Capítulo 16
O susto do banheiro.
Joguei minhas coisas na mesa também e cai na água. Estávamos somente eu e o Murilo na piscina. Ele passara uma boa bandagem na cabeça para que o curativo da sua tatuagem não saísse. Por cima, colocou o tradicional boné preto.
“Agora, se for para acontecer algo, eu juro que farei tudo para acontecer” – disse estufando o peito – Mesmo que para isso, eu tenha que beber uma garrafa inteira de whisky, assim, eu posso perder a vergonha e dizer a ele que eu fiquei “loucão”.
Entramos na piscina e ficamos “trocando ideias” sobre a aeronáutica. Como ele havia previsto, quinze minutos após nosso mergulho e lá estava à galera toda do condomínio. Fiquei desapontado, já que com todo mundo na piscina, era impossível eu ter chances com o Murilo. Então decidi que iria aproveitar a minha festa. A galera levara whisky, energético, cerveja, refrigerante e vinho doce para as meninas. Como a faixa etária era entre os 18 e 25 anos, ninguém estava se importando se o pessoal bebia ou não. E, em matéria de bebida, minha galera dava show. Ninguém economizava na hora de virar um copo. De longe eu observava o Muca brincando com uns amigos meus. Era desproporcional o porte físico perto dos outros garotos da turma, eles estavam dando mortais, brincando de corta-canto ou qualquer coisa que exigisse muita resistência física, só para ele se destacar em tudo. O bom disso, era que eu poderia ficar ali, assistindo aquele cara que me deixava maluco, de camarote. Quando ele corria, dava para ver a sua mala pesada balançando e a sunga que cada vez mais enfiando no meio das suas nádegas. Sem falar que quando ele dava mortal ou ele saia da piscina, a sunga dele abaixava quase até no meio da bunda, deixando aquela coisa linda, com marquinha de sunga, aparecer.
E não era só eu que percebia. As meninas não paravam de cochichar e rir que nem hienas quando ele passava perto delas. Até os guris apontavam para ele. Já outros caçoavam da bunda dele. Tenho certeza que ele estava adorando toda aquela situação. Ser “O Gostosão” do condomínio. Ver tudo aquilo era praticamente tão irresistível quanto ir a uma fábrica de chocolate e não poder provar nada. Meu pênis estava excitado desde que sai do quarto dele e, depois de ver todo aquele espetáculo, jamais iria abaixar.
“Pelo menos não ia até eu me aliviar.”
Passado 01 hora, a galera cansou de ficar na água e decidiram voltar para o churrasco. Como meu pinto estava “trincando”, eu ia precisar que todos fossem embora para eu poder sair da água.
“Imaginem eu saindo de pau duro da piscina usando sunga? Eu ia ser zoado pelo resto da minha vida”.
Certifiquei que todos já tivessem deixado à piscina quando eu decidi sair. O vestiário ficava a poucos passos da borda da piscina. Peguei minha toalha, enrolei na cintura e corri para dentro, antes que chegasse mais alguém. Quando entrei, peguei o Murilo atracado aos beijos com uma amiga minha.
“Lembro bem essa cena. Ele a colocara em cima da pia e ela o abraçara com as pernas. Era uma cena bem forte para uma menina de 15 anos. Mas, quem sou eu para julgar a vida de alguém?”
Ao ver-me, eles pararam de se beijar quando eu cheguei. Ela cochichou algo para ele e saiu rindo, passando por mim, sem falar nada.
- Que legal, acabei com um namoro! – eu disse, pois havia ficado sem graça em ter atrapalhado eles.
- Que namoro moleque! Eu queria só comer ela – ele disse rindo.
- Nossa Murilo, desculpa mesmo – eu disse sem graça.
- Sem problemas, a noite vai ter mais – ele me respondeu rindo.
“Filha da puta!” pensei.
- E por que ela ficou rindo que nem hiena quando me viu? – eu perguntei irritado.
“Eu odeio quando alguém cochicha, ainda mais quando olham para mim e depois fazem aquela cara de vaso”.
