqui? - ela perguntou.
- N-não sei... - eu falava entre os soluços do meu choro. - Eu acho que desmaiei quando cai.
Assim que eu falei isso, meu pai se desesperou e quis me levar ao médico. Qualquer coisinha que acontecia comigo ele já ficava preocupado. Um dia, quando eu tinha uns 4 ou 5 anos, eu estava num parquinho próximo a nossa casa na cidade que a gente morava na época. Eu estava brincando com um cachorro de rua, mesmo meu pai tendo falado milhões de vezes que era perigoso, que eles tinham muitas doenças, que eram bravos e etc. Mas aquele parecia uma bolinha de pelos, uma bolinha um pouco suja, mas era uma bolinha de pelos linda (*---*). Enquanto eu fazia carinho nele, meu pai se virou para conversar com um conhecido. Essa pequena distração foi o suficiente para que o cão me mordesse. Não foi nada muito grave, mas isso me custou uma tarde inteira no hospital tomando vacinas e fazendo exames até meu pai acreditar que eu estava bem e me levar para tomar sorvete, coisa que eu amava de paixão.
Ele sempre foi um pai coruja. Fico imaginando como será se um dia eu começar a namorar. Sei que essa possibilidade é próxima de um número negativo, mas, como dizem por ai, a esperança é a última que morre.
Ao sair da sala da enfermaria, com o meu pai, eu reparei que havia um garoto muito bonito sentado em uma cadeira. Ele parecia muito alto, eu daria uns 1,85m para ele. Ele tinha um porte de nadador, ombros largos e braços musculosos, mas não completamente definidos. Ele tinha cabelos castanhos claro lisos, mas não estavam penteados, estavam bagunçados, o que dava um ar de rebelde para o menino. Ele estava com a cabeça abaixada e parecia portar um semblante preocupado e triste. Assim que passamos por ele a enfermeira comentou.
- Está dispensado, Frederico. - ela disse, rudemente, enquanto ele levantava o rosto e a observava. - O senhor Bernardo e seu pai não vão prestar nenhuma queixa com relação a você.
Enquanto ela falava, eu os observava enquanto caminhava com o meu pai para fora da escola, rumo ao hospital para uma série de exames. Logo após a enfermeira terminar de falar ele olhou para nós e nossos olhares se encontraram e foi ai que eu vi o par de olhos verdes mais lindos e profundos que eu poderia imaginar. Enquanto me olhava, ele me cumprimentou com um leve aceno de cabeça e eu pude ler em seus lábios "Obrigado!" e ver que aquele semblante triste e preocupado havia sido substituído por um de felicidade e eu não conseguia parar de pensar que ele estava feliz por eu estar bem, na medida do possível, mas bem.
E foi quando eu reparei, eu estava prendendo o ar por todo o tempo em que nossos olhares se encontraramPara aqueles que desejam, aqui está o email do conto. Sintam-se livres para me contatar por lá, se assim desejarem!
careful.conto@outlook.com