Minha garota, meu Karma...Era pra ser

Um conto erótico de i-n-d-i-e
Categoria: Homossexual
Contém 1434 palavras
Data: 10/05/2015 11:10:03

Sempre começa assim...Do mesmo jeito! Escola nova...Pessoas novas… Cruzes! Está quase o “Era Uma Vez” do século XXI. Mas sim, foi exatamente assim que aconteceu.

Depois de ter dado muito, muito trabalho na antiga escola, minha mãe resolveu me transferir, quem sabe um novo começo não fizesse eu cair em mim e mudar drasticamente?!

Na antiga escola, onde fiz até o segundo ano do ensino médio, era pela tarde e eu tinha esse problema de insônia dos adolescentes… A nova escola sugou de mim até isso. Lá era das 7 horas, até as 19. Minha vida começou e acabou naquele ano.

Eu tinha 17 e estava fazendo o terceiro ano do ensino médio.

Eu sou boa pra fazer amizades mas não estava querendo me envolver muito, o meu cérebro acreditava que a minha mãe acabaria tendo pena de mim naquela “nova vida” e tudo voltaria ao normal. Eu passava o meu tempo livre lendo, eu lia bastante. Lá funcionava assim: pela manhã as aulas normais, a tarde depois do almoço e uma ducha (opcional) tinha o preparatório pro vestibular. A primeira semana inteira faltei as aulas do preparatório. Quando terminava a aula eu tomava um banho rápido e ia pra minha antiga escola. Ver meus amigos, que mal acreditaram quando eu disse “a boa nova”.

“Porra Madu, logo no nosso ano?”

“Não tive opção, minha mãe é minha dona”

Ele riu. Felipinho era um dos meus amigos. Tava ele e a namoradinha dele que não falava muito.

“Eu sempre vou vim aqui, me visita lá de vez em quando também. Já deu de aprender uma coisa sobre o hospício: fácil entrar, difícil sair”

“E como você tá aqui agora?” ele perguntou, como se tivesse acabado de me pegar em uma mentira.

“Minha mãe... ela tá doente, sabe?! Eu tenho que passar a tarde com ela no hospital, porque meu pai tem que ir pro trabalho...” uma explosão de risadas se seguiu.

“Você não presta. Nem pai você tem. Se eu fosse tua mãe, te matava enquanto ainda fosse uma criança”

“Já morri, Felipinho”

Como eu me sacrifiquei NÃO indo as aulas do preparatório, o pessoal da antiga escola também teve que se virar pra aproveitarmos o tempo juntos, cada dia inventávamos uma nova, como ir à praia, cinema ou ficar na porta da escola a tarde inteira fumando cigarros.

A semana passou e no sábado de manhã eu não sabia que tinha aulas. Acordei com minha mãe me chamando, ou gritando, ainda não sei. Não quis discutir. Tomei um banho gelado, vesti a primeira roupa que eu achei e fui saindo.

“Ei, espera. Não vai comer alguma coisa?”

“Como lá, estou atrasada”

“Toma um suco, deixa que te levo de carro” dei meia volta, não queria ir andando mesmo! Liguei a TV num desenho qualquer e fiquei tomando o suco com umas torradas. Depois de uns 20 minutos, saímos.

No fim do dia foi diagnosticado o seguinte: minha mãe é má, ela se infiltrou em mim pra executar o plano dela. Ela tinha ligado pra escola pra saber como iam as coisas (qual mãe em sã consciência faz isso com seu filho?) e eles disseram de alguma forma que eu estava indo visitá-la no hospital, mas daí ela não estava no hospital e fodeu tudo. Ela jogou algumas coisas na minha cara do tipo “pensei que o problema estava nas companhias que você andava tendo, mas vejo que o problema é você, Maria Eduarda. O que seu pai pensaria se ainda estivesse aqui, diria que eu não soube te criar…!?” Pensei em me sentir culpada mas passou rápido.

Ela me colocou de castigo, tomou meu celular e meu notebook. O.k. Não era o fim do mundo, eu não dependia dessas coisas.

Na segunda, aula de novo. As semanas foram se passando. Depois da terceira semana minha mãe devolveu meus pertences, junto com um pouco da minha dignidade. E foi indo, foi indo… Eu vi que ela não me tiraria daquele inferno e fui me “envolvendo” com as pessoas. Eram praticamente meus vizinhos e família, já que passava maior parte do tempo lá. Tinham pessoas maneiras e elas eram divertidas. Tinha a Jéssica e o Ruan que eu conversava com eles e almoçávamos juntos, até íamos pro banho juntos, mas cada um no seu respectivo tempo. Seriam o tipo de pessoas que todos os meus amigos da antiga escola gostariam de conhecer. Eram inteligentes e estupidamente engraçados. Fiz uma anotação mental de um dia apresentá-los.