Ele riu e abaixou a cabeça para esconder o rosto. Isso com certeza me irritou.
- É óbvio que era por minha causa – eu disse a ele.
- Para de ser bobo Alan! Na verdade, ela riu porque te viu “armado” – ele disse rindo e apontando para meu pênis que estava excitado.
- Puta que pariu! – disse assustado, puxando a toalha para cima.
Ao ver o Murilo atracado à garota, eu nem tinha percebido que a toalha havia caído, deixando minha sunga à mostra. Para piorar, ele estava apontando para frente, bem no estilo “barraca armada”. Só deu tempo de eu recolher a toalha, meu rosto ficar vermelho, roxo, azul, laranja, bege, etc. Todas as cores possíveis e impossíveis. Olhei para o Muca que não parava de rir.
- Puta que pariu Alan, abaixa essa arma. – disse ele rindo.
- Ah moleque, tu fica olhando pro meu pau? – perguntei indignado.
Nossa, estava acontecendo de novo. Eu e o Murilo juntos e sozinhos em um vestiário. Na hora meu estômago gelou, comecei a suar frio e minha voz a falhar.
- Nem a pau Alan! Meu negocio é outro. Olha aqui como aquela guria me deixou? – ele disse dando uma segurada na mala.
Não era um membro muito grande, pelo menos na sunga não dava para perceber. Aparentava ter muita carne. E tinha uma marca de “babinha” na região da cabeça. Ainda mais com aquela sunga azul céu que dava para ver tudo, deixando a sunga quase transparente.
- Vira esse troço pra lá – e disse fingindo estar ficando irritado.
“Irritado porque eu era muito lerdo. Irritado porque não tinha coragem de nada. Irritado porque eu não tinha certeza até onde tudo aquilo era uma brincadeira.”
- Me deixa passar uma água rápido que tenho que voltar pro churrasco – eu disse passando com a cabeça baixa sem olhar para ele.
Meu peito queimava por dentro de raiva. Raiva de mim mesmo. Mais uma vez eu não dei continuidade a aquela história e, pelo que percebi, ele também ficara irritado. A raiva era tanta que meu pau abaixou na hora.
“O que eu tinha a perder intimando ele? Se desse errado, eu poderia dizer que estava bêbado ou sei lá.” – disse irritado comigo mesmo.
Entrei na ducha com a sunga mesmo e liguei na água bem quente, deixando escorrer por todo meu corpo. Abaixei a cabeça e fechei os olhos. Agora eu só queria sentir aquela sensação boa de relaxamento. Fiquei lá por uns minutos, quase dormindo quando, de repente, quase me matando de susto, o Murilo me agarrou por trás. Entrei em pânico. A única coisa que eu queria era sair de perto dele, mas ele era muito forte. Tão forte que eu mal conseguia me mexer.
- O que você está fazendo? – perguntei irritado.
- Fica quieto e relaxa! – bravejou ele.
Tentei relaxar, mas era impossível. Como eu poderia relaxar com o membro dele, excitado, tocando a minha bunda? Meu coração estava explodindo dentro do meu peito. Eu não sabia quais eram suas intenções, até ele começar a gargalhar.
- Qual é o seu problema Garcia? – eu perguntei com raiva.
Ele não respondera.
- Heim seu idiota? Me solta! – eu dizia entredentes para ninguém me ouvir – Qual é o seu problema? – perguntei mais uma vez.
Eu tentava me soltar, mas quanto mais força eu fazia para eu soltar, mais ele ria e mais ele me “cutucava” com seu pênis.
- Na verdade Alan, qual é o “nosso” problema, né? – ele disse me abraçando mais forte - Eu sei que é isso tudo que você quer! – disse me apertando ainda mais e agora começando a relar o pau duro na minha bunda.
- Garcia, você tá louco? – disse.
- Louco está você que há milhões de anos não me chama pelo meu sobrenome?
Tentei fugir novamente, mas do jeito que ele me pegou e com a força que ele tinha era praticamente impossível.
- Estou sim. Muito louco de tesão por você e esta bunda aqui. – ele disse cutucando mais forte agora.
