Bom, durante os capítulos anteriores, várias pessoas me falaram que puderam sentir as minhas emoções transparecerem as letras, portanto, hoje eu os convido a sentirem o que eu senti em um dos dias mais felizes da minha vida. Eu solicito que baixem e escutem essas músicas durante a leitura do capítulo: Somewere Over The Rainbow – Israel Kamakawiwo’ole, I Believe in You and Me – Whitney Houston, Make You Feel My Love e Crazy for you - Adele. Espero que possam sentir um pouco da felicidade que eu senti nesse dia. Ah, para os que não acreditam em espíritos e coisas do mundo espiritual, peço que leiam esse capitulo com a cabeça e o coração abertos. Obrigado! Boa leitura!
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Naquele dia, nós só pudemos tomar café juntos, nossa família e nossos amigos nos separaram, com a desculpa de que traria sorte. Não acreditei muito. Dudu foi para a casa dos meus pais comigo e o Doug levou o Bruno para a casa dele. As meninas falaram que esse dia era o dia dos meninos, elas não queriam nem saber da gente até às 17h. Elas tinham que estar lindas para a hora da cerimônia, e para isso elas passariam o dia no salão junto com Maman, Tia Joana e Anne.
O termo de união estável foi assinado no dia anterior, maman queria fazer festa, mas eu disse que seria desnecessário. O povo estava cuidando do nosso casamento como se fosse um casamento indiano, eles queriam dias e dias de festa. Algo completamente impossível!
A cerimônia seria realizada por um irmão do centro espírita. Para nós, espiritas, o homossexualismo não é algo negativo e nem algo que veio para destruir a família tradicional. Para nós, quando nós reencarnamos com a missão de namorar, casar com alguém do mesmo sexo, na verdade, ou somos almas irmãs que se amam e se encontram há muitos anos na jornada evolutiva, ou somos duas almas que precisam saldar alguma dívida deixada em alguma vida passada. Eu acreditava que Bruno e eu erámos a primeira opção, ela se encaixava perfeitamente na nossa relação.
Nosso casamento foi um luau, então todo mundo tinha que ir com roupa esporte fino branca. Eu estava me arrumando junto com o Dudu quando Papa bateu na porta do quarto.
- Filhote? – ele já veio chorando.
Na verdade, ele estava chorando desde o início da manhã.
- Oi, papa?
- Está tudo certo aqui? – Era a décima vez que ele vinha perguntar isso.
- Papa, o que foi? Por que o senhor já entrou aqui mais de dez vezes perguntando isso?
- É que eu queria ficar os últimos minutinhos contigo, antes de tu deixares de ser meu bebe. – Ele disse chorando.
- Eu jamais vou deixar de ser, papa!
- Mas tu vais casar, ter teu marido, tua casa, tua família... tu estás te tornando um homem!
- Papa, nós já conversamos sobre isso, eu só estou casando, eu vou continuar sendo seu filho. – Eu fui abraça-lo.
Parece exagero meu, não é? Mas não é! Precisavam ver como ele ficou quando minha irmã casou, aí sim vocês iriam falar que era exagero meu. Ele sempre foi muito apegado a todos os filhos.
- Parece que ele tá te vendo ir para a forca. – Dudu fez gracinha quando papa saiu do quarto.
- Palhaço! Ele só tá pensando que eu vou casar e esquecer minha família.
- Tu não serias nem louco de esquecer do teu irmão, aqui. – Ele me deu uma chave de braço no pescoço.
- Tu vais me bagunçar, sua peste!
Nós terminamos de nos arrumar às 15h, às 15h20 estávamos saindo de casa, pois era uma hora de viagem até o sitio no Porto. Em um carro fomos somente Dudu e eu, em outro foram Papa, Gui et Jean, que também estava se arrumando na minha casa.
Quando nós chegamos no sitio eu quase chorei só de ver como aquilo tudo estava bonito. O sitio inteiro estava ornamentado com Copos de Leite brancos, o cheiro que essa flor exalava era maravilhoso. Tinham tendas de pano ornamentadas com uma flor que parecia uma trepadeira, uma coisa linda de se ver.
Até o local da cerimônia, o caminho era ladeado por tochas, que seriam acesas quando estivesse dando 18h30, pois seria esse horário exato que começaria a cerimonia. Tinha um tapete também, não era vermelho, era um azul bem clarinho. Na pista de dança estava escrito no chão meu nome e o nome do Bruno, dizendo a Iolanda que foram pintados com uma tinta que brilhava no escuro.
A piscina natural estava refeita, e estava iluminada. Era toda ornamentada com Vitória-Régia (uma flor aquática típica da região norte, que só abre a noite), ela tinha uma iluminação fraquinha que permitia uma atmosfera meio mística ao local. No sitio inteiro tinham mesas espalhadas por todos os lados, as mesas eram todas arrumadas em branco e azul clarinho, haviam arranjos de flores amarelas e alaranjadas no centro das mesas.
O dia não estava quente, ele estava bem agradável, algo bem incomum aqui na região norte. Eu estava me sentindo bem, estava leve, mas estava muito nervoso. Imaginem encarar todos aqueles convidados? Isso me dava arrepios. E se desse alguma coisa errada? Não, isso não seria possível! Bruno, Maman, Jujuba, Loh, Dudu, tia Joana e Iolanda e sua equipe e eu cuidamos de tudo, tudo mesmo. Nós tivemos poucos meses para arrumar tudo, mas estava tudo perfeito.
