AS CRÔNICAS ERÓTICAS DE MONA - XX - FINAL
Depois de vários dias, voltara a chover. O trânsito estava um caos, as ruas alagadas, as pessoas mal-humoradas, o tempo convidando a tomar uma bebida quente. Pelo jeito iria chover a noite toda. E são nessas noites chuvosas que Mona se liberta em fantasias molhadas, conhecendo cada canto obscuro de uma cidade que só existe em seus devaneios.
Parou no primeiro bar aconchegante que viu, entrou e sentou-se à uma das mesas, disposta a tomar alguma bebida para passar o tempo, até a chuva estiar. Apesar de o bar estar com poucas mesas ocupadas, não viu ninguém para atendê-la. Como não tinha pressa, acomodou-se melhor, tirando seu casaco e dobrando-o no encosto da cadeira. Depois, remexeu sua bolsa à procura do seu livrinho com capa de couro e páginas em branco, titulado Os Contos de Mona. Sorriu, lendo os primeiros versos que escrevera em suas páginas:
"Vestido numa capa de chuva
O tão esperado desconhecido se aproximou
Beijou-me tão profundo a alma
Que meu coração, para sempre, se apaixonou"
Lembrou-se nitidamente do seu primeiro devaneio, assim que adquiriu o livro naquele sebo misterioso. A imagem do desconhecido com quem fizera amor nunca saíra da sua cabeça, apesar de nunca mais tê-lo visto. Procurou de novo quem a atendesse, com o olhar, mas parecia que o bar estava entregue aos fregueses. Perguntou a um senhor que bebia na mesa mais próxima, e este disse que o atendente havia ido até um fiteiro, comprar cigarros para um dos clientes. Resolveu aguardar. Aí ele entrou...
Estava mais uma vez metido numa capa de chuva escura e longa. Os cabelos grisalhos estavam molhados, a barba crescera, mas o rosto continuava simpático. Tinha uma valise de couro na mão direita e um livro, também com capa de couro, na outra. Entrou no bar, despiu-se da capa, deixando ver que vestia roupas muito elegantes por baixo dela, e passou os dedos pelos cabelos, como a enxugá-los. Olhou em direção a Mona, mas pareceu não reconhecê-la. Ela estava com os cabelos cortados muito diferentes de quando o conhecera. Não tirou os olhos dele, acompanhando cada movimento. Ele se movia de maneira calma, mas felina. Mona estava embevecida por sua figura alta e quase atlética, não fosse uma pequena barriguinha. Mas nada pornográfica – pensou ela, aprovando a sua silhueta. Aí ele dobrou a capa de chuva, pondo-a sobre o encosto da cadeira e sentou-se, passando o livro que tinha na mão em sua camisa, como a enxugar alguns pingos de chuva. Depois abriu o volume com capa de couro além da sua metade, sobre a mesa, e pôs-se a lê-lo, sem nem olhar se havia alguém para atendê-lo. Após passar alguns minutos absorto com a leitura, levantou o braço direito, como a chamar alguém, mas sem tirar as vistas do livro. Mona olhou em volta e ainda não viu nenhum atendente. Mas ficou admirada quando um senhor de avental entrou naquele momento no bar, com alguns maços de cigarros em uma das mãos e um guarda-chuva na outra...
Era como se o homem que viera da chuva tivesse adivinhado que o garçom apareceria naquele momento, mesmo entretido com a leitura. Espantou-se mais ainda quando ele, mesmo sem olhar para ela, apontou-a para o garçom e pediu que Mona fosse servida antes dele. Escutou quando ele pediu uma dose de Campari com suco de laranja, e ficou admirada que ele tivesse o mesmo gosto por bebida que ela. Aí ficou estupefata quando o atendente veio com a dose e a pequena jarra contendo suco de laranja e depositou em sua mesa, perguntando se ela queria mais alguma coisa...