Ele começou a passar a barba na minha nuca e deu uma mordiscada que fez minha cabeça ficar em brasa e minha barriga congelar. Por mais que estivesse assustado, eu não conseguia parar com aquilo e foi quando meu pau começou a responder por mim, ele estava duro novamente. Então, esquecendo todos alí, o sangue da tatuagem, decidi me entregar. Agora, eu queria saber onde essa brincadeira ia dar. Era tudo ou nada.
- Você poderia me virar de frente? – perguntei tentando tirar minha cabeça debaixo da água quente – Aqui é foda Garcia, quer dizer, Murilo, pode chegar alguém a qualquer momento – eu disse fechando os olhos, esperando uma resposta. Segundos que pareciam uma eternidade. Até parar de respirar eu parei. Pelo menos até ele começar a gargalhar.
- Ah seu filha da mãe! Você me deixou com medo, sabia? Caralho, como eu queria que isso acontecesse! - ele me virou de frente.
Seu boné caiu de lado e ele com cuidado tirou a bandagem deixando a cabeça raspada a mostra. Sua tatuagem ficava na nuca. Da sua cabeça começou a escorrer sangue e tinta preta da sua tatuagem recém feita. Porém, nada daquilo me tirou o momento de ter o cara que fui apaixonado em cima de mim. Ele estava lindo. Todo suado, com os olhos cheios d’água. Lembrava até aquele Murilo que eu havia deixado há anos atrás. Nunca na minha vida eu vou esquecer aquele olhar. Olhar de homem apaixonado. Era absurdamente contagiante. Conseguia sentir cada pedacinho do meu corpo gritando de felicidade.
- Eu também, caralho! Eu também queria muito que isso acontecesse – eu disse abraçando-o.
Eu puxei para debaixo da ducha e comecei a beijá-lo. Eu o beijava como se nunca tivesse beijado ninguém na minha vida. Deixei o “tesão” fluir e o abracei mais apertado. Os meus beijos formam ficando mais rápidos e intensos, sem falar na respiração funda e cheia de “vontade”. Ele se soltou e afastou alguns centímetros de mim. Passou carinhosamente sua mão grande e pesada no meu rosto, me fazendo soltar um sorriso.
- Alan, curta o momento – ele disse baixinho e me puxando para mais um beijo.
- Estou curtindo demais – eu disse rindo.
- Eu quero que você me curta mais, entende? – disse ele fazendo mais um carinho no meu rosto.
- Eu estou curtindo Murilo. É bem estranho estar assim com um homem, mas estou curtindo – eu dizia quase sem ar.
- Alan, eu quero que você sinta meu beijo, sinta meu corpo, mas com calma. Com carinho. Você tá parecendo um louco. Quase furando minha garganta com tua língua – ele dizia rindo.
- Desculpa! – eu disse chateado – Acho que exagerei. Sabe como que é? Muito tesão. Pensei que tivesse curtindo – eu disse abaixando a cabeça.
- Alan, eu só quero que você me sinta. Vai mais devagar. Sinta tudo que eu estou fazendo – ele disse me dando um abraço.
Como era bom aquele abraço. Sentir a pele que eu tanto desejei em meus braços. A água o deixava cada vez mais quente. Passava minha mão por toda suas costas, sentindo quão macio e rígido ele era.
- É do jeito que eu imaginei! – disse dando um beijo na sua orelha.
Ele me puxou para mais um beijo e, dessa vez, eu fiz como ele mandou. Passei vagarosamente a minha língua na dele para senti-lo melhor. Comecei a passar a mão nas costas dele, nos braços, no peito, no abdômen “trincado”, nos glúteos.
“Tenho que admitir, ele estava certo. Devagar era bem melhor, pois dava para sentir ele pelo todo. E era bom sentir os “amassos” dele.”
Ao mesmo tempo em que ele me beijava, ele massageava minhas costas, meus braços, minha nuca e até minha bunda. Lugar onde ninguém havia massageado até hoje.
