Recentemente, escrevendo o conto “Doces Recordações”, tive a convicção de que não existe nada melhor do que a lembrança de uma mulher, de um encontro ou de uma trepada (ou de tudo isso junto!), e pelos comentários que recebi, senti a necessidade de vasculhar minha mente, procurando outra lembrança tão doce e tão inesquecível como aquela narrada nas duas partes do conto em comento.
Muito bem. Provavelmente, essa oportunidade se perderia nas brumas do tempo e da falta de memória, não fosse um curioso acontecimento envolvendo um certo “calendário”; meu pai foi, durante uma parte de sua vida, um mecânico automotivo dos bons. Sua oficina era frequentada por clientes com relativo poder aquisitivo, o que lhe proporcionava um status de renome no meio profissional.
E como era de costume naquela época, para “atrair” mais clientes, alguns recursos de merchandising eram utilizados nos primórdios do conceito de que “a propaganda é a alma do negócio”, com o fito de render mais negócios. No segmento das oficinas, borracharias e lojas de autopeças daquela época era comum a farta distribuição de pequenos calendários de bolsos – os chamados “santinhos” – com fotografias de mulheres nuas, exibindo-se para o deleite de seus possuidores.
Como eu trabalhava para meu pai, todos os anos eu conseguia coletar um exemplar de cada um desses “calendários”, formando uma pequena coleção pessoal. E entre eles havia um que me chamava muito atenção; a modelo, uma linda morena de corpo curvilíneo e longos cabelos ondulados, estava de quatro sobre a areia, enquanto uma onda espumada atingia seu corpo … era algo divinamente lindo … era a foto que eu mais gostava e que me ajudava muito como incentivo para a satisfação manual. Eu adorava aquela foto …
Nessa mesma época, minha mãe, com seu hábito de arrebanhar moçoilas para ajudá-la em seu trabalho de venda porta a porta, trouxe para casa uma moça de nome Nice. Segundo o que eu pude constatar, Nice viera recentemente do interior de Minas Gerais, tentar a sorte na metrópole paulista, e depois de alguns infortúnios, acabou por ver-se à míngua, ocupando um quartinho pulguento em uma pensão no Brás.
Ela e minha mãe conheceram-se por acaso e minha mãe, de imediato, afeiçoara-se a ela, convidando-a para morar conosco e trabalhar com vendas. Nice era linda, morena, cabelos longos e encaracolados, uma pele cor de canela e jeito bastante recatado. Eu não sabia a razão pela qual aquela moça havia me atraído com tanta intensidade, mas, por outro lado, eu sabia que ela era alguém em quem eu podia investir meu tempo e dedicação.
Fazia mais de ano que Odete partira e desde então, minha principal válvula de escape sexual resumia-se ao “estímulo manual” e alguns amassos em minha namorada (uma adolescente da minha idade) … é bem verdade que também busquei algo no universo da prostituição acessível, mas, lamentavelmente, minhas experiências não foram exitosas … algo para ser narrado em uma próxima oportunidade.
Os primeiros meses foram de reconhecimento de terreno, sondando Nice e tentando entender como uma moça linda como ela havia caído em uma situação de quase penúria. E não tardou para que eu e ela criássemos um laço de afetividade semelhante à de irmãos … algo muito oportuno para mim …
Como um bom adolescente safado, eu criei algumas situações oportunas para mim na companhia de Nice; em uma delas, esperei que ela entrasse no banho, para espiá-la a partir da janela basculante que ficava no lado cego do quintal … ela estava nua, banhando-se sob o chuveiro e eu apreciando seu corpo lindo e de curvas sensacionais; subitamente, ela pressentiu minha presença e voltou-se para a janela, soltando um gritinho e agachando-se a fim de fugir da minha área de visibilidade.
Naquela mesma noite, enquanto lavávamos a louça do jantar (novamente!), ela me repreendeu, dizendo que não podia trair a confiança de minha mãe e que eu devia me comportar, deixando-a em paz. Todavia, em um dado momento, decidi que a situação exigia uma ação mais efetiva; e enquanto ela ainda ralhava comigo pelo acontecido no banheiro, eu me aproximei dela e, segurando-a pela cintura, busquei seus lábios para selar um beijo.
Nice ensaiou uma resistência, mas tão pífia, que, em poucos minutos, estávamos nos deleitando no mais saboroso beijo que eu havia experimentado na vida – concordo que parece exagerado, mas, convenhamos que, para um adolescente tudo é excepcionalmente novo e delicioso – ao mesmo tempo em que eu a enlaçava entre meus braços apertando seu corpo quente contra o meu.
