Cap.18
- Você tem certeza disso mamãe ?
- Tenho sim filho, vocês dois podem fica lá em casa sim, afinal vou precisar muito do Justin pra me ajudar a cuidar de você depois do acontecido - minha mãe estava com os olhos inchados, parecia ter chorado horrores. Ela estava muito preocupada com tudo o que havia acontecido.
- Detesto quando vocês falam assim, parece que eu voltei a ser criança !
- Mas de certa forma você precisa de ajuda filho, você não vai conseguir fazer as coisas sozinho, infelizmente, e eu tenho certeza que ele quer te ajudar - dizia ela, olhando para ele que dormia todo espalhado nas acomodações da companhia - realmente você encontrou alguem de ouro, assim como eu.
- Como assim ?
- Eu e seu pai, nós estamos juntos desde a adolescência. Ele foi meu primeiro namorado, a minha primeira vez foi com ele. Não sei se vai ser assim com vocês dois, mas eu lembro que quando era mais nova, seu pai tinha as mesmas atitudes que Justin tem hoje. Era atencioso, romântico, tímido. A gente vê de longe que ele gosta realmente de você. Se fosse outro, assim que descobrisse que você não poderia andar, teria terminado. Ele não... - sorri ouvindo minha mãe falar aquelas coisas.
- Eu o amo - falei pra mim mesmo, enquanto o soro entrava em minhas veias.
DIAS DEPOIS
Havia recebido alta do hospital.
- Podemos ir !- falou ele, me ajudando a sentar na cadeira de rodas.
- Tem certeza que você vai suportar isso ? - perguntei, vendo ele pegar minha mala.
- Faco tudo pra te ter comigo amor ! - falou, beijando meu rosto.
- Ótimo, então vamos logo - minha mãe falou, abrindo a porta do quarto.
TEMPO DEPOIS
Vendo todo aquele sofrimento que eu estava tendo que enfrentar, não tinha mais como perdoar Pablo. De início ele parecia um garoto legal, fez eu me importar com ele, mas depois se revelou um psicopata inconsequente. Por pouco não tirou minha vida. Apesar disso, me deixou assim. Era algo imperdoável.
- Está de volta em casa ! - Justin falou, me ajudando a subir na sala.
- Fiz algumas adaptações pra te ajudar filho. Seu quarto agora vai ser aqui em baixo.
- O que ?
- Ah filho, sinto muito mas é o melhor. Não tem como colocarmos uma rampa até lá em cima, você vai ter que ficar aqui em baixo.
- E Justin pode dormir comigo ? - ela sorriu.
- Nada de safadeza debaixo do meu teto ein ! - fiquei literalmente vermelho quando ela falou isso.
- MÃE !
- O que foi ? Tô mentindo ? - ele riu.
- Nós não fazemos essas coisas ! - ela sorriu.
- Ah não, então já estou avisando agora... - havia esquecido que minha mãe era bem humorada depois de tanto tempo a vendo triste.
- E então, estava com saudade ?- ele perguntou.
- Claro que sim, aquele hospital já estava me sufocando.
- Entendo amor. E então, vamos lá, vou te mostrar seu novo quarto !
- Tudo bem - e então ele veio arrastado a cadeira até o novo quarto. Este era um enorme deposito antes, mas minha mãe o desocupou e fez algo que eu pudesse ocupar enquanto estivesse nessa situação.
- Sua mãe tentou fazer parecido com o seu ! - ele falou, ligando a luz.
- Olha, tem papel de parede azul.
- Foi eu que escolhi. Achei que era a sua cara. Escolhi algumas das toalhas de cama também, e escolhi a foto que está ali na mesinha.
- Deixa eu ver de perto !- e então ele arrastou até a mesinha. Peguei o porta retrato, e dentro dele continha uma foto nossa no acampamento. Ficou um silêncio no local. Por alguns segundos eu fiquei pensando, se era normal amar tanto uma pessoa. Se era normal alguém querer ajudar tanto o amado. Era normal do amor isso ?
- Gostou ? - ele perguntou.
- Porquê escolheu essa foto ? - perguntei, lagrimando.
- Ei... Tá chorando ? - perguntou, acariciando meu rosto e as lágrimas que caiam dele.
- Você me ama tanto a ponto de suportar isso aqui, ter que me ajudar a andar, enfim, ter um namorado que não pode andar. Eu... Eu não quero que isso seja uma obrigação pra você, eu amo Você demais pra permitir que você sofra fazen... - ele me beijou.
- Não fale coisas assim ? Ei, te amo tá ? Lembra do anel que eu te dei, meu sentimento só aumentou de lá pra cá. Eu o amo demais, e tenho caráter o suficiente pra não te abandonar só porquê você esta paraplégico. Você vai voltar a andar, tenho certeza disso. E neste dia estarei aqui, te amando mais que nunca - as lágrimas caíram ainda mais com esta declaração - não chore...
- Como não vou chorar com uma declaração dessas ? Você sabe o medo que eu tenho de perder você ?
- Não chore mais... Isso não vai acontecer ! - falou, me abraçando.
- Te amo - ele beijou meu rosto.
- Eu te amo muito mais !
- Porquê você saiu de casa ?
- Minha mãe não queria aceitar. Não parava de brigar e nos julgar, eu não pude tolerar. Então decidi sair.
- Amor, não queria que você brigasse com sua familia por causa da gente.
- Mas eu não briguei. Eles arranjaram brigas... - ainda bem que minha família não era assim.
TEMPO DEPOIS
- Tem certeza que você vai me fazer isso ? - perguntei, vendo ele guardar meus materiais na mochila.
- Claro que sim, você não tem que voltar a aula.
- Mas assim ?
- E o que tem. Ainda continua sendo você. E vamos logo, se não vamos nos atrasar.
TEMPO DEPOIS
Ao chegar no colégio na cadeira de rodas, mais uma vez fui alvo de diversos olhares. Todos queriam manifestar algum tipo de sentimento pelo que aconteceu. Era duro ter que enfrentar a realidade, mas esta era ela. Eu estava assim. E teria que saber viver enquanto estivesse assim. Todos olhavam enquanto nós dois andávamos juntos. E nem neste momento largavamos as mãos um do outro. Éramos um casal superação, que estava superando tudo, problemas difíceis, alguns inimagináveis para ficarmos juntos. Será se valeria a pena ?
Continua
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