“Leitores, foi muito estranho quando ele relou a mão na minha bunda pela primeira vez. Lembro de ter dado aquela “trancada”, sabe? Eu fiquei inteiro contraído. Foi muito cômico. Deixa eu voltar”.
- Que foi Alan? – perguntou me beijando – Relaxa meu garoto. Não vou fazer nada aqui, além de carinho – ele disse me beijando de novo.
Aos poucos eu fui relaxando e novamente ele começou a massagear a minha bunda. Era delicioso o sentir apertando minhas nádegas para relaxar. E eu aproveitei aquele momento para massagear em todos os lugares que eu sempre quis. A água quente escorrendo pelo nossos corpos, o contato da minha mala com a dele, a barba que relava na minha boca e, o melhor, o quão desejado eu tava sendo. Estava me sentindo na Disneylândia.
- Você tem razão, devagar é bem melhor – disse fazendo-o sorrir.
- Poxa, não sou qualquer “coisa” que você pega e já quer sair transando – disse ele sussurrando – E muito menos você é!
- Eu sei Murilo! Acho que foi a emoção do momento – eu disse dando outro abraço.
Como era bom abraçar ele e encostar minha cabeça no seu ombro grande. Sentir as passadas de suas mãos pesadas, mas ao mesmo tempo carinhosas, sentí-lo beijando meu pescoço, minha nuca. Nem de longe ele lembrava aquele ogro do judô. Era a primeira vez na vida que eu me sentia realizado, confortável, relaxado e completamente entregue. Aquele Alan nervoso, ansioso e medroso, agora eu estava em paz. Ele me soltou e se afastou um pouco de mim.
“Que sorriso maravilhoso!” – pensei.
- O que você está pensando? – ele perguntou.
- Se é real o que está acontecendo aqui?
- Também estou pensando nisso. Eu beijando o Alan, meu melhor amigo! Realmente não da para acreditar – ele disse fazendo charminho.
- Tecnicamente não podemos nos beijar – disse fazendo-o franzir a testa e bufando para mim – Lembra? Somos irmãos de sangue!
- Para de me dar sustos! – disse ele me puxando para um abraço.
Era bom sentir aquele peito enorme e tonificado só para mim. Eu passava a mão sobre ele, alisando o mamilo, fazendo-o arrepiar.
- Gosta? – perguntou ele me encarando enquanto brincava com seu peito.
- Sou muito suspeito em falar! Sempre te achei um máximo – disse.
Ele pegou a outra mão e colocou em cima do seu peito esquerdo.
- Quero que sinta uma coisa? – disse ele apertando a minha mão sobre seu peito – Quero que sinta isso? – disse ele começando a contrair o peito, dando a impressão dele estar se mexendo sozinho.
- O que é isso que está fazendo com o seu peito? – perguntei sem entender.
- É o meu coração batendo por ti – disse ele rindo.
- Na verdade são apenas seus músculos contraindo – disse e ele me puxou para outro abraço.
- Puta que pariu – disse ele ficando roxo e tapando os olhos com as mãos – você é durão na queda!
E começou a gargalhar sem parar.
- O que foi? – perguntei.
- É que eu apenas acabei de fazer uma declaração para ti e você ainda me tira? Eu sei que é o meu músculo saltando, mas queria que entendesse, que debaixo desse músculo, pulsa um coração por você – disse ele indo para trás, pedindo para que eu o puxasse de volta.
“Sabe aquela felicidade de quando toca sua música favorita na rádio e/ou você ganha o tão esperado presenta da sua vida e/ou recebe uma declaração de amor de uma pessoas que você amou a vida toda e jamais imaginou que ela pudesse sentir o mesmo por ti? Era exatamente isso que estava sentindo dentro do meu coração. Uma alegria sem tamanho”
E nós começamos a rir juntos.
- Ah, agora entendi! Me dá esse coração gigante, moreno, duro que nem rocha para eu ver se bate por mim mesmo? – disse esticando a minha mão.
Ele riu, tentou fazer um charme tentando negar o meu pedido, mas não conteve a felicidade e colocou minha mão sobre seu peito novamente. Ele começou a contrair os músculos apenas do lado esquerdo, simbolizando seu coração. De fato, ao longe, foi a mais bela declaração de carinho que eu recebi de outra pessoa. Ficamos abraçados e balançando de um lado para o outro.
