Dia meio tenso aquele, no trampo. Na real, vida de vendedor não é assim tão fácil. O tinhoso quando não vem pessoalmente pra te atazanar, manda seu representante em forma de cliente chato. O infeliz se coloca no alto da razão e vem com toda arrogância do mundo só pra te aporrinhar, pra acabar com o seu dia, logo ele que já não está lá muito bem, pode isso? Vontade de voar no seu pescoço enrugado, quebrar aqueles fundos de garrafa que ele posiciona na lata, por cima do nariz e fazer ele engolir sua arrogância a seco. Se não fosse Laerte o meu adorado chefe pra tomar as rédeas da situação e me socorrer, eu juro que teria feito isso, ainda que me rendesse uma boa advertência e um balão de uma semana em casa, aff!!
Nestor o meu gerente, presenciou toda a situação a minha falta de controle e a forma até desagradável com que eu me defendi dos abusos e da ignorância do cliente. Só lamento mas essa foi a única maneira que eu encontrei. Não é possível que ele não compreenda o que aconteceu. Trabalho nessa loja há algum tempo e nunca tive problemas com nenhum cliente. Eu estava esperançoso que isso fosse levado em consideração e assim eu não seria punido. Contudo, o pior já havia passado. A paz e o sossego haviam retornado. Estava tudo tranquilo e eu voltei a trabalhar numa boa.
---- Arnaldo, por gentileza venha até a minha sala.
Inevitável aquele tradicional frio na barriga. Será que o mal entendido que eu tive com o cliente foi a centelha para que o Nestor, meu gerente me chamasse em sua sala? Supostamente ele iria me dar o corretivo cabível. Afinal, o cliente está sempre em sua razão. Odeio esse chavão mas é óbvio que entre mim, um humilde funcionário e um cliente que paga pelo produto, claro que é o pobretão aqui que vai se ferrar sempre. Enfim, tento da melhor maneira resolver uma situação desagradável emergente mas também possuo um sentimento chamado orgulho próprio e não admito que me faltem com o respeito.
Meio cabreiro subi as escadas bastante receoso e timidamente dei uns toques na porta.
---- Entre por favor! --- Soou a voz do Nestor, sentado atrás de sua mesa. Entrei e sentei diante da mesa.
---- Arnaldo, eu te chamei pra te comunicar que uma de nossas lojas no interior do Estado vai precisar da colaboração de dois de nossos funcionários. Um vendedor e um subgerente. Achei por bem mandar você e o Laerte que já se disponibilizou, uma vez que vocês trabalham sempre juntos com total disponibilidade inclusive de horário quando é conveniente à empresa, por isso optei por mandar vocês dois. Você também teria a disponibilidade pra esta viagem?
"Ufa! Escapei de uma bronca! Não é o que eu imaginei, ainda bem" pensei aliviado.
Naquele momento eu pude experimentar um choque de sensações. Do alívio de ter escapado de um "sabão" fui tomado por uma satisfação e ao mesmo tempo uma suave inquietação, ansiedade, um gostoso arrepio na espinha, sei lá, uma doce incerteza do que poderia acontecer entre mim e Laerte nesta viagem enfim, um sentimento indescritível só de saber que iria fazer aquela viagem na companhia do meu adorado chefe.
---- Tenho sim Nestor, não há nenhum problema.
---- Então, vou logo liberar vocês. Chegue em casa, arrume as malas por que amanhã vocês embarcam no primeiro ônibus, ok? Será só por 5 dias e vocês vão dar um suporte na nossa loja, que no momento está precisando bastante por lá. Vocês vão contar com hospedagem,alimentação e toda assistência devida por conta da empresa, como é do seu conhecimento. O boy já foi comprar as passagens de vocês, tudo certo? -- Que ótimo que ele nem trouxe à tona o caso do cliente.
