Primeiro eu quero deixar claro que ter 18 anos de idade e entrar de cara no serviço militar não foi a coisa mais importante ou mais barra pesada que tive que enfrentar na pouca vida que tinha vivido até agora. Sou o sexto filho do terceiro casamento de meu pai e confesso que a vida sempre foi de lutas, privações e muita angústia. Tá certo que por ser considerado maior de idade e ter já tão novinho uma certa liberdade de ir e vir, eu me sentia um cara preso a um campo minado de emoções e descobertas.
O corpo feminino não me atraia de jeito nenhum... E isso era um grande problema se levarmos em consideração a vida de farras e galinhagens, pegações e namoros dos meus irmãos mais velhos, filhos do primeiro e segundo casamentos de meu pai Carlos Gregório de Matos com a Fátima Oliveira e a Fernanda Vilar... Minha mãe Lucia da Silva Gouveia era a sua terceira esposa e segundo ele mesmo dizia, seria a última.
Cobri minha vergonha e opção com tudo aquilo que jovens machos faziam e fazem até hoje... Academia de musculação, treinos de artes marciais, farras com amigos - mesmo nunca pegando ninguém, jogos de futebol com os amigos, brigas com turmas rivais de outros bairros e claro conversas cheias de vantagens e com requintes de detalhes de quantas bocetas comia por aí sempre que tinha uma chance...
Até que tive aos 17 anos de idade a primeira de muitas relações homossexuais de minha vida. Descobri no gozo com outro homem o meu paraíso secreto. Foder o corpo masculino e me aproveitar dele de todas as maneiras possíveis e imagináveis, pelo menos na imaginação de um garoto ainda em formação, foi pra mim a maior de todas as descobertas... E eu queria saber mais, queria descobrir mais e queria simplesmente mais e mais...
Instrutor de academia, professor de Jiu-Jitsu, amigos da natação, e finalmente colegas militares, nada me escapava... E eu fazia de tudo para que nenhum deles escapasse de mim ou de minhas vontades.
Segui carreira no serviço militar e fui voluntário num grupamento que seguiu para fora do País por três anos atendendo a um chamado da ONU. De volta ao Brasil recebi uma promoção que me garantiu mais quatro anos nas Forças Armadas e atendendo a um pedido da minha mãe voltei a morar com a família por pura comodidade.
Acho que tava precisando de sossego, pois nada mais tinha tanta urgência e a vida de farras já não me atraía tanto. Lembro da primeira vez que vi aquele garoto ( J B ) pela janela da minha cozinha. Nossas casas, CASA a dele e APARTAMENTO segundo andar no meu caso, eram vizinhos.
Tava um noite muito quente e resolvi me refrescar com um bom banho, apesar da madrugada, e assim que vesti uma cueca amarela após me secar, fui até a pequena cozinha do lugar pra tomar uma água bem gelada que havia deixado no congelador da geladeira antes de ir tomar o banho e sem querer olhei pela janelada cozinha e vi que uma pessoa me olhava pela sua janela. Paralisei imediatamente e a única coisa que me dizia que ainda estava acordado era o barulho abafado da água descendo pela minha garganta abaixo enquanto meus olhos admiravam aquele moleque relativamente alto, corpo bem proporcional apesar da cara de novinho, cabelo longo e preto amarrado, usando apenas uma cueca de cor escura que me deixou fascinado.
O tempo parou naquele exato momento e um princípio de ereção me fez ver que realmente estava bem acordado. O calor passou imediatamento e um fogo cheio de desejo passou a latejar dentro da minha cueca. Não sei se era certo pensar que ele estava também paralisado pela visão que tinha do meu belo e másculo corpo, desculpem mais sou assim mesmo, GOSTOSO... Mas com certeza sei que ele gostou do que viu porque me fitava com olhos arregalados e brilhantes e como não sou nenhum idiota, lembrem que já estava com quase 22 anos de idade e o Exército havia feito maravilhas no meu corpo moreno e proporcional, tratei de me expor mais ainda. Me mostrei na cara dura e como ele não teve reação nenhuma, levantei o copo e brindei com ele. Quebrei um pouco o clima porque ouvi passos no corredor do apartamento, sorri pra ele, apaguei a luz e voltei para o banheiro... Onde o fogo que me queimou só foi apagado após dez minutos de uma intensa disputa com meu juízo.
