- Como assim amor? – Falei para ele, assustado.
- Pois é. E se você falar não, eu te amarro e levo assim mesmo... – Olhei com cara de safado e falei:
- E como você vai me segurar para amarrar? – Ele deitou sobre mim e segurou meus dois braços. Claro, eu me deixei segurar... Nick não falou nada, só beijou meu pescoço. Suspirei. Eu me sentia protegido nos seus braços.
- Você fazendo isso, não precisa nem me amarrar, eu vou por conta propria! – Nick riu. Ele continou me beijando. Olhei no relogio. Eu já estava quase atrasado para a minha aula. Sai, com muito pesar, da proteção do Nick e falei:
- Tenho aula do Medina (Boss ultra fucking hard de calculo na unifei)
- É foda... – Enquanto eu vestia a roupa, falei para ele:
- Que horas nós vamos?
- Depois do almoço, você não tem aula a tarde. Nem eu.
- Ok!
Fui para a aula apreensivo. Eu iria conhecer os pais dele. Isso ainda não tinha caido a ficha... Assisti a aula de calculo e voltei para casa. Fiz um almoço rápido, arrumei minha mala. Nat almoçou comigo.
- Você devia largar a engenharia e abrir um restaurante – Ela me falou antes de ir embora para sua casa. Nick chegou logo em seguida. Minhas coisas já estavam prontas.
Coloquei as coisas no carro e saimos. Avisei meu pai que estava indo para Poços.
- Juizo em, filhão. Vai lá, ser feliz – ele me falou.
- Já sou pai, já sou – respondi, olhando para o sorriso fofo do Nick.
A viagem foi bem tranquila. Paramos no meio do caminho para ir no banheiro e tomar um cafezinho. Tirando a punhetinha que eu toquei para Nick no banheiro, nada demais ocorreu na viagem.
Chegamos a Poços de Caldas ainda era tarde.
Pra quem nunca foi, recomendo fortemente a ida nessa cidade. Lá é um lugar de ir, não de voltar. Uma cidade linda, limpa, charmosa, fria... Encantadora.
- Não sabia que seus pais eram de Poços...
- Eles são, moraram um tempo em São Paulo e voltaram para Poços tem pouco tempo. Tinha até alguns amigos aqui... Não lembro de nenhum deles.
- Saquei. Bom, espero que seus pais gostem de mim...
- Eles vão te amar... I can feel it – Eu ri.
Chegamos na casa de Nick e fomos recebidos pelos seus pais. Nick era muito parecido com eles. Tinha mesmo o jeito do pai. Cabelos, rosto. Mas tinha os olhos da mãe. Ambos eram muito bonitos, tanto seu pai, quanto sua mãe.
- Mãe, esse é o Nando, meu amigo que eu falei que viria para cá esse final de semana!
- Prazer, Senhor e Senhora Araújo. Eu sou o Fernando – Apertei a mão do pai dele e a abracei a mãe dele.
- Por favor, me chame de Carlos! - Falou o pai dele
- E me chame de Maria. Senhora é só a santa! – Eu ri.
- Tudo bem, Senhor Carlos e Senhora Maria. Me chame de Nando, por favor.
- Sem “senhor” por favor. Senhor está no céu – Carlos falou de bom humor.
- E senhora é só a santa – Completou Dona Maria.
- Crianças, vamos tomar café!
- Vamos! To morrendo de fome – Falou Nick.
Entramos e sentamos em uma mesa muito bem arrumada. Tinha de tudo. Bolo, suco, café, rosca, pães...
A casa do Nick era bem arrumada e aconchegante. Não era grande, mas tinha um certo luxo. Pelo visto, os pais de Nick eram muito bem de situação, mas muito simples.
Comemos e fomos para o quarto do Nick. O quarto dele era muito legal. Tinha um poster enorme do vasco, quando foi campeão da Copa do Brasil.
- Seu pai também é vascaino?
- Roxo. Dos que chora. Quando o vasco perde pro flamengo, parece que ele vai infartar. Parece que morreu alguem. E, se não tiver cuidado, morre mesmo – Eu ri.
- Ele vai gostar do meu pai
- Do meu sogro? – Aproximei de Nick. Dei um selinho nele.
- Exato. Quando você vai contar para eles? – Perguntei, quase sussurando. Nick sorriu.
- Nando. Eles já sabem. Eu já contei. Lembra aquele final de semana que eu fui até Varginha?
- Oi? Lembro, mas como assim?