Após a cerimônia teria a festa, é claro, e após a festa Bruno e eu passaríamos nossa primeira noite na nossa casa nova. Nós viajaríamos no outro dia para Paris, seria uma viagem bem longa. Nós teríamos que sair de Macapá, fazer conexão em Bélem, íamos parar em Guarulhos e esperar algumas horas, depois íamos para Lisboa e só então seguiríamos para Paris. Como nós íamos ficar oito meses fora, nós decidimos passar nossa primeira noite na nossa casa.
Aí vocês podem falar: Mas esses dois são loucos, como eles compram a casa e vão embora? Simples! Nós íamos passar oito meses em Paris, mas o resto da nossa vida seria em Macapá. A dona Cacilda junto com o jardineiro, que eu tinha contratado, estavam responsáveis por cuidar da nossa casa nesse período. Tudo, exatamente tudo foi planejado. Nós trabalhamos duro na construção dessa fase da nossa vida. Minha casa estava linda, estava arrumada de acordo com a minha vontade e com a do Bruno, estava tudo pronto aguardando por nós, pena que eu teria que viajar para Paris. Aquele sentimento de que eu não devia ir para lá não me deixava, e se eu tivesse ouvido meus sentidos...
- Vamos? – Dudu colocou o braço envolta do meu pescoço me despertando do meu devaneio.
Eu estava maravilhado com tudo o que eu estava vendo. O local realmente estava lindo, lindo mesmo.
- Vamos!
Nós fomos andando em direção a casa.
- Tu estás feliz, não está?
- Muito, mano! Muito mesmo!
- Eu posso ver isso! Obrigado por me deixar fazer parte de toda essa felicidade, tá?
- Sem ti, essa felicidade não existiria! Eu é que te agradeço por tudo o que tu fazes por mim.
- Faço por que te amo, tu sabes disso!
- Sei, sim! Também te amo, mano! – Nós nos abraçamos.
Nesse dia, não sei por que, mas todo mundo estava mais emotivo que o normal. Acho que o clima daquela festa estava tão leve, tão positivo que todo mundo estava sensibilizado.
O tempo foi passando, minha família foi chegando. Quase toda a minha família tinha vindo para o meu casamento, os únicos que não vieram foi um casal de tios com os filhos, eles não aceitavam ter um sobrinho homossexual e que estava dando uma big festa para celebrar o casamento com um homem. Eles falaram que riscaria meu nome da família, fiquei tão preocupado que mandei eles para bem longe (em francês, é claro). A maioria da minha família estava lá, e eu não senti falta desses tios preconceituosos. Aí vocês podem perguntar: como que uma família inteira aceitou o Antoine? E eu respondo com maior orgulho: eu tenho a melhor família de todas!
Minha família nunca ligou para os rótulos que a sociedade nos impõe, por exemplo, nunca ligou para a relação pobre x rico, ao contrário, como nós tínhamos uma vida bem confortável, meus pais e todos da minha família sempre nos ensinaram a sermos os mais humildes possíveis, não era por que tínhamos melhores condições que os outros que nós iriamos pisoteá-los. A formação espiritualista também esteve sempre presente na minha casa, então, não tive muitos problemas com a minha homossexualidade dentro da minha família.
Não vou dizer que todo mundo aceitou maravilhosamente bem no início, mas aos poucos todo mundo já havia aceitado. No casamento ainda existiam alguns familiares que me olhavam de atravessado, mas depois da cerimônia, principalmente, eles entenderam o que Bruno e eu sentíamos um pelo outro.
- Mon p’tit, comment tu es mignon! (Meu pequeno, como tu estás bonito !) – Disse minha Mami (vovó)
- Mami, tu m’as manqué beaucoup ! (Vovó, que saudades !)
- Chéri, tu es si beau aujourd’hui, tu n’es plus le garçon gros et qui était toujours avec Mami. (Querido, tu estás muito bonito hoje, tu não és mais aquele menino gordinho e que estava sempre com a vovó)
- Je ne suis plus gros, mais je veux être toujours avec ma Mami. (Eu não sou mais gordinho, mas eu quero sempre estar com minha vovó) - Eu saí correndo e abracei minha Mami, que saudade que eu estava dela.
- E a vovó aqui não ganha abraço, não? – Disse minha vovó por parte de pai.
- Claro que sim, né vovó? – Eu abracei minha vovó.
- O que essa velha enxerida estava te falando? – elas tinham uma rixa eterna.
- Nada demais, vovó. Ela só estava me elogiando.
- Meu filho, mas tu estás tão bonitão! Cadê aquele menino gorducho?
- O gorducho sumiu, vovó! – Eu disse rindo – Mas aquele menino continua aqui!
- Cadê teu marido?
- Ainda não chegou...
- Estou louca para conhece-lo, ele é bonitão?
- Muito bonitão, vovó!
- Mami Nanaaaaaaaaa!!! – Jujuba chegou gritando, como sempre.
Ela amava minha Mami.
- Ma p’tite folle, comment vas-tu? (Minha maluquinha, como vai?)
- Très bien, mami. Et toi ? (Muito bem, vovó. E a senhora ?)
- Bien aussi ! Tu es derrière tout ça, n’est-ce pas ? (Bem também ! Tu estás por trás de tudo isso, não é?)
- Non, non ! Cette fois je n’ai rien fait, j’avais besoin d’un jour de déesse, et aujourd’hui je n’ai pas vu Antoine ou quelque chose qui avait rapport avec cette fête. (Não, não ! Dessa vez eu não fiz nada, eu precisava de um dia de deusa, et hoje eu não vi o Antoine ou qualquer coisa que tivesse relação com essa festa)
- Très bien ! J’ai fait la même chose, regarde comme j’suis belle… (Muito bem ! Eu fiz a mesma coisa, olha como eu estou bela...)
