Cap.7
Ele me abraçou ainda mais forte naquele momento.
- Não diga besteiras Saki-san. Apesar de nos conhecermos a pouco tempo, eu tenho plena consciência que você é alguém de muito valor ! - falou, agora com as mãos em meu rosto - pode ser que logo apareça a pessoa certa pra você, não precisa se desesperar. Nós somos muito novos, precisamos de paciência nesta fase... Eu imagino todo o mal que você sentiu, mas é óbvio que um dia alguém vai te amar ! - foi muito reconfortante sentir aquele abraço dele.
- Arigato Keisuke-san ! A pessoa que te ter, vai ser muito feliz com você.
- Você acha mesmo ?
- Você é um garoto incrível ! - falei, sentindo o corpo de meu amigo com as mãos, buscando consolo.
- Você vai a festa do pijama, não ?
- Claro que sim. Você disse que só vai se eu vou.
- E é verdade. Não estava com muita vontade de ir, mas se você for eu vou.
- Pois é, eu vou ! - Ergui meu olhar e olhei em seus olhos - arigato ! Por fazer eu me sentir melhor. Estava precisando de um ombro amigo !
- Ei, é verdade que você toca violino ?
- É sim, porquê ?
- Você podia tocar hoje pra gente na festa.
- Ah não, eu fico com vergonha
- Não fique, eu tenho certeza que você toca muito bem !
- Acho melhor não...
- Ah vai, por favor ! Só hoje, vai ! - fiquei em silêncio, pensando.
- Tá bom, eu toco hoje a noite !
- EBA... Até mais Saki-san, tenho reunião com o Grêmio agora - e mais uma vez ele beijou o meu rosto. Estava começando a desconfiar daquela aproximação repentina de Keisuke.
TEMPO DEPOIS
Assim que entrei no quarto, achei um caderno jogado no chão. Fechado, com um papel na frente escrito "Não Abra". Como a curiosidade sempre nos consome quando vemos coisas assim, eu abri. Tinha um nome na capa. Hiroshi Ken. Era dele o caderno. A surpresa foi ver, dentro dele, diversas frases envolvendo amor, e diversos poemas, em diversos idiomas. Mesmo já sabendo o modo romântico com que Ken levava a vida, eu não acreditava que ele pudesse gostar de coisas tão românticas como frases e poemas.
"Se quer alguém por sua beleza, não é amor, é desejo. Se quer alguém por sua inteligência, não é amor, é admiração. Se quer alguém porque é rico, não é amor, é interesse. Se quer alguém e não sabe porque, isso é amor.”
Eram frases, palavras e trechos bem profundos e intensos, quase que incompatíveis com alguém como ele, um galã estudantil. A minha surpresa foi ver um desenho, que parecia ter sido feito a mão, do rosto de Suzuki. Foi surpreendente achar algo assim ali. E foi quando eu tive certeza, ele estava interessado em Suzuki.
- Porquê você está vendo isso ? - perguntou ele, adentrando o quarto de repente !
- Não... Eu achei jogado aqui no chão !
- O que você leu ?
- Nada, eu entrei aqui agorinha - preferi mentir para não deixa-lo nervoso - o que é tão ruim que você tanto esconde aqui ?
- Não é nada, são segredos meus que você não deve saber ! - falou, guardando na mochila.
- Tudo bem ! - se eu tinha alguma esperança com aquele garoto, elas foram destruídas com aquele retrato. Ele estava atraído por Suzuki e sua beleza maior que a minha.
NARRADO POR SUZUKI
Fui para aquela festa extremamente tímido. Eu não conhecia ninguém, não sabia o que esperar nem como iriam me receber.
- Está pronto Suzuki ? - ouvi a voz de Hayama entrando no quarto.
- Hai ! - e então o segui. Os corredores do colégio já estavam vazios, a maioria estava estudando, ou recolhidos. Logo chegamos a sala de teatro. Era minha primeira vez ali, e eu me espantei pois logo descobri que era um enorme auditório, assim como um teatro comum.
- Ei, Hiroshi Ken ! - Hayama-san chamava seu amigo, o galã da escola avisando de nossa chegada. Meus olhos logo procuraram Keisuke, e eu o vi num canto, sentado ao lado de Saki-san, bebendo algo. Como sempre, estava lindo vestindo seu pijama.
- Até que enfim consegui chegar perto de você ! - a voz de Ken me fez perder o rumo do olhar.
- O que foi ?
- Tenho tentado falar com você a dias, mas parece que você sempre some.
- Sério ? - voltei a olhar pra Keisuke, ouvindo o que Ken falava.
- Sim, a gente podia ser amigos, você não acha ?
- Ah, hai, hai !- Keisuke me fazia perder a concentração, as palavras, até a linha de pensamento as vezes.
- Você parece ser bem tímido. Venha, todos somos legais - fui me aproximando ainda nervoso e com medo. De repente me bateu um arrependimento de ter aceitado aquele convite e estar ali, ao lado dele - pessoal, este é Suzuki, aluno da mesma turma do Saki ! - foi a primeira vez que pude ver o olhar dele sendo direcionado pra mim. E aquilo me fez corar.
- Jukensei ? - e então ouvi aquela voz mais uma vez sendo dirigida a mim.
- Vocês já se conhecem ?
