... “ADAM”: Ótimo era exatamente com você que eu queria falar, eu acho. Estou ligando para dizer que achamos...
As sobrancelhas dos dois (Tomás e Alicia) se arquearam.
TOMÁS: Acharam o que?
“ADAM”: O corpo...
Corpo.
TOMÁS: Como é? Corpo? Espera! Quem tá falando, por favor?
“ADAM”: Sou do corpo de bombeiros e precisamos que você compareça na estadual I-2 para dar prosseguimento ao caso. Estamos aguardando.
FIM DA CONVERSA POR TELEFONE
Os dois ficaram se olhando com olhos grandes e bocas abertas. Alicia estava segurando uma xicara de café sobre a mesa, com as duas mãos apertando-a. Tomás estava com o celular em mãos, no centro da mesa, com a tela para cima. Os dois pareciam esperar acontecer alguma coisa.
- Vamos? – perguntou Tomás quase que ordenando que ela fosse.
Alicia apenas assentiu com a cabeça e nem trancou a casa. Entraram no carro e seguiram em direção ao local do acidente. Em suas cabeças estavam as mesmas perguntas:
< Como será que aquele bombeiro conseguiu o celular do Dan?
R.:> Do bolso do Dan, é claro.
< Mas se estava no bolso e Adam caiu na água, então o celular não deveria ter apagado?
R.:> Às vezes o celular deve ter caído do bolso em um lugar seguro.
< Mas por que ligaram logo para mim (Tomás)?
R.:> Chega de perguntas difíceis!
Levaram o carro até a rodovia e lá estava um movimento de carros de polícia e bombeiros. O pior, o corpo do IML (Instituto Médico Legal) estava lá. Alguma pericia de corpo estava a ser feita. Mas uma vez, pensamentos em Adam. Tomás estacionou o carro por perto e saiu junto com Alicia. Foram até os bombeiros e uma maca subia no automóvel levando um corpo: o de Adam. Alicia entrou em desespero, mas foi barrada por uma muralha de homens fortes.
- Tom? – ela pediu ajuda a Tomás.
- Você é Tomás Mercer? – um dos homens apareceu por de trás dos outros e segura uma planilha com um saco plástico, contendo o celular de Adam.
- Sim, sou eu.
- Meu nome é Roger Hoel. Do corpo de bombeiros. Liguei para você a uns oito minutos atrás pedindo que comparecesse.
- Sim, eu sei disso.
- Pois bem. Nós chegamos aqui ontem e começamos uma varredura na área. Já sabemos de tudo que aconteceu. Caique Henrique Vilã dirigia o carro que despencou do penhasco abaixo. Ao seu lado estava Adam Pearce. Ele é seu parente? Irmão talvez?
- Não, é meu melhor amigo.
- Ah, estranho. Porque seu nome era o primeiro do grupo dos favoritos. Pensamos que você fazia parte da família dele ou algo assim.
- Não tem problema, sou um velho amigo da família. Mas a irmã dele está aqui comigo – disse ele puxando Ali para a conversa.
- Qual é seu nome senhora?
- Ali, quer dizer, Alicia Pearce.
- Ah sim. Pois bem. Nós chegamos aqui ontem, como já disse a ele (apontou para Tomás que também estava escutando) e fizemos uma varredura. Disseram que no carro tinha duas pessoas e que ele afundou nas águas. A correnteza estava forte e nós só conseguimos fazer um trabalho seguro à meia noite mais ou menos. Encontramos o carro alguns metros à frente e puxamos ele com um guincho. Estava cheio de entulho e vegetais. Mas só tinha uma pessoa lá dentro. Não sei bem ao certo, mas acho que era o senhor caique Henrique Vilã.
- Como sabe que era ele? – interrompeu Tomás.
- Ele estava no banco do motorista e estava atado ao cinto de segurança. O fato é que ele estava preso em vegetais e galhos. Se tentou fugir alguma vez, não conseguiu. Estava muito “amarrado” mesmo.
- Caíque morreu? – perguntou Ali.
- Se aquele for o corpo dele, sim. Ele morreu – o bombeiro apontou para um corpo encima de outra maca. O corpo de Caíque.
- Sim é ele – concluiu Alicia – Mas e quanto ao Dan?
- Continuando, a porta do carona não estava lá e pensamos que ele foi carregado pelas correntezas por alguns quilômetros. Mas então vimos a porta jogada em um canto do declive. Fomos investigar e encontramos o corpo de Adam Pearce jogado a alguns metros perto da porta. Testemunhas disseram que um galho seco arrancou a porta, certo? – os dois assentiram – Então concluímos que Adam caiu do carro enquanto capotava. Foi no seu bolso que achamos o celular e ligamos para você – disse ele para Tomás.
- Mas ele está bem? – quis saber Alicia.
- Não. E acho que não está nem perto disso. Seu corpo perdeu uma quantidade de sangue que não podemos contar aqui. Mas certamente foi o suficiente para ele morrer. Seu pulso está muito fraco, quase zero e está sendo levado para o Hospital Municipal agora. Se puderem me acompanhar...
- Espera. Mande esse carro para o Hospital Regional Particular. Eu pago quaisquer despesas, mas levem ele para lá.
- Quem você acha que é para dar ordens assim?
- Sou o herdeiro daquele hospital e quero Adam Pearce lá agora.
Pedido atendido.
A ambulância levou o corpo de Adam imediatamente para o HRP e o carro de Tomás seguia no mesmo ritmo. Não demorou muito para que eles chegassem e Adam já estava em uma maca especial em pouco tempo. Sua roupa estava imunda de sangue e lama. Parecia um defunto de tão pálido, mas sua pele ainda era perfeita. A mais bonita. O doutor logo chegou na emergência.
- O que aconteceu com ele? – perguntou ele.
Alicia até estranhou a intimidade com que o doutor tratara Dan, mas ela não sabia que eles já se conheciam: Dr.º Diego Rice.
- Um acidente na rodovia estadual I-2 – informou Tomás – Ele perdeu muito sangue precisa de uma cirurgia agora!
- Vamos providenciar isso.
Eles sumiram com a maca de Adam e Alicia e Tomás os seguiram. Tiveram que esperar enquanto eles faziam os exames e arrumavam a sala de cirurgias. Estava tudo pronto quando Diego aparece na sala de espera ofegante.
- Ocorreu um problema!
- Ai meu Deus – disse Ali.
- O que é agora? – perguntou Tomás.
- O sangue dele é tipo AB. O puro. Não há estoques desse tipo sanguíneo aqui nem em estados próximos. Ele não pode fazer transfusão. Vai entrar em lapso disfuncional dos órgãos por falta de sangue.
Continua...
Aviso - galera vou postar semanalmente mil desculpas , pq o autor principal do conto Salvatore posta semanalmente e vou acompanhar o ritmo dele , eu e eles fizemos essa parceria e não vou poder adiantar muito .