- Tu es toujours belle, mami. (A senhora está sempre bela, vovó)
Elas eram duas maluquinhas, minha Mami também adorava minha amiga maluca. Na minha casa, o primeiro requisito para frequentá-la era falar francês, pois se não falasse, a pessoa se entediaria, pois quase sempre estamos falando em francês.
- Maman, tu ne m’as pas parlé que tu venais trop tôt ! (Mamãe, a senhora não me falou que vinha tão cedo!) – Maman brigou com Mami.
- Ange, ma belle, je fais ce que j’ai envie, et je voudrais arriver tôt pour parler avec mon p’tit-fils. (Age, minha linda, eu faço aquilo que eu tenho vontade, e eu queria chegar cedo para falar com meu neto)
- Je ne sais plus quoi faire avec toi, Mami. (Eu não sei mais o que fazer com a senhora)
- Et moi, je pense que tu n’as plus un Papi… (E eu, eu acho que tu não tens mais um vovô...)
- Papi, je ne t’ai pas vu. (Vovô, eu não lhe vi) – Eu corri e abracei meu Papi (vovô) que estava parado na porta do quarto onde eu estava me arrumando.
- Ça va, mon p’tit? (Tudo bem, meu pequeno ?)
- Ça va, papi! Ah, je ne crois pas, vous êtes tous ici ! (Tudo, vovô ! Ah, eu não acredito, vocês estão todos aqui!)
- Tu pensais que ta famille ne venait pas te voir ? Qui nous ne venions pas fêter ton bonheur ? (Tu pensavas que tua familia não vinha te ver ? Que nós não viriamos festejar a tua felicidade?
- Mais vous ne venez jamais à Macapá… (Mas vocês nunca vêm à Macapá)
- J’sais, mais aujourd’hui c’est un jour très spécial, n’est-ce pas ? (Eu sei, mas hoje é um especial, não é ?)
- Ouais !
Eles logo saíram do quarto onde nós estávamos, todos foram lá para baixo, afinal os convidados estavam chegando aos montes. No início, eu achava que não viria ninguém, afinal o município de Porto Grande ficava há uma hora de Macapá. Mas, eu caí do cavalo. Quase todos os convidados vieram, sempre acontece de um ou outro faltar, e no meu casamento não seria diferente, o importante é que mais da maioria veio.
Eu estava nervosíssimo. Meu Deus, nunca pensei que fosse ficar tão nervoso e eu não sabia o motivo de estar assim. Muitos podem falar: mas que frescura, nem é assim. No entanto, foi o que EU senti naquele dia. Ao passo que a hora da cerimônia começar ia se aproximando, eu ia sentindo minha garganta fechar, minhas pernas perderem o controle, meu estomago revirar mil vezes por segundo.
- Calma! Vai dar tudo certo! – Dudu disse sorrindo.
Como eu não consideraria aquele cara meu irmão? Ele estava presente em todos os momentos da minha vida, desde quando nos aproximamos. Nós sempre fomos amigos, mas nunca tivemos a intimidade que nós estávamos tendo desde quando eu me separei do Thiago.
Eu pensei no Thiago naquele dia... Como ele estaria? Ele sabia que eu me casaria naquele dia, ele sabia que naquele dia eu estava colocando um ponto final na nossa história, e o pior de tudo, ele sabia que eu estava feliz. Desde o acontecido da festa, ele não aprontou mais, não me procurou mais, eu só sabia dele pela minha tia ou pela Jujuba, mas fora isso, nós agíamos como dois desconhecidos.
Eu fiquei triste em pensar nele, será que ele estava bem mesmo? Minha tia dizia que sim, mas eu não tinha certeza. Ele era e sempre seria muito importante na minha vida, eu poderia amar qualquer pessoa, poderia ter mil novos amigos, mas ele sempre teria o lugar dele no meu coração. Eu conhecia aquele cara desde que era bebê, nós demos os primeiros passos juntos, nós falamos a primeira palavra juntos, nós fomos o primeiro amor um do outro. Como esquecer? Isso era impossível!
- Vamos? Tá na hora! – Disse o Dudu.
Eu estava mergulhado tão profundamente em meus pensamentos que eu nem percebi a hora passar. Já eram 18h20, era hora de descer e intensificar minha felicidade.
- Vamos! – Eu enchi meu peito de ar e fui andando para fora do quarto.
- Mano?
- Oi?
- Nunca esquece que tu és meu irmão, tá? Nunca esquece que eu te amo! – Ele disse me abraçando.
- Eu jamais esqueceria isso, Dudu!
- Eu quero que tu sejas muito feliz com o Bruno, eu te desejo toda a felicidade que eu desejo à mim mesmo.
- Obrigado, mano! Eu desejo toda essa felicidade pra ti também.
Nós saímos da casa e fomos pra área onde aconteceria a cerimônia. Chegou até a ser engraçado, o Doug e o Bruno chegaram ao mesmo tempo que Dudu e eu. Doug era o padrinho do Bruno juntamente com a Sabrina, os meus eram a Jujuba e o Dudu, claro. Bruno pensou em chamar os donos da casa, mas ele era amigo do Doug, então, ele preferiu chama-lo. Eles brigaram para que a Jujuba fosse madrinha dele, mas nem eu e nem ela aceitamos, então, ele chamou a Sabrina que era a fiel secretária dele e que também tinha se tornado amiga. Ele fez muitos amigos no hospital nos últimos meses.