Nada mal. Afinal, uma viagem pela empresa para trabalhar em outra cidade era um ótimo negócio, porque angariava vantagens. O benefício podia se conferir no contracheque quando era liberado o pagamento. Ele vinha bem mais gordinho. E afinal, que notícia poderia ser melhor do que aquela? Viajar com o meu chefe preferido e que além do mais, tem sido ele a causa das minhas insônias por noites intermináveis, sobretudo nessas últimas . Aquela proposta me deixou bastante ansioso, inquieto. Sim, eu tinha lá as minhas curiosidades quanto ao Laerte. Ele era casado. A algema no anular da sua mão esquerda berrava isso aos quatro ventos. Às vezes eu tinha a impressão de que Laerte me comia com os olhos. Coisas da minha cabeça maluca. Ele tinha mesmo a mania de ficar olhando pra alguém mas na verdade o seu pensamento estava vagando longe. A pessoa achava que ele estava a encarando com aqueles seus olhos pretos como duas jabuticabas mas na verdade ele estava mesmo era viajando na macarronese, pensando em outra coisa e nem estava prestando atenção na pessoa à sua frente. De repente ele voltava do seu transe. Era até engraçado. Talvez fosse mesmo bobagem da minha cabeça oca de juízo, pensar que ele me olharia com algum interesse. E os meus velhos sempre dizem que cabeça oca é oficina do Capiroto. Mas algo em Laerte me instigava. Chegava dar um frio na barriga, só de imaginar algo mais forte entre a gente. Ele tinha um riso meio bobo, coisa típica de homem hétero, principalmente quando estava diante de uma racha de uma cliente desinibida, mas que apesar disso conseguia me encantar. Ele às vezes me olhava de um jeito diferente, pois eu percebia. Frequentemente ele me consultava pra resolver até mesmo coisas que eram de sua competência no trabalho.
---- Olha Laerte eu penso isso aqui assim dessa forma e aquilo ali assado de outra forma, mas cabe a você como o nosso subgerente, avaliar a questão dar o arremate final e bater o martelo-- e ele na maioria das vezes me ouvia e obtinha sucessos.
Muitos happy hours nos finais de semana e almoços juntos. Algumas vezes, os demais colegas do setor almoçavam com agente, outras vezes, só íamos nós dois, mas sempre estávamos lá ele e eu. E era tanto assunto, que não acabava mais. Desde de coisas de trabalho, assuntos pitorescos de nossas vidas pacatas, no caso a minha, até a sua relação conjugal meio, digo bastante conturbada com Josy sua mulher que era uma legítima filha de dona trovoada. Ele me contava tudo, ou quase tudo. Trabalhávamos juntos já há algum tempo. Não sabia definir aquela relação. Não chegava a ser uma grande amizade porque o tempo que nos conhecíamos, embora não fosse pouco, também não era bastante o suficiente. Mas era uma um convívio, uma cumplicidade maravilhosa tanto que nossa colegagem atingiu a um nível que permitia que ele confiasse em me contar muitas coisas da sua vida. Ele até me pedia alguns conselhos.
---- Arnaldo, me explica por que a Josy consegue chegar no final de uma manhã depois de uma variedade incrível de humor? Como ela consegue essa façanha? Tudo bem que você não é a melhor pessoa pra falar de mulheres, porque você não tem experiência no assunto (uma risada sarcástica) você nunca me falou da sua namorada ou de sua mulher, sei lá se você tem, ou se você gosta. Acho que você gosta mesmo é de um pastel de palmito né?, (outro risinho sarcástico) mas liga não. Continuo sendo seu brother. Mas me responda, porquê? Já tem dias que ela desanda a falar como uma louca. Teve um dia desses que ela disparou. Queria mesmo era conversar e eu sem o menor saco, cheio de coisas do trampo pra resolver e ela não parava de tagarelar. O mais engraçado é que tem vez que ela me pergunta alguma coisa, e nem me deixa responder e já vai ela mesmo respondendo com uma tromba desse tamanho de raiva -- ele fez a ilustração da cena com a mão na frente da boca:
---- Dá pra entender?
Eu por minha vez, nunca me abri com respeito a minha sexualidade com ninguém do trabalho, muito menos com Laerte, mas acredito que essas insinuações que ele fazia quanto ao fato de eu não ter uma namorada, de eu não gostar de mulher era com a intenção de arrancar algo dos meus lábios. Pra ouvir uma confissão da minha boca e confirmar as suspeitas que ele tinha ao meu respeito. Tenho certeza que os meus colegas sacavam qual era a minha, brincavam mas contudo me respeitavam, uma vez que eu nunca declarei nada. Estava tudo tranquilo, tudo certo.
---- AH Laerte, vá ver se eu tô lá naquela esquina. Fico imaginando que barra deve ser pra Josy aguentar um marido chatonildo feito você.---- Eu respondia de um jeito descontraído, permitindo assim que o clima de descontração predominasse entre a gente.
---- Ah, não tenho mulher pra fuder com ela toda noite igual a você, seu buceteiro de uma figa -- afinal, eu nunca escondi que não tinha namorada. Levava esse fato de boa.
---- Mas tenho três onças lá em casa. Uma mãe que não é flor que se cheire, e duas irmãs que não conhecem o inventor do silêncio. Quando começam a falar não param. Não tem botão que desligue. Ah! é TPM, essas coisas de mulher, sabe? A gente também enche muito o saco delas, não é? Convenhamos. A gente deixa toalha jogada, a gente não lava o prato, a gente deixa a caneca com resto de café juntando formiga aonde estamos, aí sobra é pra elas né? E elas ficam fulas com toda a razão.
