"Era suave. Era intenso. Era perfeito. Era o que ele precisava. Era tranquilo. Era singelo. Era o sonho. Era calmo. Era reconfortante. Eram reconfortantes. Era uma sensação que a tempos sentia falta. Era acalentador. Era o que faltava. Era mágico. Era a solução. Era."
Dormir nunca foi tão quisto por Kevin. Suas pálpebras pesavam sobre seus olhos cansados de chorar e de ficarem abertos, em alerta para qualquer novo problema. Jack continuava conversando com o amigo, segurando em sua mão com e acariciando seus cabelos com a outra. Aquilo relaxava o corpo do órfão, fazia-o se sentir seguro. Jack estava ali para o proteger. O ator entrelaçava os dedos aos dele, movia o polegar desde as costas de sua mão até a a unha do indicador. Esse toque só não era mais espetacular que o dos dedos perdidos entre seu cabelo, massageando sua cabeça, brincando com alguns fios enroscando-os, enfim, fazendo com que o patinador esquecesse por alguns minutos que seu mundo estava desabando, ou melhor, tomando aquele fardo que perseguia o atleta e livrando-se dele ou o carregando por ele. Sem essa pressão toda, Kevin, finalmente, conseguiu dormir.
Eram reconfortantes. Poder dormir depois de dois em claro, preocupado com o estado do pai, internado num estado diferente e não podendo estar com ele naqueles últimos minutos; consolando sua mãe naquele momento inconsolável; sendo forte, quando queria ser fraco, quando queria ser consolado. E a voz de Jack, bem próxima a seu ouvido, tirando ele do mar de escuridão que o assolava, mostrando o lado bom da vida, o sorriso, aliás, fazendo ele sentir o lado bom da vida, o sorriso. Morte, culpa, consolo, forte, fraco, preocupação, enterro, mãe, fim, trabalho, vida, pai. A voz de Kevin tirava um a um de sua mente, libertava-o de maus pensamentos, de todos os pensamentos. Sua mente estava clara, em branco, pronta para se entregar ao sono. Nada melhor que dormir abraçado e ouvindo aquela voz que conquistava o mundo das artes e seu coração.
Jack contava uma história de quando fez uma cena que não conseguia sair do papel. Mesmo que ele tivesse se dedicado tanto tempo para fazer a cena, a caracterização do parceiro de cena, soltando-se do corpo dele, não o deixava concentrar. Era no início da carreira. Jack fazia vozes diferentes, engraçadas, tirava algumas gargalhadas do amigo. Depois contou um pouco sobre sua cidade natal, suas brincadeiras, suas aventuras. Percebeu que o atleta havia dormido depois de algum tempo e sorriu. Manteve sua mão presa à dele, sua movendo apenas os dedos na cabeça do patinador, e escorou seu queixo levemente em sua cabeça, beijou duas ou três vezes seu cabelo, sentiu seu cheiro, ficou fascinado com a leveza que seu corpo transpassava, em como ele se entregava ao seu carinho, em como ele confiava em sua presença, em como ele permitia ser tocado, em como ele mostrava que precisava de Jack. Este, por sua vez, queria a qualquer custo ajudá-lo, dá-lhe felicidade, nem que fosse por alguns minutos.
Ainda que o corpo de Kevin estivesse próximo ao de Jack, e que Jack gostasse disso, ele não permitia deixar o seu garotinho dormir numa posição desconfortável daquelas. Prezando pelo seu bem estar, o ator, relutante, soltou a mão dele, passando-a por trás de sua cabeça e junto a outra, seguraram-na. Ergueu seu corpo com cuidado para não despertá-lo, girou-o, ficando por cima dele e o pôs sobre a cama. Kevin ficou de lado, com o corpo um pouco curvado, uma das mãos viradas para baixo e a outra para cima, aberta, como num convite para ser pega. Jack deitou-se de frente pra ele e voltou a velar seu sono. Impulsivamente, voltou a pegar a mão do atleta e levou a outra ao cabelo dele, ajeitando a bagunça que fizera antes. Punha alguns fios atrás da orelha do dorminhoco e seguia com sua mão até o final de suas mechas, perto do pescoço. Voltava com a mão desarrumando novamente e tornava a levá-la reparando a algazarra feita.
