- Desculpa cara, não sabia que tinha visita. Falou Carlos entrando novamente no meu quarto. Céus, até as costas dele era sexy ou era um tarado total. Acho que os dois são verdades.
Me sentei na cama e peguei meu celular. Por um segundo pensei que fosse miragem, mas não era. Carlos deixou a toalha escorregar de seu corpo e ficou completamente nu, de frente para mim. Ele tinha um membro grande, mesmo mole. Era branco, grosso e da cabeça rosada, e ele ainda tinha aquela pelinha que cobre um pouco da cabeça que é uma delícia de colocar a língua... Hum, tá, talvez eu que fosse tarado. Meus olhos foram pra seu rosto e meu coração acelerou, era impressão minha ou aquilo era um sorriso safado na cara dele?
Meu celular vibrou enquanto ele vestia a cueca e tive que desviar o olhar. Lucas Chamando piscava na tela. Atendi no terceiro toque.
- Oi. Falei um pouco animado demais, me virando de costas para Carlos.
- To na frente da sua casa, posso subir? Sua voz estava um pouco mais baixa que o normal.
- Claro.
E desliguei. Suspirei, meio pensativo. Será que ele tinha mudado de ideia? Talvez não me odiasse mais como ontem à noite e se conversarmos... Meu cérebro travo. E então o que? Voltaríamos? Eu queria voltar? Ele ia mesmo querer voltar? Honestamente eu não sei se eu faria.
- O que foi? Perguntou Carlos.
- Lucas tá subindo. Falei correndo para fora do quarto. Desci as escadas sorrindo, mas a expressão nada contente de Lucas apagou meu sorriso.
- Você poderia ter subido. Falei.
Lucas usava a mesma roupa de ontem à noite. Seus olhos estavam inchado e vermelhos, os meus também estavam, um pouco pelo menos.
- Não vou demorar, só vim trazer suas coisas e pegar as minhas.
Ele estendeu o braço com uma sacola. Peguei e olhei o conteúdo. Cds, algumas camisas, chaveiros, chinelos e havia mais no fundo, mas não precisei olhar para saber que era tudo meu.
Eu senti um aperto no coração, mas sabia que aquilo não era porque eu o queria de volta, eu só não queria que ele sofresse.
- Eu ainda não separei suas coisas, achei que nós... Falei quase sussurrando, mas ele me interrompeu.
- Não existe mais nos Gabriel. E não vou te dar mais um chance de me fazer de trouxa tá legal? Tem noção de tudo que eu passei pra ficarmos juntos? Eu tinha uma namorada, era o orgulho dos meus pais e meu irmão ainda falava comigo. Troquei tudo isso por que eu te amava demais. E o que você fez? Saiu por aí trepando com o primeiro filho da puta que apareceu, espero que encontre com ele pra fuder você mais vezes.
Ele puxou o ar para dentro dos pulmões e eu fiquei encarando-o surpreso. Tudo bem, Lucas nunca tinha me dito aquilo. Claro, eu sabia que tinha sido barra pra ele se assumir, mas foi escolha dele e não minha. De repente eu não sentia mais simpatia nenhuma por ele, apenas raiva.
- Não se preocupe, já encontrei. E foi ainda melhor.
As palavras soaram sarcásticas e divertidas, como se eu estivesse realmente rindo dele. Lucas não precisou, ou não conseguiu, disfarçar a decepção e algumas lágrimas. Meu coração afundou.
- Vai se ferrar, Gabriel. Ele falou limpando a lágrima que escorreu em seu rosto.
- Acredite, eu vou e vou adorar.
Então Lucas avançou para cima de mim armando um soco. Não havia tempo de recuar, então fechei os olhos, esperando o golpe.
Mas ele não aconteceu. Abri os olhos e vi Carlos girando os punhos de Lucas em outra direção. Só percebi que prendia a respiração quando respirei.
- Não vai colocar a mão nele. Carlos disse ficando na minha frente.
Lucas me olhou parecendo confuso e então sorriu.
- Você deu pra esse babaca? Agora ele é seu namorado?
- Cala a boca Lucas, sabe muito bem que...
