- Ola vagabundo. Não me virei para ver quem era no momento mas vi a pessoa pelo espelho a minha frente.
O que essa pessoa estava fazendo ali? O que queria? E quem deu a liberdade para essa criatura invadir o quarto onde eu estava e me xingar? E tudo isso no dia do meu casamento... Ah não, realmente hoje não era o dia para isso. Mil coisas passavam pela minha mente, o sentimento de raiva e surpresa me deixavam a flor da pele, porque essa visita do inferno justo no dia mais importante para mim? Não sei o porque que essa cria de Satanás saiu do inferno, mas ja digo: nada, NADA, vai atrapalhar o meu dia hoje.
Ainda sentado na poltrona olhando o ser atrás de mim pelo espelho notava raiva, ódio, escuridão e solidão em seus olhos, como se estivesse chorado a noite anterior. Os meus olhos passavam quase os mesmo sentimentos: raiva, ódio e surpresa, uma surpresa nada agradável aliás. Marco assim como Ana naqueles poucos segundos estavam estáticos por não saberem o que estava acontecendo e eu os entendo, afinal nem eu sabia o que estava acontecendo. Minha testa estava franzida e ainda ouvia em minha mente o "vagabundo" que outrora foi dito pelo ser atrás de mim.
- Você me chamou do quê? Perguntei me virando com olhar assassino.
- Acho que você não é surdo. Rebateu cinicamente, suas palavras pareciam facas que queriam me matar sem pena.
- O que você está fazendo aqui? Pelo que eu saiba não lhe mandei nenhum convite. Disse tentando me acalmar, eu realmente não deixaria nada estragar o meu casamento.
- Uma vez Poppe, sempre Poppe. Disse-me ela ainda mais cínica. -Você ainda vai aprender; e ja lhe adianto ser um Poppe não é tão fácil assim. Incrível como Patrick pode ter se apaixonado por você. O desdém em suas palavras, o nojo que ela mostrava me atingiam e por mais que eu não quisesse todo aquele pensamento de Buda, paz e amor se desfizeram em mim, sumiram de minha mente. Quem ela pensa que é para me dizer aquilo?
- Olha querida, eu sei que não deve ser fácil para uma golpista feito você ter que dizer adeus a sua fonte de renda que era o falso casamento com o Patrick. Mas se quiser um conselho seja digna como todo mundo e tome vergonha nessa sua cara e seila... Tipo... Arruma um emprego fofa. Acho que você sabe fazer alguma coisa de útil né? Porque a unica pessoa vagal aqui nesse quarto honey é você. -Me levantei da poltrona e me aproximei dela dizendo-... Tão vagabunda que está posessa por ter perdido o dinheirinho fácil que tinha sendo uma coadjuvante, ou melhor, uma parasita da família Poppe. Pare com esse seu teatrinho podre e saia desse quarto e tenha mais dignidade! Minhas ultimas palavras foram em tons de ameaça, o olhar que ela me retribuia era de uma profunda raiva misturado a angústia, ela estava perdida e isso era nítido. O clima naquele quarto se tornou tenso, frio e odioso, muito diferente do que estava a minutos atrás. Estavamos frente a frente como dois lobos e por mais que eu não quisesse ela não tinha o direito de querer estragar tudo. Afinal ela é a EX mulher de Patrick, uma mentira; e eu sou o verdadeiro amor dele.
- Eu acho que você deve ir embora moça. Disse Marco acanhando olhando para nós. Ana balançou a cabeça positivamente concordando.
- Eu não vou para lugar nenhum, eu vivi parte da minha vida nessa casa e não irei sair daqui por causa de uma bixinha como você. Disse ela respondendo a Marco mas sem tirar os olhos de mim direcionando a resposta a mim também.
- Eu sou a bixinha que faz ele feliz, que fez ele descobrir o amor de verdade, que fez e faz ele gozar de prazer loucamente. -Disse rindo ironicamente me referindo a Patrick-... Sim eu sou essa bixinha, e tudo o que você mais quer, tudo o que você mais deseja é ser essa bixinha. -disse apontando para mim mesmo-.. Mas você não é e por isso está assim, decadente na minha frente.
Tudo parecia uma cena de filme, as palavras eram afiadas, em um tom baixo, uma briga com classe onde as alfinetadas doíam na alma. O clima exalava tensão e nossas feições eram de raiva misturado a superioridade. Mas nessas situações é muito difícil manter a classe e o salto 15. Meu rosto ardeu e o som ecoou naquele quarto, a cara de Ana e de Marco eram de espanto, mais espanto do que eles já estavam. Aquilo já tinha passado dos limites. Minha face doia, a mão daquela vadia era pesada e avermelhou o local onde ela me bateu.
