Por quanto tempo uma pessoa consegue manter em segredo um sentimento? Minha amiga Bia dizia que isso variava de pessoa para pessoa, mas que no meu caso, por eu ser tao bundao e otário era bem capaz de amar o Tiago em segredo ate nossa velhice. Aquela magricela estava certa: eu so' via o tempo passar, nao tomava atitude nenhuma, esperava que num passe de magica aquele tonto se apaixonasse por mim, porem nada acontecia. Uma espera idiota de quase dez anos, e claro que daria em nada, outro chegava e se apossava do coraçao dele, porque o banana aqui nao teve coragem pra arriscar, o bonde passou e ele ficou olhando enquanto sentavam no seu lugar.
O casalzinho demorou uns quinze minutos ate entrar, deu tempo inclusive para que eu tomasse um banho. Vestia a roupa quando os ouvi entrando aos risos e sussurros; com certeza estavam se pegando dentro do elevador nesse tempo todo. Terminei de me vestir: jeans escuro, um Adidas preto e camisa do time do Sao Paulo, o segundo uniforme, o mais bonito. Passei depressa um Nivea Men aerosol e jà peguei a chave da moto; nao ia ficar para ouvir eles transando, nao mesmo.
- Daniel? _ ouvi Tiago me chamando da sala.
Celular, carteira... tudo ok. Sai do quarto, notando que na sala o Lu mexia no telefone novinho do Tiago. Meu amigo bebia uma cerveja em lata e me olhou intrigado.
- Vai sair, cara?
- Eu vou na casa da Bia. To devendo uma visita pra aquela vadia hà semanas... _ respondi meio desatento, observando que Lu encarava muito dissimuladamente meu volume dentro do jeans _ Nao quero atrapalhar, podem ficar á vontade.
- Tà... Se quiser pode usar o carro, acho que nao vou sair com ele mesmo _ disse Tiago, ligando a TV.
- Nao, valeu. Vou na moto mesmo. Ate logo!
Cumprimentei o moleque com um gesto de cabeça, e foi impressao minha ou ele mordeu os lábios enquanto Tiago nao estava olhando? "Putinha", pensei, pegando o elevador. "Se eu estalar os dedos ele ajoelha e mama na hora. E o idiota do Tiago foi escolher justamente um tipinho desses para namorar! Imbecil". Nao havia regras contra trazermos garotos pra foder là em casa. Desde que passamos a morar juntos, logo que terminamos a faculdade, que a liberdade para levarmos caras para là era total, foi um acordo tratado antes de nos mudarmos. A gente economizava no motel, alem de ter conforto e privacidade ao mesmo tempo. Portanto, nao poderia encrencar agora com o fato do Tiago querer comer o namorado quando bem entendesse, debaixo de nosso teto. Dificil seria eu aturar aquilo de agora em diante.
Bia morava sozinha num apartamento minusculo, perto do Estàdio Moises Lucarelli. Quando cheguei, a garota estava assistindo Titanic, creio que pela vigesima vez, com uma panela de brigadeiro branco no colo, ainda com pijama e cara de sono.
- Almoçando, cachorra? _ dei um beijo no rosto dela, sentando ao seu lado.
- Acordei agora _ respondeu ela, despejando um pouco de chocolate granulado de um saquinho, dentro da panela _ Esta servido?
- Deus me livre!
Bia era baixinha, magrela, ruiva falsa. Nao era tao bonita. Fizemos a faculdade de Educaçao Fisica juntos, enquanto Tiago cursou Engenharia em outra instituiçao. No inicio, numa das festas dos calouros, Bia se engraçou para o meu lado, querendo me beijar, e ficou muito sem graça quando recusei, dizendo que eu era gay. Ela pediu desculpas, mas achei engraçado, isso às vezes acontecia nas festas onde nao me conheciam. Logo ela se tornou minha melhor amiga na faculdade, e com seu faro feminino, descobriu depressa minha paixao secreta pelo Tiago. Era a unica pessoa que sabia, e se dizia farta de me aconselhar a abrir o jogo com o cara.