-Por que você me deixa tão besta? -sussurrava o ator- Por que eu quero estar a todo tempo com você? -a mão estava agora em sua testa- Sabia que eu queria te abraçar bem forte agora? Te deitar sobre meu peito e não deixar mais sair. -uma lágrima molhava o sorriso de Jack- Por que você tinha que fazer isso comigo, hein? -olhava para sua mão- Por que tinha que me laçar? -beijava a mão presa a ele- Tá vendo como me deixa bobo? Tô sussurrando enquanto te vejo dormir. -ria olhando para sua face novamente- E pelo jeito ainda não sei criar um roteiro -riu. Ficou sério e voltou a confessar- Você não tem cópia.
Jack sentia duas sensações completamente opostas. Era tão bom estar perto de Kevin, a poucos centímetros, vendo ele dormir, poder unir suas mãos. Era tão revoltante estar perto de Kevin, e não poder grudar seu corpo ao dele, sentir e passar calor ao dele, passear as mãos pelas suas costas, beijar sua face, sentir seus lábios, sua respiração quente me seu peito, apertar seu corpo ao dele prendendo-o para si. Contentar-se em consolá-lo de longe, mesmo que a menos de um metro de distância o revirava a cabeça. O que tranquilizava suas vontades era a paz que seu novo amigo demonstrava naquele sonho.
Tanta vontade de ter Kevin para si, fazia o aprendiz se lembrar da cena da cozinha algumas horas atrás. Como ele não aproveitou aquele momento? Era sua chance de sentir aqueles lábios colados ao seu, o gosto daquela boca, a maciez, invadi-la e se deixar invadir pela sua língua. Subir sua mão, que estava em seu pescoço, ao cabelo, apertando-a para mais perto da boca dele. Poder descobrir as costas dele com a outra mão. Beijá-lo de pé ou continuar agachado mesmo, não importava, só queria isso, um ósculo, uma chance de ter Kevin em seus braços. Não como uma cena de filme, não como uma cena de teatro, mas puramente real. Nada mais que real. Sentir a emoção fluir em seus corpos, em seus tatos, dominar seus corações. Como não podia, Jack aproveitava o que lhe era permitido. Acariciava o cabelo de seu garotinho com intensidade e suavemente apertava sua mão. Se era assim que podia ter Kevin para si, não desperdiçaria o momento.
O patinador estava dormindo tranquilamente, respirando suavemente, enfim, conseguindo descansar. No entanto, o vazio que cobria seu repouso sem sonho, era invadindo por um show de imagens que ele viveu ou sua mente criava. Começou bem. Não se sabe se é por que ele havia pensado nisso o dia todo, ou se por acaso mesmo, o fato é que Kevin sonhava com o quase-beijo que teve a pouco tempo. Aquele toque, parecia ser tão real no sonho, o rosto de Jack a meia-régua do seu. Cada marca era mais viva, sua expressão era mais presente, seu cheiro invadia-lhe as narinas, mas sua boca o vidrava. E a pouco ela seria dele. Por que ele não deu um leve selinho, ao menos, antes de se levantar para atender a porta? Por que não se atracou a ele quando estava velando seu sono? Por que não o beijou quando estavam abraçados, de lado, sobre a cama? Sua mente fazia questão de reproduzir aquelas cenas. Fazia questão de o dar a sensação de ter beijado aquele homem. Um beijo calmo, apaixonado, movimentando-se vagarosamente, deixando a língua dele explorar o interior de sua boca, enquanto seus dentes mordiam levemente os lábios dele, permitindo seus olhos se fecharem e sentirem, junto a seu corpo, apenas o prazer do momento. Ao abrir os olhos de novo, não tinha Jack mais à sua frente, nem beijava, via um precipício e alguém à beira dele, era seu pai. O rosto dele era de reprovação, balançava da esquerda para a direita e contrariamente. Kevin caminhava até ele, que, por sua vez, afastava-se da presença do filho, andando de costas. "PAAAAIIII!!!" Foi só o que ele pode gritar quando seu progenitor caiu abismo. Kevin correu para o local e inconsolável, berrou pelo pai.