- Desde quando você começou a me olhar? – perguntei.
Mais que justo eu saber se era só eu que ficava olhando para ele.
- Acho que desde o primeiro dia... – começou a falar.
- Ah, para vai! Desde o primeiro dia? Isso já é xaveco demais – eu interrompi fazendo-o ficar sério.
- Eita porra! Vai me deixar falar? – ele disse me dando um beijo – mais uma vez que você me interromper eu vou fazer greve, heim?
- Tá bom senhor estresse – eu disse dando-lhe outro beijo.
- Como eu ia dizendo... – ele deu uma parada irônica esperando, talvez, que eu fosse interromper novamente - ...como eu ia dizendo, desde o primeiro dia eu gostei de você. Achei você legal, amigo, carismático, mas, como eu nunca tinha ficado com nenhum homem, eu forcei-me a não olhar com você com tesão, sabe? Dizia o tempo todo para mim mesmo que nós deveríamos ser só amigos e foquei nisso para não estragar nossa amizade.
- Olha, eu também fiz uma força para não transparecer que eu achava você atraente também – eu disse.
Ele me abraçou e deu um beijo no meu rosto.
- Isso estraga nossa amizade? – eu perguntei com um aperto no peito.
- Para de perguntar e deixa rolar o momento – ele disse segurando meu rosto e me beijando.
Bom, meu sonho aconteceu. Ficar com o Murilo era tudo que eu queria há tempos, então, apenas relaxei e deixei o momento fluir.
- Olha só como você me deixa. – disse ele segurando o pinto sobre a sunga, balançando como se fosse um “brinquedão”.
Eu dei uma olhada – e agora eu podia olhar sem medo – e vi que o pinto dele estava duro na sunga.
- Agora tá liberado a olhar – disse ele como se estivesse escutado meus pensamentos – dei de ombros – Cara, vai dizer que no meu quarto você não ficou olhando pra mim? Só eu vi seus olhos percorrer meu corpo por uma seis vezes.
- Cala a boca Murilo – disse virando de costas para ele.
- Faz charminho não! Agora pode falar!
Sentia raiva por ser tão tonto de me declarar, mas ao mesmo tempo não queria gritar para ele que era o que eu sempre quis. Afinal, ele foi embora por sete anos e, sete anos, não é qualquer coisa.
- Eu vi sim! Fiquei olhando você o tempo todo, imaginando nós dois fazendo isso aqui – disse puxando para um abraço.
- Sabia! – disse ele dando um sorriso bobo, com os olhos fechados.
- Tu que tá me deixando louco – eu disse beijando ele.
- É? Então será que posso me aproveitar desse louco? – disse ele com sorriso safado.
Ele me abraçou com mais força e começou a me beijar, agora, era beijos com mais força.
Ele beijava meu pescoço, meu peito, meus braços. Algumas vezes ele mordiscava no lugar do beijo, principalmente quando chegava ao pescoço ou na barriga. A sua respiração estava forte e seu rosto já não era mais o rosto de apaixonado, era um rosto de excitação.
- Olha, tem alguém se animando aqui, então? – eu disse fazendo se afastar sorrindo
Deu até pena de ver a carinha que ele fez quando se afastou. Ele estava rindo bastante, mas estava sem graça, envergonhado.
- Hei ursão, só você mesmo pra me deixar sem graça, heim? – ele disse enfiando a cara dele no meu peito, como se fosse um cão, quando se enfia em algum lugar para se esconder.
Fiquei ali abraçado com ele, dando beijinhos no pescoço, trapézio, na cabeça. Sempre tomando cuidado para não relar na sua tatuagem.
- Dói? – perguntei ao passar os dedos de leve.
- Pouco! Mas sem problemas! Ainda tem um micropore por cima.
