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Era uma quinta feira, o céu estava fechado, a noite prometia muita chuva. Dito e feito, o s pingos se tornaram chuvisco e assim a chuva veio com tudo. Raios, trovões, vento muito forte e ainda não eram nem onze horas para ver se dormiria onde Sophia. Tive que ficar por enquanto debaixo da marquise da igreja.
Próximo das onze, fui andando debaixo da chuva para a casa de Sophia. Chegando lá, o pano não estava na janela. Seu pai com certeza estava sofrendo de insônia com essa tempestade. Tive que me contentar, mas confesso que fiquei com medo de passar a noite só na rua com aquela tempestade. Voltei para debaixo da marquise da igreja, e tive que acomodar por lá. Escorada na pilastra que sustenta a marquise, quase caindo de sono e cansaço, senti que alguém me cobri, quando pude reparar novamente, era ela. Ensopada e com uma sombrinha minúscula, veio atrás de mim.
- Vem comigo! – Me mandou, batendo os dentes, morrendo de frio que igual a mim.
A acompanhei até sua casa. Entramos pulando o muro e fomos discretamente para o quartinho. Não podíamos nem acender a luz para o seu pai não perceber. Eu e Sophia estávamos completamente molhadas, mortas de frio. Aquele cenário era perfeito para uma gripe.
- A gente vai gripar com essas roupas encharcadas. – Cogitei.
- Provavelmente. Seria melhor se pudéssemos tirar. – Ela sugeriu.
- M... Mas Sophia, ficarmos nuas? – Lhe questionei.
- E qual é o problema? Você tem as mesmas coisas que eu. – Me retrucou, bastante certa do que disse.
- A diferença é que você não me vê, como eu te vejo. – Disse em murmuro a mim.
- Disse alguma coisa? – Perguntou.
- Não... não. Não disse nada. – Lhe retruquei com o semblante assustado.
Sophia começou a tirar suas roupas na minha frente, de costas para mim. O quartinho tinha apenas uma pequena janela na parede do lado oposto do colchonete. Em um certo momento em que caiu um raio, pude ver seu corpo perfeitamente delineado com o clarão que se formou dentro do quarto. Tive que me aguentar, aquela cena, aquele clima, tudo me levava a tenta-la. Até que fui surpreendida por um “vamos deitar? ”.
Aquele quarto era minúsculo, o colchonete menor ainda e nós éramos duas. Sophia deitou de lado virada para a parede e eu deitei logo atrás na mesma posição que ela. Não tinha a intenção de encaixar meu corpo no seu, mas foi inevitável. Foi uma sensação gostosa, meu corpo se petrificou, minhas mãos uma vez frias, congelaram. Já não tinha mais controle sobre as reações do meu corpo. Pude notar que ela também se arrepiou. Tinha que dizer algo senão não responderia por mim.
- Minhas mãos estão congelando – Lhe disse tocando seu braço.
- Nossa! Estão mesmo muito geladas. – Me respondeu surpresa. Então Sophia, pegou minha mão que tocava seu braço e pôs em sua barriga. Pude sentir um calorzinho gostoso vindo dela. Além do seu cheiro. Até a tensão que pairava sobre nós, foi amenizada por uma conversa, onde pudemos nos conhecer mais um pouco. Ela me contou que não estava conseguindo dormir, pois se preocupava comigo naquela chuva. Até o momento em que não aguentou mais e foi atrás de mim.
Nisso uma sequência de raios caiu, interrompendo-a. Senti que ela apertou minha mão mais forte, e forçou mais um pouco seu corpo contra o meu que fez minha que estava em sua barriga, percorrer até seu rosto e o fazendo virar para mim, deixando aquela boca na direção da minha para que pudesse surpreendê-la em um beijo que faria ela esquecer seu medo.