Ele me olhou e foi até nós... - Vamos alí, preciso falar com você!
Respirei fundo e fui com ele para um lugar reservado.
Ele: Pelo amor de Deus finge que não me conhece e não fala para ninguém que está com meu pai, vou morrer de vergonha!
Eu: Edu...
Ele me interrompeu. - Se você abrir o bico vai se arrepender, eu tô avisando!
Saiu sem me deixar falar nada. Quando voltei eu, Yago, Lucy e Kaio ficamos vendo ele e os amigos praticar bullying com um garoto.
Edu era um troglodita, um machão que se aproveita dos mais fracos. Em casa ele me tirava a paciência, isso quando estava na frente do pai, imagina longe!
Edu narrando...
Era o que me faltava, esse farrapo de gente estudando aqui, comigo!
O pior é que no período anterior perdi 2 disciplinas e vou ter que pagar este período com ele!
Eu estava com ódio, tinha que procurar algum micróbio para extravasar minha raiva...
Chegando no pátio meus colegas estavam tirando onda com um otário e eu fui ajudar até termos que ir assistir aula novamente!
Fui para a sala, sentei em um lado oposto o que o idiota tava com seus amiguinhos.
Sentei, puxei outra cadeira e coloquei meus pés. Fiquei olhando, estudando-os. Ele, eu sabia que meu pai estava pagando, minha mãe descobriu que o Fernando estava protegendo, ou comendo um garoto cujo nome é Yago, ouvi ele chamando o loirinho que estava ao lado dele assim. Então olhei para o outro lado...
Vi um garoto branquinho, de cabelo preto, olhos verdes, corpo magro no canto da sala. Ele parecia desconfortável, acuado, vítima perfeita, precisava ter certeza se o que estava pensando era certo!
Chamei uma garota japonesinha de olhos puxados a minha frente. - Psiu, ei... - Ela virou a cabeça. - Tá vendo aquele garoto alí?
Ela: Sim.
Eu: Ele é bolsista?
Ela: É sim, porquê?
Ele: Nada não!
Achei meu alvo desse semestre.
As aulas acabaram, fiquei olhando-o o tempo inteiro, ele ficou sem jeito, percebi.
Saí da sala, Douglas e o tal o Yago foram juntos, se despediram do idiotinha e ele ficou só. Me encontrei com meus amigos.
Eu: Galera chega mais!
Eles vieram a meu encontro.
Eu: Tá vendo aquele carinha alí?
Carlos um colega meu: Sim, o que tem ele?
Eu: É bolsista!
Todos alargaram seus sorrisos.
Se dirigiram a ele mas eu exitei. - Não! Vou sozinho por enquanto!
Fui até ele. - Olá?
Ele virou e me olhou, tinha medo no olhar, parecia um cachorrinho acuado. - Você é tão deprimente!
Ele falou baixo. - O quê?
Eu: É surdo? Além de lerdo? - Olhei para meus amigos de longe, eles riram.
Ele: O que você quer?
Eu: Você sabe muito bem! Não entendo como pobres coitados como você inventam de estudar com a gente!
Ele: Você sabe se sou pobre coitado? Nem me conhece!
Eu: O que quer dizer com isso?
Ele: Ter entrado com bolsa não quer dizer que tenho uma condição financeira ruim, pode ser também que quis me desafiar, entrar por mim sem depender dos meus pais!
Aquela conversa estava muito estranha!
Eu: Não vou cair nessa!
Ele: Ok então!
Fiquei estudando aquele garoto à minha frente!
Ele: Estou esperando!
Eu: O quê?
Ele: A surra!
Me aproximei dele, dei um soco em sua cara e ele caiu no chão, meus colegas riram, ele me olhou com os olhos serrados, não tinha cara de tristeza nem de raiva.
Eu: Por hoje é só. Amanhã tem mais.
Saia sangue do canto da sua boca, ele limpou e eu fui ao encontro dos meus amigos que riam.
Carlos: Porque não bateu mais no mané?
Eu: Preferi deixar para amanhã!
Carlos: Qual o nome do nosso brinquedinho?
Eu: Sabe que nem perguntei?
Ele: Até que é bonitinho!
Eu: Carlos por favor, é um pobretão!
Ele: Achei uma gracinha, talvez eu coma!
Eu: Você é ridículo!
Ele riu.