Mona disse que quem havia pedido a dose tinha sido o homem que chegara na chuva, mas o garçom sorriu divertido. Disse que ele pedira a dose para ela, pois costumava beber Don Perignon 55, com cerejas. Aquele era o único bar nas redondezas onde podia ser encontrada aquela bebida. E de fato, logo o garçom voltou com uma bandeja com um copo contendo uma bebida de cor rósea, com uma cereja no fundo. Ele agradeceu sem tirar os olhos das páginas do livro que lia com muito interesse, às vezes dando um breve sorriso. Mona não conseguia desviar os olhos dele, cada vez mais apaixonada por seu jeito de ser. Tentou chamar-lhe a atenção, para agradecer-lhe a dose de Campari oferecida, mas ele parecia não enxergar mais ninguém por perto, de tão entretido na leitura. Aí Mona rasgou um pedaço da página do livro que tinha em mãos, escreveu um bilhete agradecendo-o, e chamou o garçom para que esse entregasse o papel...
Ele leu o bilhete e, sem nem mesmo olhar para ela, fez-lhe um sinal pedindo que se aproximasse. Mona sentiu-se incomodada com aquela atitude dele, mas o sorriso simpático do garçom incentivou-a a se aproximar do desconhecido. Ela ainda titubeou, mas o atendente veio até sua mesa, pegou a dose junto com a jarra de suco e levou-a até onde estava o homem que chegara debaixo de chuva. Mona tomou coragem e caminhou até onde ele se acomodara, mas não se sentou. Ele, sentindo sua aproximação, retirou os olhos de sua leitura e levantou-se, olhando bem nos olhos dela. Então, pareceu reconhecê-la, pois deu um sorriso maravilhoso. E inadvertidamente a beijou longamente na boca...
Mona não tinha mais dúvida. Aquele beijo tinha o mesmo calor do que recebera na noite em que comprara seu estranho livro de capa de couro (*). Os lábios eram doces, e seu toque era apaixonante. Um clarão, seguido de um trovão estrondoso, fez com que ela se agarrasse mais a ele, assustada com o barulho repentino. Ele a abraçou mais apertado, enfiando a língua na sua boca, num beijo cada vez mais voraz. Subiu um calor de repente em todo o corpo de Mona, começando entre suas pernas, e aumentou mais ainda quando ela sentiu o volume do pênis dele, ao encostar-se um pouco mais. Uma pequena descarga partiu da vulva de Mona, fazendo com que lhe retesasse o ventre e endurecesse os biquinhos dos seios. O fôlego faltou quando ele meteu a mão entre suas pernas, apalpando sua vulva em frenesi. Mona arregalou os olhos e afastou-se dele, olhando em volta. Mas não havia ninguém mais no bar. Nem atendente, nem nenhum dos que ocupavam as mesas. Apenas uma música suave e romântica tocava na radiola de ficha do bar. Mona olhou para fora e a chuva havia passado. No entanto, não havia movimento nenhum nas ruas. Nenhum carro, nenhuma pessoa transitava. Entregou-se de novo àquele beijo, sem mais reservas. Abriu as pernas e ele tocou seus lábios vaginais com os dedos quentes. Mona gemeu de prazer...
Então ele a virou de costas e retirou seu vestido por cima da cabeça, deixando-a nua. Lambeu sua orelha, de vez em quando enfiando a língua bem dentro. Ela arrepiou-se toda, gemendo alto. Ele beijou e lambeu sua nuca, enquanto sua mão passeava por seu ventre e seus seios, tocando-lhe os biquinhos excitados. Ele desceu a boca lambendo-a entre as costas, enquanto sua mão escorria em direção a seu monte de Vênus. Mona abriu bem as pernas, para receber os dedos dele na vulva, enquanto encostava a bunda no membro dele, ainda vestido. Quis se virar, mas ele não permitiu, correndo a boca pela suas nádegas, depois lambendo-a na regada, bem perto do seu botão. Mona inclinou-se e ele colocou a mão por entre as pernas dela, de trás pra frente, enfiando dois dedos na sua vulva molhadinha. Em seguida, lambeu e enfiou a língua no seu buraquinho traseiro, fazendo-a estremecer de prazer...