Tinham duas moças da equipe da Iolanda acendendo as tochas. Quando elas foram todas acesas, aí sim que aquilo ficou bonito. Eu olhei para ele e nossos olhares se conectaram. Ele estava lindo, estava usando uma calça branca que marcava bem as pernas e o bumbum, ele usava uma blusa azul clarinho meio folgada e um paletó branco. Eu estava bem parecido com ele. Nós fomos nos aproximando e meu coração foi acelerando, isso acontecia sempre que eu encontrava com ele. Eu tinha certeza que nós seriamos eternos adolescentes. Ele sorriu para mim, e eu sorri para ele. Não existia mais ninguém em volta, era como se a gente estivesse no vácuo, só nós dois e o cheiro das flores. Aquele cheiro me encantava, me fazia viajar para lugares longínquos.
Dudu e Doug foram se afastando e foram para o altar, as meninas já esperavam por eles lá.
- Oi, amor! – Ele disse.
- Oi, minha vida!
- Preparado?
- Sim!
Minha família estava no altar também, Papa inventou uma história de querer levar nós dois até o altar, éramos os dois filhos dele. Na cabeça dele, isso era bem coerente. No entanto, eu vetei. Eu me sentiria uma menina com isso, e eu não sou menina e nem estava casando com uma. Nós éramos dois homens e entraríamos como tais.
Ele pegou na minha mão e era possível fazer a leitura da nossa felicidade nos nossos olhos. Nós nos viramos de frente. A música, Somewere Over The Rainbow, começou a tocar, eu me controlei ao máximo, mas eu não podia evitar que as lágrimas escorressem. Elas ganharam vida própria para especialmente aquele momento.
“Em algum lugar além do arco-íris
Bem lá no alto
E os sonhos que você sonhou”
Nós começamos a andar lentamente.
“Uma vez em um conto de ninar
Em algum lugar além do arco-íris
Pássaros azuis voam”
Eu ia olhando para os convidados e ia percebendo várias pessoas chorando e sorrindo ao mesmo tempo, como eu. A música, o cheiro das flores, o fim de tarde, o dia, o céu, o vento, as árvores, tudo fazia com que aquele momento fosse mais que especial, fosse inesquecível.
“E os sonhos que você sonhou
Sonhos realmente se tornam realidade”
Ele apertou minha mão.
“Algum dia eu vou desejar à uma estrela
Acordar onde as nuvens estão muito atrás de mim
Onde problemas derretem como balas de limão
Bem acima dos topos das chaminés é onde você me encontrará,
Em algum lugar além do arco-íris pássaros azuis voam”
Eu olhei para um lado e vi meus grands-parents (avós) chorando. Isso encheu ainda mais meu peito de felicidade, se é que isso é possível.
“E o sonho que você desafiar, por que, porque eu não posso?”
Eu vi o Thiago atrás de uma árvore chorando, acho que só eu o vi ali. Eu fiquei mexido com a presença dele ali, será que ele não cansava de se fazer sofrer? Mas ao mesmo tempo eu fiquei feliz, afinal todo mundo estava ali, menos ele. Menos a segunda pessoa mais importante para mim. Ele me olhou por alguns instantes e depois saiu correndo.
“Bem, eu vejo árvores verdes e rosas vermelhas também
Eu as vejo florescer pra mim e pra você
E eu penso comigo mesmo
Que mundo maravilhoso”
Bruno apertou minha mão e eu olhei para ele. Ele estava sorrindo, ele estava com uma expressão tão bonita no rosto, uma tranquilidade, uma serenidade emanava dele. Nesse momento eu agradeci aos céus por me dar uma pessoa tão especial quanto ele. Eu olhei para os lados, e algumas pessoas podem até não acreditar principalmente as que não acreditam no mundo espiritual, mas eu vi vários espíritos vestidos de branco parados próximo ao altar. Eu sempre fui sensitivo, eu sempre senti a presença dos espíritos, mas nunca os tinha visto, aquela foi a primeira vez. Eu sabia que minha união estava sendo velada por espíritos de luz, só então eu entendi o motivo da atmosfera daquele lugar estar tão mágica, tão positiva.
Minhas lágrimas caíram ainda mais, eu senti uma onda de calor envolver todo meu corpo e eu me arrepiei da cabeça aos pés.
“Bem, eu vejo céus azuis e eu vejo nuvens brancas
E o brilho do dia
Eu gosto do escuro e eu penso comigo
Que mundo maravilhoso
As cores do arco-íris tão bonitas no céu
Também estão no rosto das pessoas que passam
Eu vejo amigos apertando as mãos dizendo ‘como você está?’
Eles estão realmente dizendo eu... eu te amo!
Eu ouço bebês chorando e vejo eles crescerem,
Eles aprenderão muito mais
Do que nós sabemos
E eu penso comigo mesmo
Que mundo maravilhoso”
Eu pensava isso nesse momento, que mundo maravilhoso. Que dia maravilhoso. Que dia abençoado. Eu olhava para as pessoas e elas sorriam para mim com o rosto molhado pelas lágrimas.
“Algum dia eu vou desejar à uma estrela
Acordar onde as nuvens estão muito atrás de mim
Onde problemas derretem como balas de limão
Bem acima de topos das chaminés é onde você me encontrará,
Em algum lugar além do arco-íris bem lá no alto
E o sonho que vocês desafiar, por que, porque eu não posso?”