---- Bem faz você Naldinho. Não arrume mulher mesmo não porque é encrenca pra sua cabeça, rapaz.
---- Vem cá Laerte, você notou que você só fala dos defeitos da pobrezinha? Nem só de defeitos vive a mulher, não é? E ela certamente tem lá suas virtudes também, poxa! Fala uma pelo menos.
---- Ah Naldo, ela às vezes é atenciosa e compreensiva comigo, e me faz alguns mimos, isso é em seus raríssimos momentos de bom humor. Ela não é lá uma Daniel Bork de calcinha, digamos assim (rs...) mas vez em quando ela tenta pelo menos fazer uma gororobinha decente. Aí dá até pra descer, quadrado mas desce. Ela cuida das crianças, isso quando tá boa de humor, mas o problema é que qualquer coisa é motivo pra ela sair do sério e perder as estribeiras comigo e com as crianças. -- eu escutava pacientemente.
---- Eu a amo pra caramba , mas ela seria perfeita se não herdasse o gênio complicado da mãe, puta que pariu! Imagine você, a sogrinha é três vezes pior! Você que não conhece a demônia. Não entendo como o meu sogro dá conta daquilo. Outra coisa que eu não suporto na Josy, é essa mania que ela tem de querer ser independente e ela sabe bem que não leva jeito nenhum pra isso. Adivinha a última dela agora? Cismou de querer tirar carteira de motorista. Mal sabe segurar no volante do carro, pode um negócio desses? Coitado do meu Agile.
---- Essa é boa Laerte! Auto escola existe justamente pra isso meu amigo, pra ensinar as pessoas a pegarem no volante. Ah vai! Deixe ela aprender. Vai ser ótimo pra vocês, você vai ver.
---- Ficou maluco Arnaldo? Imagine a Josy no trânsito que caos! Ela mal dirige o fogão lá de casa! Quem dirá um automóvel? Cê tá do meu lado, ou contra mim, caralho?
----Há,ha, há, Laerte! Essa é pra me fazer rir né? Você assim com esse arzinho de homem esclarecido, moderninho, com as ideias no lugar e tá embarcando nessa onda de machisminho idiota? AH! para com isso, vai! isso não combina nem um pouquinho com essa sua carinha de novinho descolado que você tem. Mas não incha não tá guri? Novinho é só pra te dar uma moralzinha né? porque você passou um tanto assim do ponto. Eu sei que tu já tá com 34 (gargalhadas sarcásticas). Já fez as contas? Daqui há seis anos já vai poder levar dedada no ânus, ha,ha,ha... Cuidado por que você pode gostar hein?
----AH Naldo, vá peidar na água pra fazer borbulha e vê se me erra, cacete! Por quê? você já levou dedada? Você já enterrou alguma coisa nessa buzanfa magra e gostou?
---- Sei qual é a tua moleque! Tá com medo que sua mulher te dê um chá de volante, é? Confessa veado, tu tá é inseguro, né? Dona Josy é a manda chuva, a sabichona, a bonachona do lar doce lar do seu Laerte e ele fica pianinho, no chinelo com ela ha,ha,haAh você também Arnaldo, maior sem graça. Quer saber? Vamo voltar pro trabalho que já esticamos de mais essa porra desse horário de almoço. É duas horas agora e eu não estou sabendo? Isso que dá, seu chefinho aqui te dá maior colher de chá, maior moral aí você fica aí falando pelos cotovelos. Vamos trabalhar que é melhor!
---- Tá nervosinho, o meu chefinho? Ai que meda!
---- Ai Arnaldo vê se não enche!
Eu amava irritar meu chefinho. Essa era a forma que eu, meus colegas e Laerte nos entendíamos e nos dávamos muitíssimo bem. Éramos afortunados por trabalhar com um gerente “mó”liberal, gente boa da melhor qualidade. Não era quadrado nem chato. Machista às vezes mas eu entendo. Macho convicto, não admite que uma mulher seja páreo pra ele. Era legal quando ele ficava nervosinho e agente caía na gargalhada e nem o levava a sério. Também nem tinha como. Ele mesmo se traía. Fazia bicos e caretas e ficava choramingando:
---- Ah é assim, é? Perderam mesmo o respeito pelo pai de vocês? Vocês merecem é um sujeito do naipe do Jackson, tá bão pra vocês? Vou solicitar o retorno dele pra essa loja, vocês vão ver só. Assim vocês dão valor.
