Cap.13
Atendi uma moça que pediu atendimento em domicílio.
- Desde quando ele está assim ? - perguntei
- Desde que levou uma bolada na cabeça. Faz uns 10 minutos - a mulher perguntou preocupada. O garoto estava parecendo bastante com o Bruno quando o vi, só que com uma diferença, eles não estava conseguindo ficar lúcido. As palavras começavam a fugir, ele nao conseguia responder minhas perguntas, nem contas simples. Peguei meu celular e liguei pro hospital.
- Alô ?
- Oi, é o Dr.Marco, mande uma ambulância pra casa da cadastrada Márcia Lima das Chagas, imediatamente.
- O que houve ?
- Creio que o garoto tenha alguma hemorragia cerebral. Andem logo caramba !
- Ta, tô trazendo a ficha aqui e a ambulância vai sair. Esperem uns 5 minutos e ela deve estar ai.
- Ótimo.
- Doutor, isso é grave doutor ?
- Se conseguirmos chegar no hospital rapidamente não.
- O que pode acontecer com ele ?
- Não creio que vá acontecer nada muito grave. Vai depender do exame - logo a ambulância chegou e nos o levamos pro hospital. Algumas correrias pelo corredor até a máquina da tomografia. Ele estava ainda consciente, mas muito confuso. Assim que tive o exame, tive certeza. Ele iria precisar de uma cirurgia de emergência - chama o cirurgião ! - falei a enfermeira.
- Cirurgião ?
- Ele tem o que eu pensei. E o sangue está fazendo pressão no cérebro, por isso ele esta confuso. Mas fique calma, é só num lugar e não e grave, logo isso estará resolvido.
- Tem certeza doutor ?
- Absoluta ! - entreguei o exame a ele - Hematoma subdural.
- Nossa - e lá se foi mais um paciente. De vez em quando acontece algo assim, por isso os médicos tem uma regra geral. Nunca diga a palavra calmo dentro do ambiente hospitalar, porquê senão, o que está calmo vira um inferno !
TEMPO DEPOIS
Parei o carro na frente do Dom Bosco novamente e lá estava ele, esperando. Vi ele se despedir e vir pro carro.
- Oi ! - falou, me beijando
- Como foi a aula ?
- Bem bacana. É bom poder voltar ao colégio, estava sentindo falta.
- Que bom que voltou. Sinto que estava precisando disso.
- E estava mesmo. Estava precisando voltar a estudar. Você parece tenso.
- Hematoma Subdural - ele sabia o significado.
- Sério ? E ai ?
- Foi pra cirurgia. Vamos ter que acompanhar o garoto.
- Nossa, médico tem que enfrentar todo esse estresse.
- Estresse acontece quando aparece garoto que prendeu o negócio no zíper do short - ele riu alto.
- Ah meu deus e acontece isso ?
- Não é ? Quando eu vejo lá vem o menino chorando com uma toalha pra esconder.
- E como faz pra tirar ?
- Pomada anestésica, paciência e rapidez. A gente tem que distrair o garoto pra ele deixar, porque DOI pra caramba, mesmo com a pomada. Ganho 20 mil pra isso então tô no lucro - ele riu.
- Vou acabar me tornando médico por sua causa.
- É sério ?
- Sim, é serio sim !
- Vai ser ótimo ter namorado médico kkkk Ai você se junta comigo no Hospital e a gente forma a dupla imbatível ! - ele riu.
- Te amo amor ! - fiquei surpreso de ouvir isso, mas acabei retribuindo
- Te amo mais...
TEMPO DEPOIS
Quando cheguei em casa, uma surpresa. Minha mãe e o pai dele estavam sentados lado a lado.
- Pai, o que faz aqui ?
- Vim te levar pra casa.
- Eu não quero voltar pai !
- Você ainda é menor e vai fazer o que eu mandar !
- Não ! Eu não vou voltar enquanto a Lisandra estiver lá.
- Ela é sua mãe, não fale assim.
- Não, ela não é ! Ela nunca foi minha mãe ! Sempre me maltratou, me esnobou e me esqueceu. Eu fui criado pelas empregadas papai. Pelas empregadas ! Eu não voltarei para aquela casa. Não quero voltar pra lá - fiquei olho a olho com aquele homem.
- Por favor, não seja um pai ruim. Você está vendo que ele não que ir pra lá, e está vendo também que eu tenho condições acima da média. O deixe ficar aqui, ele tem tudo o que precisa aqui - o homem respirou, pensou e acabou cedendo.
- Tudo bem. Mas se acontecer alguma coisa, qualquer coisa eu o levo embora
- Tudo bem - o homem saiu e o deixou sozinho. Vi minha mãe se levantar e vir caminhando até a minha direção.
- Agora você vai me dizer se é verdade. Você e esse garoto tão namorando ?
Continua
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