Jack estava assustado, de repente seu amigo começava a se debater na cama, sua testa suava, assim como sua mão. Estava tendo um pesadelo. O ator, tentava acalmá-lo como podia, mas parecia inútil. Tocou o ombro dele e tentou acordá-lo, mas foi em vão. Kevin continuava se movendo na cama, como se tivesse lutando, ou se defendendo. Alguns gemidos saíam de sua boca, agonizantes, perturbadores, algo como "PAAAA..." "NÃÃÃ...".
Finalmente ele abriu os olhos e viu Jack preocupado com seu estado. Após isso, um aperto dominou seu coração e ele gritou. Junto ao grito, as dores, vieram as lágrimas. Kevin estava desesperado. Dava socos na cama, puxava seu cabelo, gritava inda mais alto. Doía demais. Não conseguia suportar aquela aflição calado. Os gritos amenizavam, talvez 10% do sofrimento, mas ajudavam. Ele sofria sozinho. O peso havia voltado. A respiração começava a falhar pelo fato do desespero fazê-lo gritar. As lágrimas ensopam seu lado da cama e saíam de seus olhos sem qualquer aviso. Ele havia perdido o pai, Pior que isso, ele não poderia se desculpar com seu pai. Mais um grito. A cena da briga fútil vinha-lhe à cabeça. Vários gritos em sequência. Dor. Angústia. Aflição. Sofrimento. Kevin.
O ator não conseguia ver aquilo e não fazer nada. Agonizado e compreensivo, ele agarrou o garotinho, apertando-o com força, fazendo a cabeça dele ficar na altura de seu peito, molhando toda a sua camisa de lágrima e suor. Suas mãos cruzavam as costas dele e passeavam por ela, confortando o coitado. Jack tentava dividir a dor com ele, retirar um pouco do fardo que Kevin carregava consigo e, naquele abraço, ele conseguia isso. A primeira vitória foi quando o patinador parou de gritar e apenas soluçava em seu peito.
-Ei, ei, ei, ei, tudo bem. Eu estou aqui. Já passou, eu estou aqui. Vai ficar tudo bem. Eu estou aqui com você. -dizia em seu ouvido, a fim de o acalmar- Fica calmo, foi só um sonho. Já passou. Eu estou aqui -beijava seu cabelo e o apertava ainda mais.
Kevin permanecia chorando, abalado, porém, mais calmo. Era notório que a cada instante que estavam juntos, Jack conseguia o tranquilizar. Os gritos dele fizeram com que sua mãe, que havia acabado de chegar do local do funeral, apavorasse-se e corresse para o quarto onde estavam. Ela abriu a porta de uma vez e já ia gritando quando viu uma cena que a trazia paz. Jack envolvia seu filho em seus braços, cuidava dele, abafava e acalmava seu choro, consolava-o com suas mãos que passeavam pelas costas, ou com beijos em seu cabelo, ou os dizeres de "vai ficar tudo bem". Ela via o sofrimento nos olhos de seu filho por ter perdido de seu pai pela primeira vez, via que ele tentava ser forte, tentava segurar o peso que aquela tragédia trazia, quando era ele que precisava ser ajudado e acalentado. Contudo, ela via esperança de que essa dor passasse ou amenizasse, através da atitude de Jack. Em seus braços, seu filho parecia estar seguro, ele tinha paz. Jack era a pessoa certa para o ajudar. Para estar com ele.
Kathy sabia que seu filho era gay, assim como seu marido Joseph. Kevin era seu maior orgulho, por ter superado todas as adversidades e conquistar seu sonho, não era seu desejo ou interesse sexual que iria o separar dela. O fato desencadeou várias brigas entre pai e filho, mas como o amor entre eles era incondicional, aos poucos ambos voltaram a se falar e a serem uma família de verdade. Kathy só queria ver seu filho feliz. Trabalhou por 4 anos numa mobiliária com o único motivo de manter seu filho na busca de seu sonho. Ao ver a cena se desenrolando a sua frente, Kevin se acalmando nos braços de Jack, o coração dela voltava ao normal. "Ele está bem". Antes de sair do quarto, seus olhos se cruzaram com os assustados de Jack e ela abriu um sorriso de canto de rosto, balançou a a cabeça positivamente e agradeceu pelo cuidado dele para com o patinador.