---- Cê pirou Laerte? Bate na madeira um sextilhão de vezes ---- respondíamos todos do meu setor , quase em uníssono. Jackson era o terror da Eletrika, loja de materiais elétricos aonde eu trabalho. Era o tipo de gerente pé no saco que não dava moleza, rude, grosseiro e estava sempre cassando um motivo bestinha que fosse pra dar advertência, balão, desviar o cara de função e colocá-lo pra fazer aquelas tarefas mais chatas, e servicinhos chatos era o que não faltavam. Atualmente, para alegria dos pobres funcionários da loja matriz, ele já estava há um bom tempo, enchendo o saco em outra freguesia, numa outra filial bem longe dali, depois de passar seu lugar para o Nestor que era bem menos complicado. Não tinha funcionário que não tivesse batido boca com o Jackson.
---- Laerte é o chefe mais Zé abóbora que eu já vi na minha vida, sô! Imagina esse bicho nervoso!
---- E eu lá tenho cara de índio, pra ser chefe de alguma porra? -- rebatia ele descontraidamente.
----O quê? Laertinho nervoso? sai de baixo e da frente. Não fica pedra sobre pedra pra contar história, né Laerte? Cê não sente raiva não, moço? Você acha que convence que tá mesmo invocado daquele jeito que você fica, dando aqueles chiliquinhos? --- o funcionário fez uma mesura e distorceu a voz de um jeito engraçado e se pôs a imitar Laerte:
---- Ah vá! leve essa bagaça pra quebra! E vê se presta atenção ô...ô Mané!
Caíam todos na gargalhada inclusive o próprio pivô da chacotaQuer ver Laerte furioso? É só fazer que nem o Douglas. Senta na cadeira dele e fica rodando, depois minimiza as janelas e coloca a tela do micro dele pra hibernar, ha, ha, ha...aí tu vai ver neguinho cuspindo vespaPeraê "fé da puta" se você não tem amor a sua vida e nem a este seu empreguinho de merda, você faz um negócio desse e eu não repondo por mim.
Realmente sentar na cadeira de Laerte e ficar girando a toa, deixava ele putinho de Paula, por uns longos quinze segundos e algum "espertinho" o fazia de propósito para vê-lo irritado e bufando.
E era assim aquela azaração o dia todo.
Aquela intimidade que tínhamos, passava a fazer mais sentido pra mim, quando às vezes ele apoiava seu corpo no meu, quando estávamos sentados fazendo o nosso horário de almoço. Ele tinha mesmo esse hábito, e às vezes até dormia apoiado em mim e me babava todo. Algum colega passava, e nos acordava fazendo uma gracinha e assustados tratávamos logo de nos desgrudar. Mas ultimamente, eu sentia que algo estava diferente. Ele estava muito colado, muito grudado. Parecia que tentava suprir uma carência de afeto, de carinho. Como poderia ser aquilo? apesar de sempre achá- lo atraente, com aquele topetinho que lhe dava uma ar de um adolescente abestalhado, apesar dos seus bem conservados 34 anos distribuídos numa estatura mediana, nem alto demais, nem muito baixo, exatamente do jeitinho que eu curtia. Mas éramos apenas colegas de trabalho.
O seu perfume amadeirado me inebriava, me entontecia. Laerte tinha um corpinho muito bem definido. Fruto de uma época em que ele frequentava assiduamente a academia. Mesmo assim não era tão marombado. Possuía braços fortes que pediam firmes das mangas de sua camisa. Um discreto e avantajado par de coxas sustentadas por divinas e invejáveis pernas torneadas por uma sensual calça social preta com listras. Não posso deixar de dar um destaque pra lá de especial para o que ficava guardado por dentro do zíper da calça. Parece que o "objeto" do desejo, se é que vocês me entendem, não conseguia se conter ali dentro e se revelava num suculento recheio, formando um belo espetáculo a olhos vistos e que era capaz de fazer minar na boca de qualquer mortal, salivas de desejo. Uma leve barriguinha, com pequenos gominhos que timidamente salientavam e que eu já conferi várias vezes no vestiário quando ele trocava de camisa e que eu acreditava ser devido ao ''desleixo" de não ir mais às sessões de malhação nos últimos tempos devido ao excesso de trabalho, mas que ainda assim, não estava de todo ruim. Ultimamente as imagens do que eu via no vestiário teimavam em vir me preencher os pensamentos nas minhas noites vazias antes que eu conseguisse pegar no sono. Seus peitos de vez em sempre me desconcertavam, com seus mamilos graúdos e muito tesos, comprimidos dentro da camisa polo cinza e apertada do uniforme da Eletrika mas que não disfarçavam nem um pouco, a vontade louca de se libertarem, afim de serem deflorados. O traseiro de Laerte, que maravilha! Já peguei um dos colegas dando uma secadinha bem disfarçadamente. Mas também não era pra menos. Parece que aquele capricho todo foi feito só pra deixar o ato de sentar mais confortável, não é possível! Acredito eu que aquela era uma área que não tinha nenhuma serventia pra Josy. Eu às vezes me perguntava: será que ela fazia bom uso de todo aquele monumento que era o seu homem? Ultimamente, com o comportamento de Laerte um tanto instigante, eu percebia que a resposta desse meu questionamento vinha negativamente.
