Não consegui dormir muito, logo fui acordado para descer ao pátio
- ei, ei, acorda, temos de descer ao pátio, não é permitido fiar nas celas - disse o garoto pelo qual acabei percebendo que sentia uma leve atração
Olhei para os olhos negros dele que me encaravam com seriedade, mas não tive forças para me levantar então meus olhos voltaram a se fechar procurando encontrar meu sono de volta
- vamos lá, não faça corpo mole, estão todos descendo- ele envolveu seus braços por traz de minha cabeça para me ajudar a levantar
- tudo bem, eu me viro sozinho daqui por diante, obrigado !
- esta bem - ele exibiu um leve sorriso enquanto se retirava
- escuta !, - ele se virou para mim - qual é mesmo seu nome ? - perguntei intrigado
- Rodrigo
Dei lhe um sorriso simpático e ele seguiu para o pátio, fui seguindo ele em passos lentos afinal não sabia onde ficava exatamente o pátio, desci alguns degraus e segui um corredor um tanto longo, passei por um portão que se encontrava aberto e pude ver um retângulo grande com cercas altas em voltas e por fora das cercas uma nova cerca, o telhado era um céu azul claro sem muitas estrelas, foi reconfortante ver o céu novamente e uma paisagem de gramados baixos e bem mais além algumas arvores, deixei o sol tocar meu rosto por um instante mas depois de pouco tempo voltei a pensar no porque eu estava ali e quanto tempo ainda ficaria ali, me dirigi para um banco com alguns presos e me sentei no canto do banco, eram três banco, um em cima do outro em escala decrescente, tive o pressentimento de que todos os olhos sentados naquele banco se viraram para mim, fiquei desconfortável percebendo que estava sendo o foco, um deles que sentava no banco de cima do meu bem próximo a mim tocou meu ombro e subiu a mão ate meu pescoço, em um rápido impulso pulei do banco e fui me dirigindo em passos rápidos para o canto das grades me afastando sem olhar para trás, ouvi vários presos rindo enquanto viam minha reação, sentei me no chão do pátio encostando minhas costas nas grades e evitam encarar qualquer um dos presos, eu estava perdido em meus pensamentos agoniados, me mutilando com a culpa dos meus erros e de repente uma mão toca meu braço de leve e Henrique senta junto a mim
- você esta bem ? - disse ele com uma voz amistosa
- estou - mas não acho que fui convincente, minha voz vacilou e meus olhos se encheram de lagrimas turvando minha visão "não, eu serei forte" pisquei os olhos varias vezes a fim de conter as lagrimas e quando elas finalmente se recolheram olhei para Henrique - como você aguenta ficar aqui, acordar todos os dias e lembrar que esta preso com esses...esses...
- não é tão ruim assim, você acostuma, claro que vai passar por poucas e boas mas no final vai ficar tudo bem, sei que pode parecer o fim da linha mas acredite, não é !! - ele se levantou e me estendeu a mão para me levantar - vem, vou te apresentar uns amigos que sei que você vai gostar
Segurei sua mão me levantei e começamos a cruzar o extenso pátio, enquanto andávamos avistei vários garotos com jeitos afeminado e extravagantes caminhando para la e para cá, alguns mais discretos e de aparência tristes andavam sempre colados a um presidiário mais forte como se buscassem proteção, eles seriam o macho protetor imaginei, o "pai" dos que o seguiam, associei a palavra pai pelo fato de eles protegerem suas "mulheres" como filhos, alguns dos protetores andavam com vários a sua perseguição, por fim chagamos a um canto do pátio e Henrique me apresentou dois amigos,
- Lucas, esse é o Vinicius - disse apontando para um jovem de cabelos claros, olhos cor de mel que combinavam com a cor de seu cabelo e que aparentava ter na faixa de uns 20 anos - e esse é o João - disse apontando para um senhor de cabelos pretos porem as raízes já mostravam um começo de cabelos brancos, um rosto marcado pela idade, olhos pretos, e um corpo cansado, o mesmo senhor que eu vira sentado no refeitório junto ao Henrique e Rodrigo
Cumprimentei os dois e eles ficaram me falando sobre os regulamentos da cadeia
As 6h00 todos deviam estar acordados para o cafe da manha
As 7h00 horas devíamos estar em fila para o trabalho
As 11h00 iríamos ao pátio
As 12h00 almoço
As 16h00 faríamos fila para o trabalho novamente
As 17h00 refeitório para o jantar
As 18h00 voltaríamos ao pátio novamente
As 19h00 iríamos voltar para as celas
E as 22h00 as luzes se apagariam
A campainha soou anunciando que o horário do pátio se acabou e que deveríamos seguir para o almoço e depois de todo aquele trabalho e da surra que levei do carcereiro eu estava com muita fome, fui caminhando em direção a saída do pátio junto com Joao e Vinicius mas em meio a multidão que se juntava frente o portão da saída acabei perdendo Henrique de vista, tentei me manter perto dos meus dois novos amigos com muito medo de ficar sozinho, chegamos ao refeitório e peguei um prato de arroz, feijão e salada, e seguimos para uma mesa livre, mas no caminho até a mesa Vinicius anunciou que não poderia se juntar a nós para comer, que deveria se sentar em outra mesa, então ficamos apenas eu e Joao, Joao tinha uma aparência bem simpática, apesar de estar em um presidio parecia sempre bem humorado, ma era um pouco quieto quando não puxavam assunto com ele, embora se tornasse bem falante quando lhe dirigiam a palavra. Sentei na mesa ao lado de Joao e ataquei meu prato com desespero, estava quase terminando de comer quando finalmente Henrique surge e se aconchega sentando à minha frente
- lucas ?