A música foi finalizando e nós fomos nos aproximando do altar. Nós tínhamos ensaiado e cronometrado tudo, Iolanda só faltou bater na gente, pois nós nunca chegávamos no tempo certo, mas na hora “H” foi tudo perfeito. Nós chegamos no exato momento que a música acabou, quando esta chegou ao fim, o ambiente não ficou completamente em silêncio. As pessoas sentaram e uma melodia começou a tocar, era tocada somente no piano.
Nós paramos na frente do irmão, seguramos as mãos um do outro. Eu pude ver os espíritos mais de perto. Eles emanavam uma onda de calor bem forte, eles se colocaram em volta do irmão assim que ele começou a falar e eu entendi que aquele irmão estava sendo utilizado por Deus, estava sendo utilizado por espíritos de Luz. Eu chorei, chorei muito.
- Por que choras, meu filho? – O irmão falou.
Eu olhei para ele e ele estava sorrindo.
- Tu podes sentir, não podes? Tiveste a permissão de ver, não tiveste?
Eu só balancei a cabeça em sinal positivo.
- Essa união já era esperada há muito tempo, vocês já foram casados em muitas vidas, e em muitas encarnações vocês se procuram e se acham. Não existe dor entre vocês, o amor de vocês é antigo, muito antigo. Aqui eu não vejo dois homens, eu vejo duas almas que se completam. Duas almas que tiveram a permissão de se encontrar nessa vida novamente e celebrar esse amor de uma forma tão bonita e singela. Vocês serão muito felizes, mas também terão momentos muito difíceis, mas que se vocês souberem interpretar os sinais, vocês passarão sabiamente pela tempestade. A vida, meus irmãos, não é feita somente de felicidade, ela também é feita de sofrimento. Vamos tentar, por alguns instantes, tirar a ideia negativa que nós temos da palavra sofrimento. Deus não envia o sofrimento para que nós fiquemos tristes, ele envia o sofrimento para que nós possamos limpar nossos espíritos de tantas coisas ruins que nós fazemos ou vemos na nossa jornada. O Sofrimento vem para nos lapidar, para nos fazer evoluir espiritualmente. Vocês, os dois, tem uma força inexplicável, possuem corações enormes que sempre anseiam proteger e ajudar o próximo, não foi à toa que nessa vida, vocês vieram como médico e professor. O médico cuida das feridas do corpo material e o professor das férias da alma curiosa do ser humano. Ambos possuem uma missão muito grande, em ambas profissões nós precisamos de seres espiritualistas que se preocupem com o cuidado e a formação de seres espiritualistas. Meus irmãos, hoje esta união está sendo velada por espíritos que há muito cuidam dos nossos dois irmãos, Antoine e Bruno. Vocês jamais estarão sozinhos, sempre terão a ajuda divina na árdua caminha que vocês terão. Hoje, não sou eu que abençoo esta união, mas sim espíritos que tiveram permissão de vir a este plano somente para abençoar esta relação. Desse modo, eu pergunto a você Antoine G., você aceita Bruno M. como seu companheiro? Você o aceita com compromisso de caminhar sempre ao seu lado com o coração atento às necessidades individuais que ele terá? O aceita como uma alma irmã que há muito tempo te procura? Como um parceiro que será capaz de te fazer evoluir?
- Sim! Eu aceito!
- E você Bruno, você aceita Antoine G. como seu companheiro? Aceita cuidar desse amor? Aceita o compromisso de fazer com que ambos possam experienciar momentos que façam com que ambos caminhem juntos, mas que também ambos caminhem separados? Afinal, cada ser precisa de momentos únicos e individuais para que seus espíritos possam gozar da beleza e da sabedoria da natureza. Aceita sempre ter os olhos e os ouvidos atentos ao mundo, às pessoas, à metade do teu coração que bate em outro peito?
- Aceito! Aceito!
- Então, - Eu vi os espíritos de luz levantarem as mãos e faíscas de luz saírem das palmas de suas mãos – Eu abençoo, com o auxílio divino, essa união. Que ela possa trazer a felicidade não somente ao casal, mas a todos que estiveram ao seu redor. Meus filhos, que vocês possam sempre caminhar juntos, que sempre possam ter a permissão divina para cumprir suas missões. Bruno, você poderia levantar as alianças?
Dudu entregou as alianças para o Bruno e ele as colocou na palma da mão esquerda e as levantou. O irmão esticou as mãos, e os espíritos fizeram o mesmo, faíscas de luz saíram das mãos do irmão e foram em direção às alianças.
- Podem trocá-las! – Disse o irmão.
Bruno pegou a aliança e colocou na minha mão e deu um beijo, eu fiz o mesmo com ele.
- Bom, a partir desse momento, vocês têm como missão a promoção da felicidade. A felicidade de vocês enquanto casal e dos outros que precisarão do auxílio de vocês. Podem beijar-se.
Bruno se aproximou de mim e me deu um selinho demorado. Pronto, estávamos casados. Estávamos abençoados. Todo mundo aplaudiu, eu olhei para o lado e vi minha família em prantos, Papa chegava a soluçar. Meus amigos choravam também, aquela, com certeza, foi uma cerimônia muito emocionante.
Bruno pegou na minha mão e me puxou, mas o irmão me segurou e me disse:
- Meu filho, acalme seu coração – ele falou em uma voz tão suave, parecia uma voz feminina – faça essa viagem, isso precisa acontecer. Você passará por um momento muito difícil, mas ele precisa acontecer. Vocês precisam passar por isso. Não se preocupe com seu amigo, ele está bem e ele continuará bem, vocês ainda se encontrarão, vocês são almas irmãs. Vá com o coração tranquilo e não esqueça de procurar o irmão Francisco quando retornar de sua viagem, sua missão é muito bonita no espiritismo. Não fuja dela, seu dom ainda pode ajudar muitos irmãos que se encontram submetidos aos desmandos de espíritos que precisam encontrar a salvação.