Tudo bem , eu sou homem, sou gay não estou morto e era normal ter certas reações quando eu estava perto do Laerte. Aquela atração era mais que comum. Afinal Laerte não é um pedaço de mal caminho, ele é a perdição inteira (gargalhadinhas sacanas), estranho seria se eu não sentisse nada. Mas juro, era só uma mera questão de atração. Mas por que eu agora, mesmo que não quisesse, me pegava pensando nele? Putz grila, juro que eu não costumava fazer isso, mas durante as minhas últimas bronhas, quem estava lá no meu pensamento era ele e eu no final me sentia satisfeito como nunca. Estranho isso. Não pense que sou um depravado destruidor de casamentos, longe mim. Sério mesmo, torço demais pra que o relacionamento de Laerte e Josy tenha vida longa com muitas alegrias, mas é estranho que sempre que ele reclamava dela comigo, me dava uma pontadinha de contentamento, sei lá não consigo explicar isso. Confesso que esta situação já estava me deixando confuso.
Ultimamente, Laerte estava bastante angustiado. Ele me colocava a par de tudo o que estava acontecendo. Seus desentendimentos com Josy sua mulher, as brigas constantes e o pior sendo presenciadas pelas crianças, a intolerância e falta de compreensão dela, a intromissão da sua sogra, seu sogro era bem pacífico e procurava os aconselhar inclusive conversando bastante com a filha que era bastante intempestiva. Laerte também tinha consciência de sua parcela de culpa e tentava se redimir, mas ao ver que o diálogo não resolvia ignorava Josy que ficava ainda mais enfurecida. Num dia desses, no calor da discussão à noite, ele saiu de súbito e foi dar uma volta pra espairecer deixando Josy aos berros. Ao votar pra casa depois de ficar um tempo arejando os pensamentos numa praça do bairro, foi obrigado a dormir no sofá pois ela, depois de ter dito que queria a separação, lhe deu uma escolha: ou ele deitava na cama e era ela que iria para a sala ou ele dormisse na sala e a deixasse dormir na cama sozinha e em paz. Ele então optou por dormir na sala. Por último ela havia pegado as crianças e ido pra casa dos pais, deixando-o sozinho em casa. Seus pais e irmãos pouco podiam fazer pra amenizar a situação, colocando à sua disposição, apenas o apoio que ele precisasse naquele momento. Pude ver um Laerte desolado, entristecido mas que diante das atitudes dos colegas de tentar o animar, conseguia executar seu trabalho. Não fosse isso ele nem teria ânimo nem para ir trabalhar.
Na tarde daquele dia, como já disse acima, tive uma nada amigável discussão com um cliente que me acusava de ter agido com ele de má fé e ter lhe vendido um produto avariado, que não estava com um bom funcionamento. Coisa que poderia ser resolvida com uma boa conversa mas ele estava mesmo era a fim de brigar, se sentia na sua razão e me dirigiu algumas ofensas. Em um dado momento perdi as estribeiras e me alterei. Não tenho nervos de aço e nem sangue de barata. Laerte diante do meu nervosismo, "comprou" a briga e energicamente disse umas verdades pra aquele cliente desaforado e resolveu toda a questão de um jeito que ele sabia como agir. Percebi que durante a confusão, Nestor estava num cantinho observando a cena e logo veio se aproximando e intervindo na situação. Ele chegou e pediu que eu me acalmasse porque eu estava de fato bastante nervoso. Passadas algumas horas depois daquele mal estar Nestor me chamou em sua sala onde eu pensei que seria chamado a atenção por aquele episódio com o cliente mas, para a contrariedade do que eu suspeitava e para meu alívio, era só pra me falar nada mais e nada menos do que da viagem que iríamos fazer.
