Tentei fechar os olhos por um instante mas o medo de que algo poderia acontecer novamente comigo não me deixava descansar, o dia clareou eu ainda estava exausto, nem mesmo pude perceber o momento em que o carcereiro ordenou que ficássemos de pe e todos saíram se prostrando em frente as suas celas, uma contagem foi iniciado e eu me apressei a me colocar do lado de meus companheiros, olhei para cada um deles e marquei seus rostos, um tinha os olhos um tanto puxado e com uma cicatriz no pescoço saltada para fora, um tanto acima do peso, seus olhos eram de um cinza frio o que deixava sua imagem ainda mais assustadoras, o outro tinha uma barba longa e parecia que nunca estava limpa, tambem era acima do peso e transpirava tanto quanto um javali gigante, as lembranças de sentir a gota de suor em minhas costas me deu ódio, aquele nojento provavelmente havia feito aquilo comigo, o terceiro era raquítico, parecia ser usuário de drogas, um rosto sugado e sem vida, uma pele esbranquiçada e olheiras fundas que deixavam seu rosto delicado e doente, o ultimo era um homem que aparentava ter uns trinta e dois anos, pele morena clara, cabelos pretos e olhos feito carvão, seu corpo era forte e levemente definido, ao contrario do raquítico seu rosto era sadio e com uma expressão seria, após a contagem os prisioneiros começaram a se movimentar em direção ao refeitório para o cafe da manhã, arroz, feijão, salada e frango desfiado era o que preenchia a superfície dos pratos de cada um ali presente, confesso que neste ponto pensei que as coisas fossem piores tipo uma gororoba, dura, sem cor e pegajosa, peguei meu prato e fiquei em pé parado diante de tantas mesas livres pensando em qual eu deveria seguir, corri para me sentar ao lado do homem bonito de minha cela que se encontrava junto com um garoto bem novinho e muito afeminado, e um senhor que parecia bem simpático, sentei-me e fiquei cabisbaixo olhando para a comida porem sem fome
- é melhor você comer - disse o meu companheiro de cela sem nem mesmo olhar em minha direção
- não estou com fome - retruquei
Ele não falou mais comigo e continuou comendo
Eu não estava em posição de escolher amizades portanto decidi obedece-lo
- sinto muito por ontem a noite
- então você também participou daquilo ? - disse, me alterando indignado - isso me causa...
- não, não participei mas eu ouvi tudo - me interrompeu - você é um rosto novo por aqui e os veteranos usam isso como diversão, logo você se acostuma
- acostumar ? - isso significaria que eu passaria por isso mais vezes ?
- você tem que achar alguém que cuide de você aqui dentro, são os que chamamos de "pai", no caso você seria apenas dele - disse o garoto afeminado olhando em minha direção com expressão de pesar
- Obrigado, mas não será preciso, não ficarei aqui nem mais um dia, alias você sabe como faço para fazer minha ligação, porque eu não tive a oportunidade de ligar para alguém da minha família ?
- desculpa, não sei, mas caso não consiga sair daqui tao rápido quanto pensa pode andar comigo no pátio, se quiser eu te explico como funciona tudo por aqui, me chamo Henrique - disse dando um sorriso
- sou Lucas - respondi com um sorriso também
A hora do cafe da manha havia acabado, e todos seguiram para seus trabalhos e o meu era a lavanderia, um andar de baixo, abafado, com quilos de roupas imundas para serem limpas, mover as grande bacias de roupas para lá e para cá, deixou meus braços doloridos, fiquei refletindo no que Henrique havia dito para mim minutos antes, será que eu deveria tentar fazer de um dos meus companheiros de cela meu protetor ? Não ! Eu sairia daquela cadeia assim que pudesse falar com meu irmão, trabalhei mais rápido e tirei meus pensamentos de dentro daquele presidio, no intuito de o tempo passar mais rápido, terminando meu serviço corri para falar com um dos carcereiros, me dirigi à um com uma expressão mais calma e de aparência gentil
- desculpa, senhor, eu queria falar sobre minha ligação, eu não tive a oportunidade de fazer minha ligação
- desculpa eu não posso te ajudar, vá para sua cela - disse de modo seco
- apenas me deixe falar com alguém de maior cargo por aqui - supliquei
- volte para sua cela, não vou repetir - disse mais arrogante
- eu insisto essa é minha única chance de...
Ele me pegou pelos braços me colocou contra uma parede e me atingiu varias vezes com um cacetete, tentei colocar a mão na frente de onde ele batia para amenizar a dor mas acabei caindo no chão de dor, fui carregado para minha cela por outros dois guardas que me atiraram no chão frio que beirava meu colchão, me arrastei para o colchão tentei descansar sem nem mesmo me importar com sujeira alguma, por algum motivo tinha a sensação de que eu morreria ali,
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Comentem se gostaram galera se esta bom ou se precisa de mudanças muito obrigado a todos
Fico feliz em saber que gostaram e estão acompanhando BDSP, RU/RUANITO e MARCOS COSTA