Eu estava louco. Era estranho ver um homem daqueles abraçado comigo. Imaginei a cara das pessoas caso nos visse daquele jeito. Ele se afastou e foi até a saboneteira liquida que ficava ao fundo do vestiário. Ele esfregou o sabonete nas mãos e começou a ensaboar meu peito, meus braços, minha barriga, desceu até minhas pernas e pés.
- Nossa! Quem diria que você fosse um cavalheiro, heim? – eu disse fazendo-o sorrir.
- É só com você, meu ursão – ele disse.
O Murilo me virou de costas e começou a ensaboá-la.
“Confesso a vocês que fiquei um pouco nervoso nessa hora. Eu acho que eu era o cara mais preconceituoso quando o assunto era passar a mão na bunda”.
Ele ensaboou as costas toda e, quando chegou à bunda, pulou direto para as pernas.
“Será que ele está nervoso também ou porque ele era um cavalheiro?” – pensei.
Deixei ele me ensaboar por inteiro e, quando terminou, me empurrou levemente para debaixo do chuveiro para que eu pudesse me enxaguar. Eu estava encantado com aquela versão romântica do Murilo. Sempre pensei que ele fosse aquele tipo de homem que chega em casa, pede para esposa cozinha, que assisti a jogos de futebol, que só pensa em “gozar” e dormir. Na nossa turma, ele sempre dizia ser “O fodão”, “O comedor”, “O cara que mandava as mulheres calar a boca e chupar”. Só que ali, ele estava fazendo completamente o contrário do que ele sempre dizia. De brutamontes metido a comedor, a um cavalheiro, carinhoso, belo por dentro.
- O que você esta fazendo comigo? – eu perguntei não acreditando naquele momento.
- Você não queria tomar banho? Então! Estou lhe dando um banho – ele disse rindo.
- É estranho – eu disse fazendo-o parar de me enxaguar e me olhar.
- O que é estranho? – ele perguntou praticamente sussurrando.
- É estranho que você...
Ouvimos a porta se abrir. Fora um balde de água gelada. A nossa reação foi instantânea. Ambos se empurraram para nos afastarmos e o Murilo correu para as duchas que ficavam ao lado da parede oposta a da minha, ficando quatro duchas de distância e virado de costas para mim.
O vestiário do condomínio era bem grande. Para se ter uma ideia, era separado em quatro áreas. A primeira: era a entrada, onde tinha o espelho e três pias. A segunda área: eram os mictórios e vasos sanitários. A terceira área: tinham bancos de madeira e armários para guardar coisas. A quarta e ultima área: era um box coletivo onde tinham seis duchas, duas em cada parede. Essas quatro áreas juntas, formava um desenho em forma da letra “L”.
Para nossa sorte, a área das duchas era a última área, que nos dava uns 15 segundos de vantagem, além de ter um box de fibra de vidro, leitosa, que não deixava as pessoas de fora ver quem estava dentro. Outro problema, era que não tinha tranca no box. Foram os 15 segundos mais assustadores, agitados, ansiosos que eu tive em toda minha vida. Pelo menos deu tempo para disfarçar o que estávamos fazendo.
Só que tinha outro problema, nós ainda estávamos excitados.
“O que iriamos fazer para abaixar aquilo? Acho que mesmo se soltassem uma bomba atômica não iria abaixar de jeito algum. Bom! Pensando bem, se fizermos pouco barulho talvez a pessoa nem fosse até nós” – pensei.
Mas, para nossa falta de sorte, ouvi meu nome. E para meu maior desespero era meu irmão.
- Alan caralho, é você que esta aí? – perguntou meu irmão.
Olhei para a cara do Murilo que estava pálida e ele expressava estar com muito medo.
- Arthur? Estou aqui tomando uma ducha para voltar pra festa – tô acabando e já saio.
Pude olhar o Murilo me olhando de canto de olho e dando um sorriso. Mas a porta de abriu. Ele entrou na área das duchas e, para o meu alívio, nem desconfiou do que estava rolando. O Arthur estava de chinelo, short de jogar futebol e sem camiseta.
- Hei Alan... – disse ele me olhando – olha só! É o grande Murilo que esta aí? – ele disse indo apertar a mão do rapaz, mesmo respingando água.