Dia seguinte, sábado, acordei cedo e fui pra academia de um amigo fazer um treino leve. Assim que cheguei na garagem do prédio que ficava colada ao muro da casa vizinha pra poder pegar a minha moto, ouvi barulho no jardim como se alguém estivesse capinando o lugar e limpando o terreno. Deu uma vontade filha da puta de olhar quem estava lá, só que me controlei, coloquei o capacete, liguei a moto e segui com a vida.
O garoto que havia povoado minha mente na madrugada só voltou a ser visto por mim quando os amigos estavam jogando futebol na quadra do prédio e a mesma caiu na sua casa. Claro que me ofereci pra subir no muro e pedir a bola... Confesso que queria saber quem ainda trabalhava na área livre da casa... Devo ser honesto, na verdade eu tinha a grande esperança de ser ele a trabalhar naquela parte da casa e qual não foi a minha surpresa quando subi no muro, olhei na direção da lavanderia da casa, vi a bola e que havia uma parte quase escondida por conta de um coqueiro e por trás do dito cujo, o corpo nu do garoto que ao ouvir minha voz se assustou e tentou se cobrir de puro nervosismo. Fiz uma brincadeira com ele e após vê-lo se enrolar numa toalha branca a bola foi jogada de volta por cima do muro e sem perda de tempo o chamei pra vir em minha casa... Nem sei porque fiz isso, só sei que precisava vê-lo de perto e poder sentir mesmo a distância o seu cheiro e ver no fundo do seu olho, se eu estava me enganado a seu respeito ou se ele aceitaria o que a vida lhe mandasse viver.
" Quando você chegar do supermercado, dá pra vir aqui em casa?"
" Pode ser, cara".
E ouvir sua voz mais uma vez me faria ser o homem mais feliz do mundo.
O jogo se estendeu mais que o esperado e perdi a porra do jogo por dois gols de diferença... Time ruim o que escolhi viu... Caralho, eu odiava perder. Talvez tenha me tronado competitivo por conta da vida escondida que levava e tinha que ser o machão, o escroto quase que 24 horas por dia.
Subi e já fui correndo pro banheiro. O banho tinha que ser rápido mais tomado no capricho. Eu tava meio eufórico pra que ele ao me ver gostasse realmente do que poderia ser dele, ou não. Bateu um medo escroto ao pensar isso... Decidi demorar um pouco mais no banho e afastar de uma vez por todas esse medo idiota de rejeição... Isso nunca me acontecera antes e claro, não aconteceria logo agora que estava realmente empolgado com alguém. Finalmente me lambuzei com todo tipo de creme e espumas a que tive direito e quase mudo de cor de tanto me esfregar. Nunca soube controlar a minha ansiedade e hoje ela estava quase me matando. Me sequei e saí pro quarto pra poder me arrumar no capricho. Sunga vermelha, bermuda jeans, camiseta regata deixando a mostra um pouco da tatuagem que tinha em cima do peito, chinelo de couro preto e completando a obra uma puta de uma insegurança por não notar o tempo passar e já ser quase noite.
A família me chamou pra comer pizza fora já que não haveria jantar em casa nessa noite e eu disse que tava esperando uma ligação e sairia logo depois... Recusar boia de graça, isso realmente já era uma puta mudança... E tudo por conta do ta J B que até agora não havia dado sinal de vida.
Tava terminando de mijar quando o porteiro interfonou avisando que um garoto chamado J B estava na portaria querendo entrar... mandei o cara subir correndo. Coração deu uma ligeira acelerada e as mãos bem, depois falo delas pois a campainha acabou de tocar...
_ Oi... Foi tudo o que ele disse.
_ Pensei que tu não vinha mais, chapa. Já tava de saída. Disse só pra não deixar claro o nervoso de tê-lo ali na porta do apartamento dos meus pais, meu e de minhas irmãs Mônica e Márcia.
_ Nesse caso acho melhor ir pra casa... Não gosto de atrapalhar ninguém não, cara. esculpa aí...
_ Ei chapa, nada disso... Pode entrar. Na verdade eu prometi pra mim mesmo que só sairia depois que falasse com você novamente.
A cara do moleque abriu num sorriso que me fez brilhar os olhos de puro contentamento. Ele entrou, fechei a porta e a vontade que tive foi de ... Bem depois eu conto.
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O melhor disso tudo, além da volta ao lar e das boas vindas já recebidas e aceitas por cada um de voc~es, é o fato de sempre poder ver gente nova na estrada e confirmar com cada um de voc~es que voc~es continuam e sempre serão o meu querido POVO DO LADO ESQUERDO.
Um grande beijo em cada coração.
Amo vocês, meus queridos e queridas. Nando Mota.