- Sei o que seu viado? Só que você não passa de uma puta rodada. Graças a Deus me livrei de você.
E então ele saiu marchando para fora de casa. Eu cai no sofá, perplexo. Aquilo definitivamente não havia saído como eu esperava.
* * * *
À tarde passou tranquila, mais ou menos. Carlos teve que ir ajudar seu vizinho com alguma coisa do carro dele e eu fiquei em casa chorando. Mas não chorava por Lucas, chorava por mim. Por mais que ele tenha dito aquelas coisas para me magoar, ele não havia exatamente contado nenhuma mentira. À noite veio e minha mãe chegou em casa, pude ouvir ela fazendo barulho no andar de baixo e então correndo escada batendo seus saltos nos degraus até chegar em meu quarto.
- Você pode descer por um minutinho? Ela pediu e saio sem conseguir uma resposta. Limpei o rosto e desci, ninguém merece o rosto pôs-choro.
Para minha surpresa, meu pai e Christopher estavam sentados no sofá. Os dois olhavam para mim com olhares ansiosos e agitados.
- O que fazem aqui? Perguntei ficando de pé de frente.
Meu pai se levantou e veio me abraçar. Novamente, dei um passo para trás e ele parou.
- Tudo bem, eu entendo o porque está chateado comigo.
- Ah, não entende não.
- Enfim, - Falou Christopher puxando ele para se sentar de novo. - não foi por isso que viemos. Tem um convite pra te fazer.
- Que convite?
- Bem, todo ano eu e meu filho vamos para nossa casa de campo passar o fim de semana e queremos saber se você não quer vir com a gente esse ano?
Eu já estava pronto para negar, quando um fato me ocorreu.
- Aonde fica essa casa de campo?
- Nós arredores da cidade, fica a duas horas daqui. Respondeu Christopher rapidamente.
Me virei pra meu pai.
- Então faz anos que vem a um lugar que fica duas horas daqui mas nunca pensou em me visitar?
A cor sumiu do rosto dele, que se virou para Christopher pedindo por socorro. Não havia como ele negar, ele não queria saber de mim, e todo momento nos esbarrávamos em algum fato que provava isso.
Carlos entrou na sala com a camisa jogada sobre os ombros, seu tanquinho supergostoso a mostra e cantando algo que explodia em seus fones de ouvido. Ele quase pulou quando viu meu pai e Christopher no sofá.
- Oh, oi. Meu nome é Carlos. - disse ele tirando os fones e cumprimentando os dois.
- Boa noite, quem é você? Perguntou meu pai.
- É um amigo da faculdade. Ele tá ficando aqui por uns tempos. Falei como se ele fosse ficar pelo resto do mês ao em vez de somente no fim de semana.
- Desculpe pela indelicadeza, é que minha camisa ficou suja de graxa e não tinha outra. Carlos falou.
- Graxa? Também é mecânico? Perguntou meu pai.
- Não, estava dando uma olhada no motor de um amigo.
- Serio? Que modelo ele tem?E logo meu pai e Carlos entraram em um papo entediante sobre motores e sabe se lá mais o que. Christopher ficava em silêncio, com os olhos vagando de um para o outro rapidamente. Minha mãe entrou na sala com suco e bolinhos caseiros em uma bandeira. A essa altura eu já estava deitado na poltrona do canto da sala, e ele se aproximou de mim.
- Será que o Ken não tem uma camisa não? Sussurrou ele.
- Está com inveja?
- Acha mesmo que eu preciso?
Revirei os olhos e me estiquei para pegar um bolinho na mesa de centro. Assim, minhas costas esticadas, a blusa subia na parte de trás e faria minha bunda parecer maior. Claro que eu sabia que Christopher estava olhando.
- Então, filho você vai ou não? - Perguntou meu pai mais uma vez. - Significaria muito pra mim.
Christopher Também me olhava com expectativa. O que ele estava achando que iria rolar nessa viagem comigo? Sorri.
- Carlos pode ir junto? Pedi.
Meu pai sorriu. Christopher tossiu e me fuzilou. Carlos olhava para todos como um cachorrinho perdido. Fofo.
- Claro.
- Então parece que todos vamos acampar, afinal de contas.