Fora do quarto foi sua vez de chorar. Sua mão esquerda tapava sua boca que gemia, demonstrando seu sofrimento. Abriu a porta de seu quarto e se jogou contra a cama, agonizando a falta de seu marido. Como seria dali pra frente? O que faria sem ele? Era casada com Joseph faziam 31 anos e ainda o amava como na adolescência dos anos 80. Os dois discutiam mais que gato e rato, mas não passavam cinco minutos sem trocarem uma carícia. Às vezes o excesso de beijo e abraços era o motivo das farpas. Realmente não dava para imaginar como seguiria sem ele, sem seu sorriso, sua raiva, seu jeito turrão, seu jeito romântico, seu corpo um pouco acima do peso, seu rosto incrivelmente lindo com algumas cicatrizes de aventuras. No entanto, ela tinha que tentar, por si, por Kevin, por ele.
A cabeça do patinador ainda estava sobre o peito do ator, mas ele não chorava. Outra vez Jack estava com ele e o tranquilizava. Uma das mãos de Kevin estava presa entre seu tórax e o corpo de seu amigo e a outra estava na cintura de seu consolador. Mais calmo, Kevin conseguia perceber o cheiro de Jack, sua essência. Podia sentir seu corpo bem colado ao seu. Podia tocá-lo, aliás estava o apalpando. Os dedos da mão presa entre eles começavam a se mexer suavemente por cima dos gomos do abdômen definido do ator, subindo e descendo de vagar. Suas narinas puxavam o ar com mais força na tentativa de capturar mais do cheiro dele, tinha sucesso. Sentia o aperto das mãos de Jack em suas costas e como ele fazia seus corpos se unirem cada vez mais. Sua boca tocou duas ou três vezes o ator e mesmo com o empecilho da camisa (um pouco molhado de lágrima e suor), Jack sentia aquele contato e suspirava forte.
Kevin continuava dedilhando seu corpo, apertando sua cintura, sentindo seu cheiro, beijando sua barriga, e, a cada nova ação, a racionalidade de Jack ia dando lugar à vontade intensa de ter aquele corpo. Provas disso eram suas mãos que passeavam pelas costas do garotinho e subiam até sua nuca, causando-lhe arrepios; de suas pernas que se entrelaçavam às dele; seu nariz que se perdia nos cabelos negros do atleta e, por fim, a excitação que começava a agitar seu corpo. Entretanto, esse não era o momento. Eles estavam deitados, a queixo de Jack sobre a cabeça de Kevin. O ator moveu sua cabeça até a testa dele e a beijou suavemente.
-Você precisa descansar. -disse recuperando os sentidos, subindo sua mão e passando-a no rosto do garotinho.
Kevin parou seus movimentos, entendendo o recado passado, ergueu sua cabeça e encarou seu aluno:
-Desculpa.
-Ei -pegou em seu queixo-, você tem que parar de se desculpar. -sorrindo para ele.
-Eu tô com medo. -disse Kevin olhando pra baixo, apertando-se ao ator.
-Tá tudo bem. Eu te protejo, tá bom? -abraçando-o também.
-Obrigado. -chorando baixinho em seu peito.
-Eu vou estar sempre aqui, pra tudo. -beijou seu cabelo.
-Posso ficar aqui com você? -disse meio nervoso, como medo da resposta.
-É claro que pode, a casa é sua. -brincou Jack- Agora dorme um pouquinho, pra sumir um pouco dessas olheiras desse rosto lindo.
-Bobo. -riu- Obrigado por tudo. -olhando pra ele.
-Me agradeça dormindo. -sorriu de volta Jack ajeitando uma mecha de cabelo dele- Vem cá que eu vou ajeitar o seu lado.