O irmão Francisco soltou meu braço e me olhou nos olhos. Não tinha sido ele que tinha me falado aquelas coisas, como ele mandaria eu procurá-lo? Ele mais uma vez foi um instrumento divino.
- Meu filho, parabéns pela bela união! – O irmão disse.
- Muito obrigado, irmão Francisco!
Bruno me puxou, eu olhei para o irmão e sorri. Nós fomos andando e as pessoas começaram a aplaudir novamente. Nós fomos em direção a área onde aconteceria a festa. Eu estava feliz ao extremo, feliz como nunca tinha sido antes.
Maman e Papa chegaram junto conosco. Eles vieram nos abraçar. Os garçons passaram servindo a todos os convidados taças de champanhe. Papa fez um brinde a nós e deu início a festa. Bruno e eu ficamos parados em um ponto onde Iolanda tinha arrumado para nós recebermos os votos dos convidados e tirarmos fotos. Foi uma hora bem cansativa, foi esse o período de tempo que nós ficamos em pé falando com os convidados e tirando mil fotos.
Depois que todos já estavam acomodado e já estavam jantando, Bruno me levou até o palco, que ficava em frente a pista de dança e subiu nele.
- O que tu vais fazer, amor? – Eu perguntei.
- Tu já vais ver! Olha para lá! – Ele apontou para a tela que ficava mostrando várias imagens da natureza.
Eu tinha achado aquela tela uma coisa bizarra e muito esquisita, mas o Bruno encheu tanto minha paciência que eu resolvi deixa-lo pôr aquela tal tela, mal sabia eu que ele estava aprontando mais uma para mim.
- Oi! Estão me ouvindo? – Ele começou a falar no microfone – Hoje, é o dia mais feliz da minha vida, Antoine e eu nos conhecemos há pouco tempo, não chegamos a namorar nem durante um ano, mas o tempo que nós estamos juntos, ele me fez, e faz, o homem mais feliz desse mundo. Portanto, eu convido a todos a assistirem a um pequeno vídeo que eu preparei para mostrar um pouco da nossa pequena, e grande ao mesmo tempo, história. Amor, esse vídeo é para te mostrar o quão és importante para mim.
Eu olhei para tela e apareceu uma foto que nós tínhamos tirado no hospital durante o período que eu tinha ficado internado e ele ainda era somente meu médico. A música, I Believe in You and Me, começou a tocar, as fotos iam passando e a tradução da música ia aparecendo na barra do vídeo.
“Eu acredito em você e em mim” – Apareceu bem grande na tela.
Em seguida, apareceu uma foto que nós tínhamos tirado enquanto erámos amigos.
“Eu acredito que nós teremos um amor eterno
Até onde eu posso ver
Você sempre será o único para mim (sim, você será!)”
Apareceu uma foto de quando nós já estávamos namorando, eu estava sem camisa fazendo o tempero para um macarrão e ele estava com o macarrão grudado no rosto, ele fazia careta e eu estava sorrindo.
“Eu acredito em sonhos novamente
Eu acredito que o amor nunca acabará
E como o rio encontra o mar”
Apareceu uma foto de quando viajamos para Fortaleza, nós estávamos no bugue e estávamos descendo uma duna, nós nos beijamos e ele tirou a foto.
“Eu estava perdido, agora estou livre
Pois eu acredito em você e em mim”
Apareceu uma foto que tiramos na casa de forró, lá em Fortaleza. Nós estávamos abraçados e sorrindo.
“Eu nunca sairei do seu lado
Eu nunca irei ferir seu orgulho
Quando tudo estiver arruinado
Eu sempre estarei perto
Simplesmente para estar bem onde você está, meu amor
Oh, você sabe, eu te amo, garoto
Eu nunca deixarei você fora”
Dessa vez, apareceu uma foto só minha, eu estava sorrindo. Eu estava na piscina da casa do Dudu, eu lembro que o Bruno tinha tirado essa foto de surpresa.
“Eu sempre deixarei você entrar, garoto
Oh, baby, a lugares em que ninguém esteve
Profundamente, você pode ver
Que eu acredito em você e em mim?”
Eu nunca tinha chorado tanto em toda a minha vida, depois da cerimônia, eu tinha conseguido me recuperar do choro, mas agora, vendo aquelas fotos, revivendo aqueles momentos, e tendo ele fazendo carinho na minha mão, eu não pude controlar as lágrimas novamente.
Apareceu uma foto nossa, nós estávamos em casa, deitados no sofá, estávamos os dois sem camisa. Quando os convidados viram aquela foto, todos gritaram “Uuuuuuuh”.
“Bem, talvez eu seja um bobo ao sentir o que sinto
Mas eu me faria de bobo eternamente
Simplesmente para estar com você para sempre
Eu acredito em milagres, o amor é um milagre
E sim, baby, você é um sonho virando realidade”
Apareceu uma foto que tiramos no chá de casa nova, nós estávamos no centro da pista de dança, o Dudu e a Jujuba estavam lado a lado e a Loh estava cantando.
“Eu estava perdido, agora estou livre
Meu querido, eu acredito em você e em mim
Perceba que eu estava perdido, agora estou livre
Poir eu acredito em você e em mim..