Depois de algum tempo, Nice desvencilhou-se do meu abraço, empurrando-me para longe, dizendo que aquilo era errado, que não devíamos continuar … enfim, que ela não devia envolver-se comigo; lutando com a sua relutância, tomei-a nos braços mais uma vez, e roubei-lhe mais um beijo quente e molhado. Só que, desta vez, a resistência de Nice desaparecera por completo, entregando-se ao desejo que clamava em nossos corpos.
Quando terminamos, sussurrei em seu ouvido que a procuraria mais tarde em seu pequeno alojamento para continuarmos o que havíamos iniciado; bem que ela tentou contra-argumentar, mas eu deixei claro que o desejo ardia entre nós e que algo precisava ser feito para isso … até hoje guardo na memória o rostinho encabulado de Nice, mordendo o lábio inferior, enquanto sua mão acariciava meu peito … é uma doce lembrança.
Como de hábito fui me deitar e, lá pelas duas da madrugada, levantei-me caminhando, pé ante pé, até onde Nice dormia … ou, me esperava. Enquanto me esgueirava entre as sombras da noite (eu sempre adorei a noite alta), eu seguia convicto de que Nice estaria a minha espera; ao mesmo tempo, tinha um certo temor de que ela, simplesmente, se recusasse a me receber, ou ainda ensaiasse um escândalo que poria todos em casa, acordados e irados.
Pareceu-me uma eternidade o tempo dispendido até atingir a soleira da porta do quarto onde Nice dormia. Parei por um instante e antes de tocar a maçaneta meio enferrujada, hesitante, ponderei que seria melhor dar as costas e voltar para a cama.
Todavia, o instinto falou mais alto; girei a maçaneta e, para minha surpresa, a porta estava aberta … empurrei a porta e antes que ela estivesse completamente aberta entrei. O ambiente estava mal iluminado, cuja única fonte era um velho abajur reformado por meu pai que ficava em um criado-mudo ao lado da enorme cama de casal (a única que existia disponível), mas, mesmo assim eu vi Nice deitada sobre ela.
Mesmo com a visão prejudicada eu pude ver que ela estava nua; suas formas sinuosas e buriladas no paraíso eram lindas, sensuais e instigantes. Nice era uma morena exuberante. Ela virou o rosto para mim e eu vislumbrei aqueles enormes olhos negros brilhando, carregados de um tesão que parecia incendiar tudo a sua volta. Aproximei-me dela e assim que estava ao seu alcance, Nice me agarrou pela cintura, puxando-me para ela.
Ela fez com que eu me ajoelhasse na sua frente para que pudéssemos nos beijar ardorosamente. Trocamos beijos até ficarmos sem ar, sôfregos e carregados de desejo; eu estava tão envolvido por Nice que minhas mãos limitaram-se a segurá-la na altura dos seios por baixo dos braços apertando-a suavemente. Mas, Nice queria mais. Ela tomou minhas mãos com as suas, puxando-as na direção de suas mamas médias e cuja firmeza me fascinaram.
Acariciei os mamilos com carinho e eles entumesceram imediatamente; brinquei com eles, e também com as aureolas, aproveitando o enorme prazer táctil que me proporcionava. Por mais que eu quisesse ocultar minha parca habilidade sexual, Nice já havia percebido meu despreparo, e, mesmo assim, preferiu orientar-me de como fazer as coisas. Ela cessou a sessão de beijos e pousou suas mãos sobre as minhas, fazendo com que descrevesse movimentos circulares com as pontas dos dedos sobre os mamilos, que ficaram ainda mais durinhos fazendo com minha parceira jogasse a cabeça para trás gemendo baixinho.
Depois de algum tempo de brincadeira, Nice encostou seus lábios na minha orelha e me fez um delicioso convite: “chupe eles, meu querido”; ao mesmo tempo, ela tomou minha nuca com uma das mãos conduzindo minha boca na direção de um deles que ela oferecia sem cerimônias. Tomei o mamilo na boca e chupei-o, inicialmente com carinho para, logo depois, sugá-lo com certo vigor.
Os gemidos de Nice tornaram-se mais intensos e sua mão acariciava meus cabelos, incentivando-me a continuar; depois de algum tempo, ela fez com que trocasse de mamilo, cuidando daquele que ainda não havia sido saboreado com a devida atenção. Não demorou muito para que tomasse o controle da situação, segurando minha parceira pelo tronco e apreciando o delicioso sabor de seus mamilos lindos.