Jack se levantou e arrumou a parte onde Kevin descansaria. O patinador se deitou de costas para ele, encarando o abajur, posto no criado mudo, sem qualquer tipo de pensando, ele estava figurativamente viajando. O ator, deitou-se em seu lugar, de lado, esticando sua mão direita para fazer-lhe um cafuné, enquanto a outra estava apoiada debaixo de sua cabeça. seus olhos admiravam a beleza do corpo do moço, ao mesmo tempo que sofriam junto com ele.
-Jack... -sussurrou engasgado Kevin.
-Hum... -respondeu olhando para ele, estava tão encantado com o garotinho, que seus olhos brilhavam, mesmo que ele estivesse de costas.
-Posso... Posso te pedir mais um favor? - as palavras saíam falhas, parecia estar nervoso.
-O que você quiser. -respondeu sem medo do que viria.
-Me abraça. -ele fechou os olhos de vergonha- É que eu tô com medo de ter aquel... -nem terminou de falar e Jack já estava grudado ao seu corpo. Sua mão direita se unia à mão esquerda dele, suas costas encostavam no peitoral e abdômen do ator, a mão esquerda assumia o papel que a outra fazia, envolvendo o cabelo do patinador.
Jack sorria feito um bobo por poder estar assim com Kevin. Não existia mais entraves, mais medo, mais reluta, apenas carinho entre os dois. Kevin apertava a mão de Jack e a trazia para junto de seu peito. Ele se sentia seguro. Fechou os olhos e esperou o sono chegar. Jack beijou seu pescoço, arrepiando sua pele, e, baixinho, falou em seu ouvido:
-Durma bem meu anjo. -voltando a acariciar seus cabelos e a apertar seu corpo no abraço.
Fechou os olhos e repousou-se com ele. Dessa vez não houve nenhum pesadelo perturbando o sono de Kevin. Parecia que Jack o protegia de seus demônios. Ambos precisavam daquele descanso. seja pela viagem, seja pelo ocorrido, e estando unidos, fazia com que tudo torna´se ainda mais prazeroso. Seus corpos se encaixavam perfeitamente, os pés se cruzavam instintivamente, as mãos não se permitiam separar, o nariz de Jack se perdia no cabelo de Kevin, seu quadril estava posicionada na pélvis do companheiro, mas não tinham outras intenções a não ser estarem perto, uma do outro. Podia-se ver até um sorriso no rosto de ambos, a satisfação por aquilo era inexplicável.
Algumas horas depois, Kevin despertou tranquilamente e, percebendo o que havia acontecido, sorriu e beijou a mão de Jack, ainda unida a dele, fazendo-o despertar e beijar seu ombro.
-Te acordei? Desculpa. -disse girando um pouco a cabeça.
-Não tem problema. -sorriu. Como era lindo aquele sorriso, era quase irresistível ver aqueles lábios se abrindo, permitindo mostrar os dentes, no meio daquele rosto composto por um lindo par de olhos azuis-esverdeados, um nariz afilado, incrivelmente perfeito- Dormiu bem?
-Muito. Tava mesmo precisando. -sorriu de volta.
-Adoro te ver sorrindo. -disse Jack voltando a passar a mão em seu cabelo.
-Eu também. -voltando a posição inicial.
Jack o apertou, tocando, inevitavelmente, seu membro excitado no quadril dele, beijou seu pescoço e nuca, e, percebendo o que estava fazendo, recuou, soltando-se totalmente do patinador.
-Desculpa, acho que exagerei. -com o sorriso amarelo.
Kevin não notou, mas assim que Jack o soltou ele foi junto, como se quisesse aquele corpo de volta. Sorrindo, meio envergonhado por ter gostado da encochada, ele tentou amenizar a vergonha do amigo.
-Tudo bem. -seus olhos se cruzaram e desejaram um ao outro.
O desejo aumentava e os dois não podiam negar. Iriam se atracar se não tivessem ouvido as batidas na porta. Era Kathy avisando do velório. Kevin saiu do quarto para se arrumar, enquanto sua mãe foi para a sala. Jack não iria, para não se expor para os paparazzi que com certeza estariam lá, esse era o combinado, proposto, inclusive por Kevin. Mas, quando o patinador foi ao quarto dele se despedir, viu um homem de terno preto, de costas para ele, cabelos loiros, simplesmente magnífico, terminando de ajeitar a gravata pelos movimentos dos braços. Ele se virou para Kevin e se revelou ainda mais perfeito.