Eu e Carlos já ficamos uma vez, mas faz anos, tenho ele apenas como um amigo mesmo. Ele tinha porte atlético como eu, moreno, olhos castanhos e cabeça raspada.
Yago narrando...
Estava andando com o Doug numa boa, mas sentia estar sendo seguido, era uma impressão muito grande, não gostava do que estava sentindo.
Eu: Você está sentindo algo estranho?
Ele: Estranho como?
Eu: Não sei, estou sentindo como se estivesse sendo seguido!
Ele: Deixa de bobagem!
Chegamos no prédio...
Fui para meu AP e ele para o dele.
Fer ainda não havia chegado em casa, entrei e fui tomar um bom banho.
Longe dalí...
Kaio narrando.
Depois de ter sido agredido levantei, fui ao banheiro, tirei o sangue da minha boca e saí. Iria agora para casa.
Morava em uma favela, aquelas horas minha mãe estava no trabalho, minha irmãzinha na creche, teria que passar por lá e pega-la, ela tem 4 anos, se chama Mariana e minha mãe Camila.
Eu e Mariana temos pais diferentes, meu pai fugiu quando ainda era uma criança e o pai de Mariana minha mãe nem sabe quem é.
Peguei o ônibus, passei para pegar Mariana, peguei outro ônibus e no momento estava subindo o morro.
Mariana: Deixa eu ficar na tia Beti?
Eu: Não Mariana!
Ela: Por favor?
Beti era uma vizinha nossa, Mariana adorava ficar lá para brincar com a filha dela Aline, ambas tinham a mesma idade.
Eu: Tá bom. Vamos.
Passei por lá...
Beti: Claro querido, pode deixar que eu cuido dela.
Eu: Depois eu passo para pega-la!
Ela: Ok sem problema!
Fui subindo para minha casa...
Estava desatento quando sinto um empurrão, fui puxado para um beco, e agarrado, começam a me beijar. Normal, era o meu ex, não aceita nosso término, não me orgulho mas era um traficante, acabei justamente por isso, vi que não tinha futuro!
Eu: Me solta Juliano!
Ele: Eu te quero...
Eu: Não, me solta já disse!
Ele: Tô com saudade!
Eu: Saudade de me comer né? Não vem com essa de que me ama não porque ontem mesmo vi você agarrado com a Carlinha!
Ele: Kaio...
Eu: Me esquece, já disse!
Saí e continuei andando...
Ele: Você ainda vai voltar para mim!
Minha mãe não sabia que eu era gay, na verdade se soubesse já teria me expulsado de casa!
O que estava me preocupando mesmo era aquele garoto na faculdade, ele vai me infernizar, parece que eu tenho um imã para problema! Nossa mas ele era perfeito de lindo, parecia um ator de novela, tão forte, pele impecável, rosto perfeito... Tinha que implicar logo comigo, que droga, vou levar muitas surras.
Longe dalí...
Yago narrando.
Estava deitado quando escuto o barulho da porta, Fer entra...
Eu: Oi?
Ele: Como foi o primeiro dia?
Eu: Legal!
Fui dar um beijo nele, ele deu um selinho e saiu.
Eu: Fernando eu não aguento mais, abre o jogo comigo!
Ele: O que?
Ele tirava a roupa e ia em direção ao banheiro enquanto falava...
Eu: Você tem problemas comigo não é?
Ele: Yago...
Eu: Você cansou de mim, caiu na real e se arrependeu!
Ele: Não é isso!
Eu: Então realmente tem problema!
Ele: Não quero falar disso agora!
Eu: Já chega.
Ia saindo mas ele me pegou pelo braço, me soltei e saí, ia no Douglas, queria conversar com alguém.
Peguei o elevador e fui até o AP dele, bati na porta mas ninguém abria, baby latia eu pudia ouvir, mexi no trinco e vi que na verdade a porta estava arrombada, me assustei de verdade, estava com medo de abrir a porta, com medo da cena que iria ver.
Abri devagar e vi ele estirado no chão, meu coração batia forte, comecei a chorar e me aproximar, cheguei perto e vi sua cabeça sangrando, sangrava demais...
Corri para o corredor, gritava como um louco pedindo ajuda, vizinhos vieram ajudar.
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Foi curto, mas queria parar aí gente. Desculpa rsrsrs...
Obrigado pelos comment's.