- Sai Daqui Agora. Minhas palavras saíram cortando entre os dentes, minha raiva agora era enorme e minha vontade era de soca-la, mas não podia, estava me controlando para isso.
- Sua vagabunda, sai daqui agora! AGORAAA. Gritou Ana vindo ao meu encontro.
- Eu vou ligar para a segurança. Disse Marco tirando seu celular do bolso apressado.
Tudo estava em câmera lenta agora, Ana me acolhia e me segurava ao mesmo tempo para eu não voar em cima daquela mulher louca, Marco meio distante estava mexendo em seu celular e Laura com seus olhos meio cheios de lágrimas tirou de sua bolsa uma arma e apontou para Marco. Sua mão estava estendida e meio tremula segurando aquela arma, Ana assim como eu nos assustamos e demos gritos baixos e Marco largou o celular no chão quando Laura disse:
- Larga esse celular agora. Agora! Eu tô mandando. Seu rosto era enigmático, ela ria ao mesmo tempo em que lágrimas escorriam pelo seu rosto.
- Laura se acalma, por favor. Não faça nenhuma besteira. Disse eu assustado me aproximando lentamente dela.
- Ta com medo agora Luan? HAHAHA. Fique aonde está, nem mais um passo.
Ela apontava a arma para mim e parecia estar descontrolada, não sabia o que fazer, só estava fazendo.
- Laura para com isso. Pense em sua filha. Você vai querer passar seus dias na prisão sem ver ela crescer? Sem acompanhar isso? Disse tentando faze-la se acalmar e voltar a sanidade. Seu riso maléfico me assustou, sua confiança estava inabalável, ela estava louca.
- Quem disse que eu irei para prisão Luan? Disse ela me olhando lentamente. -E sobre minha filha, bom, eu nunca liguei mesmo para ela. Mas admito que pelo menos ela ira garantir uma bela pensão alimentícia se tudo der errado.
- Eu sinto nojo, pena... Eu sinto dó de você Laura. Confessei com escárnio, como ela podia dizer aquilo da própria filha que era o amor de Patrick, como ela pode dizer isso daquela princesinha?
- Quer saber de quem eu tenho pena? Ela tinha um ar de superioridade ao dizer aquelas palavras. -Eu tenho pena dessa sua amiga ai e desse rapazinho tão novo que iram morrer por sua culpa.
Senti Ana mesmo de longe ficar pasma assim como Marco.
- Afinal se eu matar só você e deixar eles todo meu plano vai por água abaixo né? E não posso correr esse risco por que eu estarei muito ocupada consolando o Patrick pelo suicídio do seu ex quase marido. Completou ela rindo.
- Suicídio? Você é louca! Eu não tenho motivo nenhum para um suicídio ninguém vai acreditar nisso. Para com essa loucura.
- Será que não tem nenhum motivo mesmo?... Bom, pelo que eu sei o Patrick já te sequestrou uma vez e quase te estrupou não é mesmo? E o que estará na carta que você vai escrever daqui a pouco, vai relatar que você nunca amou o Patrick e so voltou a ficar com ele por medo de tudo aquilo acontecer de novo, de todo aquele trauma lhe atormentar novamente. Seus olhos focados em mim me davam medo, eu realmente não imaginava a que ponto Laura podia chegar. -É claro que você dira também que Patrick não lhe fez mais nada e isso é uma insegurança sua e somente você é o culpado pelo seu ato de suicídio. Não preciso nem explicar o porque dessa declaração né? Não quero que a Policia culpe o Patrick, preciso dele solto. E sobre esses dois você dira que matou eles por que... Ah, seila... Eles o impediram de continuar com o seu plano. Ok? Acho que você já entendeu tudo não é mesmo? Vamos começar a por tudo em prática agora.
Meus olhos ardiam, meu coração estava acelerado e minha vontade era de pular em cima dela, mas tinha medo, aquela arma afastava qualquer coragem que eu tinha. O plano dela era destruidor, era doentio, era louco.
- Isso tudo por causa de dinheiro Laura? Meu Deus olha para si mesma, vai matar três pessoas por dinheiro? Meus olhos estavam cheios d'água e eu a olhava temeroso.
- Para de chorar. Eu sou a vítima aqui ta me entendendo. Para de chorar vocês três! ... E não é só pelo dinheiro. Não acho justo eu nadar tanto e morrer na praia, não é justo. Seus olhos novamente estavam chorosos e sua sanidade estava em uma linha tênue com a sua loucura.
- Laura por favor não faça nenhuma besteira. Eu prometo que posso lhe ajudar.
PÁÁAAA. O som do tiro era estrondoso, o espanto e o medo nos faziam companhia e o poder estava no semblante de Laura. O buraco no chão feito pela bala que saiu da arma de Laura espantou a todos naquele cômodo, inclusive a ela mesma.
Primeiro,
Segundo,
Terceiro,
Quarto passo.
