Cap.6
Estava um pouco sobrecarregado esses dias. Tão ocupado que nem tive tempo pra pensar em Misu. Mas como o destino sempre nos prega peças, tive que encontra-lo. Subindo as escadas do colégio, logo o vi andando na direção contrária. Apenas o referenciei, em sinal de respeito e continuei andando, mas ouvi a voz dele.
- Shingyouji ! - apenas parei e fiquei ouvindo o que ele queria dizer- sobre a promessa que fiz outro dia... Tenho um tempo livre na semana que vem - de cara eu fiquei feliz. Não podia negar, eu gostava dele demais ainda. Mas de repente, a minha consciência e o resto do meu orgulho me fizeram negar aquele pedido.
- Não... Está tudo bem, não se preocupe ! - me virei e olhei em seus olhos - Arata-San, por favor, não pense muito em mim !- naquele momento nenhum de nós nem respirava. Apenas queria sair logo dali- com licença !- e foi o que eu fiz.
Era a primeira vez que eu negava algum pedido dele. Não senti remorso. Ele não sentia nada por mim, pelo contrario, ele me detestava, e gostava de Sagara. Por mais doloroso que isso seja, o melhor que eu tenho a fazer é deixá-lo em paz.
TEMPO DEPOIS
E assim, o dia de Tanabata chegou. Como combinado, passei o mesmo com Takumi e sua trupe de amigos.
- Você prometeu se encontrar com o Gii-Senpai as 13hrs, não é ? - perguntei, seguindo os passos dele.
- Hai ! Tenho certeza que é aqui !- ouvi ele dizer, enquanto adentravamos um restaurante na estrada.
- Ei !- ouvi a voz de Akaike de longe - vejo que chegaram sem se perder !
- Nós já pedimos o almoço. Vamos !- dessa vez era Gii, que iria almoçar conosco. Apenas o segui. Mas quando virei o corredor fiquei mudo e quieto.
- Arata-San !- sim, ele estava ali ! Ele e Sagara, os dois, tendo um encontro de Tanabata, estavam juntos no restaurante aonde eu iria almoçar. Isso era demais pra mim ! Assim que ele ouviu minha voz, virou sua face e pudemos nos olhar nos olhos. Foi um olhar intenso, mas ao mesmo tempo sofrido, da minha parte. Acabei chamando a atenção também de Sagara. Estava sem reação.
- Boa tarde, Sagara-senpai !- Gii o cumprimentou, mas isso não foi o suficiente pra me fazer mexer - Misu !- os dois conversaram alguma coisa, e eu continuava lá, Paradão, sem reação nenhuma. Eu não esperava, nem nos meus piores pesadelos, encontrar eles juntos. Doía saber que minhas suspeitas sempre estiveram certas. Eles dois estavam juntos !
- Bem, Takumi, Shingyouji, sentem-se - lentamente fui saindo do transe emocional pelo qual passava. E decidi que não seria legal ficar ali e ver aquilo. Eu apenas iria me machucar. Decidi que devia ir embora, e deixar eles dois longe de mim, e eu longe deles.
- Ah... Hayama-San, Saki-Senpai, se me derem licença, estou indo embora !
- Mas porquê ?- Hayama perguntou preocupado. Bastou um olhar pra ele entender o porquê.
- Você é Jukensei n° 135, Shingyouji-Kun ?- ouvi a voz de Sagara chamar por mim.
- Hai !
- Sabia ! Tinha certeza de que já o vi antes.
- Ah, muito obrigado por aquela vez !
- Não foi nada ! Misu lhe consolou corretamente ?
- Deixe-o senpai !- foi a vez de Arata se meter- foi há muito tempo !
- Está envergonhado outra vez ?- foi doloroso ver uma cena de carinho entre eles.
- Não me trate como uma criança !- aquilo era quase um recado. Eu não devia criar expectativas.
- Bem, licença !- está provado. Ele não gosta de mim ! Apenas sai andando. Deixei qualquer pessoa e qualquer chamado pra trás. Queria correr. Queria me livrar daquele lugar.
- Shingyouji !- ouvi a voz de Arata e de repente algo tenta puxar meu braço. Quando me viro, era ele ! Ele me olhou fundo nos olhos. Aquele olhar, uma incógnita ! Eu não entendi o porquê dele ter vindo atrás de mim. Porquê ele não estava com Sagara agora e não me deixou ir ?- eu disse pra esperar, ou não me ouviu, Shingyouji ? - minha respiração quase falha naquele momento - você é meu ! Porquê não faz o que eu digo ? Se eu te pedir pra esperar, você espera ! Se eu te disser pra ficar, Você fica ! - do nada e sem me deixar raciocinar, ele puxou o meu braço e me forçou a andar - desculpe senpai, eu...vou comprar algumas roupas com ele.
- Tudo bem !- eu não sabia o que dizer. Apenas o observava e procurava uma resposta pra ele ter feito aquilo. E então eu fui praticamente arrastado pra loja.
TEMPO DEPOIS
Eu fui praticamente arrastado. Ele me trouxe a uma loja, sem margem de pensamento e sem eu poder dizer se queria ou não ir. Eu só me perguntava o porquê. O porque dele ter feito aquilo. O porquê dele ter deixado Sagara e ter me feito vir a essa loja.