Repentinamente, senti uma das mãos de Nice tocando minha rola dura e latejante; ela sentiu o volume e a extensão do membro, massageando-o suavemente. E houve um momento em que Nice me surpreendeu mais uma vez, ao pedir uma coisa estupenda e ainda mais inusitada.
“Deixa eu chupar seu pau?” Nice disse isso enquanto apertava minha rola entre as mãos; eu fiquei pasmo e incapaz de proferir uma sílaba sequer … além de não compreender bem o que aquilo significava, havia a curiosidade intermitente de querer ou não. Lembro que, naquele momento, a única coisa que me ocorreu foi acenar com a cabeça afirmativamente.
Com delicadeza, Nice tomou-me pelos braços indicando que eu deveria ficar em pé; e assim que fiquei senti algo deliciosamente inexplicável; quando olhei para baixo, vi que ela estava com meu pau em sua boca (a mesma boca que eu havia beijado minutos atrás!). Enquanto segurava minha rola pela base, apertando-a com certa firmeza, Nice engolia e cuspia a rola quase que inteiramente. Era como se ela fizesse de sua boca o órgão feminino sendo penetrado pelo cacete em riste … preciso confessar que foi a sensação mais deliciosa que eu havia sentido em minha adolescência e que, até os dias de hoje, não se perde em minha memória.
Toquei os cabelos sedosos de minha parceira e os acariciei com um carinho tão singelo que eu mesmo fiquei surpreso, enquanto ela se deliciava em chupar minha rola; houve um momento em que pude perceber nitidamente que, para Nice, aquele sexo oral era a coisa mais excitante do mundo, pois sua dedicação e seu desvelo em apreciar o instrumento era algo que jamais encontrei em outra mulher (essa é, de fato, uma doce lembrança que fica para sempre).
Eu havia perdido completamente a noção de tempo e de espaço; temores e receios haviam se dissipado ante a sensualidade de fêmea que me chupava com tanta intensidade propiciando uma sensação de prazer que não podia ser descrita com palavras … e enquanto me chupava, as mãos de Nice acariciavam minhas nádegas fazendo com que arrepios percorressem a minha espinha, deixando-me ainda mais enlouquecido de tesão.
Subitamente, senti um espasmo mais acentuado, percebendo que o orgasmo se avizinhava ameaçador e impoluto. Avisei minha parceira e fiz menção de tirar a rola de sua boca; Nice resmungou com grunhidos embargados, balançando o rosto em negação, prosseguindo com sua “tarefa” que, a meu ver, pretendia ver concluída.
E em poucos minutos, foi exatamente o que aconteceu … senti uma onda crescendo em minhas entranhas, e os espasmos tornaram-me mais acentuados, até o momento em que senti todo o meu corpo estremecer enquanto uma violenta convulsão explodia, resultando em uma onda de prazer que acompanhava a ejaculação que sobreveio furiosa e descontrolada … eu havia gozado! E como!
Foi uma sensação tão intensa e vigorosa que eu mal podia controlar as contrações que tomavam conta de meu corpo, forçando-me, ora a curvar, ora a arquear, gingando como um boneco desmantelado. Nice manteve a rola dentro de sua boca até quando ela murchou completamente, e ainda assim, segurou-me por ela, ajudando-me a retomar o equilíbrio. Não há como negar que foi uma experiência única e retumbante, pois ao final dela, eu estava, literalmente, vencido e extenuado.
Nice levantou-se e ajudou a me recompor, aconselhando que eu voltasse para a cama, pois já era muito tarde; nos despedimos e eu a beijei mais uma vez, afirmando convicto que eu retornaria em outra oportunidade; ela sorriu para mim e depois de acariciar meus cabelos, puxou meu rosto na direção de seus lábios e sussurrou algo que, até hoje, ecoa em minha memória: “Você é um menino bonito e muito gostoso … agora, vá dormir”.
Voltei para o quarto que compartilhava com minha avó e deitei-me, satisfeito e relembrando a última frase dita por Nice … hoje sei que não fui eu que a conquistei, mas foi ela que me arrebatou … para sempre.
Quando penso nisso, atualmente, vejo que uma mulher jovem e bonita como Nice não era para ser tratada como uma qualquer … ela merecia um homem que a amasse e a tratasse com carinho … não fosse a intervenção autoritária e inoportuna de minha mãe, talvez eu tivesse me tornado esse homem para ela … talvez.
(Fim da primeira parte …)