Ela estava em minha frente, seus olhos me fitavam, ela abriu a boca e rangeu baixo: -Eu não preciso da sua ajuda. Era palpavel o seu nojo enquanto dizia tais palavras.
Laura podia estar com seu plano arquitetado, sua mente podia estar seguindo cada passo que ela previu seguir para dar certo aquilo que ela se propôs a fazer. Mas como qualquer iniciante pecou em não ser discreta, o tiro dado no chão para me amedrontar foi o seu maior erro, após alguns segundos algumas pessoas batiam na porta perguntando a origem daquele som e se estava tudo bem.
- Todo mundo caladinho ok. Se não eu mato vocês agora. Ela apontava a arma para mim, Ana e Marco simultaneamente. Apenas balançavamos a cabeça e ela baixinho me chamou para frente e me disse para confirmar que tudo estava bem.
Colei meu corpo na porta e fiquei de costa para Laura, um grito de socorro berrava dentro de mim mas sentia o cano da arma em minhas costas me impedindo de dizer a verdade. A sensação de liberdade e represália era sentido em cada pedacinho do meu corpo.
Foi tudo muito rápido e logo quando iria dizer que tudo estava bem senti que a arma descolou de mim e ouvi o grito que Ana dava por puxar Laura fazendo ela cair no chão largando a arma, Ana pulou com uma força sobre humana em cima de Laura e descontava-lhe todo o medo, toda raiva e angustia que ela o fez passar. E esse foi o segundo erro de Laura, sua falha atenção a fez perder o controle da situação.
Corri e peguei a arma no chão e um álivio invadio a minha alma. Marco pegou o seu celular que Laura tinha nos tomado e ligou para a polícia, do outro lado da porta as pessoas ainda batiam e perguntavam o que estava acontecendo. Passei por Ana que ainda esbofetiava Laura com toda a força que tinha e por mais que fosse bom vê-la apanhar só queria uma coisa. Abraçar Patrick, abraça-lo, beija-lo, me sentir vivo. Porque a minima ideia de morrer e não tê-lo para mim me doeu tanto que precisava me livrar daquele real pesadelo. Abri a porta e vi alguns empregados e no meio estava ele com uma cara de preocupado que se intensificou ao me ver armado e chorando. Seu abraço veio rápido e como imaginava ele foi reconfortante. Ali era onde eu queria estar, ele era o que eu queria e tira-lo de mim seria a pior coisa que poderia me acontecer, eu o amava demais para ficar sem ele. O climas era tenso ali, mas o abraço dele e seus beijos em minha cabeça me fizeram esquecer por poucos minutos todo o medo que sofri a segundos atrás.
Uma hora depois....
Estava no quarto da mãe de Patrick, estava sozinho na janela vendo os carros de policia na frente da casa, todo aquele clima de casamento parecia ter sumido dali, toda a alegria tinha ido embora. Mas eu não, eu ainda sentia o clima, ainda sentia o desejo, ainda sentia o prazer de casar com o homem da minha vida. Parece loucura eu sentir tudo isso depois do ocorrido. Mas loucura mesmo seria eu deixar que Laura conseguisse me afetar, que Laura conseguisse mesmo que de outro modo acabar com o dia mais especial da minha vida. Me distanciei dos pensamentos quando ouvi a porta se abrir, dei um sorriso vendo Patrick se aproximar de mim.
- Eu te amo. Disse ele me abraçando.
- Eu também te amo amor. Disse olhando em seus olhos azuis.
- Ainda vamos casar? É claro que eu vou entender se tu quiser remarcar. Seus olhos e seus toques queriam me acolher, me proteger.
- Lembra do que você disse hoje de manhã? Perguntei sorrindoNada vai impedir o nosso casamento hoje! Respondi a minha propria pergunta.
Seu sorriso se enlargueceu e ele me dizia que me amava infinitas vezes. Sai do quarto e avistei Alcântara, conversei com ela e a mesma pegou o interfone em sua mão alegre e disse em alto e bom som, chamando a atenção de todos que estavam ali, inclusive minha mãe, meu pai e de Laura que passou justamente naquele lugar algemada pelos policiais.
- MÃOS A OBRA, POIS ESSE CASAMENTO VAI ACONTECER.
Continua...
Boa tarde meus amores resolvi dividir a ultima parte pois achei que ficaria muito grande e cansaria a vocês leitores. Espero que gostem meu amores e amanhã realmente sera o fim de Paixão. Amor e Obsessão. E desde já agradeço a todos que acompanhara, que votaram e comentaram. OBRIGADO. <3...
Obs: Adorei começar a escrever 'O Indomável' postarei assim que puder os proximos capitulos dessa nova saga, espero que vocês gostem também dessa nova história.
Votem e comentem. Beijos do Little Boy.