- Ei, Arata-San - do nada ele começou a escolher algumas roupas pra mim - está tudo bem ? Talvez fosse melhor você voltar para o restaurante e para Sagara-Senpai.
- Já lhe disse ! Só faça o que eu digo. - e então ele continuou o que fazia. Sem me perguntar nada, e eu apenas o seguia.
- Ah, mas...- aquele dia ele estava ainda mais possuidor do que o normal.
- Prove estas !
- Ah... Espere, Arata-San - novamente fui trazido na obrigatoriedade ao provador. E da mesma forma ele me colocou pra dentro dele - ei, Arata-San !
- Apresse-se e troque de roupa !- é. Eu tirei minha camisa na frente dele, caindo de vergonha, mas tirei. E da mesma forma, coloquei uma das camisas que ele escolheu pra mim. E do nada, comecei a sentir as mãos dele, ajeitando a gola. Fiquei nervoso. Suas mãos começaram a descer, e quando vi, ele abotoou botão por botão, mesmo estando atrás de mim- ficou bom !- eu não estava entendendo o que estava acontecendo ali. Só sabia de uma coisa, meu coração podia se comparar a uma escola de samba em pleno Carnaval naquele momento - você estava me jogando fora ?
- Hã ?- não entendi
- Mesmo quando eu o convidei para sair, saiu com Hayama e o Saki. No que estava pensando, Shingyouji ?
- Não...- me virei de repente e olhei nos olhos. Ele estava bem perto de mim - é que...
- Em primeiro lugar, não estar do lado de seu dono quando ele está doente, faz de você um péssimo animal de estimação - era isso que ele considerava a nossa relação - porque não me visitou ao menos uma vez ?- era quase um masoquismo.
- Bem, isso... Desculpa !
- Pensou que poderia fazer isso agora que já me jogou pra escanteio ? Mas não pode... Entendeu ? - Ergui o olhar e mais uma vez vi aqueles olhos castanhos que desde o primeiro dia haviam me conquistado. Aquele rosto lindo e aquela franja milimetricamente arrumada, como ele era lindo !
- Arata-San...- naquele momento dei um forte abraço nele. Como senti falta daquilo ! Tocar a pele dele, poder sentir e me deliciar. E pra minha surpresa, pela primeira vez ele retribuiu um abraço meu. Ficamos lá, sentindo um o corpo do outro, magicamente.
- Esta camisa...lhe cai bem. Shingyouji, vamos... Use-a, e nas férias de verão... Vá a um encontro comigo. - eu não acreditei quando ouvi aquilo.
- Hã ?
- Não quer sair ?- o soltei no mesmo momento.
- Não... Eu quero sim !- ele sorriu. Ficamos nos encarando, um olhando o olho do outro, e aquele olhar cheio de intensidade e sentimento tomava conta cada vez mais do ambiente.
- Mesmo ?- continuamos nos observando, e mais uma vez falei aquilo.
- Te amo... - o olhar dele foi ainda mais intenso naquele momento, como eu queria ele pra mim !- ... Arata-San ! - do nada ele colocou a mão na minha nuca. Nossos rostos se aproximaram...
- Shingyouji...- e logo nossos lábios se uniram, em um momento mágico. Foi o melhor de todos. Ele nunca tinha me beijado daquele jeito. Foi tão vivo, tão intenso, tão sentimental ! Foi o beijo mais inesquecível que eu havia sentido até ali. O mais inesquecível !
TEMPO DEPOIS
Depois daquele momento inesquecível, voltamos pra Shidou.
- Porquê está arrastando o pé assim ? Não consegue andar direito ?- o velho Misu Arata.
- Eu... Gosto disso ! Das suas costas...
- Há ?
- Algum tempo atrás, quando passei no tete para entrar na Shidou, procurei por você por toda parte. Correndo pra lá e pra cá, até que, pude ver suas costas. Então, como havia me prometido, você me disse seu primeiro nome, e por alguma razão você gostou de mim. Desde aquele momento, tenho sempre andado atrás de você, observando suas costas desse jeito....- parei e naquele momento, tomei consciência de que nossos objetivos de relacionamento eram conflitantes. Eu tinha que dizer o que imaginava ! - mas...- ele parou- ainda assim, talvez eu não possa ficar atrás de você pra sempre ! - esperei uma reação dele. Uma palavra, um sussurro, algo. Ele apenas se virou, e olhou nos meus olhos. Um olhar diferente. Um olhar frio ! Ele raciocinava. Não sabia o que ele estava pensando. Será se estava pensando em mim ? Aqueles minutos foram longos e incessantes. E então vi ele se aproximar novamente, com aquele.jeito peculiar de andar que só ele tem. Pegou na minha mão, pela primeira vez na história...
- Ei, Shingyouji, só vou te dizer uma vez, então ouça bem. Não fique muito perto do Hayama. Me irrita ! Entendido ? - baixri a cabeça e fiquei imaginando que talvez nunca fossemos ter nada sério.
- Te amo... Arata-San...
- Chega. Não pense muito, Shingyouji. Um mascote deve atuar como tal, e seguir seu amor em silêncio. - seguir em silêncio. A partir daquele momento voltei a ser eu mesmo. O mesmo Shingyouji de sempre, rezando para que Tanabata chegasse logo outra vez.
Continua
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