E então senti um roçar na nuca e uma mão se enroscou no meu cabelo puxando com força minha cabeça prá trás e para o lado. No mesmo instante meu instinto prevaleceu às regras, como sempre acontecia quando ele estava perto de mim, e ali mesmo, naquele estacionamento movimentado, soltei um gemido alto de prazer... Senti seu corpo colado em mim e agora andávamos no mesmo passo, uma coreografia não ensaiada, e sua boca quente na minha orelha sussurrava com severidade:
- Como é que você deixa qualquer um ficar te encoxando assim por trás, hein? É qualquer um que vem e faz assim em você??
Com a outra mão na parte de baixo do meu ventre me puxou ainda mais pra si...
- Você não sabe que você tem dono???
Minha bunda encaixada perfeitamente nele fazendo sua ereção roçar em mim daquele jeito.... Já não andávamos mais. Não interessava ir a lugar algum. Sentir seu desejo de novo e de forma tão inesperada e erótica, ali num lugar público, fez com que todo o meu esforço em torná-lo lembrança fosse por água a baixo. Não! Eu não queria esquecê-lo! Só então ele me virou pra si. Sempre me controlando pelo cabelo com uma mão, respirou meu hálito e chupou minha língua com urgência, gemendo baixinho, usando a outra mão para puxar com força a minha calcinha e esfregar forte aquele pau bem duro em mim... E então, ainda com as bocas coladas, nossos gemidos também se misturaram, e não eram meros sons, eram manifestações do que nossas almas mais precisavam... Nós precisávamos um do outro e naquele momento nós nos tínhamos. Era um beijo quente, molhado, lambido, sem pudor. Era um abraço enganchado, minhas unhas fincadas nele em uma tentativa desesperada de tê-lo pra mim. Estávamos perdidos num tempo paralelo, parados no meio da via, sem a menor intenção de sair dali, fazendo com que o desvio de tudo a nosso redor fosse obrigatório. Ali as regras eram nossas e nada, absolutamente nada, era forte o bastante para nos impedir de amar.
Ele segurava meus cabelos num emaranhado em suas mãos, esfregava aquilo em seu rosto como se quisesse deixar marca... Cheirava e beijava meus cabelos como se fosse vital ... Nada mais restava a mim a não ser me abandonar em seu peito, embriagada pelo seu cheiro e seu perfume, querendo desesperadamente ser dele e tê-lo comigo pro resto da minha vida, sem me importar com o que isto pudesse significar em quantidade de tempo real.
Não era questão de prendê-lo, eu o queria livre. Era a liberdade a moeda que valorizava suas aparições cada vez mais frequentes no meu caminho, sem que eu precisasse chamar, muito menos pedir... que fazia dele quem ele era - um animal macho com fome - era essa mesma fome que fazia com que eu me reconhecesse fêmea e então, de repente tudo ficou claro e pude perceber a ironia disso tudo. Eu precisava de um dono pra ser livre. E ele era o meu dono. E não se tratava de escolha, e talvez fosse exatamente isto o que assustava. Era uma constatação. Era assim. Eu só podia deixar de ser metade se ele estivesse presente em mim. Era ele. Não qualquer outro. Bem simples. Só assim.
Dora Zade