- Eu não respondi, por que, além de fazer as nossas pulseiras, eu vim aqui antes contar para eles. Você percebeu como eles foram deboa. Eu não colocaria você num risco de passar vergonha, caso meus pais não aceitassem minha opção.
- Você é um fofo. Um lindo, um perfeito! – Beijei ele ali.
- Calma, Nando. Hoje a noite vai ter um jantar aqui. Coisa da minha mãe. Ela adora essas firulas.
- Fala para ela, que eu faço o jantar... – Pensei nessa ideia maluca na hora.
- Sério?
- Sim. E se você não falar, eu falo! E seu eu não fizer a janta, vou lá Cantina do Araújo...
- Nossa. Tá bom! Espera aqui! – Nick me deu um selinho e foi falar com a sua mãe.
Ele voltou 5 min depois.
- Boa noticia: você vai jantar conosco. Má noticia: você cozina.
- Você me deu duas boas noticias. Eu gosto de cozinhar – Ele sorriu. Ele sabia disso... Ele sabia que eu cozinhava bem. Eu fazia tudo o que ele gostava.
- O que você quer comer?
- Aquele frango de 4 queijos... Só você sabe fazer. Minha mãe faz, mas não fica 1% de bm do que você faz.
- Vamo no mercado?
- Vamos.
Saimos e fomos no mercado. Compramos tudo, tomamos sorvete, passeamos um pouco na praça e depois voltamos para casa, já quase na hora de eu fazer a janta.
Eu e Nick fomos para cozinha. Eu cozinhava com maestria enquanto ele só conversava comigo. As vezes dona Maria ia lá ver como eu estava me saindo. Ela se surpreendeu com minha habilidade na cozinha.
Nick colocou a mesa, com ajuda da mãe dele. Depois que estava tudo pronto, ficamos ao redor da mesa. Nick falou o seguinte:
- Mãe, Pai, eu ja falei para vocês, mas Nando é o meu namorado. Eu trouxe ele aqui para vocês conhecerem ele e... Ele conhecer vocês... – Meu rosto queimou. Fiquei com vergonha. Nick sorriu para mim. Quem falou foi o pai do Nick:
- Filho, a gente já falou, mas vale repetir. Nós te amamos do jeito que você é! Se você está feliz, nós estamos felizes também!
- Vocês são bonitos juntos. São amigos, companheiros... E se amam! Isso é o importante. E lembre-se das palavras de Jesus Cristo filho: “Eu vos dou um novo mandamento: Amai-vos uns aos outros. Como eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros – João 13,34”.
- Eu amo vocês familia!
- Vamos jantar? – Eu falei. Fui até a cozinha e peguei a comida que eu fiz.
Jantamos felizes e alegres. Sempre que eles perguntavam da minha familia, eu evitava falar da minha mãe. Falava bem mais do meu pai. Por natureza, Seu Carlos gostou do meu pai.
Após o jantar, Dona Maria me falou:
- Fernando, onde você aprendeu a cozinhar assim? O Nick me falou desse frango, mas eu nunca consegui fazer ele tão bom quanto você fez! Depois você me ensina? – Eu ri.
- Claro, Dona Maria. Ensino sim - Ajudei a levar as coisas para cozinha. Depois eu sentei na sala com o Carlos. Ele me olhou e falou:
- Fernando, sabe... Você é a melhor coisa que aconteceu para o Nicolas. Ele está mais feliz, mais alegre. Mais comunicativo. Antes ele vinha para casa e se trancava no quarto. Agora ele sai, conversa, brinca. Por favor, mantenha assim. A principio eu e Maria não gostamos da ideia dele ser gay. Sempre sonhamos em ter netinhos correndo pela casa. Mas, depois que vimos como você faz bem para ele, lembramos do versiculo que Maria citou hoje na janta... Então, só pesso isso, continue assim. Eu gostei de você...
- Seu Carlos. Nick foi a melhor coisa que aconteceu para mim. Ele me faz feliz. A alguns meses eu nem o conhecia,hoje não vivo sem ele. Antes eu era triste e... sem vida. Agora, eu tenho uma razão para levantar todos dias da cama. E essa razão é o Nick – Seu Carlos sorriu para mim.
- Eu também te amo, Nando – Nick falou atras de mim.
- Desde que horas você está ai? – Perguntei.
- Eu estava aqui o tempo todo, só você não viu – Pitty. Eu ri.
- Te amo, seu bobo.
- Te amo muito mais – Ficamos olhando bobamente um para o outro.
Naquele momento eu percebi que nada mais na minha vida importava. Somente Nick fazia sentido para mim agora.
Eu estava feliz. Realmente feliz.