- sim ? - disse parando de comer
- acho que você não vai gostar de ouvir mas....eu acho que devo te dizer mesmo assim
- dizer o que ? - respondi me remoendo em curiosidade
- Edgardo esta interessado em você, ele quer você para ele e ele não gosta de ser rejeitado - Henrique fez uma cara que expressava encrenca
Edgardo ? Quem era Edgardo ? A mim não interessava eu não me entregaria a ninguém !!!
- não vou fazer isso, não vou ser de ninguém, não me importa se ele não gosta da palavra não, de mim é só isso que ele vai ouvir
- Lucas, as coisas aqui não são tão simples quanto você pensa, não sei como você acha que vai resolver isso com ele mas te garanto que não será apenas na conversa
- eu não quero ! Não vou fazer isso Henrique !
- pensa pelo lado bom Lucas, ele vai te proteger de todos que tentem te machucar e te garanto que são poucos aqui nesta prisão que tem coragem de comprar brigas com Edgard, é capaz que ele de um jeito de você se mudar para a cela dele mas você acabara se acostumando tenho certeza
- por favor Henrique diga a ele que não quero, o que preciso fazer para isso não acontecer ?
- exceto que consiga vence-lo numa briga ou alguém te defenda, você terá que aceitar tudo que ele te impor
Um guarda se aproximou e chamou por meu nome
- você tem visita - anunciou o guarda
Segui ele ate a saída do refeitório e então ate uma sala onde estaria minha visita, ele abriu a porta pra mim e fez sinal para que eu entrasse
- Meu irmão !!!!! Finalmente você veio me tirar daqui, eu pensava que não viria ah que felicidade - eu estava pulando de alegria e correndo ao seu encontro para abraça-lo, ele jamais me deixaria na mão
Kevin não demonstrou nenhuma reação
- o que foi, nao esta feliz em me ver ? - perguntei olhando para seu rosto serio
- Lucas, eu não vim tira-lo daqui
- o que ? - meu mundo caiu, meu próprio irmão me dando as costas - Kevin, você...você...você esta brincando não é ?
- estou falando serio Lucas
- mas por que ? Você precisa me tirar daqui, esse lugar é horrível Kevin por favor me ajuda
- Não posso Lucas, eu vendi o apartamento e vou me mudar para a cidade dos pais de Cynthia, pra ser sincero estaremos seguindo viajem hoje
- Mas Kevin, por favor, eu te imploro, eu te imploro, você e o único que me restou nesse mundo, por favor
- desculpa, melhor eu ir logo, tenho muita coisa para ajeitar ainda - disse acenando para que o guarda viesse para acompanha-lo
Um guarda entrou na sala e começou a me retirar do local, enquanto outro guarda acompanhava Kevin
- kevin !!!!! Espera !!!! - eu gritava
Fui levado de volta ao refeitório e lagrimas caiam sem parar dos meu olhos escorrendo para meu queixo
- o que aconteceu ? - me perguntava Henrique preocupado
- acho que vou precisar de alguém para me defender Henrique
-oi ? - perguntou sem entender
Ignorei sua pergunta e rodeei com os olhos todo o refeitório e quando encontrei Rodrigo fui correndo para a mesa dele
- Rodrigo, por favor você precisa me defender - disse apavorado segurando seu braço em modo de suplicas ele era minha ultima opção para me livrar de Edgard
- o que ? - ele perguntou também sem entender
- Edgard, ele me quer e preciso muito de sua ajuda
- Você esta louco ? - disse se desvencilhando de mim - Não posso te defender, desculpa - voltou a comer
- você não entende, precisa me ouvir eu...
- Nao !!!! Sai daqui, esse problema é seu, se vira - ele gritou
Olhei assustado para seus olhos e caminhando em passos lentos voltei para minha mesa e antes que eu pudesse me sentar a campainha soou anunciando que deveríamos fazer fila para voltar ao trabalho
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Bom galera é isso espero que gostem, obrigado a todos que estão acompanhando
LIPE estou seguindo sua sugestão e tentando deixar mais cumpridos os textos
RU/RUANITO E BDSP muito obrigado por estarem acompanhando e comentando vallew