...saí, peguei minha moto e, quando ligava ela para ir embora, escutei Tomás falar:
- Sou eu quem agradeço...
Que tarde incrível! A melhor da minha vida. Mas eu tinha que ir para casa e se eu não fizesse isso de uma vez por todas eu não iria conseguir sair dos braços daquele deus... Cheguei em casa um tanto que exausto. Abri a porta da cozinha e entrei, fui na geladeira, bebei uma água bem gelada, precisava esfriar a cabeça.
Finalmente consegui tirar aqueles músculos da minha cabeça, consegui tirar aquelas roupas molhadas e coladas da minha cabeça. Quando me viro e vou em direção ao sofá, eu volto a me esquentar. Se antes eu tinha tirado as roupas molhadas de Tomás da minha cabeça, agora eu via roupas já tiradas jogadas pelo sofá e pelo chão.
- Que droga é essa?
Vitor aparece só de cueca no corredor e, gente, ele tem um corpo lindo.
- Dan?! – diz ele assustado.
- Vitor – eu disse olhando como uma mãe vê o futuro genro – Eu posso saber porque as suas pernas não estão dentro das suas calças, de onde nem deveriam ter saído?
- Eu não sabia que você iria chegar cedo... é.... foi mal.
Eu me aproximei dele e fiquei cara a cara com ele na entrada do corredor.
- Eu espero que o Vitor Júnior – disse apontando para baixo, mas sem tirar os olhos de Vitor (o verdadeiro tá gente) – Não tenha saído da sua casa para NADA nessa tarde!
- O que é que está acontecendo aqui, Vi... Adam?! – disse Alicia que tinha acabado de aparecer no meio do corredor só de calcinha e com uma camisa de botão aberta.
- Tive a mesma reação... – disse Vitor.
Eu observei Alicia dos pés à cabeça de boca aberta: mas eu não estava de boca aberta porque ela é linda e sim porque eu não me controlei ao ver ela seminua.
- Que porcaria foi que aconteceu nessa casa nessa tarde? – olhei pro Vitor que virou o olhar na ora – Melhor! Não me contem – abri um sorriso – A tarde até agora estava perfeita e eu não vou me esquentar com isso – disse com os dentes cerrados.
Me virei e comecei a andar pelo corredor. Passei por Alicia e subi os degraus da escada. Parei de andar na metade dos degraus. Me virei.
- Não posso ter visto isso!
Sim, eu tinha visto. Desci os degraus, me abaixei quase no último, peguei, me levantei e desci calmamente até o corredor de volta. Estava bufando. Os dois estavam lá me encarando como um medroso encara um touro.
- Alguém pode me explicar porque eu achei um PACOTE DE CAMISINHA ABERTO na escada.
- Oops! – disse Vitor.
Se eu tivesse visão de calor, Vitor não teria passado daquela tarde.
- Você não vai se esquentar mais, não vai – dizia a mim mesmo enquanto subia as escadas de volta – Não me acorde mais hoje Ali, só levanto agora amanhã!
Entrei no meu quarto e tranquei a porta. Esses dois podem derrubar a casa hoje, mas eu não acordo mais. Caminhei em direção ao armário, tirei a minha roupa (ou melhor, a roupa de Tomás) e fiquei só de cueca. A única peça que eu estava vestido que realmente era minha. Coloquei suas roupas na mesinha ao lado da minha cama e me deitei.
Não conseguia dormir. Só pensava em Tomás e Tomás e Tomás e Tomás sem camisa e Tomás sem bermuda e Tomás sem cueca e.... e.... E eu já estava excitado com isso. Me virei e olhei suas roupas. Como eu queria que ele tivesse as vestido para que eu pudesse sentir seu cheiro agora que eu não podia cheirá-lo.
A noite foi longa. Eu não conseguia pregar os olhos. Me sentei na cama e abri as cortinas da minha janela. Vitor tinha ido embora, sua moto não estava mais lá. A rua estava deserta e a única coisa que eu conseguia pensar era ir para a rua, como naquela madrugada de domingo.
Me levantei, vesti um robe azul que eu tinha (adoro azul) e fui até a cozinha. Bebi água e saí para rua como só um louco faz. Sentei-me no batente do muro de novo e fiquei sentindo o ar da cidade de madrugada. Devo ter passado uma hora e meia mais ou menos quando meu celular vibra. Era uma mensagem de um número desconhecido. Abro-a.
MENSAGEM
Eu estou te vendo...
FIM DA MENSAGEM
Meus olhos se arregalaram. Olhei para os lados e para o bosque em frente à minha casa e não vi ninguém. Ouço passos e acabo me desesperando, saio correndo, entro em casa e tranco a porta. Subo para meu quarto. Estou com o coração disparado. Sento na minha cama e olho mais uma vez para a tela do celular quando do nada chega outra mensagem.
MENSAGEM
Eu ainda estou te vendo...
FIM DA MENSAGEM
Olho pela janela em busca de alguém que possa estar me vigiando. Nada. Desisto e fecho as cortinas. Estava cansado só desse susto que levei e acabei adormecendo.
NO OUTRO DIA
Como todo dia é a mesma rotina eu não vou repetir o que já falei no Capítulo Três. Então vamos logo para a sala de aula.