- Que cara e' essa, hein? _ disse ela, devorando o brigadeiro.
- Cara de quem quer matar e morrer, ao mesmo tempo.
- Bicha dramàtica em pleno domingo... Eu mereço! _ ela resmungou, pondo a panela de brigadeiro na mesinha e se virando pra mim _ Conta tudo. O que foi dessa vez? O Tiago pegou voce tocando uma com a cueca dele?
Assim que terminei de falar tudo sobre o namoro do Tiago, e sobre como eu me sentia com isso, com raiva de mim mesmo, dele e do moleque, Bia deu uma gargalhada.
- Sabia que um dia isso iria acontecer! _ disse _ Daniel, voce e' muito idiota, cara. Ficou comendo mosca e enquanto isso apareceu um espertinho e catou teu homem. Bem feito! Esperava o que? Que num belo dia de primavera o Tiago se levantasse super apaixonado, se declarando para voce, te beijando na cama e jurando amor eterno? Nao seja burro. Um cara daquele fica sozinho se quiser, e pelo que sei, tá cheio de gente atras dele. Voce estava lá, no final da fila, bem quietinho, com medo de ele te perceber e brigar contigo. Bem feito mesmo! Chupa essa manga, amigo! Falta de aviso e conselho nao foi.
Caramba, ela precisava ser sincera assim? Vaca. Pior que ela estava mais do que certa, fui burro alem da conta e agora pagava um preço salgado por isso.
- O que eu faço agora? _ perguntei, vendo o Titanic começar a afundar na tela da TV da Bia.
- Vai là, bota banca e toma o que e' teu! Mostra quem manda. Um homem do seu tamanho, que se impoe quando quer, se comporta como uma bichinha virgem perto do homem que ama? Sai dessa, Dani! Vai lá, grita na cara daquele trouxa: " Te amo, porra! Como que voce nunca percebeu? ". Pronto.
- Nao posso fazer isso...
- Entao fique chupando o dedo e olhando eles namorarem na sua frente. Continue fazendo o papel de trouxa, voce sempre fez tao bem... So' nao venha reclamar de novo! Gastei muita saliva te aconselhando, cara. Chega. Agora e' com voce.
Bem, ela nao poderia fazer nada mesmo. E acho que nem eu. Suspirei, olhando no relogio: ainda era cedo, o Tiago devia estar a todo vapor mandando ver no rabo guloso do Lu. Era melhor dar uma volta por ai, dar tempo ate acabarem a sacanagem deles. Levantei para ir embora, mas antes pedi à Bia que descobrisse toda a "ficha corrida" do Luigi com o Tavinho, um colega gay dela que conhecia Campinas de alto a baixo. Caso eu perguntasse diretamente a alguem, Tiago poderia saber e questionar minha curiosidade.
- Pergunto, pode deixar _ respondeu ela, devorando o brigadeiro _ O Tavinho conhece essa bicharada toda, deve saber tudo sobre o lanchinho do Tiago.
Saindo da casa dela, resolvi fazer hora no Shopping Iguatemi, olhar algumas coisas enquanto Tiago esvaziava o saco no cu do namoradinho. O shopping estava cheio por ser domingo, mas quase nada me interessava. Parado em frente a uma vitrine de roupas esportivas, senti um cutucao nas costas.
- Que gato esse sao-paulino! _ disse Hugo com um sorriso.
- Oi! _ puxei o moleque para um abraço _ Tudo bom contigo?
- Melhorou agora.
Ele era uma graça, admito. Dezoito anos, quase da minha altura, cabelo escuro estilo mauricinho, olhos claros cor de mel, começando a ficar fortinho de academia, boca vermelha, safada e gulosa. Um tesaozinho de twink. Usava jeans da Ellus e camiseta branca; tinha um piercing no nariz e outro na lingua que era uma loucura no sexo oral. Estudava medicina na Unicamp.
- Sozinho? _ perguntou, me olhando dum jeito maroto.
- E'... dando uma volta...