No outro dia estávamos eu e Laerte pela manhã bem cedo, na estação rodoviária embarcando para a nossa viagem de trabalho. Durante o trajeto conversamos bastante, o que contribuiu para que Laerte se distraísse e esquecesse um pouco seus problemas. Ele me contou que não era ele que seria escalado pra viagem. Seria um outro subgerente mas ele conversou com Nestor e pediu para que o "inchertasse" na escala pois essa viagem seria ótima e lhe faria bem, além de se ausentar um pouco da cidade. Assim ele poderia esfriar a cabeça, recuperar a sua auto estima e quem sabe voltar um pouco melhor. Nisso ele também indicou o meu nome pra que eu o acompanhasse já que formamos uma dupla dinâmica naquela loja. Nestor esteve de acordo e então ficou decidido que iríamos nós dois.
Chegamos na cidade à tarde, após uma viagem um bocado longa. Almoçamos e depois fomos arrastando as nossas bolsas para a loja para trabalhar. Pude conhecer colegas diferentes e super receptivos. Não era uma loja muito grande e era muito tranquila de trabalhar.
Laerte estava meio jururu. Vê-lo abatido daquele jeito, embora tentasse se socializar e se distrair com os novos colegas, mexia muito comigo. Eu estava acostumado a conviver com um chefe bem humorado, falante e que dificilmente perdia o bom humor. A carência que ele vinha passando ultimamente era muito grande. Tenho me dado conta nesses meus 22 anos de existência que muitos homens, ainda que estejam aparentemente bem casados, enfrentam esse dilema, a malvada da carência. Penso que todo homem, por mais que tenha o carinho e atenção de sua mulher ainda sente a necessidade de outro homem. Afinal um homem compreende o outro de uma forma que nenhuma mulher o consegue. Eu percebia que Laerte estava muito próximo de mim, mais do que o usual nesses últimos dias. Diversas vezes ele se abria comigo sobre a relação conturbada entre ele e sua mulher e das brigas feias que estavam acontecendo ultimamente. Com os olhos marejados me confessava que seu maior receio era perder o convívio com os seus filhos. Eu um tanto comovido o abraçava e tentava lhe confortar e tirar esses grilos da sua cabeça. Ele retribuía me abraçando longamente e me apertava como se não quisesse me soltar e deixar que eu escapasse. Como se aquele abraço fosse o refúgio dos seus problemas. A minha companhia mais do que nunca estava lhe fazendo muito bem. Eu desde sempre apesar de ser bem discreto, tenho plena convicção a respeito da minha sexualidade, agora quanto a Laerte, a princípio o considerava um hétero convicto, um homem muito família e que a amava muito e era bastante dedicado a ela, apesar de enfrentar lá seus problemas. Mas agora eu estava com uma pulguinha atrás da orelha, imaginando que todo esse carinho e atenção que ele procurava em mim enfim, essa carência toda a qualquer momento pudesse ser confundida da parte dele com outro sentimento.
Depois de um dia exaustivo por causa da viagem emendada com o trabalho fomos para o hotel. Estávamos virados e bastante cansados. Fiquei uma hora debaixo do chuveiro tomando um banho pra lá de relaxante e meio nervoso, pensando em Laerte. Me dava calafrios só de pensar na possibilidade de que algo rolasse entre a gente nas próximas noites, no entanto decidi que ia ficar na minha. Enquanto isso, ele tinha ido até a farmácia, comprar um remédio pra dor de cabeça.
Depois de voltar da rua ele tomou banho e ficamos um tempinho de prosa. Agente riu bastante contando piadas e relembrando coisas engraçadas do pessoal do trabalho. O humor de Laerte havia melhorado um pouco. Após essas horas de descontração, apagamos a luzes e fomos cada qual pra sua cama dormir. Apesar do cansaço, não peguei no sono de imediato. Me cobri até a cabeça e fiquei contando carneirinhos e pensando.
Alguns minutos depois Laerte quebrou o silêncio me chamando:
---- Naldo!
---- o que foi Laerte?
---- Você ainda tá acordado?
---- estou sim.
---- Posso te pedir uma coisa?
---- o que você quer Laerte?
um segundinho de silênciodeita aqui comigo, por favor!
Foi isso mesmo que eu ouvi, Laerte me pedindo pra deitar com ele.
---- Tá tudo bem Laerte?
---- Tô sentindo um vazio tão grande Naldo, fica aqui comigo!
Sua voz estava estranha. Seu apelo mais parecia um pedido de socorro.
---- Está bem. Ascenda a luz aí -- pedi.
Com o coração a mais de 100 por hora e a respiração ofegante fui pra cama do Laerte e me deitei ao seu lado.
---- Me abraça forte, Naldo!