Aproveitei que ele estava indo perto do Murilo, mudei a temperatura da água do fervendo para gelado e enfie a cabeça debaixo da ducha.
- E ai Arthur, “firmezinha”? – disse o Murilo virando apenas o tronco para cumprimentá-lo, para que ele não pudesse ver seu membro ereto.
Meu irmão, assim como o Murilo, eram acostumados a ver homens pelados quase todos os dias, já que meu irmão, mesmo não jogando mais futebol profissional, mas ainda, todos os dias ele ia com Breno jogar society. Ou seja, ver homem pelado pro Arthur, era a mesma coisa que ir a padaria.
- Tudo ótimo! O que vocês estão fazendo aí? – Ele perguntou sorrindo.
- Comprando carne – eu respondi.
- Idiota! - o meu irmão respondeu dando um tapa forte na minha nuca – o pessoal da festa está te procurando seu jumento. Sem falar na mãe que disse que ia arrancar sua orelha na unha se você não aparecesse logo.
- Pode deixar, já vamos lá – eu respondi e enfiei a cabeça novamente debaixo d’água.
- Murilo, você poderia ensinar boas maneiras a esse moleque – disse o Arthur tirando os chinelos e jogando para fora do box.
“Afff! Ele vai entrar aqui dentro?” – pensei.
- É, isso eu tento há anos, mas ele não aprende, né? – ele disse colocando a cabeça debaixo d’água.
“Há anos? Há anos que você nem liga pra mim e fala que está me ensinando alguma porra?” – pensei.
- Porque olha só: ele só anda grudado com aquele Italiano e não o vejo com nenhuma garota há milênios – ele disse dando outro tapa na minha nuca.
- Vai ver ele não tem “as manhas” né? – o Murilo riu.
- Acredito que não! Se não te conhecesse King eu até acharia que meu irmão estaria aqui “roçando” você – disse o Arthur rindo.
“Vai tomar no cu! Será que ele viu?” – pensei enfiando minha cabeça na água.
Meu estômago deu um solavanco.
- Vai tomar no seu rabo, seu arrombado, cuzão! – gritei pra ele.
O Murilo estava tão tenso quanto eu. Olhando-me com cara de “O que faremos?”
- A água tá boa né Kingão? – perguntou o Arthur.
- Tá maravilhosa – respondeu Murilo com a cabeça debaixo da ducha.
O Arthur se virou e saiu para fora do box, deixando nós dois as sós. Quando a porta fechou, o Murilo se virou para mim e olhou com uma cara de puto. Fiquei apavorado também. Foi então que ele mostrou o que pênis dele ainda estava tão duro quanto antes e ele apontou para o meu também.
- O que eu faço? – ele perguntou bem baixo.
- Se eu soubesse já teria feito algo – eu sussurrei.
A porta se abriu mais uma vez e meu irmão entrou apenas de cueca.
“Não, não, não, não, não, não, não e NÃO! Tá de brincadeira com nós?” – pensei.
Ele abriu uma ducha entre eu e o Murilo e deixou a cabeça debaixo da água.
O Murilo me olhou novamente com uma cara de: “O que eu faço agora?” e respondi encolhendo os ombros.
- Você deveria levar o Alan para “comer” umas menininhas por aí. Ele tá precisando! – o meu irmão falou para o Murilo.
- Pode deixar! Eu vou o fazer perder o “cabacinho” hoje a noite – o Muca respondeu rindo.
“Vai tomar no meio do olho do seu cu!” – pensei mostrando o dedo do meio para o Murilo.
- Isso mesmo King! Só não deixa as meninas colocarem o dedo nele – falou meu irmão rindo.
- Ok! Sem dedo – disse o Murilo com cara de sacana.
- Essa parte de dedo é com você, né King? – eu disse retrucando.
Ele riu
- Olha o Alan com ciúmes King – meu irmão começou a falar de novo – Se você quiser, ela faz em você também! – ele disse rindo.
- É mesmo Arthur? Se o Alan estiver com tanto ciúmes assim, é só me pedir – riu o Murilo.
