Ai está o segundo capítulo do conto . Por favor comentem. Quase ninguém comentou no capítulo anterior e isso me desanimou bastante...
...e se eu abaixar mais um pouco eu tenho um infarto fulminante de prazer...
Levantei naquela manhã de domingo muito bem. Alicia provavelmente ainda dormiria até as duas horas da tarde só para recuperar o sono e ficaria até as oito horas da noite na cama vomitando pela ressaca. Ela não é tão forte quanto eu na bebedeira, mas é uma boa acompanhante para festas, embora eu não vá a muitas.
Quando deis três passos senti uma pontada na cabeça e voltei e sentei na cama. Aparentemente a dor diminuía e pensei em ficar sentado um pouco até poder levantar de novo. Então pensei um pouco em Tomás, para variar...
FLASHBACK
- Você sabe que meus pais não estão aqui para ficar no meu pé toda hora, eu sou livre.
- Seus pais não estão aqui, o que você quis dizer com isso? – fiz cara de quem não sabia, pois eu realmente não tinha ideia do que ele estava falando.
- Você não sabe? Tenho que passar mais tempo com você mesmo... Meus pais se mudaram para uma cidade próxima daqui e me deixou com a casa só pra mim. Posso fazer o que eu quiser lá – ele voltou a lançar um sorriso malicioso.
FIM DO FLASHBACK
Eu nem tinha ideia da atual situação do garoto que eu mais gosto. Ele estava morando sozinho em uma mansão. Notícias como essas correm rápido. Eu esperava sair na porta de casa e olhar para o chão, sobre o tapete de Bem-Vindos e ver um jornal com a manchete: “Garoto de 17 anos mora sozinho em uma mansão, pois seus pais são muito irresponsáveis. Foram para uma cidade vizinha e deixaram o filho morando só”.
E logo abaixo dessa manchete eu esperava encontrar outra dizendo: “Garoto gay de 17 anos é a única pessoa na face da Terra que não sabe que - Garoto de 17 anos mora sozinho em uma mansão, pois seus pais são muito irresponsáveis. Foram para uma cidade vizinha e deixaram o filho morando só.”
Do jeito que essa cidade é seria bem capaz de encontrar uma manchete como essa em um jornal aos pés da minha porta.
De fato, a fala de Tomás era verdadeira. Apesar de ser seu amigo desde a infância, faz quatro anos (desde quando eu tinha doze ou treze anos) que eu não falo mais com ele e ele nunca mais veio aqui em casa também. Nem me lembro do real motivo para esse sumiço de parte dos dois.
Mas o tempo fez bem a ele. Sua voz engrossou e ficou mais rouca e ouvi-la a um centímetro do meu ouvido me deixou completamente... “inspirado”. Ele cresceu muito, ficou forte, musculoso e nossa, seu rosto é perfeito. Não sei como Zeus não mandou um raio nesse garoto por ser uma enorme ameaça a todos os deuses belos da mitologia.
E eu... um garoto qualquer que não tenho nada de especial, não sou nada perto do que ele é. Ele arranca suspiros onde quer que vá, seja de mulheres ou seja de homens ou seja dos dois juntos ou quem sabe até um cachorrinho, tanto faz, o fato é que o cara é simplesmente incrível. A única coisa especial que eu tenho em relação ele é a sua amizade. E até isso ele pode tirar de mim se ele quiser...
Passados alguns minutos eu me levantei apoiando-me com a mão na cama e consegui me levantar sem muita dor. Sigo em direção ao banheiro, lavo o rosto, escovo os dentes e desço a escada até a cozinha onde meus pais estavam fazendo o café da manhã.
- Bom dia gente – disse a eles e responderam quase como um coral perfeito “Bom dia, filho”
Sentei-me a mesa e esperei que eles trouxessem o café. Não sou aquele tipo de pessoa que acorda de manhã cedo morrendo de preguiça, capaz de cair da cama para ter certeza e que o chão realmente está ali, mas como meus pais estavam na cozinha e, como disse, isso é uma situação rara, eu deixei que eles tomassem a frente no dia.
Após o café provavelmente eles iriam embora para a cidade vizinha de novo e eu voltaria a ficar só mais Alicia em casa por mais uma semana.
Não demorou muito até que Alicia descesse as escadas correndo. Quando viu meus pais ela aliviou a expressão no rosto (eles ainda não tinham ido) e, como se uma “aura do mau carregada de preguiça e com fortes rajadas de indisposição” se estabelecesse sobre ela, ela se aclamou e se arrastou até a mesa, sentando-se e dizendo baixo:
- Bom dia gente.
Antes mesmo de eles responderes nós nos olhamos e eu já sabia o que aquele olhar significava. Sentindo que nossos pais iam responder abrimos as bocas juntos (eu e ela) e fizemos movimentos como se quiséssemos falar e não saísse a voz. Estávamos imitando nossos pais quando eles sempre respondiam em coral:
- Bom dia, filha.
Olhamo-nos mais uma vez e sorrimos. Ela não tinha penteado o cabelo ainda e eu estava até que arrumado. Eu segurava a xicara de café com as duas mãos e tomava um gole.
- Bom dia, mana.
- Bom dia, mano.
Nossos pais se juntaram a nós e trouxeram o café da manhã. Eles comeram mais rápido que o normal e eu já sabia o que aquilo significava. Aparentemente minha irmã também sabia, pois ela olhou para mim com uma cara de “não pode ser, mas já?”. Então olhei para o canto da cozinha e vi as malas já amontoadas. Eles já estavam saindo.
- Vocês já estão indo? – disse inocentemente.
- Temos que ir meu filho. Daqui a pouco estamos saindo – minha mãe olhou o relógio de parede da cozinha – ou melhor estamos indo agora. Vem meu amor – chamou meu pai – Até mais Alicia, cuide de seu irmão. Até mais Adam, cuide de sua irmã. Tchau.
Em poucos segundos as portas do carro já estavam se fechando e os pneus já cantavam no asfalto. Estávamos eu e minha irmã na mesa, nos olhando.
- Ah, mais uma semana, mana...
- Mais uma semana...
Olhamo-nos de repente com olhos de serpente e nos levantamos rapidamente da mesa. Como ela estava mais próxima da escada, ela saiu correndo subindo os degraus e eu apenas ouvi sua voz vinda do andar de cima:
- A louça do café é sua rsrsrsrsrs.
- Sua vaca – falei baixo e dei uma risada.
Arrumei tudo e subi para o meu quarto. Naveguei pela internet e passei o dia inteiro de domingo assim.
Continua...