Mona levou a mão até a vulva, afastou a mão dele e começou a massagear o clitóris. Enquanto isso, ele enfiava a língua no seu cuzinho. Agora com as duas mãos livres, ele arreganhava suas nádegas, facilitando a penetração da língua dura e quente em seu ânus. As pernas tremeram em seu primeiro orgasmo, e Mona apoiou-se na mesa mais próxima, para não cair. Ele pediu para que ela continuasse se masturbando e levantou-se, tocando com a glande tesa na bunda dela. Depois apontou o cacete com cuidado e inclinou-a mais um pouco, enfiando só a cabecinha. Mona começou a chorar de prazer e ansiedade. Friccionou mais a vulva, cada vez mais depressa, ansiando por um orgasmo duplo. Ele empurrou mais o pau no seu ânus, e ela estremeceu novamente. Jogou a bunda para trás, enfiando-se de vez naquele cacete grosso e escorregadio. Ele segurou-a pela cintura e meteu gostoso, devagar mas com uma certa ferocidade, gemendo e urrando como um animal. Esses sons excitaram mais ainda Mona, que teve um orgasmo demorado, tanto na vagina como no ânus. Dobrou as pernas, mas ele a segurou, deitando-a de costas sobre a mesa. Abriu as pernas dela e a penetrou na vagina, bem profundo, dando-lhe estocadas enquanto mamava em seus seios suados e excitados...
Mona começou a sentir uns espasmos estranhos, seguidos de contrações no ventre, e um torpor na vagina. Subiu-lhe um calor intenso e ela começou a sufocar, mas a sensação era muito gostosa. Nunca havia sentido aquilo. Tentou falar alguma coisa, mas ele aumentou as estocadas, cada vez mais profundas e rápidas, e não deu chance dela dizer nada. A cabeça começou a ficar zonza e sentiu um formigamento nas pernas. A vulva criou uma espécie de êmbolo e os músculos se retraíram, tornando a penetração mais apertada. Quando já pensava em afastá-lo de cima de sí, sentiu como se tomasse uma forte descarga elétrica. A vulva relaxou de repente, o ventre começou a ter espasmos e ela expeliu um jato forte de líquido esbranquiçado. Ele retirou imediatamente a vara de dentro dela e o líquido espirrou em seu peito, com força. Aí ele abaixou-se rápido e pôs a boca perto da vulva. Ela ejaculou de novo, dessa vez com um pouco menos de pressão. Depois mais uma vez, e outra, até sentir um torpor por todo o corpo. Se estivesse em pé, decerto teria caído no chão. Nunca tivera um orgasmo daquele, de lançar esperma longe. Isso havia drenado toda a energia do seu corpo. As carnes tremiam, o mundo girava, a vulva palpitava como se ainda estivesse tendo pequenos orgasmos. Sentiu seu amante retirá-la de cima da mesa nos braços, e colocá-la sentada na cadeira. Então perdeu os sentidos...
Acordou com a cabeça encostada no ombro dele. Estava vestida, mas sentia os cabelos desgrenhados. Abriu os olhos assustada, mas o sorriso que ele deu a tranquilizou. Aí teve a curiosidade de olhar o livro com capa de couro que ele estivera lendo. Era parecido com o seu, mas o título era As Crônicas de Mona. Abriu imediatamente o livro em qualquer página, mas ao contrário do que pensara ele estava todo impresso. Parecia um livro como outro qualquer. Passado o susto, deu uma olhada na primeira página. A folha de rosto dizia o nome do autor: Angelo Tomasini. Vendo seu olhar interrogativo, ele disse-lhe que coincidentemente era o seu nome. Comprara-o num sebo que misteriosamente sumira do local. Angelo era escritor, e costumava comprar livros usados naquele sebo, até o dia em que a conhecera, numa noite de tempestades. Desde então, não conseguia deixar de ler aquele livro nem por um dia sequer, pois sempre aparecia novas páginas com poemas ou com crônicas bem escritas. Mona sentiu um arrepio percorrer-lhe a espinha e passou para a próxima página, temendo o que encontraria lá. Havia apenas um poema impresso em letras itálicas:
"Vestido numa capa de chuva
O tão esperado desconhecido se aproximou
Beijou-me tão profundo a alma
Que o meu coração, para sempre, se apaixonou".
FIM DA SÉRIE
(*) Ver o primeiro conto da Mona, titulado O Livro em Branco.