Eram umas 7h12 da manhã, a aula já deveria ter começado. Eu estava com lápis e caderno na mesa do refeitório, tentando fazer uma atividade de física. Eu não era das matérias exatas. Eu era das artes, sempre fui. Foi quando bobeiramente vi uma guria na fila do refeitório. Foi como se um anjo tivesse espirrado beleza nos meus olhos. Ela era muito linda. Uma beleza meiga e tão, tão genuína. O cabelo solto e os fones de ouvido, os óculos de grau Ray Ban, suspensos no alto da cabeça. MeuDeus. Meus dedos escorregaram e comecei a esboçar o desenho dela. Era como se eu tivesse encontrado a pessoa certa pra ficar em frente a árvore quando o sol baixasse. Como se eu tivesse escolhido o cavaleiro tão bem quanto o cavalo. Ela virou e por um segundo pensei ter sido flagrada. Não, ela passou o olhar superficialmente. Eu parei e fiquei olhando-a. Ela tinha um sinal, onde Amy Winehouse tinha um piercing. Ela era poesia. Ela pegou o café e foi pra área do refeitório que tinha do lado de fora antes de eu terminar. Mas não atrapalhou, gravei aquilo na cabeça, e apostaria o que fosse que eu não ia esquecer. Terminei de desenhar.

Comprei um café e resolvi que não veria aula naquele dia. Fiquei vadiando, se bem que ler não deve ser considerado como vadiar. Se bem também que eu não estava realmente lendo, por que eu não concentrava e relia 1000 vezes o mesmo parágrafo.

Na hora do almoço, imaginei que eu a veria. Fiquei procurando por ela, na verdade. Como depois de quase 3 meses eu ainda não tinha a visto?

Eu passei a vê-la no horário do almoço e na saída também, ela parecia sempre sozinha. Acompanhada dos fones de ouvido. Uma vez ou outra ela estava com uma outra guria. Não me permiti deduzir nada sobre elas duas.

Eu sentia como se fosse pra droga daquela escola só pra vê-la. Um dia que eu não lembro muito bem, eu estava conversando com um carinha que tinha conhecido recentemente, o Lucas, (aquela altura já conhecei muita gente daquele lugar) e ela foi passando com a tal guria mas os fones de ouvido ainda estavam lá. Ela andando e dançando YMCA. Eu tapei a boca e paralisei. Um grito quase sai.

“ Me apaixonei” meus lábios disseram contra minha vontade.

Eu precisava conhecê-la, precisava saber tudo sobre ela. E teria que ser naquele dia.

Quando cheguei em casa, tirei os sapados e fui de meias pro quarto, peguei o notebook e acessei o facebook pelo login de Jéssica que eu sabia. Eu não gostava de fb, por isso não tinha um. E indo de uma pessoa que conhecia uma pessoa, que conhecia outra pessoa, que conhecia a amiga dela eu acabei a encontrando. FLÁVIA CARINA. Me senti James Bond e comecei a dar pulos e rodopios pelo quarto. Minha mãe perguntou da sala se eu estava bem. Gritei, feliz demais, que estava bem sim. Como um trovão que explode depois de um raio a ficha caiu em seguida. Puta merda. Acessei o facebook pelo celular e baixei algumas fotos e mandei logo pra Bianca. “Por favor diz que não é AQUELA Nina que você me falava? Por favor, diz que não, por favor, por favor!” Uns 2 anos antes, uma amiga minha, Bianca, vivia me mostrando o facebook dessa guria, que ela apelidava carinhosamente como Nina. Me mostrava as fotos e me dizia o quanto achava ela linda. Flávia Carina não era uma combinação tão comum. Eu tentei lembrar. Nada. Esperei ansiosa que Bianca me respondesse. De preferência um “nossa Duda, que paranoia, você viajou total hein, NÃO é ela”, mas vinte minutos pareceu uma eternidade. Fui ver as antigas fotos de perfil dela, uma perfeita stalker. E não foi preciso esperar resposta alguma, era ela. Eu tive certeza quando vi uma foto dela com uma galera em uma selfie. Bianca estava lá, era uma foto da turma deles. Aposto que meus lábios sorriram. Eu fiquei elétrica, já era hora de ir pra escola de novo e eu não tinha nem dormido.

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