---- Nossos corpos se fundiram num abraço louco e feroz. As mãos de Laerte rapidamente começaram a passear ásperas pelo meu corpo. Nunca imaginei que sua pegada era tão forte. Eu me esqueci de tudo naquele momento e dei vazão ao meu desejo, arranhando as suas costas. Nossas bocas se procuravam na penumbra do quarto até que se encontraram num mais louco beijo. A boca de Laerte parecia querer me devorar por inteiro. Eu agora estava nas mãos de um chefe louco, alucinado, ensandecido de desejo.
---- Eu te quero, Naldo! eu sempre desejei você! Fica comigo, seja meu Naldinho!-- ele implorava num sussurro louco ao pé do meu ouvido.
---- Eu sou todo seu, só seu meu chefinho gostoso! -- eu respondia ofegante. Louco de tesão eu agarrava cada parte do seu corpo. Aquilo era tudo que eu por toda a minha vida desejava ouvir. No tempo de uma piscada de olhos já estávamos arrancando as nossas roupas. Laerte se entregou todo pra mim. Aquele corpo que eu tanto cobicei, agora estava ali nas minhas mãos.
Laerte se colocou por cima de mim, pressionando freneticamente sua bunda contra meu o meu sexo que já trincava, como se quisesse me cavalgar e ao mesmo tempo me lambia o pescoço e fungava ao pé do meu ouvido apertando a minha bunda. Sem que ele falasse nada, eu entendi perfeitamente o recado. Ele queria me sentir todo por dentro. Untei dois dedos com saliva e comecei a preparar o caminho enquanto ele rebolava em cima deles. Enfiei mais fundo, ele soltou um gemido. Em seguida tirei os dedos do seu buraquinho e preparei meu pau numa punheta pra que ele inchasse mais um pouco. Laerte parecia não querer esperar e já se apossou do meu cacete, colocando-o na "portinha". Eu "arreganhei" as pernas e fui pressionando. Laerte piscava. Meu pau, na tentativa de avançar meu homem interior adentro, deu um salto pra fora. Dei mais uma cusparada nos dedos e introduzi novamente no buraco úmido. Aquele cu faminto parecia engolir meus dedos.
"Agora vai" - pensei
Comecei uma nova tentativa e dessa vez meu pau começou a se embrenhar pelo interior de Laerte. Quando eu já estava bem dentro ele começou numa louca cavalgada. Que cu quentinho meu chefe tem! Seu cacete grossinho atritava com a minha barriga ligados por um fio do líquido pré gozo. Eu numa questão de segundos já estava num ritmo forte de socada. Comecei a dar tapas naquele popô durinho.
----Bate mais forte, Naldinho, bate! -- ele suplicava
A cama rangia, como música de fundo. Só se ouvia no quarto, o barulho da cama, o eco dos tapas que eu dava naquela bunda gostosa e das nossas respirações ofegantes. O cheiro forte e gostoso dos nossos sexos inebriou o ambiente. Laerte parecia estar num outro plano, numa outra orbita. Enquanto me cavalgava, ele abaixou mais o corpo e começou a sussurrar coisas em meu ouvido.
---- Ai que gostoso! Eu só quero você Naldo! -- ele falava num sussurro entrecortado pela respiração tensa.
Eu abocanhei seu sovaco e seus mamilos que estavam durinhos como pedra e seus pelos eriçados de tanto tesão. Seu corpo parecia tomar leves ondas de eletrochoque. A cada chupada, a cada mordida minha, ele soltava grunhidos e arrepios.
Tirei, por um instante, o meu pau do seu cu. A gente prosseguiu no sarro e enquanto nos punhetávamos ele me pediu:
---- Quero provar o sabor do seu cacete, Naldinho!
---- Eu também quero esse seu pau cheiroso na minha boca, meu chefinho puto! Que safado você é hein? Vou te levar nas nuvens agora meu putinho fogoso! Você é meu putinho agora, sabia?
---- E o que o meu macho vai fazer com o putinho dele, posso saber?
Beijando toda a extensão do seu corpo, fui descendo em direção ao seu pau. Ele ficou parado, deixando minha boca percorrer o seu corpo, como se quisesse entender o que eu ia fazer. Dei uma paradinha na sua barriguinha sexy. Explorei cada milímetro daquilo que eu sempre cobicei. Enfiei com tudo minha língua e dei uma sugada em seu umbiguinho que o fez dar um forte arrepio. Peguei o "caminho da felicidade" ladrilhado com pelinhos rasos e fui descendo até alcançar o "eldorado". Caí de língua no seu cacete, umedecendo toda a base e aquelas bolas graúdas e raspadas. Seu pau ia inchando e subindo como uma alavanca pulsante. Instintivamente, ele abriu mais a pernas e eu abocanhei de uma vez aquela piroca cheirosa, melada e salgadinha enquanto lá em cima ele automaticamente já fazia o que ele sabia bem que devia ser feito.