-Sua mãe quem comprou pra mim. Estou bem? -disse sorrindo, arrumando o relógio.
-Onde você vai? -perguntou temendo que ele fosse embora.
-Eu vou com vocês.
-Você é louco? Você sabe que lá pode ter paparazzi te esperando. Jack, se eles ligarem os pontos, vão imaginar que você...
-Estou interessado em você? -fitou com os olhos.
-Não é isso... Também... Ah sei lá. -estava preocupado com as consequências do ato.
Jack achava linda, meiga e fofa a preocupação de Kevin com ele. Caminhou até o patinador, ficando a centímetros dele, e disse:
-E quem disse que eles vão estar mentindo?
-Jack, eu não quero que você se exponha, você nunca fez isso. -tentando desconversar.
-Você ainda não entendeu que eu não consigo mais ficar afastado de você? O que mais eu preciso fazer? Já viajei não sei quantos quilômetros, já velei duas vezes pelo seu sono, já te consolei. Deixa eu cuidar de você? Deixa eu ser seu consolo pra quando quiser chorar? Deixa eu ficar com você? -falava implorando, tocando sua face, acariciando-a.
-E se falarem de você? -ele relutava sua ida.
-Deixa eles falarem, não me importo. só quero ficar do seu lado. Além do mais, eu sou seu amigo, não sou?
-Você não tem jeito. Obrigado por cuidar de mim. -tocava sua gravata, ajeitando-a.
-Para de me agradecer, é o mínimo que posso fazer pelo cara mais lindo que já vi.
-Você tá me deixando com vergonha. -ria sem o encarar.
Jack aproximou-se de seu ouvido e sussurrou:
-Queria tanto te beijar agora. -voltou beijando seu rosto, seu queixo, e voltando alisar aquela face com o polegar- Mas não quero apressar as coisas, nem te forçar a nada. -beijando sua testa.
-Por que você tem que ser tão perfeito? -Kevin o encarava com os olhos marejados.
-Talvez por que você tenha me encantado. -abraçou-o- Posso te pedir um favor agora? -disse se soltando, arrumando o terno de Kevin.
-Claro.
-Eu não vim aqui apenas pra te dar um apoio e ficar perto de você, claro que foi o mais importante, mas eu vim te pedir pra continuar me treinando. Desiste não, por favor. -disse pegando em seu pescoço com a mão direita e pondo o cabelo dele com a esquerda atrás da orelha.
-Eu não sei, tem muita coisa acontecendo.
-Eu entendo, mas faz um esforço, por mim. Imagina como vai ser pra mim entrar num ginásio e não te ver?
-Você me conhece a três dias.
-Mais um motivo, quero te conhecer mais. -sorriu- Fica, por favor.
-Eu vou pensar.
-Você é lindo, sabia? -falou sério. Ver os lábios de Kevin se moverem trouxe ao ator uma intensa vontade de senti-los com os seus. Ele lutava para não usar o momento de fragilidade de Kevin a seu favor, mas era cada vez mais difícil. Era muito sedutora. Era quase um imã, que atraía sua boca. Os olhos se fitavam e odeiam a aproximação. Os corações aceleravam, eles queriam isso. Mas Jack não faria, não abusaria. -Vamos? -disse evitando fraquejar.
-Vamos.
-Posso fazer mais um pedido? - descendo sua mão do pescoço até chegar à dele.
-Pode. -olhando em seus olhos.
-Posso ir de mão dadas com você até a porta e dentro do carro? -falou olhando para baixo, com medo do não.
Kevin pegou sua mão e entrelaçou seus dedos, trouxe-a a sua boca e a beijou:
-Só não vá se arrepender depois.
-Impossível com uma mão tão perfeita, de um homem tão incrível como você. -trazendo-a para sua boca e a beijando, enquanto seu pensamento prometia: "Eu vou cuidar de você, meu anjo"Perdão os erros, obrigado por lerem. Beijos.