Gustavo deu um súbito de loucura e tascou-lhe um beijaço naquele homem forte e grosso. Aliás, os dois eram assim.
Paulo não conseguiu reagir e permitiu sentir a língua quente do Gustavo, devorando o céu da sua boca.
Como seria depois daquele encontro inusitado?
Gustavo era dominador e agarrou a cintura do outro, prendendo o Paulo em seus braços. Dois homens fortes, altos, viris... Se entregando a uma atração e desejo impactante que ambos não sabiam explicar, mais que apenas sentiam um pelo outro. O Gustavo por si só, já exalava tesão e sexo, sendo mais abusivo e ousado, com seus olhares fatais e sedutores. Já o Paulo era mais tímido, mais quando estava no domínio da situação, fazia qualquer um se render em seus braços.
Repetindo o primeiro encontro, Paulo foi arremessado na parede daquele banheiro, sem preocupar-se com o resto lá fora. Gustavo tirava o seu fôlego, invadindo brutalmente sua boca, com sua língua devoradora; ao mesmo tempo em que massageava o pau dele. Por um momento, foi à vez de o Paulo dominar a situação, e inverter os lados, deixando o Gustavo acuado em seus braços, e chupando seu pescoço, orelhas e a nuca. Gustavo gemeu alto...
- Seu louco. Aonde quer chegar com tudo isso? – dizia o Paulo com a voz embargada e rouca.
- Você me causa uma sensação doida. Não sei explicar... Ahhh... E essa tua boca. Meu Deus! Me deixa louco.
- Vamos parar com isso. – Paulo dizia, mais não conseguia soltá-lo.
Eles ouviram um barulho, e rapidamente de soltaram um do outro, se ajeitando no espelho. Gustavo saiu primeiro do banheiro e piscou os olhos para ele, voltando para sua mesa. Ele percebeu que a sua hora de almoço já estava terminando e nem havia se dado conta de que nem o pedido foi feito ao garçom. Ele escreveu o número do seu telefone e deixou debaixo do prato, na mesa do Paulo, e seguiu para empresa.
- Louco! Louco! Sujo! Porco! – Paulo se autodestruía diante do espelho. – Você é noivo. Você ama sua mulher! Aliás, é de mulher que você gosta. – ele se martirizou por dentro, com tudo que havia acontecendo momentos antes. Saiu dali, e voltou para mesa, apenas para chamar o garçom e pagar sua conta, pois também precisava voltar para o seu escritório de contabilidade. Percebeu um papel debaixo de seu prato e automaticamente o abriu.
“Este é o meu número:Aguardarei ansiosamente sua ligação”. Beijo na boca... Gustavo.
- Filho da Puta! – bradou ele em voz baixa, e por um súbito quis rasgar o tal papel, mas algo dentro dele o impediu, fazendo ele o aguardar no bolso.
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- Oi meu amor! Como você está?
- Gustavo, eu queria que você buscasse a Sofia no aeroporto. Não sei que horas irei sair da clinica... Ainda tenho pacientes para atender.
A filha de ambos estava numa viagem de férias na casa da avó, que morava na região Sul do país. A adolescente tinha 13 anos, mas era uma menina bastante independente para sua idade. Viajava sem os pais tranquilamente.
- Claro meu amor. Busco sim. Eu vou ter mais uma reunião e logo em seguida irei para o aeroporto.
- Só não vá atrasar e deixar sua filha plantada. Por favor!
- Amanda, você sabe que eu nunca fiz isso né? Tenha santa paciência! Bom, agora vou ter de desligar. Meu diretor está me chamando. Um beijo amor. Até mais tarde.
Ele desligou o aparelho, e deu um leve sorriso, olhando para janela e admirando a movimentação da grande cidade. Por um instante, lembrou da cena louca que teve no banheiro com o Paulo. Nem o próprio era capaz de explicar o que estava acontecendo com ele. Jamais em sua vida, pensou que sentiria atração por um homem.
- Ai Gustavo, o que está acontecendo cara? – ele alisou os cabelos e saiu da sala.
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- Julia, nos vimos hoje meu amor. Eu prometi ao meu irmão que sairíamos para tomar uma bebida. Poxa, você me quer com total exclusividade... Eu tenho família!
- Não estou falando isso. É que sempre você inventa algo quando não quer sair comigo, agora pro seu irmãozinho você tem tempo o suficiente. Paulo, hoje é sexta-feira. Dia dos namorados estarem ao lado de suas namoradas.
- Julia, quer deixar de ser dramática? Eu já disse que hoje sairei com o meu irmão e ponto final! Amanhã nos vemos. Prometo!
- Pois amanhã também não quero. Sairei com as minhas amigas. Tchau.
- A senhora acredita que ela bateu o telefone na minha cara?
- Era a Julia?
- E quem mais faz toda essa encenação, hein mãe? Eu praticamente passei a semana inteira ao lado dela. Saio do escritório e vou direto para casa dela, e só uma única vez que resolvo sair com o meu irmão, a Julia faz drama? Ah, vocês mulheres me irritam. Foda-se também! Vou sair e ponto.
- Calma meu filho. – a mãe dele riu. – É capaz de ela aparecer aqui hoje.
- Então eu vou correr e me arrumar, antes que ela pense em fazer isso.
Ambos riram e ele foi pro banho.
O relacionamento do Paulo com a Julia era muito mais complicado do que o do Gustavo com a mulher. Julia é ciumenta, possessiva, e morre de medo de ser abandonada pelo homem da sua vida. Já a Amanda, é uma mulher firme, segura, independente, dona de si e sabe o que quer. Claro que ela é louca pelo Gustavo, mas sua profissão é uma de suas paixões e ela não abre mão.
No chuveiro, ele se lembrava da boca quente do Guga, do sorriso malicioso, da pegada em seu pau... Por mais que quisesse evitar, as lembranças atormentavam a cabeça dele.
Bem, se arrumou, passou um bom perfume, e pegou seu carro. Passou na casa do irmão mais velho, que já tinha uns 37 anos, e com a mesma beleza do Paulo... Ambos foram para um bar agitado da noite carioca. Sentaram, e sem perder tempo, pediram um chop, e petisco. A rua estava movimentada, afinal, era sexta-feira, e a badalação rolava solta. Conversa vai, conversa vem, o irmão dele foi ao banheiro, o deixando sozinha a mesa. Ele ficou pensativo, e algo dentro dele, pedia para que ligasse para o tal número deixado no restaurante. Paulo relutou consigo mesmo, mas não resistiu e ligou.
- Alô!
- Alô. Quem fala?
- Oi. É... Eu sou... – a voz dele travou por um momento.
- É você mesmo? – Gustavo já sabia quem era.
- Você está me reconhecendo? Eu sou o cara...
- Do banheiro! O cara que machucou minha boca e o meu nariz. O cara que deliciosamente, me deixou maluco... Sim! Eu te conheço.
- Esse seu modo de falar me irrita. Bom, eu liguei porque eu queria pedir...
- Quer parar de enrolar? Você ligou porque sentiu saudades. Ponto! Assume porra.
- Quanta pretensão da sua parta cara... Você é um idiota! – disse o Paulo enraivado.
- Ok. Eu vou desligar. Boa noite!
- Não! Não faça isso Gustavo. Eu liguei, porque estou num barzinho e queria saber de você, caso não esteja ocupado, talvez quisesse vir aqui.
Gustavo no fundo ficou feliz com o interesse do outro em querer vê-lo. Ele precisa inventar algo para a Amanda e para filha que acabara de chegar de viagem, se quisesse rever o causador de suas perturbações mentais.
CONTINUA...