Laerte abocanhou a minha piroca com muito gosto, sugando meu saco e num movimento de vai e vem ele me devorava com aquela sua boca louca. Eu socava meu cacete na sua boca até a sua garganta como se fosse ultrapassá-la e ele fazia o mesmo comigo. Estávamos num 69 dos deuses. Passei a minha língua pelo seu saco e dei uma gostosa massagem no períneo. Faltou pouco pra ele levitar de tesão. Ele grunhia com meu pau em sua boca. Fui até o seu buraquinho e lhe fiz um cunete daqueles de virar pelo avesso. Ele me imitava em tudo. Repetia as mesmas coisas, os mesmos toques comigo. Parecia um aplicado aprendiz da sacanagem.
Laerte estava se saciando. Agora, eu compreendia perfeitamente a carência desses homens. Carência de uma pegada de jeito. Nunca imaginei que o meu chefe fosse tão intenso na cama, daquele jeito.
Aquela chupança toda fez com que a gente jorrasse litros de gala, um na boca do outro. Trocamos nossos sabores num beijo regado aos fios da nossa essência escorrendo queixo abaixo.
Depois daqueles momentos, nossos corpos unidos num abraço como dois velhos amantes, fui me dando conta da nossa loucura extrema. Me deixou um tanto instigado o fato de Laerte querer ter feito o passivo. Queria perguntar se ele ja havia tido outras experiências com homens, mas para não estragar o clima preferi ignorar a curiosidade e deixei quieto. Talvez mais a frente eu satisfaria essa curiosidade.
Enfim, voltamos da nossa viagem. O que mudou em nossa relação é que eu fiquei mais amarradão no meu chefe. Depois daquela transa fodástica no hotel, fiquei apaixonado. Tenho certeza que isso mexeu com ele também. Ele chegou a me dizer que resolveria a sua vida pra ficar comigo. Percebi que depois dessa loucura, ele havia ficado um pouco melhor.
Porém quando voltamos pra nossa cidade, ele voltou pra sua casa e estava relativamente bem com a Josy, foi isso que ele me relatou das poucas vezes que me falou sobre a situação atual do seu relacionamento com ela. Agora ele não tocava muito neste assunto. Eu disfarçava o desapontamento, na tentativa de fazer com que a nossa amizade prosseguisse normal como antes porém em casa no meu quarto eu chorava. Ao me lembrar das coisas maravilhosas que fizemos naquele quarto de hotel, eu era embalado pela esperança de pertencer ao Laerte. Esperava que ele se desfizesse daquele casamento infeliz e viesse ser feliz comigo. Eu saberia como fazê-lo como ninguém. Eu estava disposto a amar as suas crianças como se fossem minhas, se fosse necessário. Mas eram só esperanças. Ele não largaria da sua mulher e nem se separaria dos seus filhos. Será que era melhor pra ele viver daquele jeito, empurrando o relacionamento com a barriga?
Apesar de estar eu agora vivendo uma situação desconfortável, eu tentava não me deixar abater e permitir que as coisas seguissem normalmente o seu curso. No trabalho tudo ia relativamente bem.
Acabei engantando um namorico com Matheus, um carinha mais velho que eu e que era muito afim de mim, apesar de já termos ficado algumas vezes. Eu não gostava dele ao ponto de namorar, mas pra tentar contornar essa paixonite aguda pelo Laerte, acabei arriscando. Numa conversa corriqueira de horário de almoço, comentei com ele sobre o meu namoro e logo percebi que a sua fisionomia mudou. Ele não gostou muito de saber que eu estava namorando. Senti uma fisgada de contentamento mas o que poderia ser feito? Eu tentava compreender a sua situação mas também aprendi que na vida não devemos nos prender em situações que não nos faz bem, que só nos desgasta e não leva a lugar nenhum.
Íamos enfim, tocando a nossa vida. Eu tentando aprender a amar o Matheus e esquecer essa paixão platônica pelo Laerte apesar de ser um exercício bastante complicado. Ele por sua vez, com certeza pensava em mim, pensava no que aconteceu entre a gente mas um obstáculo interceptava o seu caminho e ele certamente era o empecilho que embarreirava a sua decisão: o seu relacionamento arrastado com Josy.
Assim fomos seguindo nossos caminhos, alimentando as esperanças na certeza de que o que tivesse de acontecer, assim se sucederia. Era apenas uma questão de tempo. E vida que se segue.