- Quem sabe você não esteja precisando de uma travesti. Fiquei sabendo que você curte um pinto também – eu disparei.
- Olha que nervosinho que meu neném está! - Disse o Arthur vindo e me dando um abraço por trás.
- Me solta idiota! – eu disse empurrando-o.
Como o chão estava molhando e cheio de sabonete, ao tentar me soltar, escorreguei e caí de bunda no chão.
- Caralho! Olha o Alan de pau duro – meu irmão riu e apontou para meu membro.
Além da dor, agora eu seria zoado pelo meu irmão.
- Vai pro inferno Arthur. Você é muito cabaço! – eu gritei e me levantei.
- Será que você ficou assim por causa das nossas “historinhas”? – ele disse gargalhando.
Olhei para o Murilo que fez uma carinha de dó, carinha de quem queria me ajudar, mas não podia. Mas quando o Arthur voltou para ele, fingira que estava rindo.
“É isso então! É isso que vou ter que aguentar pra ficar com você?” – pensei.
- Você viu King, meu irmão fica de pica dura falando de pau. Da para acreditar? – disse meu irmão.
O Murilo não respondera.
- Meu irmão um veado? Você deveria ficar com medo dele quando fosse tomar uma ducha, vai que no meio desses banhos ele te ataca– ele disse rindo.
Mas meio segundo depois, a expressão do Arthur muda completamente. Do rizo a cara de pitbull com raiva. Como se ele tivessem levado um tapa na cara desprevenido. Ele trocou olhares entre o King e eu, por algumas vezes. E do ódio, passou para o nojo, era como se ele fosse vomitar em nós a qualquer momento.
“O que está acontecendo que eu não sei?” – pensei.
E olhei para o Murilo para saber se tinha uma resposta e achei.
“Não acredito! Agora fodeu para todo mundo.” – pensei.
Quando nós caímos no chão, automaticamente o Murilo se virou para tentar me ajudar, só que ele esquecera que o pênis ainda dava “sinais de vida” e apontando para frente, como o meu. Ele se esqueceu de voltar para debaixo da ducha. O que fora suficiente para meu irmão ver aquela cena e tirar suas conclusões. Sem falar que eu ia apanhar do meu pai, da minha mãe e do Arthur quando chegasse em casa.
“Agora fudeu!” – pensei.
- Alan, saí daí logo e vamos para a festa. Ninguém é obrigado a te esperar – disse o Arthur rispidamente – Falou aí King! Te vejo na festa. Se é que ainda terá festa?
- Vai na frente que eu já estava saindo daqui – eu disse fingindo não entender nada.
- Eu falei AGORA moleque. A mãe já está puta de raiva contigo – disse ele gritando.
O Arthur desligou o chuveiro dele e ficou me esperando na porta com minha toalha na mão. Fomos para uma área aberta onde tinha bancos e armários para as pessoas se secarem e guardarem suas coisas. Ele ficou em pé, ao meu lado, até eu me secar por completo.
“Não sei ao certo o que ele estava pensando. Porque tinha duas hipóteses, a primeira: ele estava puto em ver eu e o Murilo de pau duro tomando banho JUNTOS. Segundo: ele poderia ter ficado sem graça por zoar meu pau e ficou sem graça ao ver o Murilo na mesma situação? Bom, lógico que ele pensaria na primeira hipótese, porque até uma adolescente de 13 anos pensaria.”
Mas eu rezava para ele pensar qualquer outra coisa. Murilo saiu das duchas tão depressa que nem se secou para colocar seu short, sua camiseta e passou por nós sem falar uma palavra.
“Como eu queria ser você agora para não ter que dar explicação a ninguém.” – pensei.
- Já acabou princesa? Nunca vi demorar tanto para se enxugar – resmungou ele.
- Nossa, o que eu te fiz? – perguntei.
- Apenas pelo fato de eu deixar minha namorada sozinha para vir buscar meu irmão que não tem compromisso com os outros. Isso já tá bom pra você? – dizia ele sem olhar para mim.
Acabei de me secar e seguimos para a festa novamente...