Oh, sim, eu acredito
Eu acredito em você e em mim”
Apareceu uma foto onde estávamos passeando na Orla de Macapá, a foto era linda, pois dava para ver o sol se pôr atrás. Eu amava aquela foto. Ela ficou congelada na tela e apareceu em letras garrafais: EU ACREDITO EM VOCÊ E EM MIM.
Eu olhei para ele e ele limpou minhas lágrimas e me abraçou.
- Eu acredito em nós, amor. Eu acredito em nossa felicidade! – Ele disse no meu ouvido.
Eu não tinha condições para falar nada, então eu só o abracei o mais forte que eu pude. Todo mundo aplaudiu novamente. A Jujuba estava em prantos, eu pude vê-la sentada na mesa destinada a nós dois e a nossa família.
- Eu te amo! – Ele disse se afastando e segurando meu rosto e me dando um beijo.
- Eu... também... te... te... te... amo! – Eu falei soluçando.
- Não era para chorar, amor! – Ele sorriu
- Como... como... que eu... eu não vou... chorar? Vocês fazem de tudo para fazer eu chorar!
- Eu só queria te mostar o quanto tu és importante para mim, e eu sei que nosso amor vai ser eterno, por que nós dois desejamos que ele seja.
Ele limpou minhas lágrimas e nós descemos do palco e fomos para a nossa mesa. Foi eu chegar lá e a maluca da Jujuba quase me jogar no chão quando ela pulou em mim.
- AIIIIIIIIIIIIIIIIIII, QUE LIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIINDOOOOOOOOOOOOO!!!! – Ela gritou – Bruno, que coisa mais linda! Por que não existe mais Brunos no mundo?
- Não deixa o Doug ouvir isso!
- Ele pode ouvir, sim! Ele é maravilho, mas não faz as coisas que o Bruno faz pra ti!
- Sua maluca!
Nós jantamos e caímos na pista de dança, nós dançamos até tarde da noite. E no meio da noite eu percebi que no meio da pista nosso nome brilhava. Eu achei aquilo um máximo! Quando deu 3h da madrugada, Bruno e eu saímos “à francesa” da festa. Não falamos com ninguém, só entramos no nosso carro e fomos para a nossa casa. Era nossa primeira noite na nossa casa nova, eu estava ansioso e feliz por estar indo para lá.
O Bruno abriu a garagem e colocou o carro lá dentro. Nós descemos e entramos em casa, a Iolanda deixou tudo preparado. A casa tinha os Copos de Leite espalhados por todos os cantos, a casa estava extremamente perfumada com todas aquelas flores. O Bruno foi até o som e ligou e a música Make You Feel My Love começou a tocar.
Ele me olhou e sorriu. Eu sabia o que ele estava pensando, nós estávamos casados. C-A-S-A-D-O-S! Ele veio andando até mim e estendeu uma mão para mim, eu segurei e ele me puxou suavemente para mais junto ao corpo dele e nós começamos a dançar.
“Quando a chuva
Está soprando no seu rosto
E todo mundo depender de você
Eu poderia oferecer a você
Um abraço caloroso para fazer você sentir o meu amor
Quando as sombras da noite
E as estrelas aparecem
E não houver ninguém lá”
- Eu iria até o fim do mundo, iria ao inferno só para te salvar, só para te fazer feliz. – Ele disse no meu ouvido.
“ Para secar suas lágrimas
Eu poderia segurar você
Por um milhão de anos
Para fazer você sentir meu amor”
- Eu faço e farei tudo pra ti fazer sentir todos os dias o meu amor!
“Mas eu nunca erraria com você
Eu já soube desde o momento que nos conhecemos
Não há dúvidas na minha mente
De onde você pertence
Eu passaria fome
Eu ficaria triste e deprimido
Eu iria me arrastando avenida abaixo
Não, não há nada que eu não faria
Para fazer você sentir o meu amor”
- Te amarei para sempre! – Eu disse em um sussurro no ouvido dele.
“As tempestades são violentas sobre o mar revolto
E no caminho do arrependimento
Embora ventos de mudança
Estejam trazendo entusiasmo e liberdade
Você ainda não vê nada como eu
Eu poderia fazer você feliz
Fazer os seus sonhos se tornarem realidade
Não há nada que eu não faria
Iria até o fim da terra por você
Para fazer você sentir o meu amor”
Nós nos beijamos, foi um beijo tão gostoso, tão diferente de todos os que a gente já tinha dado.
- Espera aqui! – Eu disse para ele.
Eu fui até o som e coloquei uma outra faixa, Crazy for you, e voltei para junto dele. Eu conhecia aquele CD de trás para frente, eu amava/amo a Adele. As músicas dela fazem meu coração acelerar.
“Me encontrei hoje,
Cantando seu nome,
Você disse que eu era louco”
Eu tirei o paletó dele.
“Se eu sou,
Eu sou louco por você”
Eu tirei a camisa dele.
“Às vezes, sentado no escuro,
Desejando que você estivesse aqui,
Me enlouquece, mas é você, que me faz
Perder a cabeça”
Eu afrouxei o cinto dele e comecei a abrir a calça dele.
“E toda vez, que eu devo agir sensivelmente,
Você entra na minha cabeça e me transforma
Num tolo esfarelado”
Eu tirei a calça dele e o beijei.
“Me diga pra correr
E eu correrei, se você quer
Que eu pare, eu congelo, e se você fosse eu,
Deixa,
Só me seguro mais perto, baby,
E me faça ficar,
Louco por você,
Louco por você”
Eu passei as mãos pelo corpo dele enquanto nos beijávamos.