Trocamos um olhar sacana, e ele toda hora ficava encarando meu volume, querendo entrar no pau. Isso estava me deixando louco.
- Sabe o banheiro lá em cima? _ falou, mordendo o lábio _ E' o mais seguro. Eu vou na frente e dez minutos depois voce vai...
Nao esperou resposta, partiu pra là sem pressa. Fiquei num tesao lazarento, nem esperei muito, cinco minutos depois fui no rastro dele, igual cachorro seguindo cadela no cio. O banheiro cheirava a cloro e mijo, e um velho usava o mictorio. Terminou, lavou as maos e saiu. Bati de leve na unica cabine trancada, Hugo abriu a porta e me puxou pra dentro, correndo a tranca; foi logo me beijando com voracidade, apertando meu pau por cima da calça. Desabotoou, desceu meu ziper e puxou meu pau pra fora, me masturbando e sorrindo.
- Cai de boca, safado.
Nem precisava pedir. O moleque se ajoelhou e engoliu os dezenove centimetros, esfomeado, lambendo tudo como um sorvete, esfregando o pau na cara, engolindo depois cada bola e tornando a chupar, colocando ate à garganta. Eu me segurava na parede, querendo gemer mais alto. Que boca desse putinho! Soquei ate o talo, fazendo ele engasgar, e gozei sem avisar, segurando nos cabelos dele, enchendo aquela boquinha de porra quente e grossa.
- Bebe tudo _ mandei.
Hugo deixou tudo limpinho, nao desperdiçou nenhuma gota. Me beijou com a boca ainda lambuzada, com meu gosto forte. O fogo dele nao tinha passado, devia estar ate piscando... Delicia...
- Me come _ pediu, mordendo minha orelha.
Fiquei doido de vontade, mas ali era arriscado, toda hora entrava gente. Achei melhor nao. Saimos disfarçando, com alguns minutos de atraso um do outro. Do lado de fora do shopping, pronto para ir embora, ele disse que me telefonaria, que da proxima vez iria querer o serviço completo. Biscatinha. Era essa puta que queria ser meu namorado? Palhaçada, ele devia dar pra todo mundo... Assim mesmo fiquei atiçado, prometi apagar o fogo dele na proxima vez. Despedimo-nos e parti para casa.
Achei que encontraria o casal ainda na cama, porem a casa estava vazia quando cheguei. No quarto do Tiago, havia uma bagunça de toalhas molhadas na cadeira, embalagens de camisinha pelo chao e o lençol todo revirado, decerto ainda umido. O ar recendia à bunda de moleque, porra e desodorante. Imaginei-os passeando na rua; com certeza, apos comer o garoto, Tiago o levava para um cinema ou lanchonete, onde faria o pedido de namoro. "Fiihos da puta", pensei, olhando fixamente aquele lençol amarrotado, chegando mais perto e me deitando de bruços sobre ele. Se fechasse os olhos, poderia perfeitamente separar o cheiro do corpo do Tiago de qualquer outro ali. Tao intenso... O cara era testosterona pura. Tirei o pau de dentro da calça, esfregando-o no lençol; ele endurecia à medida em que eu me imaginava naquela cama com meu amigo, fodendo aquela bunda linda dele com marca de sunga, metendo ate às bolas, rapido e forte, enquanto ele urrava e pedia mais, dizendo que eu era seu macho, seu amor. "Rebola, filho da mae. Pede vara! ", sussurava, sarrando a cama. Ele devia ser bem apertadinho, quente, seria tao gostoso! "Vai, Tiago, de franguinho... Puto safado". Comecei a suar mais, a gemer alto, sentindo a espinha arrepiar, o saco formigar, quase um choque chegando, calor e frio .O gozo veio como uma pequena descarga de dor, de desilusao. Cai sobre a cama suja, recobrando o folego, pensando em como eu era infeliz e babaca. Um vislumbre de paraiso durava apenas alguns segundos, e no final toda a merda da minha vida voltava com força total, como uma piada do destino. Nao tinha a menor graça.
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Obrigada a todos!
aline.lopez844@gmail.com