- Sim, eu o vi no dia da prova de admissão. Mas não sabia seu nome. Suzuki !
- Venha Suzuki, venha beber algo, tem diversas coisas aqui - ouvi agora Saki me chamar.
- Hai ! - não sei se foi por acaso ou se ele premeditou, mas acabou que eu sentei bem do lado do meu objeto de pensamento.
- Aqui está...
- E então Suzuki, conte-nos mais sobre sua história pra nós ! - Ken mais uma vez falava.
- Ah gente, minha história não e muito bonita
- Porquê não ?
- Bem... Eu prefiro dizer apenas que minha família foi desonrada - eles perceberam que eu não queria falar nada e ficaram calados.
- Mas porque você preferiu vir pra cá ?
- Porquê o ensino é bom e...
- Ta bom gente, vamos deixar o nosso convidado descansar, isso não é uma entrevista - e então eu pude ouvir mais um pouco da voz daquele garoto que estava me fascinando.
- Desculpe, é que eu queria fazê-lo ficar mais próximo de nós
- Eu sei disso Ken, mas você vai acabar sufocando o garoto com essa atitude ! - ele parecia ser educado, mas também gentil - e então Saki-san, vai nos mostrar o seu talento ?
- Vou, mas só porquê vocês pediram. - e então Saki pegou o violino e começou a tocar uma música bem relaxante. Eu não sabia que ele tocava. Durante aqueles momentos, eu não conseguia desviar o olhar. Era incrível estar ao lado daquele garoto que parecia estar tão longe de mim. Ele olhava atentamente Saki tocar, e eu o olhava. Não tinha uma mancha, nenhum erro naquele rosto quase perfeito. Como ele era bonito e charmoso ! Será se aquele garoto tímido estava me atraindo a uma paixão ?
TEMPO DEPOIS
- Arigato gozaimasu ! - Ken falou.
- Pelo que ?
- Por ter comparecido ! Você quer que eu vá com você até o quarto ?
- Não precisa Ken, você ficou tanto em cima do garoto que ele deve ter se cansado de você - ouvi a voz de Saki, e ele parecia estar aborrecido.
- Pode deixar que eu o acompanho - não acreditei quando ouvi isso. Era ele, Keisuke, se oferecendo pra ir comigo ao quarto. Pode parecer exagero, mas cada passo de aproximação que dávamos, meu coração se enchia de alegria. Era instantâneo. Logo todos saíram, nos deixando sozinhos na sala. Eu fiquei o observando ajeitar a bagunça que restou.
- Pode me ajudar Suzuki ?
- Ah, hai ! - corri pro palco e comecei a o ajudar. Era algo quase anormal aquela avalanche de sentimentos que estava vindo dentro de mim.
- Podemos deixar isso aqui mesmo que Ken vem amanhã pegar.
- Tudo bem
- Vamos... - fui o seguindo. Ele apagou a luz, e logo fechou a porta - e então, de onde você é ?
- Osaka.
- Sério ? Adoro Osaka. Só não gosto muito por causa do clima as vezes, mas é um ótimo lugar - até o seu sorriso era fofo.
- Eu ainda não tive tempo de me acostumar, mas pelo pouco que pude ver, é realmente bem legal.
- Você não é de falar muito, não e Suzuki ?
- Meus pais não me deixaram ser extrovertido. Acabei ficando assim.
- Parece comigo - ele sorriu - você é bem bonito sabia ? - arregalei os olhos ao ouvir isso. Quase tive um passamento na mesma hora.
- Ã ?
- Você... É bonito ! Deve ter cuidado com os garotos, eles adoram quando aparece alguem novo e com um rostinho tão bonitinho.
- Se-serio ? - fiquei nervoso instantaneamente.
- Hai ! Qualquer problema me procure. Protegerei você, Suzuki-san ! - em momentos como aquele, eu pensava até em respirar sem fazer barulho, de tanto nervosismo que sentia.
- Keisuke-San ?
- Hai !
- Você namora alguém ? - ele olhou pra mim por alguns segundos, e logo em seguida sorriu.
- Não...
- Ah...
- Você gosta de ler ?
- Gosto.
- Vá a biblioteca, posso te indicar ótimos livros.
- Hai ! - chegamos no meu quarto
- Estarei esperando - abri a porta e entrei - foi bom te conhecer Suzuki-san. Espero que possamos nos aproximar. Oyasumi ! - quase desmaiei com o sorriso que ele deu.
- Oyasumi - como aquele garoto me atraia ! Era coisa de louco !
- Não vá desmaiar Suzuki-San, ou não vai poder se declarar para Keisuke ! - Hayama e suas brincadeiras.
- Vai ver se tô em Okinawa Hayama ! - como esperar, falar com ele me deixou nervoso ! Mas ao mesmo tempo, em êxtase ! Ele era um sonho !
NARRADO POR SAKI
Depois daquela noite, eu tive certeza do interesse de Ken em Suzuki.
- Aonde você acha que ele nasceu ?
- Não sei - falei, me deitando na cama.
- Será se ele é de Tokyo ?
- Não sei
- Será se o pai é empresario !
- NÃO SEI KEN ! Porquê não dorme e para de falar nele ! - já estava ficando irritante. Me virei e fiquei olhando para a parede. Buscando respostas por ter me afetado tanto com aquilo.
Continua
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