A verdade dói! -4
Cheguei na escola cedo, não havia muitos alunos, mas os amigos de Breno já estavam lá, quando passei por eles fui encarado de uma forma estranha por todos, mas nenhum falou nada, nem se quer pra me insultar, fui pra minha sala e me sentei bem na frente. Logo depois alguns alunos começaram a chegar, avistei um menino lindo, cabelos pretos, olhos castanhos, alto, sarado, um Deus grego, quase entrei em um transe particular com tamanha beldade. Fiquei muito constrangido quando ele se sentou do meu lado e começou a m encarar.
- oi.
-oi.
- você é o garoto novo não é?
- sim.
- prazer, me chamo Lucas e você?
- Anderson – ele estendeu a mão e eu também, nos cumprimentamos com um aperto de mão, pra mi até forte, mas para ele acho que era fraco. Conversamos um monte, vi que temos muitas coisas em comum, se mostrou bem gente fina kkkkk, Debora chegou atrasada e se sentou atrás de mim, ela já conhecia o Lucas, em algumas conversas eu fique boiando, eu sentia sempre um olhar diferente da parte do Lucas em relação a mim, mas pode ser apenas coisa da minha cabeça, já que ando com muitos “problemas”.
No intervalo não vi nem Breno e nem seus amigos, literalmente ele desapareceu, voltamos pra sala depois do intervalo, a aula foi muito boa, Educação Física, amoooooo a matéria porque sai da sala, mas não praticar alguns esportes como futebol, basquete, odeio, saímos da sala e fomos pro ginásio da escola, nunca tinha ido, também né. Muito grande e com uma arquibancada que me pareceu bem aconchegando durante duas aulas de EF, conversei com o professor e ele me liberou, fiquei a aula toda mexendo no celular e olhando o Lucas e Debora jogar bola, meninos e meninas jogam juntos aqui e não é permitido provalecimento contra elas, mas a Debora parecia mais um caminhão atropelando todo mundo, ela joga super bem e Lucas também.
Estava distraído quando Lucas marcou um gol, depois assoviou e mandou um “esse é pra você” mudo, meu deus, até por isso tenho que passar pois alguns colegas perceberam e ficaram zoando ele, nem dei bola, sou muito na minha pra ficar arrumando encrenca com quem não me atinge diretamente.
A aula acabou e eu fui pra casa, de taxi, ninguém foi me buscar e eu não sei pegar ônibus, ainda. Cheguei em casa e minha mãe me agarrou, estava aflita.
- onde o senhorzinho estava?
- vindo pra casa.
- sei! Eu liguei pro Breno e ele me disse que não viu você hoje na escola, e depois o motorista tinha me ligado que não te encontrou, nunca mais faça isso, entendeu?
- sim mãe, agora posso falar?
- pode.
- eu sai da escola e não tinha ninguém me esperando e eu vim de taxi e em relação ao Breno não ter me visto foi porque eu acho que ele compareceu a escola, se não acredita em mim liga lá e fala om o diretor que te informa das minhas 5 presenças. E duas delas foram de educação física no ginásio, eu sai pelo segundo portão e fui até o primeiro e não encontrei o Tomás, satisfeita?
- sim, o Breno está no quarto preocupado com você, vai lá avisar ele.
- eu vou, mas não por que tenho que avisa-lo mas porque é meu quarto e eu tenho que me trocar.
- sim senhor mal humorado.
Nossa minha vida está virando do avesso, descubro que Breno diz que me ama, depois que um garoto lindo pode estar dando mole pra mim, antes que eu quase fui estuprado pela irresponsabilidade de Breno e desatenção de meu pai, agora minha mãe diz que eu sou mal humorado, que que é isso. Eu aguento. Subi devagar e encontrei ele deitado na cama com os cabelos bagunçados e com uma cara de preocupação, será que é por minha causa?
- tudo bem - ele levanta a cabeça e me olha, seu olhar vidrado em mim, vem até mim e me abraça.
- você não deveria ter fugido.
- você está bem? – com o abraço encostei minha cabeça em seu peito e levei instintivamente minha mão em sua cabeça e estava muito quente.
- estou melhor agora que você apareceu.
Ficamos abraçados, depois eu o coloquei na cama, peguei um termômetro, medi a temperatura, deu 40 ºC, estava com febre alta, peguei uma toalha e umedeci com agua morna, coloquei em sua cabeça, estava saindo quando escutei ele delirando “ não me deixe, por favor eu te amo, não vai embora eu não vivo sem você, eu te amo muito”, desci e avisei minha mãe e dona Maria (mão de Breno), elas ligaram pro médico e falaram pra ele seus sintomas, ele disse que deveria ser por causa da falta de alguém, algum arrependimento, magoa reprimida ou até mesmo gripe (o médico é meio que filosofo, sei lá, entende muito sobre essas coisas, segundo ele algumas doenças ou a febre aparece quando estamos magoados, reprimimos algo, aflitos, angustiados ou arrependidos e não sabemos o que fazer, não acreditei nele, mas fazer o que, ele tem diploma e quase sempre acerta nos medicamentos).