“Ultimamente neste estado,
Em que estou, eu não posso impedir
A mim mesmo de girar
E queria que você viesse me mandando girar
Para mais perto de você”
Ele tirou meu paletó.
“Meu, oh, meu
Como meu sangue ferve,
O seu gosto é doce, tira minha roupa até me deixar
No meu humor favorito”
Era assim que eu me sentia, parecia que meu sangue estava fervendo, que o nosso sangue estava fervendo. Nós estávamos quentes, parecia que estávamos com febre. Ele tirou minha camisa e começou a afrouxar o cinto.
“Eu continuo tentando
Lutando
Contra esses sentimentos
Mas quanto mais eu luto
Mais louca eu fico”
Nós tiramos nossas cuecas.
Estimulando o chão e abrindo portas
Esperando
Você passar através,
E me salve garoto
Porque eu estou muito
Louco por você
Louco por você”
Nós nos beijamos e eu esqueci o mundo. O CD da Adele continuou tocando, mas eu já não prestava mais atenção. A minha atenção era só dele, só ele ocupava meu coração e minha mente naquele momento.
- Vem! – Ele pegou em minha mão e nós fomos andando em direção ao nosso quarto.
Nós subimos as escadas e quando entramos no quarto ele estava todo arrumado, haviam várias flores por ali, o quarto, assim como a casa toda, estava muito cheiroso. Até hoje, quando eu sinto o cheiro dessa flor, eu me recordo desse dia. O cheiro foi tão marcante, que ele me faz reviver toda aquela felicidade.
Ele me levou até a cama e nós deitamos, eu ainda podia ouvir a música tocando lá em baixo, mas não sabia identificar qual era a canção, eu só ouvia a melodia. Nós nos beijamos por um bom tempo, naquela noite tudo foi feito com muita tranquilidade, muito amor.
Ele subiu em mim e continuou a me beijar, depois ele foi descendo e foi beijando todo o meu corpo até chegar no meu membro. Ele o beijou e depois foi colocando na boca. Ele chupou com calma, sentir a boca dele quente no meu membro me deixou louco.
Ele abriu minhas pernas e foi passando a língua em meu saco e depois o colocou na boca. Ele levantou minhas pernas e passou a língua na minha entradinha, senti meu corpo todo arrepiar, me faltou o ar nos pulmões. Ele saiu de lá e veio me beijar, nós nos beijamos e depois era minha vez de fazê-lo sentir prazer. Eu fiz tudo o que ele fez, mas com mais calma ainda. Eu sentia ele arfar, a respiração estava descompassada.
Eu o coloquei de ladinho e com muito carinho fui penetrando. Em meio a gemidos nós íamos falando o quanto nos amávamos, o quanto estávamos felizes. Nossos corpos estavam muito quentes, ele disse, quando terminamos de fazer amor, que ele podia sentir meu coração bater. E eu tinha certeza que dava mesmo.
Nós transamos só uma vez naquela noite, mas foi a melhor transa que nós já tivemos. Foi um momento mágico, não sei quanto tempo durou, não sei se foram minutos ou horas, só sei que eu me senti completamente feliz, em meu peito não tinha espaço para mais nada além da felicidade e do amor que sentia por ele. Sim, eu amava demais o Bruno. Como não amar aquele cara? Eu me perguntava isso todos os dias. Como não amar uma pessoa que faz de tudo para te ver feliz? Como não amar alguém que te ama com todas as forças? Como não amar alguém que cuida de ti, que está contigo nos momentos mais difíceis, que te apoia em situações que nenhum outro cara apoiaria?
Nós fizemos amor, mas não dormimos, nós estávamos em êxtase com o casamento, com o que o irmão Francisco havia nos falado e com a nossa casa nova. Eu não acreditava que eu pude ver aquela cerimonia de duas perspectivas: a material e a espiritual. Como eu disse, eu sempre pude sentir a presença de espíritos, mas, até então, eu nunca tinha visto nenhum. Eu me senti muito grato a Deus por ter me dado aquela permissão justamente no dia da minha união com o Bruno. Sim, união. Aquela cerimônia não foi uma simples cerimônia, foi o reencontro de duas almas que sempre se encontraram e que sempre se amaram.
COMENTÁRIOS.
Oi, meus amores! Bom, o capitulo de hoje foi bem grandinho, né? Mas é que eu resolvi contar o casamento em um capitulo só, pois caso eu o dividisse, talvez ele perderia um pouco do encanto que ele realmente foi. Nesse capítulo tem a presença de vários elementos da minha crença, eu sempre procuro deixa-la um pouco distante do meu relato, apesar dela se fazer muito presente, mas nesse capítulo eu não poderia deixar de comentar, então, eu peço desculpas aos que não acreditam. E agradeço imensamente se tentarem compreender. Bom, é isso! Espero que eu tenha conseguido compartilhar um pouquinho desse dia com vocês. Me contem aí o que vocês acharam/sentiram, ok?
Ah, e se alguém pensar em falar algo do tipo “nossa, mas quanta frescura!”, “nossa, pra quê tudo isso?”, eu já adianto: foi o MEU casamento, então, eu senti necessidade de fazer toda essa festa e não em arrependo. Assim como eu tive muitas, mas muitas pessoas mesmo, me elogiando pela coragem, eu também tive muita gente me criticando. Muita gente chegou a falar que Bruno e eu nunca seriamos uma família. O que fazer com pessoas desse nível? Ignorá-las! Isso é o que elas merecem, nosso total desprezo.
Bom, é isso! Beijo em todos, até amanhã!
PS: Hoje não comentarei o capítulo anterior, ok? Mas amanhã eu faço isso!