Mais uma vez Cida não tinha ido. Aparentemente ela já estava de férias. Dessa vez, foi Caíque quem sentou comigo, Tomás ainda não havia chegado.
- E ai, como foi o dia ontem? – ele me perguntou. Seu sorriso também era lindo.
- Normal como todos os outros – disse fascinado com sua beleza.
- Não aconteceu nada de mais mesmo? – ele continuava.
- Não Caíque, foi um dia tranquilo...
Nesse momento ouço as vozes das “peruas escandalosas loucas para dar” e acabo soltando:
- Tomás... – Caíque fica sério, seu rosto parece encher de ódio. Seus olhos com-de-mel parecem ficar tão vermelhos quanto seus cabelos. Ele se vira e fita a porta.
Não demorou muito até que Tomás aparecesse. Como sempre, lindo. Ele olha em direção ao meu lugar e vê Caíque ao meu lado. Caíque vira-se pra mim, chega bem perto da minha orelha e sussurra: tenho uma coisa para te contar... Ainda com o rosto colado ao meu, eu olho para ele e logo depois levanto a vista até Tomás. Ele estava sério e me fitava com os punhos cerrados.
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Minha dúvida: Será que ele está com ciúmes?
Contra-ataque da minha consciência: É claro que não ele apenas está com raiva por que Caíque roubou o lugar dele.
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Tomás anda em direção à outra cadeira e senta sem olhar para mim. Chris chega do nada e senta na cadeira, ou melhor, praticamente no colo de Tomás. Ela o abraça e beija a bochecha dele, porque ele virou o rosto, antes que o beijo fosse na boca. Eles ficam conversando e Max chega entre eles, senta no lugar que deveria ser de Chris, obrigando ela a ficar no colo de Tomás (que raiva!).
Eles conversam muito. Chega um momento que Tom me olha e me pega observando-o. Eu desvio o olhar para mesa. Espero alguns segundos e volto a olhá-lo. Ele ainda me observava o que me envergonhou. Então ele abre um sorriso majestoso e eu só dei um sorriso tímido.
Meu celular vibra e eu corto a ligação presente entre eu e Tom feita pelos nossos olhos. Pego o celular do meu bolso e observo, tinha recebido uma mensagem de um desconhecido. O desespero logo tomou conta da minha cabeça e eu lembrei da madrugada.
FLASHBACK
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MENSAGEM
Eu estou te vendo...
Eu ainda estou te vendo...
FIM DA MENSAGEM
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FIM DO FLASHBACK
Olho para a tela do celular e leio a mensagem que tinha acabado de chegar.
MENSAGEM
Como é bom poder te ver mais de perto.... Na noite passada você correu para longe de mim...
FIM DA MENSAGEM
Eu abro bem meus olhos, engulo seco: “ele está aqui, me observando!”. Separo os meus lábios devagar em um movimento assustado e olho para Tomás. Ele estava me olhando com as sobrancelhas franzidas: estava preocupado. Eu fico olhando ele assustado e ele fez gestos com os lábios, que queriam dizer: “O que foi?”. Eu não consegui responder, apenas abaixei lentamente a vista e virei a minha cabeça em direção a tela do meu celular. Tinha recebido outra.
MENSAGEM
Se você contar alguma coisa para quem quer que seja, especialmente Tomás, eu vou fazer uma loucura com ele ou quem sabe até com a sua irmãzinha. Lembre-se: Eu estou de olho em você!
FIM DA MENSAGEM
- Por favor, não faça nada com eles... – disse baixinho de olhos fechados já marejados.
Fui até o professor e pedi para ir ao banheiro e ele permitiu. Passei me segurando para não chorar em frente à sala, nem olhei para Tomás para que o “perseguidor” não achasse que fosse um sinal meu. Saí da sala e fui para o banheiro, me encostei em uma parede e fiquei pensando. Logo apareceu Max, me olhando de jeito safado.
“É claro! Isso é coisa do Max.... Ele tá querendo me estuprar mesmo, ai meu Deus, o que eu faço?”
Ele passou direto por mim, chegou no mictório, abriu o zíper e botou seu pau para fora que estava meia bomba. Aquilo me assustou, ele poderia me atacar a qualquer momento. Ouço passos vindos do corredor e torço para ser alguém que tenha vindo me ajudar, torço para que seja Tomás... Caíque aparece na porta e vem em minha direção. Nossa... nunca fiquei tão feliz em vê-lo.
- O que aconteceu? Você saiu da sala quase chorando... – disse ele.
- Não foi nada, eu... eu me cortei com o estilete e estava doendo muito – inventei – Vamos para sala? – disse já puxando ele para longe do Max.
Chego na sala acompanhado de Caíque. Todos começam fazer gracinhas do tipo: “mas já Caíque?” ou “e ai é apertado?”. Falaram alto o suficiente para que nós ouvíssemos e baixo o suficiente para que o professor não percebesse. Fiquei vermelho e segui pro meu lugar. Tomás ainda estava lá, sentado, com aquela vaca de uma tonelada rebolando encima dele. “Ele nem sequer se levantou para ir ver se eu estava bem…”
Continua...