Elas saíram do quarto e eu fiquei lá com ele, ele delirava muito além da realidade, falava muita coisa sem nexo, me chamou varias vezes e eu fui pra mais perto dele “por favor fica comigo, não me deixe” e algo do tipo, fiquei com dó e deitei ao lado dele, fiquei muito triste com o estado dele e me culpando porque poderia ser por minha causa. Acabei adormecendo em seu peito sem almoçar.
Narrado por Breno.
Sai cedo, fui pra escola com meu amigo que veio de carro me pegar, contei tudo pra ele que me poiou, resolvemos não ir pra escola e resolver com o Ana, minha namorada, liguei pra ela e marcamos na casa do Pedro, meu melhor amigo, porque não iria ter ninguém me casa e ele iria me ajudar.
Chegamos lá e esperamos, minutos depois ela chegou.
- Ana, precisamos conversar.
- eu sei e se você veio me falar daquele novo putinho da escola, perdeu tempo.
- não, eu quero terminar, não dá mais.
- você está me dispensando? É isso mesmo que quer?
- sim, não tem mais volta entre nós, desculpe, não adianta tentar.
- tudo bem, mas escute bem o que eu vou te falar, ouviu, você não me conhece e se não ser meu, não será de mais ninguém.
- isso é uma ameaça?
- interprete como quiser, mas esqueça que será feliz com outro outra sei lá, toma cuidado com que você se relacionar viu! – saiu de lá bufando, sempre achei ela sem sal, chata, a gente saia sempre, depois transava sem graça e eu ia embora, nunca me diverti com ela, achei que fosse uma sonsa, mas me enganei.
Passei a manha toda com Pedro, não tinha cabeça pra enfrentar aula chata hoje, também não queria vê-la, ficamos a manhã toda conversando, perto da hora de sair da escola recebo um telefonema da mão do Anderson.
- oi Breno, você viu o Anderson.
- eu não vi ele hoje porquê? Aconteceu alguma coisa.
- não sei, o Tomás foi buscar ele e não o encontrou, achei que estivesse com você.
- não, mas ele deve estar indo com algum amigo.
- mas se você não viu ele na escola ele não foi e pode ter acontecido algo grave – não tive coragem de contar que eu não fui a escola porque não teria uma justificativa. Fiquei louco, não sabia se deveria ficar triste ou pior ainda, meu amor desapareceu, só pode ser coisa da Ana, ela falou que eu seria só dela e de mais ninguém.
- Pedro Anderson não foi pra casa e o motorista não acho ele no portão da escola.
- ele deve estar bem.
- e se não estiver correndo perigo.
- mas porque ele correria perigo, tu acha que é coisa da Ana?
- não sei, mas se ela encostou um dedo nele, vai se ver comigo.
- calma, você não sabe se foi ela ou e ele foi com um amigo ou pode ter só se atrasado.
- pode ser, eu vou pra casa, obrigado por me aturar esta manhã.
- que nada, amigos são pra essas coisas, ajudarem os outros.
- valeu, vou nessa.
- eu te levo que chegamos mais rápido do que de taxi ou de ônibus.
- tá.
Ele me levou, até muito rápido, cheguei lá com esperança de encontra-lo bem, mas não, fui pro seu quarto e fiquei esperando ele lá, sempre me culpando mais do que poderia por ter deixado ele só, por mais uma vez não estar perto quando algo pode acontecer a ele.
Estava sentado na ponta da cama, com as mãos na casa, já tinha me escabelado de tanto pensar no que poderia ter acontecido, achei que ele teria fugido de mim e nunca mais voltaria. Quando ele entrou, não acreditei e o abracei. Minha cabeça estava a mil, via só vulto e achei que ele iria se afastar e fugir novamente. Depois não me lembro mais de nada e apaguei, acordei já estava quase noite e ele deitado em meu peito, um verdadeiro anjo, pra não acordá-lo fiquei ali, mas não adiantou, ele acordou.
- você está melhor.
- estou sim, ainda mais agora que você apareceu, onde você se meteu?
Ele me contou tudo, e também que estava com febre, tendo alucinações mas não quis me contar sobre o que era, também não quis ser chato e querer saber. Ele se levantou e foi pro banheiro e eu desci falar com minha mãe.